quarta-feira, 19 de março de 2008

Nota de Leitura de livro de João Roberto MARTINS FILHO sobre 68

MARTINS FILHO, João Roberto. Movimento estudantil e ditadura militar: 1964-1968. Campinas: Papirus, 1987.


p. 143

“As lutas do movimento estudantil de 1968 centraram-se inequivocamente em dois eixos fundamentais: a luta antiditatorial e a campanha pela transformação da universidade. A presença destes pólos de mobilização possibilitou inclusive a divisão da vanguarda do movimento em duas “posições” divergentes, que se distinguiam justamente pela ênfase em um ou em outro desses eixos. (...) Aqui, interessa destacar basicamente que o núcleo da divergência expressou-se na contraposição de duas estratégias diversas: a que se centrava na “luta política” e a que propunha como objetivo principal a “luta específica”.
A primeira “posição”, formada essencialmente pelos partidários da Ação Popular, centrou seu programa na luta contra a ditadura. Em oposição a ela, segunda “posição” , constituída por um agrupamento de tendências onde predominavam as dissidências do PCB e a ...

p. 143



... POLOP, “coloca em primeiro lugar o problema da Reforma Universitária, reivindicação fundamental de todos os estudantes no momento”.
No entanto, conforme evidenciou a análise anterior, tanto a oposição antiditatorial quanto a luta educacional estiveram presentes, ao mesmo tempo, como motivações do protesto estudantil do pós-golpe. Assim, apesar da ênfase da segunda “posição” no caráter “específico” do movimento, parece evidente que os momentos culminantes da mobilização estudantil de massa em 1968 estiveram relacionados à luta diretamente “política” (v. quadros). Com efeito, as duas manifestações mais significativas daquele ano – o acompanhamento do enterro do estudante Edson Luís e, logo depois, a Passeata dos Cem Mil – constituíram respostas do meio universitário à política repressiva do Estado. Além disso, foi justamente este traço que permitiu a efêmera unificação do movimento, inclusive no nível de sua direção, bem como a sua união também momentânea com o protesto antiditatorial de outros setores sociais. A Passeata dos Cem Mil e seus equivalentes em todos os grandes centros urbanos do país expressaram o ponto culminante desse breve processo de unificação. Finalmente, a luta contra a ditadura militar configura o aspecto mais nítido da transformação ocorrida nas relações entre o Estado e o meio estudantil , na segunda metade da década de sessenta. Como vimos, tais relações marcaram-se, desde o início, pela persistente tentativa de exclusão política da categoria universitária, no contexto mais amplo da exclusão do conjunto dos setores médios da sociedade. Nesse sentido, a violência repressiva pode ser entendida como a manifestação mais evidente da atitude desmobilizadora e excludente do Estado militar”.

Por outro lado, ainda que desconsiderada pela Ação Popular, é inegável a importância da problemática educacional na mobilização do meio universitário do pós-64. Na verdade, ex-líderes daquela corrente reconhecem atualmente que a concentração exclusiva nos aspectos “políticos” colaborou para distanciá-la da massa estudantil no ano de 1968”.


p. 146

“A proposta da Universidade Crítica constitui o exemplo mais radical da crítica estudantil à universidade brasileira na década de 60. Originária daquela que chamaremos a “segunda posição”

Nenhum comentário: