quarta-feira, 19 de março de 2008

Ficha de Paulo Cavalcanti sobre greve estudantil de 1961em Recife

CAVALCANTI, Paulo. O caso eu conto como o caso foi: da Coluna Prestes à queda de Arraes. Memórias. São Paulo: Alfa Omega, 1978.


p. 293

“Em junho de 1961, Jânio já empossado, houve uma greve estudantil no Recife, abrangendo a Universidade Federal e a Universidade Rural . A Faculdade de Direito, centro da agitação estudantil, foi cercada por tropas militares. Criou-se um confronto entre os estudantes, com Antonio Carneiro Leão e Marco Antonio Maciel à frente, e, do outro lado, o diretor da Escola, professor Soriano Neto. Pelópidas, por acaso, estava no exercício do cargo de governador, durante uma ausência eventual de Cid. Marco Antonio Maciel era o Presidente do Diretório Central dos Estudantes e Carneiro Leão, do Diretório Acadêmico de Direito. Lideravam a greve estudantil. O movimento ganhou vulto em toda a cidade, a Congregação da escola, irredutível, apoiando Soriano Neto, os diretórios acadêmicos solidarizando-se com os colegas. Dentro da Faculdade de Direito funcionava o comando geral da greve, que, aos poucos, se alastra pelas três universidades do Recife. E em certo momento Pelópidas Silbeira foi consultado pelo coronel Costa Cavalcanti Secretário de Segurança Pública, sobre se daria autorização para a Polícia Civil invadir a Faculdade, negando-se a fazê-lo. E o impasse no movimento permanecia. Ao lado de Pelópidas, Arraes, como prefeito, intercedia por uma solução que não comprometesse os estudantes. Comandava o IV Exército o General Osvaldo de Araújo Mota, cercado de um grupo de oficiais de tendências direitistas, quase todos aquartelados no Nordeste como castigo. As organizações sindicais da cidade, um peso, hipotecaram apoio à greve, que girava em torno de desmandos administrativos. Alguns jornalistas da Folha do Povo e uns quanto líderes trabalhistas foram presos pelo Exército, que os removeu de avião, encapuzados, para o presídio da ilha de Fernando de Noronha”.

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