quarta-feira, 19 de março de 2008

Ficha de Leitura Ridenti Movimento Estudantil e Nacionalismo

Ridenti, Marcelo. O Fantasma da revolução brasileira. São Paulo: Editora da Unesp, 1993.


p. 25

“Alguns partidos e movimentos de esquerda atuavam expressivamente no cenário político brasileiro no início dos anos 60. predominava o Partido Comunista Brasileiro (PCB), que, embora ilegal, viveu seu apogeu naquele período, quando contou com muitas adesões e suas idéias influenciaram a luta política e sindical, e até mesmo as diretrizes do próprio governo federal. As propostas o PCB, que poderiam ser chamadas de nacional-reformistas, influenciavam vários setores sociais, mesmo os que não militavam no Partido. Buscava-se realizar a “revolução burguesa” no Brasil, pois a sociedade brasileira ainda apresentaria características feudais, ou semi-feudais, no campo, entravando o desenvolvimento das forças produtivas capitalistas. Os setores feudais dominantes contariam com um forte aliado para manter o atraso relativo da economia, o imperialismo, a quem não interessaria o desenvolvimento autônomo da nação brasileira. Dessa forma, a grande tarefa dos comunistas seria juntar suas forças às da burguesia nacional e de outros setores progressistas para levar a cabo a revolução democrático-burguesa no Brasil, etapa necessária para a emancipação da classe trabalhadora. Esse raciocínio está desenvolvido, por exemplo, na Resolução Política do V Congresso do PCB, de 1960 (p. 9-42)”.


p. 26

“Duas correntes surgiram no princípio da década de 60, com certa força, como alternativas à política predominante do PCB no seio das esquerdas: a AP (Ação Popular) e a POLOP (ou ORM-PO, isto é, Organização Revolucionária Marxista – Política Operária). Esta nasceu em 1961, agrupando elementos de várias pequenas tendências alternativas ao PCB, com influência sobretudo nos meios universitários. A POLOP contestava as idéias reformistas e pacificistas do PCB, como organização autônoma, implantada principalmente no movimento estudantil, onde manteve a diretoria da UNE e de muitas entidades durante os anos 60. A proposta de constituição da AP como movimento político independente brotara no interior da Juventude Universitária Católica (JUC), entidade estudantil ligada à Igreja nos anos 50 e 60. em 1964, a AP defendia a criação de uma alternativa política que não fosse capitalista nem comunista, inspirada num humanismo cristão mesclado com influências da Revolução Cubana, ainda que já tivesse desatado seus vínculos orgânicos com a JUC.
Além do PCB, dos nacionalistas de esquerda, da POLOP e da AP, é preciso destacar a presença das Ligas Camponesas na política pré-1964. As Ligas eram compostas por lavradores, estudantes e trabalhadores intelectuais, atuantes sobretudo na região Nordeste, onde lutavam pela realização da reforma agrária. O nome do advogado, e depois deputado federal, Francisco Julião era o mais conhecido das Ligas...”.

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