quinta-feira, 27 de março de 2008
Fala de Fúlvio Petracco no Lançamento da Livraria Cultura
“Quando surgiu o primeiro golpe em 1961, nós os estudantes fomos para a rua convocar o povo para resistir. Antes que manifestasse o Governador Leonel Brizola, estávamos nós os estudantes, os operários e os sindicatos mais importantes – os dos ferroviários, transviários nas ruas. Tínhamos uma interação tão forte, que através de apenas uma palavra de ordem, nós fizemos uma greve. E só liberamos uma linha para levar o povo para uma praça onde se realizava um comício às 10 da manhã no fatídico dia da renúncia de Jânio. À tarde essa população já havia subido a Praça da Matriz e já batíamos a porta do Governador. O Palácio do Brizola estava todo cercado pela Brigada Militar de arma em punho. E estava ali um coronel chamado Pery Cunha do Partidão. Um homem forte e alto. Mesmo com o Palácio todo cercado, nós combinamos eu e o Reinaldo dar um golpe de mão para entrar. E nesse golpe de mão furamos o bloqueio, tomamos os mosquetões deles. E aí me colocaram na janela do Palácio. E eu batia chamando o Governador Brizola. O governador como todo bom gaúcho não vê um cavalo pronto sem dar montaria. A praça estava cheia e o povo pedindo “legalidade, legalidade”. Até aquele momento a posição era de oferecer ao Jânio o Estado do Rio Grande do Sul como um lugar em que ele pudesse falar as razões da sua renúncia e reafirmar a sua vontade com liberdade e sem constrangimento. E no final desse dia o discurso começava a mudar. E já era fato consumado a renúncia de Jânio. Mas não aceitávamos o impedimento do Jango, que naquele momento estava na China. Foi um momento difícil”.
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