CUNHA, Luiz Antonio. A Universidade crítica. 2a ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1989.
p. 207
“O projeto de uma reforma do ensino superior brasileiro, no sentido da democratização, nasceu e se desenvolveu nos meios estudantis. Foi só nos fins da república populista, quando a reforma universitária constava no rol das “reformas de base”, que alguns professores engrossaram o movimento. À medida que o movimento pela reforma universitária se intensificava, o Estado passou a incorporar essa bandeira, acabado, depois de 1964, por arrebatá-la completamente, redefinindo o seu sentido para torná-lo mero apoio à modernização do ensino superior”
“Não é exagero afirmar que a União Nacional dos Estudantes nasceu dentro de um projeto de reforma do ensino superior elaborado pelos próprios estudantes. No II Congresso Nacional de Estudantes, realizado em dezembro de 1938, no Rio de Janeiro, no qual a UNE foi criada, foi aprovado um Plano de Sugestões para uma Reforma Educacional Brasileira” .
p. 213
“Desde a fundação da UNE, em 1938 não foi mais possível ao Estado ignorar o potencial político dos estudantes universitários, devido à capacidade de mobilização por ela alcançada em todos os momentos críticos da situação do país. Ainda durante o Estado Novo, as duas principais facções políticas do governo, a pró-Eixo e a pró-Aliados, disputavam o apoio da UNE às suas posições. O “peleguismo estudantil”, isto é, a distribuição de empregos aos líderes, na burocracia do Estado, como já se fazia com os trabalhadores, foi uma decorrência lógica disso. A interferência do Estado para alterar a correlação de forças nos congressos estudantis foi outra conseqüência. Quando o controle “político” não era conseguido, o Estado acionava o aparelho repressivo policial e até mesmo as forças armadas. Não faltaram, também, as tentativas de “conversão” dos líderes estudantis, como se fazia, também, no movimento operário, através do “intercâmbio cultural” com entidades afins norte-americanas”.
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