quarta-feira, 19 de março de 2008

Ficha de Leitura Sanfelice

Fichamento de Sanfelice, José Luís Movimento Estudantil: a UNE na resistência ao golpe de 64. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1986.


p. 17

“Assume-se como ponto de partida que em 1956 teve início uma fase distinta da história da UNE. Refletindo uma politização maior do movimento estudantil, já possível de ser percebida durante o governo de Juscelino Kubitschek, e com uma atuação mais intensa nos acontecimentos da vida nacional, a entidade dos estudantes universitários brasileiros conseguiu, pouco a pouco, abalar o controle que o Ministério da Educação e Cultura exercia sobre ela. A liderança desempenhada pela UNE no período 1956-1960, de modo geral, deu-se através da mobilização dos estudantes contra, por exemplo, o aumento de preços e na defesa de alguns princípios de uma plataforma de orientação nacionalista que incluía um posicionamento adverso às empresas estrangeiras e aos acordos militares do Brasil com os Estados Unidos. Como atuação mais específica, entretanto, destaca-se a realização de I Seminário Nacional de Reforma do Ensino, promovido pela UNE em 1957, e também o engajamento que a entidade teve na Campanha de Defesa da Escola Pública, por ocasião dos debates que se travaram em torno da elaboração e aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional”.

p. 18

“Sem se efetuar aqui um aprofundamento da história da UNE no final da década de 50, registre-se, todavia, a seguinte observação genérica: a entidade dos estudantes projetou-se, de maneira mais acentuada, no panorama político nacional, quando se lançou ao debate de questões que estavam mais amplamente presentes na sociedade da época. A orientação econômica, a ordem política, o nacionalismo, o desenvolvimento, a política educacional, por exemplo, foram alguns dos temas em torno dos quais a UNE manifestou-se e buscou, em diversas ocasiões, mobilizar os estudantes.
No interior da UNE, ou seja, na composição dos seus quadros dirigentes, desde 1956 ocorreu uma hegemonia de estudantes socialistas e comunistas, num primeiro momento, mas que gradativamente perdeu espaço para a liderança católica representada pela Juventude Universitária Católica (JUC) e, em seguida, já no início da década de 60, para a Ação Popular (AP)”.

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