segunda-feira, 10 de março de 2008

Libertas, Fabrício Fernandino

Libertas

Fabrício Fernandino

Realizar a curadoria de uma exposição com um apelo político, abrindo mão das mostras em que tenho buscado a arte como forma de expressão - do belo, de conceitos ou de idéias - foi uma experiência empolgante. Não porque seja uma exposição de arte-política, arte-engajada, mas porque é uma mostra documental que traz a público os registros de uma época de luta, em que se acreditava no poder transformador do sonho e na força do coração.
Participar desse momento, ainda que tardiamente, foi muito importante, pois durante anos, senti-me alijado desse processo de reconquista da democracia e da liberdade. Não por ser omisso ou apolítico, mas por ter tido o meu tempo fora dessas convulsões sociais. Mas com o viver, aprendi que a liberdade se constrói no dia-a-dia, que uma posição política pode ser permanente e que a luta pelo sonho tem que ser eterna. Não somente os nossos sonhos, mas os sonhos de um povo e da humanidade. Só se tem a real dimensão da liberdade quando a perdemos.
Nessa exposição, Liberdade, essa palavra temos a oportunidade de ver e sentir a luta de toda uma geração, que pensava primeiramente no coletivo antes do individual. Ela é um resgate do que aconteceu dentro da UFMG, em meio ao movimento estudantil, e referência da força e da capacidade de sonhar da juventude. Mais do que o registro de uma vitória, desses anos de luta, essa mostra ainda é um exemplo. Um precioso exemplo que, em tempos hedonistas, nos coloca a real importância da ação coletiva, da luta pelo sonho, de uma tomada de posição política e do valor da palavra liberdade. Liberdade para se construir uma nação digna e justa, ainda que para nossos filhos.
Fabrício FernandinoCurador da Exposição Liberdade, essa palavra

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