quarta-feira, 19 de março de 2008

Fichas sobre a greve de 1/3 por Velasco e Cruz

VELASCO E CRUZ. Movimento estudantil e crise na política brasileira. Campinas: IFCH/UNICAMP, 1991.


p. 11
“No primeiro semestre de 1962 as universidades vivenciaram a chamada “greve do 1/3”. Foi uma pressão do movimento estudantil para a efetivação da presença de 1/3 da composição dos conselhos universitários por estudantes. Foi uma greve nacional, seguindo as diretrizes da UNE, quando se passram mais de três meses em greve sem nenhuma conquista efetiva nesse sentido. Tal greve não surgiu de um momento oportuno, mas sim, vinha se arrastando desde os primeiros debates sobre a Reforma Universitária promovida pela UNE desde 1961, que Contra a estrutura autoritária e anacrônica da Universidade – contra o seu elitismo; contra um ensino antigo, em total descompasso com a realidade nacional e as necessidades do povo; por uma Universidade moderna e democrática, em cujas decisões os estudantes pudessem influir com peso decisivo”.

p. 12

“Esta teve início em maio de 1962, com a deflagração da ‘greve do 1/3’, denominação escolhida por expressar o alvo mais imediato do movimento: participação no governo da universidade e nos conselhos – Federal e estaduais – de educação que supervisionavam sua política. A greve do 1/3 estendeu-se por mais de três meses e atingiu a maior parte das 40 universidades que existiam no Brasil na época. Foi a mais ampla e a mais longa greve estudantil até então já ocorrida no país. Nem por isso foi capaz de alcançar seus objetivos. Confrontada com a resistência tenaz da burocracia do ensino e com o veto conservador no Congresso, o movimento acabou por exaurir-se. Em agosto de 1962 o fim da greve era decretado pela UNE. O período que se abre a partir desse momento vai assistir a um processo de crescente radicalização da entidade. Sob a alegação de que os destinos da reforma se decidiam fora da Universidade, a liderança da UNE vai politizar acentuadamente o seu discurso, passando a intervir cada vez mais enfaticamente no debate das grandes questões nacionais. Nesse percurso, ela se distanciará da base, abrindo espaço para o avanço do liberalismo conservador no movimento estudantil”.

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