terça-feira, 29 de abril de 2008

O importante papel do financiamento de uma entidade

FONTE: http://www.conlute.org.br/index.php/noticia/o-importante-papel-do-financiamento-de-uma-entidade/

O importante papel do financiamento de uma entidade
Postado em 23 de April de 2008 por Conlute -

Uma rápida passada no site da UNE é mais que suficiente para tirar conclusões profundas. A primeira matéria traz a chamada para um encontro de estudantes beneficiados pelo ProUni com o ministro da educação Fernando Haddad, ou seja, a UNE encabeça mais um ataque que o governo faz à Educação. Logo em seguida, podemos ver que o site é patrocinado nada menos do que pela Caixa, pelos Correios e pela Eletrobrás. E tudo isso num lindo site, com atualizações regulares e com certeza muitos acessos.
Já o site da Conlute traz em sua chamada um encontro de luta contra as mentiras do governo e não possui nenhum patrocínio (felizmente também tem um número de acessos grande). A matemática de toda essa equação é simples: a UNE não pode ser mais resgatada para a luta dos estudantes, a começar porque foi comprada pelo governo.
O debate sobre finanças é fundamental numa entidade de luta, ainda mais se tratando da enorme tarefa que a Conlute chama para si. Antes de tudo, é necessário que essa entidade cresça sobre fortes alicerces, para que tenha sempre fundos para ajudar na luta e que seja imune a todo o tipo de pressões, principalmente a econômica.
No último ano inúmeras entidades foram retomadas dos governistas pelos lutadores, e uma luta muito grande foi feita contra os ataques do governo. A Conlute teve papel fundamental nesse período. Milhares de panfletos foram feitos, enormes faixas e bandeiras estavam presentes nos principais atos, como em Brasília, o site passou a ter atualizações regulares e contribuiu bastante para o aporte político dos ativistas. Podia-se ver milhares de camisetas da Conlute nas ocupações de todo o Brasil.
Sem dinheiro para financiar os materiais, seria impossível que tudo isso tivesse acontecido. As principais contribuições – ao contrário da entidade que defende o governo – são conseguidas através de muito esforço, com venda de camisetas, rifas, contribuições de entidades, venda de materiais, etc. E não há recompensa maior do que ser livre para poder defender os seus pontos de vista.
Por isso um debate sério a respeito das finanças é fundamental. Queremos ter cada vez mais força na luta contra os duros ataques impostos pela UNE e pelo Governo, com cada vez mais e melhores materiais, com possibilidade de contribuir em eleições, ajudando em viagens, custeando materiais sindicais. Somente assim uma nova entidade nacional conseguirá dar grandes passos.
Que Fazer?
Todos os estudantes e lutadores que querem construir uma nova entidade nacional, que consiga dar resposta aos ataques que sofrem, devem parar e se perguntar como essa entidade será financiada. Se queremos de fato obter conquistas sólidas, não podemos ter os rabos presos com quem faz os ataques.
Por isso é preciso iniciar a discussão de financiamento com cada simpatizante e ativista da Conlute. Todas as entidades filiadas devem debater como podem aportar com a Coordenação de Lutas dos Estudantes. Os que não tem verbas para dividir com a entidade, podem organizar festas, cervejadas, eventos esportivos e culturais, rifar materiais, confeccionar e vender camisetas, ou mesmo mandar materiais que ajudem na confecção de bandeiras e camisetas, para que não seja preciso gastar fazendo novas. No ano passado, uma simples rifa, vendida a um real, conseguiu financiar 50 mil panfletos, que foram distribuídos onde quer que tenha havido luta.
Mesmo que a verba seja pouca, até mesmo simbólica, há um significado muito maior quando o ativista enxerga que seu esforço constrói de fato a sua entidade. Há uma ligação muito maior e um entendimento mais geral sobre o seu funcionamento. Se queremos uma entidade combativa e independente, é condição básica que paremos para discutir o seu financiamento. Fazendo essa lição de casa, é certo que derrotaremos o grande ataque que o governo está fazendo ao conjunto da Educação.

Chapa apoiada pela CONLUTE vence eleições do CACO UFRJ!

FONTE: http://www.conlute.org.br/index.php/noticia/chapa-apoiada-pela-conlute-vence-eleicoes-do-caco-ufrj/

Chapa apoiada pela CONLUTE vence eleições do CACO UFRJ!
Postado em 25 de April de 2008 por Conlute -

Entre os dias 9, 10 e 11 de abril, ocorreram as eleições para o tradicional Centro Acadêmico Cândido de Oliveira, da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ (FND/UFRJ). O resultado das eleições fizeram jus ao papel que esse CA cumpriu nas lutas contra a Ditadura Militar. A chapa 2 Justa Causa, apoiada e construída pela Conlute, venceu as eleições após concorrer com a chapa 1, da UNE, que há alguns anos vinha tirando o histórico caráter combativo desta entidade.
O que temos agora é mais um aliado de peso na luta em defesa do ensino público, gratuito e de qualidade, defendendo um programa de luta contra a precarização e a privatização das universidades que contam com a ofensiva do governo Lula e da Reitoria para implementar o REUNI na UFRJ. A chapa 1 derrotada, composta pela UNE, defendia em seu programa o REUNI de Lula e o conjunto da Reforma Universitária.
As lutas nacionais agora contam com a força política de um centro acadêmico de 92 anos de história que teve destaque na luta contra os anos sombrios da ditadura militar, onde foi fechado em 1969 e teve seus diretores e estudantes perseguidos e presos. Após 40 anos do golpe militar e dos ataques da ditadura ao ensino público e à democracia, voltamos a comemorar a volta do CACO as lutas nacionais que sacodem o país novamente. Esperamos que nas próximas páginas de sua história se escrevam os dias em que novamente as ameaças do autoritarismo e da repressão foram derrotadas pelos estudantes novamente em luta.
Da mesma forma que há 70 anos, o CACO contribuiu para a construção de uma entidade combativa que organizasse nacionalmente a luta, hoje, dada falência da UNE, ele contribui para a construção de uma nova alternativa de organização pro movimento estudantil brasileiro, combativa e democrática. No dia 27 de abril, o CACO estará presente na reunião que continuará a discutir esse projeto
.

Jovens entrevistam coordenador da Conferência Nacional de Juventude

FONTE: http://ondajovem.terra.com.br/noticias.asp?idnoticia=3543
Jovens entrevistam coordenador da Conferência Nacional de Juventude

28/04/2008
Em entrevista coletiva, José Eduardo de Andrade, secretário executivo do Conjuve, pede aos jovens que cobrem a efetivação das propostas da Conferência Nacional. Acompanhe as discussões dos temas que interessam a mais de 50 milhões de brasileiros pelo site - www.revistaviracao.org.br/juventude Durante o Encontro de Jovens e Adolescentes Comunicadores e Comunicadoras, que antecedeu a abertura da 1ª Conferência Nacional de Juventude ontem (27/04/08) em Brasília, o secretário executivo do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) e coordenador da etapa nacional da Conferência, José Eduardo de Andrade, participou de uma entrevista coletiva com os jovens:

Quantos jovens já participaram até o momento e qual a expectativa para a etapa nacional da Conferência? O que se quer de verdade é a transformação de uma política de governo em uma política de Estado? Nós já fizemos um levantamento dos resultados das conferências municipais e estaduais, não eletivas, livres etc. Ao todo, participaram desse processo 407 mil pessoas, entre jovens e não jovens. Aproveito para dizer por que estamos chamando de primeira conferência, uma vez que em 2004 já aconteceu uma chamada de Conferência Nacional de Juventude, aqui em Brasília. Naquele momento, o encontro foi iniciativa da Câmara dos Deputados, da Comissão Especial de Políticas Publicas da Juventude, que realizou seminários, fóruns, conferências pelo Brasil inteiro e depois um encontro aqui em Brasília. Nesse encontro, muitos jovens debateram nos seus Estados, outros não participaram das regionais, e jovens não vieram também. Isso não significa um processo de conferência, e sim um encontro, porque uma conferência tem a idéia da delegação e no acumulo de discussões até chegar à nacional. Então, as discussões que foram feitas nas municipais foram para as estaduais para serem compiladas e aglutinadas. Hoje nós temos a primeira conferência porque de fato o processo aconteceu em 592 municípios que não foram eletivas e 245 municípios eletivas. Num universo de 5646 municípios é um percentual baixo, contudo para uma política nova e com pouca existência de órgãos articuladores nos municípios, é um numero muito expressivo. Essa discussão quando chega a nacional traz a idéia de política de Estado porque ela pressupõe que os governos, que tem a delegação de executar políticas, fazer com elas se tornem realidade por meio dos serviços e ações que são oferecidos do recurso que possibilita que isso aconteça. Quando esse diálogo existe e o governo respeita o que foi decidido, isso torna uma ação, uma política de governo, uma política de Estado porque independe de quem é o governante. Eu acho que hoje estamos construindo uma política nacional de juventude, nós temos política de educação, de saúde, que levam em consideração a questão juvenil e nesse processo de construção de política e o governo, cria um diálogo amplo com a sociedade e se comprometem executar o que a sociedade coloca, ele transforma isso em uma política de Estado.

Como o senhor, como coordenador da etapa nacional, vê a importância da temática da comunicação na conferência?

Eu acompanhei algumas conferências estaduais e essa preocupação com a comunicação esteve presente desde o inicio. Nós não conseguimos executar como estava previsto, no sentido de criar mecanismos de estimular e facilitar que jovens estivessem fazendo a própria cobertura das etapas anteriores. No entanto, sei que muitos de vocês e várias organizações tiveram essa iniciativa em 16 Estados, e muito mais importante é de forma parceira nessa primeira conferência vocês possam estar interagindo no processo da conferência e fazendo a cobertura, fazendo com que a informação circule. O planejamento foi feito de forma que os espaços possibilitem e o conselho que tem uma coordenação de comunicação. Coube a nós possibilitar que vocês tenham a estrutura necessária pra fazer a cobertura.

Qual a suas avaliação da participação da sociedade civil nas etapas municipais e estaduais, pois as conferências foram chamadas pelo poder público e por conta disso a sociedade civil não teve uma participação muito ativa na organização, até por conta da falta de conselhos da juventude em vários municípios e Estados. O senhor acha que a falta dos conselhos pode ter influenciado a realização das conferências?

Nós temos discutido política de juventude desde a metade da década de 90 de forma mais ampla. De lá pra cá, foi só a partir do governo do Presidente Lula que se criou mesmo uma instância coletiva, que é o Conselho Nacional da Juventude, com a responsabilidade de estimular que outros entes, no caso os governos estaduais e municipais, também criem os conselhos. Também foi iniciativa desse governo a criação de uma Secretaria Nacional de Juventude. Até então, a única experiência que se tinha era ou um departamento ou uma coordenação no âmbito do Ministério da Educação, que foi no governo anterior e já denotava uma preocupação, mas não tinha criado um empoderamento e um órgão de fato de articulação de política. Isso foi em 2005. De 2005 pra 2008, o fato de alguns Estados já terem conselho estadual da juventude e de ter disseminado essa idéia e de ter também possibilitado que mais municípios implantassem, já é um avanço muito grande, mas ainda é muito pouco. Isso reflete na participação da sociedade civil porque o processo de conferência é quase sempre um conselho nacional, pegando o exemplo da Conferência de Saúde, que é tradicional, ou de assistência social ou criança e adolescente. É sempre um conselho nacional que chama a conferência e ele tem uma capilaridade: conselhos em todos os Estados, municípios e com representação da sociedade civil. O fato de nós não termos isso na perspectiva de política pública para a juventude, é claro que refletiu numa menos participação da sociedade civil. No entanto, considerando isso, eu acho que os números mostram um interesse muito forte de jovens organizados e também jovens não tão organizados de participar desse debate.

O que tem hoje de política pública e de programa para a juventude?

O governo tem alguns programas direcionados para a juventude. Hoje eu chamaria a atenção do Prouni, que é para a educação, mas o número de cidadãos que utilizam esse programa é expressivamente jovem, o ProJovem agora em quatro modalidades, que eu acho que é um programa importante, mas você ainda não tem uma política, nós estamos caminhando na construção dessa política.

Como foi a articulação e a participação da grande mídia na divulgação da conferência nacional e das conferências nacionais ou desse processo de envolvimento da juventude no desenvolvimento de políticas públicas para a juventude? E quais estratégias estão sendo pensadas para que haja o monitoramento e acompanhamento das políticas públicas?

Uma preocupação nossa era realmente criar um espaço que fosse de participação e de empoderamento e não só de luta e de força política, que também é legítimo. Eu não tenho régua para dizer o quanto disso de fato aconteceu, pois não tive como acompanhar todo o processo lá na base. Eu li alguns textos publicados no site, o texto do Pablo, do Conselho Virajovem de Belo Horizonte (MG), expressou uma realidade que certamente não foi só lá. No entanto, esse processo pressupõe que você terá que lidar com esse jogo e com a utilização que se faz muitas vezes de jovens e não jovens por outros interesses e o gradativo empoderamento de cada um e cada uma lá. Na sua participação individual na conferência e ao mesmo tempo na sua organização para uma intervenção maior. Nós não temos a intenção de fazer um jogo de cena em uma Conferência Nacional como esta. O conselho, quando encampou a conferência, ele propôs que esse momento fosse de aproximação e diálogo com cada cidadão nos municípios e Estados para construção de uma política. Vocês vão ver o caderno de propostas e muitas vezes os temas, o debate poderia ter sido muito mais cheio de conteúdo, porque tem já reflexão que poderia ter sido incorporada. Temas como meio ambiente, questão do jovem no campo, questão rural, temas como drogas e saúde também. E o retrato que nós temos, em termos de qualidade poderia ter sido maior. No entanto,esse retrato do processo que minimamente respeitou os municípios que realizaram conferência e as propostas que foram encaminhadas, os 26 Estados e o Distrito Federal. Acho que isso é um avanço e para terminar e como que tem o seguimento disso, mobilização, mas não só do conselho, que é um órgão, mas também na base. Garantir que cada um que participou no município se mantenha organizado e que cobre. Um governo é sempre parte da sociedade civil e antes de estar no governo estava numa ONG. E se, independente de quem esteja a frente, não tem cobrança, o caminho é o mesmo, mas o passo é mais devagar.

Em relação à construção de uma política pra juventude onde a gente tem que chegar, o que seria o ideal e como a conferência vai nos ajudar ? Esses espaços que estão sendo criados a partir dessa conferência, eles não geram expectativa da Secretaria para que fossem criados conselhos e mais espaços municipais ou estaduais? Como a Secretaria vê isso? E também a questão dos planos, principalmente o Plano Nacional da Juventude, que espera-se que seja aprovado no Congresso e tem que haver a existência de planos estaduais. Alguns Estados já têm essa discussão, por exemplo, Pernambuco. E eu também queria saber se o senhor tem o retorno de outros Estados que estão tendo essa discussão e qual a expectativa do Plano Nacional para a secretaria?

O governo publicou, em conjunto com o Conselho Nacional da Juventude, um documento, em 2006, que é a Política Nacional da Juventude – Diretrizes e Perspectivas. Lá você não tem uma receita, não é um programa de governo, mas tem algumas indicações do que é construir uma política nacional de juventude, que eu concordo. Uma delas é que você tem que ter políticas setoriais e aí tem educação, saúde, trabalho, que considere a peculiaridade deste momento, que até um certo tempo, tenha repercussão inclusive biopsicossocial e num outro momento no ponto de vista a interação, sociológico. Se você pegar dos 15 aos 19 tem um peso, se você pegar dos 25, 26 é uma outra repercussão. Então uma política de juventude é uma política que tem interferência na elaboração das políticas setoriais, ao mesmo tempo que permita pensar ações muito específicas para esse segmento. É difícil pensar isso no nosso País porque um cidadão, depois que completa a maioridade deveria ter uma série de direitos, e não é só o jovem, é também o jovem adulto. E aí eu trago uma reflexão minha, eu acho que tem às vezes um certo exagero em pensar só em determinado segmento, como se fosse só pra jovens. Assim como eu acredito que quando se fala em direitos até os 18 anos tem uma certa explicação e quando se fala dos direitos dos 18 em diante, em princípio não é só dos 18 a 29. O que é dos 18 aos 29, que deve ser diferente, eventualmente algum tipo de estímulo que o governo deve fazer pra que alguns programas naquele momento se direcione a aquele grupo etário. E a realidade muda muito em 40 anos, se a gente olha pra juventude de 1960 e olha pra juventude de hoje muita coisa mudou. O que eu acho que o governo está procurando fazer é alinhar as políticas. Nós estamos alinhando o que o Ministério do Trabalho tem de política para a juventude, o Ministério da Saúde e da Educação, tentando fazer com que nesses órgãos se faça esse debate e criando algumas ações específicas com coordenação centralizada pelo governo. E isso se reflete nos Estados e nos municípios. Com relação ao resultado disso, eu volto a dizer, não dá pra você concentrar isso só na ação do governo. Essa conferência tem a expectativa de que de fato se dissemine a idéia de órgãos mobilizadores nos municípios, bem como conselhos. Mas não podemos dizer que isso vai acontecer. O Governo Federal vai tentar induzir isso, inclusive com financiamento, você sabe que não tem política se não tem orçamento. As políticas da saúde e educação são fortes porque têm orçamento específico para isso. A política da juventude é fortalecer esses orçamentos nos diversos setores e também ter um orçamento forte pra poder induzir algumas políticas específicas, inclusive a criação de órgãos gestores nos municípios.

Esta matéria foi produzida pela equipe da Cobertura Jovem da Conferência Nacional de Juventude. Participaram - Ivanise Andrade, Camila Florêncio, Camila Gaudino, Francisco Rones, Raimunda Ferraz, Alessandro Muniz e Carolina Gabardo. Cobertura Jovem da 1ª Conferência Nacional de Juventude Mais de duas mil pessoas estão reunidas de 27 a 30 de abril no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade na 1ª Conferência Nacional de Juventude. A Conferência Nacional é um espaço de diálogo entre o poder público e a sociedade civil. Os representantes de governos e os movimentos e organizações juvenis vão debater propostas para garantir os direitos dos jovens. Entre os temas estarão questões relacionadas à educação, trabalho, cultura, sexualidade, participação, saúde, meio ambiente, segurança, diversidade e uso do tempo livre. Como resultado do evento, as propostas debatidas serão transformadas em uma agenda de prioridades para as políticas públicas a ser entregue aos governos federal, estaduais e municipais e aos parlamentos das três esferas da Federação. A Conferência conta com a participação especial de cerca de 50 jovens e adolescentes de 13 Estados, representantes de 30 organizações juvenis da área de comunicação. O grupo está produzindo notícias no formato de texto, imagens, áudio e vídeo para alimentar uma rede de publicações e sites de notícias de todo o Brasil. Todo os conteúdos estão disponíveis no site criado especialmente para a iniciativa: www.revistaviracao.org.br/juventude. A cobertura jovem tem apoio do Portal Onda Jovem: www.ondajovem.com.br Contatos: Paulo Lima: (11) 9946-6073 Ionara Silva: (61) 9815-2087 Fernanda Papa: (11) 8149-2489


Diálogos intergeracionais



FONTE: http://www.ondajovem.com.br/materiadet.asp?idtexto=320
Matéria publicada na Edição 10 - março/2008 - Família

Diálogos intergeracionais

Se por um lado só o jovem pode saber o que é ser jovem hoje, o acúmulo de quem já foi jovem contribuirá também para se formular políticas de fato, disse Elen Linth, no painel de abertura.

Se o impacto de uma conferência na agenda política do País se mede pelo número de ministros que a prestigiam, a 1ª Conferência Nacional de Juventude começou bem. Mas, além das presenças notáveis, o que chamou a atenção no painel de abertura do evento no início da noite de domingo foi a recorrência do tema "diálogo intergeracional" nas falas de Regina Novaes, pesquisadora e primeira presidente do Conjuve e de Elen Linth, que ocupou o mesmo cargo até dezembro passado. Para Regina, que trouxe algumas sugestões como orientação estratégica para os debates a serem travados nos dois dias seguintes, o diálogo intergeracional e o diálogo intrageracional são os dois nomes do jogo, ou melhor da viabilização das propostas que estão em jogo. Para Elen, se por um lado, "só o jovem sabe o que é ser jovem hoje, o acúmulo de quem já foi jovem contribuirá decisivamente para a formulação de políticas de fato". Ou seja, "políticas que devem ser estruturais e universais para dar respostas concretas e efetivas às questões pautadas na Conferência". Segundo ela, “isso significa incorporar demandas diversas e abranger inclusive aquelas dos jovens que não têm a experiência identitária de pertencer a grupos". A partir dessas considerações, lembrou-se da necessidade de preparação de quem lida com jovens, formando-os para tal atribuição. Um propósito que, por sinal, tem sido a bandeira de Onda Jovem desde a concepção do projeto. Naturalmente, este é apenas um dos ângulos do grande desafio no campo da juventude, mas sua evidência nunca esteve tão forte nas discussões, o que reforça a percepção do muito a ser feito. De fato, nesse campo há oportunidades inexploradas, inclusive junto ao público mais diretamente ligado à formação educacional do jovem - o professor da rede pública - que poucas vezes está preparado para reconhecer "o jovem por trás do aluno". Fechando o painel de abertura, o Secretário Nacional de Juventude, Beto Cury, fez uma exposição das diretrizes que considera mais relevantes para o sucesso de uma política pública de juventude no Brasil. No primeiro bloco, estão a multiplicação de espaços institucionais de juventude nas três esferas de governo; o marco legal (a PEC da Juventude) e a capacitação de gestores públicos, anunciando a realização de 40 novos cursos de formação para 1,6 mil participantes em 2008. Outro foco estratégico para ele são as relações internacionais, tendo como prioridades a filiação do Brasil à Organização Internacional de Juventude (OIJ), a articulação no âmbito do Mercosul e dos países de língua portuguesa e a consagração de 2008 como Ano Iberoamericano da Juventude. O terceiro eixo estratégico é a inclusão social, com a ampliação e integração, já em curso, dos programas governamentais para juventude, com investimento de R$ 5,4 bilhões até 2010, para alcançar 3,5 milhões de jovens. Beto Cury completou o conjunto de diretrizes com o eixo da participação social, representado pelo Conjuve, conselho composto em 2/3 por representantes da sociedade civil, e pela própria realização das Conferências.


Juventudes brasileira presente!

FONTE: http://www.revistaviracao.org.br/juventude/?cid=38&notId=199

Juventudes brasileira presente!
Camila Florêncio28/04/2008
Mesa redondas, discussões, troca de experiências, descontração, atrações culturais, informação, e muito e trabalho. Assim está sendo a 1ª Conferência Nacional de Políticas para a Juventude, onde se faz presente não “a juventude”, mas “as juventudes brasileira”, e que não deixam a peteca cair! Já no segundo dia rolaram 22 grupos de trabalho temáticos, onde ao final dos trabalhos os grupos devem chegar a quatro propostas prioritárias e mais duas relativas a outros temas que se relacionam com a temática do GT. Então a galera da Vira que está cobrindo a conferência foi dar um pulo nesses grupos pra saber o que tá rolando e onde a coisa tá pegando. Além dos GT´s de educação, política e participação, cultura, trabalho, entre outros, percebemos que alguns grupos tratavam justamente dessa diversidade que caracteriza esta conferência e suas respectivas bandeiras.
No Grupo de Trabalho Jovens com deficiência, Denise Alves da Secretaria de Educação Especial do MEC, fez uma apresentação da política Nacional da educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Denise fala da importância de ampliar os espaços acessíveis para todas as pessoas com condições de participação e aprendizado, e mostrou metas de desenvolvimento da educação que colocam a região Norte e Nordeste com prioritárias pelo baixo nível de qualidade e acesso à educação. Logo após esta explanação, se abriu para debate onde as/os participantes colocaram seus pontos de vista e fizeram uma crítica a essa inclusão, que muitas vezes não trabalha com os diversos tipos de deficiência e que ainda há o despreparo de alguns espaços para receberem esta população, mas que quando se começa a vivenciar a inclusão todas as pessoas ganham.
Já no grupo de Jovens Mulheres o debate ferveu quando a facilitadora Andréa do Coturno de Vênus defendeu como proposta imprescindível a descriminalização e legalização do aborto principalmente quando se trata de liberdade das mulheres, e então perguntou se existia alguém contra esta proposta... Bom, já dá pra imaginar né galera?! DEBATE!!! Mas não foi qualquer debate, logo se notou que as pessoas já tinham um bom acúmulo dessa discussão e concordaram em muitos pontos. O que está em questão não é apenas o direito da mulher sobre seu corpo, mas que ele é uma conseqüência de vários problemas, como falta de uma educação que trabalhe com a sexualidade, uma política de planejamento familiar que não atinge todas e todos, valores morais e religiosos que oprimem as mulheres... E que esta legalização deve ser acompanhada de uma política pública forte que tente suprir esses problemas e também trazer aconselhamentos para as mulheres que decidam abortar fornecendo subsídios para ajudá-la a tomar a decisão e acompanhamento psicológico. “O aborto não vai aparecer com a legalização, por que ele já existe” diz Andrea. “O que se quer é o reconhecimento do aborto como um problema de saúde pública, e que o mesmo está inserido dentro de um contexto dos direitos sexuais e reprodutivos”, disse Lis Pazine da Themis.
E no grupo Cidadania GLBTT um dos pontos de discussão foi em torno da homofobia e os diversos espaços e formas em que ela atua. “A prioridade é combater a homofobia na escola, pois quando o jovem começa a assumir sua orientação sexual neste ambiente, é vítima de homofobia principalmente por parte dos garotos, e a direção e professores muitas vezes são omissos, e preferem esconder. A escola é a principal ferramenta do Estado para se reproduzir, e é ai que temos que trabalhar.” Diz Deco Ribeiro de São Paulo. O grupo defende que o combate a homofobia tem que ser uma política pública de Estado, e tem que se ter um cuidado com a juventude por estar nessa fase de descoberta e de auto-afirmação. “

Lula diz que Estado brasileiro tem dívida com

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u396335.shtml
28/04/2008 - 09h33
Lula diz que Estado brasileiro tem dívida com
da Folha Online
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira que o Estado brasileiro tem uma dívida com a juventude, que segundo ele precisa ser motivada para ter perspectiva de vida. Na avaliação do presidente, se o jovem não tiver acesso à uma formação profissional ou ao mercado de trabalho fica à mercê do crime organizado.
"O Estado brasileiro tem dívida com juventude, que precisa ser motivada a esperanças e a oportunidades. É preciso que a gente crie oportunidades para que a juventude tenha perspectiva de vida no campo educacional ou no mercado de trabalho. Se não tem escola para os jovens estudarem, não tem formação profissional e não tem emprego a juventude fica à mercê do narcotráfico e do crime organizado", disse Lula hoje pela manhã em seu programa semanal de rádio "Café com o Presidente".
Lula disse que a 1ª Conferência Nacional da Juventude, que começou ontem em Brasília, vai vai servir para definir uma série de políticas sociais para os jovens que serão combinadas com as políticas já estão sendo realizadas pelo governo.
A conferência reúne 2.280 delegados representantes de todos os Estados que vão debater propostas já apresentadas nos encontros preparatórios.
Segundo o presidente, o objetivo da conferência é promover o direito à participação da juventude, fortalecer a rede social e institucional para a juventude, identificar desafios e apresentar prioridades para que o poder público possa atuar junto à juventude brasileira.
Para Lula, a conferência "vai carimbar concretamente as obrigações do Estado para com a juventude brasileira".
Durante o programa de rádio, o presidente lembrou que os desafios da política nacional de juventude são: ampliar o acesso ao ensino e à permanência do jovem na escola, gerar possibilidade de trabalho e renda, estimular a compreensão e a conquista da cidadania e democratizar o acesso ao esporte, ao lazer, à cultura e à tecnologia da informação.

Em ocupações, estudantes discutem e fazem confraternizações

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u396382.shtml
28/04/2008 - 11h25
Em ocupações, estudantes discutem e fazem confraternizações
LETICIA DE CASTRO
da Folha de S.Paulo
Há pouco mais de um ano, estudantes de todo o país começaram a tomar reitorias de universidades como forma de pressionar as instituições e governos a atender às suas reivindicações. O último e mais emblemático caso, concluído há dez dias, foi o da Universidade de Brasília (UnB), em que alunos acamparam por duas semanas na reitoria pedindo a renúncia do reitor Timothy Mullholand, envolvido em um escândalo de desvio de verba pública para a reforma de seu apartamento funcional. Uma semana depois, ele renunciou.
A ocupação reuniu alunos engajados, militantes do movimento estudantil e também alguns "turistas", que aderiram após a grande repercussão do caso na mídia. "Quando o escândalo estourou, a participação nas assembléias triplicou", conta Karla Gamba, 21, coordenadora geral do DCE (Diretório Central dos Estudantes) e militante do movimento estudantil desde o início da faculdade.
Grávida de seis meses, Karla não pôde dormir com os colegas na universidade, mas fazia questão de chegar cedinho diariamente para as discussões.
Ela está no oitavo semestre do curso de artes cênicas. Enquanto boa parte dos jovens que querem uma carreira artística sonham com um papel em uma novela e com flashes de paparazzi, Karla, "mais do que ganhar dinheiro", pretende participar de algum "projeto que traga reflexão."
"Quero um trabalho que me permita contribuir para a transformação da sociedade. Os trabalhos da televisão hoje me parecem só retratar o que acontece, sem sugerir que pode ser diferente", teoriza Karla. As opções mais atraentes para ela são continuar na universidade, como professora, ou trabalhar em alguma ONG ou movimento social.
Esse também é o caminho que pretende trilhar Fábio Felix, 22, que está no oitavo semestre do curso de serviço social e é colega de Karla na coordenação do DCE. Um dos principais articuladores da ocupação da UnB, Felix participou ativamente das negociações com a reitoria.
"O pior momento foi quando eu passei o dia inteiro em negociação com a alta cúpula da universidade e do governo. Foram seis horas de reunião. Quando cheguei à UnB, tive ainda uma reunião com o ex-vice reitor, e as negociações estavam até avançando quando tivemos a notícia de que um garoto tinha caído de uma rampa na reitoria", explica. "Era o sétimo dia de ocupação, estava tudo muito tenso, havia pressão da Polícia Federal. Naquele momento, eu tive uma crise de choro. Saí da reunião e, no caminho para a reitoria, comecei a chorar, desesperado, preocupado com o que pudesse ter acontecido."
Segundo ele, foi apenas um susto. O estudante foi encaminhado ao hospital e ficou bem, mas o episódio foi marcante.
Confraternizações
Para conseguir lidar com o estresse das noites mal dormidas, das discussões acaloradas em assembléias e da pressão das negociações, a saída foi improvisar atividades "lúdicas".
Portanto, entre um debate sobre o Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais do MEC) e uma assembléia sobre a paridade nos conselhos universitário, foram organizadas também algumas "confraternizações".
Oficinas de ioga e de massagem, campeonatos de dominó, exibição de filmes politizados e festas com música, dança, paquera, mas sem bebida alcoólica, ajudaram os estudantes a relaxar. "A gente precisava se distrair um pouco. Senão não conseguiria agüentar os 16 dias", desabafa Felix.
Nas festinhas, a discotecagem era eclética. Tinha espaço para forró, rock e até para música eletrônica, além de um bom sambinha tocado ao vivo. Raoni Japiassu, 23, aluno do 11º semestre de biologia, se encarregou de acordar o pessoal diariamente às 7h. Para isso, empunhava seu violão e cantarolava músicas de Gilberto Gil, do Rappa ou de Alceu Valença. "Era um jeito de manter o clima de companheirismo, sempre alegre", diz o estudante.
Outra diversão era exercitar a criatividade criando paródias de músicas famosas (veja quadro ao lado), com letras sobre a universidade e a ocupação.
No ano passado, durante a ocupação da USP --que durou 51 dias--, essa estratégia também foi adotada e teve a adesão de artistas conhecidos, como Tom Zé e o grupo Teatro Mágico, que se apresentaram para os estudantes acampados.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

MEMÓRIA: MOVIMENTO ESTUDANTIL - A carteirinha perto do fim

Danilo Moreira, diretor da UNE, reclama: se a carteirinha acabar, entidades estudantis ficarão sem renda e desarticuladas

FONTE: http://www2.correioweb.com.br/cw/2001-08-15/mat_49855.htm



MOVIMENTO ESTUDANTIL A carteirinha perto do fim


O governo estuda editar uma medida provisória para acabar com o monopólio da UNE e da Ubes na emissão de identidades estudantis. Será o fim de uma das maiores fontes de renda do PCdoB
Da Redação
Adauto Cruz


Uma das melhores fontes de recursos do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) está prestes a acabar. Depois de uma década no comando da articulação de estudantes, o partido poderá ver seu poder abalado por uma medida provisória que o governo estuda editar nos próximos dias. A idéia do Ministério da Educação é acabar com o monopólio garantido às entidades do movimento estudantil, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), para a emissão das carteirinhas estudantis, aquelas que garantem meia-entrada para espetáculos culturais e pro cineminha do domingão. A confusão começou depois que o ministro da Educação, Paulo Renato de Souza, declarou a intenção de discutir o monopólio da UNE e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) sobre a venda das carteirinhas. O ministro admitiu que pensa criar uma medida provisória sobre o assunto. A confeção das identidades estudantis passaria a ser responsabilidade também das escolas e faculdades. Com a regulamentação do assunto nesses termos, o governo se sentirá à vontade para exigir prestação de contas de quem emitir as carteiras. O que não acontece hoje. O governo não pode fiscalizar a UNE, por ser entidade civil. ‘‘A minha surpresa é o ministério se envolver com essa questão. Talvez eles não tenham o que fazer ou talvez seja um medida política para enfraquecer as entidades estudantis’’, protesta o deputado federal Agnelo Queiroz (PC do B-DF). A deputada Iara Bernardes (PT-SP) concorda com o colega. ‘‘A questão não é ser a favor ou contra o monopólio da UNE. Mas esse é um problema que deve ser resolvido entre os estudantes. O ministério não deveria intervir.’’ Apesar de nenhum dos dois deputados deixar evidente o racha entre seus partidos, PT e PC do B, quando o assunto é movimento estudantil, a medida afetará principalmente o caixa dos comunistas, que detém maior poder no movimento estudantil. As carteirinhas rendem algo em torno de R$ 7,7 milhões, segundo a UNE. Número que chega a R$ 12 milhões, pelos cálculos do MEC. Eterno adversário do PCdoB no controle do movimento estudantil, o PT pode acabar se aliando ao governo no fim da carteirinha estudantil. O deputado Jaques Wagner (PT-BA), por exemplo, propõe que o ingresso mais barato seja pago por qualquer pessoa menor de 21 anos, o que dispensaria a apresentação da carteirinha. Na guerra, líderes e estudantes engajados, claro, não querem perder terreno. ‘‘O dinheiro das carteirinhas é nossa maior fonte de renda. É o que garante a autonomia e a organização do movimento estudantil’’, explica o diretor da UNE, Danilo Moreira. E acrescenta: ‘‘O que o governo pretende é desarticular nossas entidades porque nós criticamos as políticas anti-sociais desse governo e fomos a favor do boicote ao Provão’’. Para os estudantes, o que está por trás mesmo da intenção do MEC é uma vingança. A MP seria uma retaliação à decisão da UNE e da Ubes de se colocarem contra o Provão, ou Exame Nacional de Cursos. Para os diretores da UNE, a decisão do MEC pode gerar ainda um problema adicional: a falta de controle. Sem a centralização, ficaria mais fácil a possibilidade de falsificação de carteirinhas.
Sopa de letrinhas
C.A. — Centro Acadêmico Representa os alunos de um curso. É a entidade que defende os interesses dos estudantes dentro desse determinado centro de ensino. D.A. — Diretório Acadêmico Entidade que reúne os vários cursos de uma única faculdade — por exemplo, engenharia elétrica, engenharia mecânica, engenharia civil. D.C.E. — Diretório Central dos Estudantes O órgão máximo de representação dos estudantes de diversos cursos, dentro e fora da instituição de ensino. UEE — União Estadual dos Estudantes A entidade filiada à UNE que representa todos os estudantes universitários de uma união federativa. UNE — União Nacional dos Estudantes É a única entidade estudantil existente para representar e defender o interesse dos estudantes de todos os cursos e faculdades em âmbito nacional. UBES — União Brasileira dos Estudantes Secundaristas É a entidade que representa e defende os interesses dos estudantes de ensino fundamental, médio, técnico, supletivo e de cursinhos do Brasil. UMESB — União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de Brasília Representa a mesma categoria de estudantes que a UBES, mas tem caráter local.


Fonte: www.estudantenet.com.br

cenas de 1968 através da Revista Veja































































































































































































Boletim do 34º Congresso da UNE





































Discurso de Doralina Rodrigues na reabertura da UEE-MG, Ouro Preto-MG, 1979











Juventude e Direito ao trabalho (Por Edson Pistori e José Ricardo Bianco Fonseca)

FONTE: http://www.jpt.org.br/noticias/exibir.php?Id=289

24/04/2008 11:32 ARTIGOS

Juventude e Direito ao trabalho
Edson Pistori e José Ricardo Bianco Fonseca


Segundo o Ministério do Trabalho os jovens ocuparam 90% das seis milhões de novas vagas criadas no mercado de trabalho entre 2003 e 2007 (CAGED). Embora o Governo Lula tenha avançado na ampliação de empregos nos últimos anos muitos jovens continuam esperando nas filas dos balcões de emprego.
A geração de trabalho e renda e a qualificação profissional ainda são uns dos grandes desafios de uma política nacional de juventude. A promoção da formação profissional e incentivo à escolarização aliada à oferta de postos de trabalho é a política pública ideal para garantir aos jovens o direito ao trabalho.

JUVENTUDE DESEMPREGADA
Nos anos 90, a recessão econômica e as políticas neoliberais ajustaram o mercado de trabalho diminuindo drasticamente a oferta de emprego. Esse ajuste, conseqüência da reestruturação produtiva e da recessão econômica, recaiu justamente no segmento juvenil, que já tradicionalmente apresenta mais dificuldades de inserção profissional.
Nesse período, o Brasil perdeu 3,2 milhões de postos de trabalho assalariados com carteira assinada, sendo que mais de 2 milhões apenas para pessoas com menos de 25 anos de idade. Hoje, os jovens entre 15 e 24 anos de idade representam 48% dos desempregados do país, representando um total de 3,7 milhões de jovens desocupados (IBGE 2005). Enquanto a taxa nacional de desemprego juvenil atinge 19,4%, em outros países a taxa média de desemprego juvenil é de 12,4%, conforme informa a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE 2004).
Neste contexto, importa ressaltar que o desemprego no Brasil não é flexional, isto é, situação em que haveria emprego para todos, mas faltaria aos jovens a qualificação para ocupá-los. O problema principal do desemprego no Brasil é estrutural, e encontra-se na falta de vagas.
Com a diminuição da oferta de empregos e o acirramento da competição por vagas no mercado de trabalho, as ocupações típicas de jovens, que muitas vezes eram porta de ingresso desse segmento no mercado de trabalho, passaram a ser disputadas e ocupadas pelos trabalhadores adultos.
É importante destacar que o desemprego juvenil atinge mais intensamente a classe média, já que as ocupações de nível técnico foram as que sofreram mais cortes (vide o setor bancário), portanto, estes jovens não possuem nem acesso às universidades, nem aceitam o trabalho precário, como os mais pobres.
A alta taxa de desemprego é também responsável pela precarização da ocupação jovem. Houve uma expansão nas formas de sobrevivência juvenil, através da ocupação autônoma, por conta própria, trabalho independente e sem remuneração. Em geral, são situações precárias de emprego, de sub-remuneração e que terminam por disfarçar o crescente desemprego.
As ofertas de trabalho são muitas vezes temporárias e nas mais diferentes situações (bicos, estágios, treinamento, entre outras), que dificultam a construção de uma estabilidade profissional. Sem a existência de uma ocupação estável, o jovem não consegue sair da condição de desemprego, às vezes interrompido temporariamente por bicos, estágios e quebra-galhos. Podemos dizer que o jovem brasileiro tem trabalhado muito, ganhado mal e atuado muitas vezes na informalidade.
Esse quadro apresenta também outras preocupações. Os jovens, que representavam quase 1/4 do total de contribuintes da Previdência Social no final da década de 80, transformaram-se em quase 1/6 nos anos 90, ampliando em perspectiva o problema estrutural de financiamento dessa política pública no País.

MEDIDAS DE IMPACTO
Para enfrentar essa situação são necessárias algumas medidas:
A gravidade da situação do desemprego juvenil necessitará de uma intervenção emergencial do Estado. Além da retomada sustentada do crescimento econômico, responsável pela geração de postos de trabalho em maior quantidade, três estratégias conjugadas devem ser adotadas simultaneamente para garantir ao jovem o direito ao trabalho, são elas:
1) Criação de novos postos de trabalho decente
2) Concessão de incentivo e auxílios financeiros a escolarização e a formação para o trabalho
3) Intervenção e regulação do mercado de trabalho (Previdência Juvenil ou Seguro desemprego juvenil)
1) Criação de novos postos de trabalho decente
à Direcionamento dos investimentos estatais em setores da indústria, comércio e serviços com grande capacidade de geração empregos para jovens: com ênfase em empreendimentos tecnológicos, turísticos e que utilizem novos tipos de ocupação.
à Geração de postos de trabalho no âmbito das atividades do setor público.
à Redução da jornada de trabalho e das horas extras: para 36 horas, aliada a restrição de horas extras. O objetivo é ampliar postos e diminuir a precarização, reestruturando o mercado de trabalho (medida que também ajudou a combater o desemprego na França).

2) Concessão de incentivos financeiros à escolarização e a formação para o mundo do trabalho
à Ampliar os programas de incentivo à escolarização: sobretudo para jovens que pela sua idade, já deveriam ter concluído o ensino básico, especialmente por meio do aumento de escala do PROJOVEM e criação do PROJOVEM ENSINO MÉDIO.
à Ampliar as políticas de assistência e manutenção dos jovens no ensino médio e superior: por meio da bolsa permanência para jovens no ensino médio, estudantes do PROUNI e estudantes de baixa renda das universidades públicas.
à Ampliar os programas de bolsas de iniciação científica, pesquisa, extensão e pós-graduação: por meio do fortalecimento dos programas INICIAÇÃO CIENTÍFICA NO ENSINO MÉDIO, conexão de saberes, PET, PIBIC e bolsas CAPES/CNPq.
à Implantação do quarto ano profissional do Ensino Médio.

3) Regulação e intervenção do mercado de trabalho (Previdência Juvenil e Seguro desemprego juvenil)
O desemprego no Brasil possui duas realidades, o desemprego dos adultos que corresponde a uma taxa igual a dos países de primeiro mundo e o desemprego dos jovens que representa o dobro de desempregados adultos e que corresponde a uma das piores taxas de desemprego juvenil do mundo. Nesse cenário, mesmo com um acentuado crescimento econômico no próximo período, a geração de postos de trabalho em quantidade suficiente ao atendimento da enorme demanda da juventude se estenderia por alguns anos. Por isso, entendemos que o Estado pode agir, em caráter emergencial, através de duas ações:
a) redução rápida da demanda por postos de trabalho;
b) garantia de renda ao jovem sem ocupação.
O objetivo principal é descongestionar o mercado de trabalho nos grandes e médios centros, diminuindo a demanda por emprego com a redução de até 8 pontos percentuais da taxa de desemprego juvenil (equilibrando com os níveis de desemprego adulto) e ao mesmo tempo assegurar renda para jovens, evitando a precarização do trabalho e possibilitando outras perspectivas de vida.
A proposta consiste em conceder um benefício no valor de R$ 250,00 (60% do salário mínimo
[1]) a 2,5 milhões de jovens durante dois anos. A concessão do benefício estaria vinculada a quatro condicionalidades:
1) Não ter vínculo formal de trabalho;
2) Estar entre 18 a 20 anos e ter concluído o ensino médio
3) Participar em atividades de utilidade pública promovidas pelo Estado;
4) Participar em campanhas públicas de interesse social e mobilização da população.
Para tanto estamos propondo financiar esta política através da criação de um mecanismo de seguridade social de curta duração (5 anos). O fundo emergencial de compensação juvenil seria composto por uma contribuição social no valor de 1,25% sobre o salário mínimo do trabalhador e de 1,25% pelo salário pago pelo empregador (limitado em apenas 01 SM), o que equivaleria a um montante estimado em 7,8 bilhões anuais.
O jovem beneficiado, quando empregado em condições formais, ficaria obrigado a retribuir por dois anos por meio de uma alíquota especial, acrescida em 1,4% na sua contribuição ao INSS (1,26 bilhões).
Optamos pelo título provisório de PREVIDÊNCIA JUVENIL ou SEGURO DESEMPREGO JUVENIL por se tratar de um tipo de seguro social em que o motivo do recebimento do beneficio se condiciona à impossibilidade do acesso inicial ao mercado de trabalho, devido à escassez absoluta de vagas. A contribuição social do conjunto dos trabalhadores será compensada através da devolução de recursos ao INSS, consistindo, assim, num regime de solidariedade social (Nos mesmos moldes clássicos propostos por Bismarck na Alemanha quando da criação do sistema de previdência).
O impacto dessa política seria rápido e em grande escala. Em cinco anos atenderia 10 milhões de jovens e manteria a taxa de desemprego reduzida a um patamar tolerável. Desta forma o jovem poderia voltar a disputar emprego, no momento seguinte, em melhores condições.
Essa política gera, como vantagens indiretas, uma situação de maior conforto no mercado de trabalho, devido à redução da pressão por empregos. Melhoraria as condições de competição por trabalho reduzindo a precariedade e aumentando o poder de negociação dos trabalhadores, resultado da diminuição do exército de reserva.

Edson Pistori – Assessor da Secretaria Nacional de Juventude
José Ricardo Bianco Fonseca – Coordenador de Metodologia da I Conferência Nacional de Juventude

[1] Valor em 2008.

Artigo A juventude quer mais políticas universais (Por José Ricardo Fonseca e Yuri Soares)

FONTE:http://www.jpt.org.br/noticias/exibir.php?Id=291
24/04/2008 19:51 ARTIGOS
A juventude quer mais políticas universais
José Ricardo Fonseca e Yuri Soares


No caderno de propostas da 1ª Conferência Nacional de Juventude os temas Educação e Trabalho, como já apontavam diversas pesquisas, continuam sendo as maiores reivindicações dos jovens brasileiros. Isso é a demonstração de que as políticas universais ainda não chegaram para uma parcela significativa da juventude. Assim uma primeira conclusão das discussões feitas pelo processo da Conferência é que se o Estado quiser atender a juventude deverá investir nessas políticas universais.

O impacto direto disso pode ser percebido nas perspectivas negativas que essa geração de jovens têm em relação ao futuro. Segundo pesquisa realizada pela UNICEF (1999) os jovens brasileiros estão em segundo lugar no ranking do pessimismo, ficando atrás apenas da Colômbia. Quando essa juventude compara as condições de vida que têm com a que seus pais tiveram fica evidente as dificuldades para construir autonomia, que dependem fundamentalmente de postos de trabalho e escolarização para acessar esses postos.

Nos 10 primeiros temas do Caderno de Propostas (1.Educação, 2.Trabalho, 3.Cultura, 4.Sexualidade e Saúde, 5.Participação Política, 6.Meio Ambiente, 7.Segurança, 8.Diversidade, 9.Tempo Livre e 10.Fortalecimento Institucional do tema juventude) aparecem com força propostas que reivindicam maior financiamento e mais equipamentos públicos nas respectivas áreas. Isso reforça a idéia de mais políticas universais e presença do Estado como garantidor de direitos e do espaço público.

Outra questão importante que tem destaque no caderno de propostas são as políticas específicas. Ou seja, cada vez mais as singularidades dessa fase da vida, juventude, têm sido reconhecidas como direitos e devendo, portanto, ser efetivadas como políticas públicas. O tema cultura, em terceiro lugar na recorrência de propostas, o tempo livre, esporte e lazer, no nono lugar entre 16 temas, confirmam a necessidade de que o Estado deve formular políticas que dialoguem com as demandas específicas desse segmento da população.

Nesse processo de conferência a juventude não se ateve somente às suas reivindicações específicas. Os jovens debateram e afirmaram opiniões sobre temas polêmicos na agenda pública. Dentre eles vale destacar a questão da legalização do aborto que aparece entre as propostas mais recorrentes no tema Sexualidade e Saúde. No tema Segurança a opinião contra a redução da maioridade penal aparece como primeira proposta e têm destaque propostas de direitos humanos e polícia comunitária.

Por último, é muito importante registrar que as propostas da conferência contradizem o senso comum de que os jovens não gostam e são apáticos em relação à política. O tema participação política aparece em quarto lugar na recorrência de propostas. Fica claro a exigência por mais espaços de participação. Os jovens não só gostaram de debater politicamente como querem mais espaços onde possam participar das decisões públicas. Tanto pela quantidade de propostas quanto pelo número de participantes, que chegou a 402 mil, em cerca de mil municípios envolvidos em todo o processo, fica evidente que o aperfeiçoamento da democracia passa pela inclusão dos jovens nos debates e decisões sobre os rumos do país.

JOSÉ RICARDO FONSECA É COORDENADOR DE METODOLOGIA DA 1ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE JUVENTUDE
YURI SOARES É ESTUDANTE DE HISTÓRIA DA UNB

Homenagem a Edson Luís

Homenagem a Edson Luís (Por Maria Ribeiro do Valle)

FONTE: cd "70 anos da UNE: o que já sabemos? O que precisamos saber? (organizado por Otávio Luiz Machado)

Nesse momento, "tombou morto um jovem estudante brasileiro, nosso filho - não um porco. Edson Luís, varado pela bala assassina que o matou, não teve tempo de ter tempo. O tempo de sua vida, ao qual tinha direito e do qual foi miseravelmente roubado, ergue-se de súbito diante da Nação como uma imensa catedral sagrada, sob cujas abóbadas milhões de vozes deflagraram sua revolta. O tempo de Edson Luís, dilacerado e destruído pela bala homicida que o cortou, tornou-se de repente tempo histórico, tempo brasileiro, tempo de cólera e consciência- tempo de gritar: BASTA! Há instantes privilegiados em que um destino pessoal se dissolve no movimento da história. Nesses instantes, a formidável alquimia da história faz refulgir, com luz imperecível, o destino no qual toca. Edson Luís, assassinado pela Polícia, explodiu como um paiol de tempo histórico, cujos clarões varreram de ponta a ponta a noite reacionária que o Poder Militar fez desabar sobre o País”.[1]
Quando o caixão de Edson Luís desceu para sempre, ouviu-se um juramento: "neste luto, começa a luta".[2]
"O episódio do Calabouço(...) ficou na História como um marco.
Pode-se dizer que tudo começou ali - se é que se pode determinar o começo ou o fim de algum processo histórico. De qualquer maneira, foi o primeiro incidente que sensibilizou a opinião pública para a luta estudantil. Como cinicamente lembrava a direita, "era o cadáver que faltava”.
[3]

No dia 28 de março de 68 morre Edson Luís
[4] durante o choque da Polícia Militar com os estudantes do restaurante Calabouço que participam de mais uma das manifestações da FUEC - Frente Unida dos Estudantes do Calabouço - contra o aumento do preço da refeição, que consideram abusivo, e pela melhoria e conclusão das obras do restaurante.
Edson Luís assassinado pela PM: estudante secundarista, “pobre”, “trabalhador”, recém chegado ao Rio de Janeiro. Não traz, portanto, adjetivos como "líder subversivo", "comunista", "agitador", tão caros às buscas militares. Morre “indefeso” enquanto faz a sua refeição no "Calabouço" - restaurante universitário no qual auxiliava na limpeza para poder prosseguir em seus estudos. "O primeiro assassinato explícito da ditadura", como enfatizam os estudantes. A violência policial explode contra um “inocente” levando, assim, setores da população de vários Estados à indignação. A morte de Edson Luís é, assim, o primeiro incidente a sensibilizar a opinião pública para a luta estudantil.
O enterro de Edson Luís é a maior mobilização popular após o golpe de 64, pois, concentra mais de cinqüenta mil pessoas, conforme os estudantes, que a justificam não apenas pela revolta contra o primeiro assassinato explícito da ditadura:
Aquele povo todo, operários, artistas, estudantes, funcionários públicos, mães, e representantes de diversas classes, estava ali motivado pelo crime da ditadura. Isso foi, possivelmente a causa condicionante. Mas, não se pode negar que todos estavam ali trazendo a sua revolta contida durante todos aqueles anos, trazendo para fora de si as contradições que apresentam com o sistema vigente, injusto.
[5]

A solidariedade recebida pelo ME tem como forte componente a indignação frente ao assassinato de um secundarista. A violência que mata um estudante - não sendo nem ao menos uma liderança subversiva que possa estar comprometendo a "tranquilidade nacional"-, transforma-se em um forte motivo para a adesão inclusive de setores das classes dominantes - “que podem ter seus filhos mortos” - ao repúdio à ação da PM. A violência policial é a grande responsável por desencadear tamanho comparecimento da população ao enterro de Edson Luís.
O movimento estudantil, ao apontar para a morte de Edson Luís como sendo o "primeiro crime explícito da ditadura" ressalta, também, a violência policial. O “revide” à invasão da PM ao restaurante Calabouço pelos “combativos” integrantes da FUEC não é apenas uma reação mecânica à intervenção policial à bala. Significa a resposta a um símbolo da manutenção de um sistema violento que encarna, naquele momento, as injustiças sociais. Portanto, para os estudantes, o extraordinário comparecimento da população no enterro de Edson Luís, além de expressar a revolta contra o seu assassinato, significa “a repulsa às contradições do sistema vigente, injusto". A inusitada adesão popular ao enterro de Edson Luís é avaliada pelo ME como a sua disposição de luta contra a ditadura.

[1] PELLEGRINO, Hélio, apud Correio da Manhã, 7 de abril de 1968, 4o caderno, p.4.
[2] O Metropolitano, órgão oficial da UME, Rio de Janeiro no7, abril de 1968, mimeo, p.6.("Enterro")
[3] VENTURA, Zuenir. 1968 - O Ano Que Não Terminou: A Aventura de uma Geração. Rio de Janeiro, Círculo do Livro, 1988,p.103.
[4] Poerner - presente no velório - faz a descrição de Edson Luís: (...) Tratava-se de um menino ainda - completara 18 anos no dia 24 de fevereiro - parecia baixinho, a pele morena e os cabelos bem pretos e lisos de caboclo nortista. Os dentes - tinha-os estragados, como a maioria dos jovens de nosso País. Órfão de pai, viera, há três meses, de Belém do Pará, para cursar o artigo 99 de 1o ciclo no Instituto Cooperativo de Ensino, anexo ao Calabouço, onde passava a maior parte do dia, inclusive auxiliando em serviços burocráticos da secretaria e de limpeza do estabelecimento, pois não conseguira emprego. As esperanças que o trouxeram ao Rio estavam ali agora, transformadas no sangue que manchava a camisa branca empunhada pelos seus colegas e o chão da Assembléia. No sangue que, nas paredes claras do saguão da casa legislativa, imprimira marcas de mãos e dizeres contra o terror policial. E, talvez, nas esperanças de todo um povo por dias melhores. POERNER, POERNER, Artur José, O Poder Jovem, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1968, p.364.
Ventura também traz informações sobre o estudante assassinado: Longe de ser um líder, Edson Luís era, como muitos de seus colegas, um daqueles jovens que vinham do interior tentar estudar no Rio, sobrevivendo graças à alimentação barata do Calabouço. Para estudar, Edson Luís era obrigado a recorrer a pequenos expedientes, inclusive na limpeza do restaurante. Ele não tinha nenhum dos componentes míticos para sonhar em ser o que acabou sendo: um mártir. VENTURA, op. cit., p.103.
[5] O Metropolitano, órgão oficial da UME, Rio de Janeiro no7, abril de 1968, mimeo, p.6. ("Enterro").

Homenagem a Edson Luís

Homenagem a Edson Luís (Por Maria Ribeiro do Valle)
FONTE: (CD 70 anos da UNE: o que já sabemos? O que precisamos saber, organizado por Otávio Luiz Machado)

Nesse momento, "tombou morto um jovem estudante brasileiro, nosso filho - não um porco. Edson Luís, varado pela bala assassina que o matou, não teve tempo de ter tempo. O tempo de sua vida, ao qual tinha direito e do qual foi miseravelmente roubado, ergue-se de súbito diante da Nação como uma imensa catedral sagrada, sob cujas abóbadas milhões de vozes deflagraram sua revolta. O tempo de Edson Luís, dilacerado e destruído pela bala homicida que o cortou, tornou-se de repente tempo histórico, tempo brasileiro, tempo de cólera e consciência- tempo de gritar: BASTA! Há instantes privilegiados em que um destino pessoal se dissolve no movimento da história. Nesses instantes, a formidável alquimia da história faz refulgir, com luz imperecível, o destino no qual toca. Edson Luís, assassinado pela Polícia, explodiu como um paiol de tempo histórico, cujos clarões varreram de ponta a ponta a noite reacionária que o Poder Militar fez desabar sobre o País”.[1]
Quando o caixão de Edson Luís desceu para sempre, ouviu-se um juramento: "neste luto, começa a luta".[2]
"O episódio do Calabouço(...) ficou na História como um marco.
Pode-se dizer que tudo começou ali - se é que se pode determinar o começo ou o fim de algum processo histórico. De qualquer maneira, foi o primeiro incidente que sensibilizou a opinião pública para a luta estudantil. Como cinicamente lembrava a direita, "era o cadáver que faltava”.
[3]

No dia 28 de março de 68 morre Edson Luís
[4] durante o choque da Polícia Militar com os estudantes do restaurante Calabouço que participam de mais uma das manifestações da FUEC - Frente Unida dos Estudantes do Calabouço - contra o aumento do preço da refeição, que consideram abusivo, e pela melhoria e conclusão das obras do restaurante.
Edson Luís assassinado pela PM: estudante secundarista, “pobre”, “trabalhador”, recém chegado ao Rio de Janeiro. Não traz, portanto, adjetivos como "líder subversivo", "comunista", "agitador", tão caros às buscas militares. Morre “indefeso” enquanto faz a sua refeição no "Calabouço" - restaurante universitário no qual auxiliava na limpeza para poder prosseguir em seus estudos. "O primeiro assassinato explícito da ditadura", como enfatizam os estudantes. A violência policial explode contra um “inocente” levando, assim, setores da população de vários Estados à indignação. A morte de Edson Luís é, assim, o primeiro incidente a sensibilizar a opinião pública para a luta estudantil.
O enterro de Edson Luís é a maior mobilização popular após o golpe de 64, pois, concentra mais de cinqüenta mil pessoas, conforme os estudantes, que a justificam não apenas pela revolta contra o primeiro assassinato explícito da ditadura:
Aquele povo todo, operários, artistas, estudantes, funcionários públicos, mães, e representantes de diversas classes, estava ali motivado pelo crime da ditadura. Isso foi, possivelmente a causa condicionante. Mas, não se pode negar que todos estavam ali trazendo a sua revolta contida durante todos aqueles anos, trazendo para fora de si as contradições que apresentam com o sistema vigente, injusto.
[5]

A solidariedade recebida pelo ME tem como forte componente a indignação frente ao assassinato de um secundarista. A violência que mata um estudante - não sendo nem ao menos uma liderança subversiva que possa estar comprometendo a "tranquilidade nacional"-, transforma-se em um forte motivo para a adesão inclusive de setores das classes dominantes - “que podem ter seus filhos mortos” - ao repúdio à ação da PM. A violência policial é a grande responsável por desencadear tamanho comparecimento da população ao enterro de Edson Luís.
O movimento estudantil, ao apontar para a morte de Edson Luís como sendo o "primeiro crime explícito da ditadura" ressalta, também, a violência policial. O “revide” à invasão da PM ao restaurante Calabouço pelos “combativos” integrantes da FUEC não é apenas uma reação mecânica à intervenção policial à bala. Significa a resposta a um símbolo da manutenção de um sistema violento que encarna, naquele momento, as injustiças sociais. Portanto, para os estudantes, o extraordinário comparecimento da população no enterro de Edson Luís, além de expressar a revolta contra o seu assassinato, significa “a repulsa às contradições do sistema vigente, injusto". A inusitada adesão popular ao enterro de Edson Luís é avaliada pelo ME como a sua disposição de luta contra a ditadura.

[1] PELLEGRINO, Hélio, apud Correio da Manhã, 7 de abril de 1968, 4o caderno, p.4.
[2] O Metropolitano, órgão oficial da UME, Rio de Janeiro no7, abril de 1968, mimeo, p.6.("Enterro")
[3] VENTURA, Zuenir. 1968 - O Ano Que Não Terminou: A Aventura de uma Geração. Rio de Janeiro, Círculo do Livro, 1988,p.103.
[4] Poerner - presente no velório - faz a descrição de Edson Luís: (...) Tratava-se de um menino ainda - completara 18 anos no dia 24 de fevereiro - parecia baixinho, a pele morena e os cabelos bem pretos e lisos de caboclo nortista. Os dentes - tinha-os estragados, como a maioria dos jovens de nosso País. Órfão de pai, viera, há três meses, de Belém do Pará, para cursar o artigo 99 de 1o ciclo no Instituto Cooperativo de Ensino, anexo ao Calabouço, onde passava a maior parte do dia, inclusive auxiliando em serviços burocráticos da secretaria e de limpeza do estabelecimento, pois não conseguira emprego. As esperanças que o trouxeram ao Rio estavam ali agora, transformadas no sangue que manchava a camisa branca empunhada pelos seus colegas e o chão da Assembléia. No sangue que, nas paredes claras do saguão da casa legislativa, imprimira marcas de mãos e dizeres contra o terror policial. E, talvez, nas esperanças de todo um povo por dias melhores. POERNER, POERNER, Artur José, O Poder Jovem, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1968, p.364.
Ventura também traz informações sobre o estudante assassinado: Longe de ser um líder, Edson Luís era, como muitos de seus colegas, um daqueles jovens que vinham do interior tentar estudar no Rio, sobrevivendo graças à alimentação barata do Calabouço. Para estudar, Edson Luís era obrigado a recorrer a pequenos expedientes, inclusive na limpeza do restaurante. Ele não tinha nenhum dos componentes míticos para sonhar em ser o que acabou sendo: um mártir. VENTURA, op. cit., p.103.
[5] O Metropolitano, órgão oficial da UME, Rio de Janeiro no7, abril de 1968, mimeo, p.6. ("Enterro").

FONTE: http://www.juventude.gov.br/e-fato/mesa-de-abertura-destaca-participacao-da-juventude

Mesa de abertura destaca participação da juventude


por jonas última modificação 28/04/2008 11:25
Após quase oito meses de intensos debates por todo o país, teve início ontem (27/4) a Conferência Nacional de Juventude. Na mesa de abertura do evento, as autoridades presentes destacaram positivamente a mobilização do processo até aqui. Pelas etapas preparatórias passaram mais de 406 mil pessoas, número que coloca a 1a Conferência Nacional entre as mais participativas entre as Conferências já realizadas nesta gestão do governo federal.
Para o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, esta marca mostra que a juventude está sim ativa no que se refere à política. “Estas 406 mil representados por vocês são demonstração de que a juventude brasileira de hoje é tão ou mais participativa do que a juventude em outros momentos”.
Ele criticou a idéia muitas vezes difundida de que os jovens de hoje seriam menos politizados do que gerações anteriores, em especial na época da ditadura militar e defendeu que hoje há um novo tipo de mobilização diferente do passado que deve ser valorizado. “A juventude está dando novas respostas para problemas novos. Hoje a participação é mais abrangente e diversificada”.
Controle socialA ministra do meio ambiente, Marina Silva, afirmou que a intensa participação comemorada pela mesa é fundamental para que a sociedade exerça controle sobre as políticas públicas. “É importante ter espaços para debates de forma aberta, fazer o controle participativo do Estado. Um debate para que pessoas possam, devidamente informadas, não apenas legitimar mas incidir para aprimorar as políticas públicas”.
Para o presidente do Conselho Nacional de Juventude, Danilo Moreira, além do exercício do direito à participação, a Conferência tem como méritos elevar o patamar do tema na sociedade. “Para completarmos as conquistas deste processo, temos que sair não só com propostas, mas com uma agenda política que balize as lutas dos movimentos e organizações juvenis em busca de seus direitos e da construção da democracia”.

Painel contextualiza debate sobre juventude no país

FONTE: http://www.juventude.gov.br/e-fato/painel-contextualiza-debate-sobre-juventude-no-pais

Painel contextualiza debate sobre juventude no país

por jonas última modificação 28/04/2008 11:27
Logo após a abertura da Conferência, o painel de contextualização foi um momento de apresentar aos participantes como o tema vem sendo tratado no Brasil e apresentou provocações para as discussões do evento. Segundo Ellen Linth, ex-presidente do Conselho Nacional de Juventude, a mudança no patamar das políticas públicas de juventude exige que governo e sociedade civil organizada passem a tratar o tema de maneira positiva.
"Gostaria de deixar minha contribuição nesse sentido de provocar os grupos de trabalhos para que, nos próximos dias, pensem em como contribuir de maneira para a mudança de fato dessa imagem cristalizada da juventude, estereotipada, marginalizada de que jovem é sinônimo de problema. A juventude precisa ser vista como sujeito de direitos".
A ex-presidente do Conjuve também ressaltou a importância de que a juventude se alie às outras faixas etárias para viabilizar as políticas públicas necessárias ao atendimento de seus interesses . "Existem sim divergências nas relações intergeracionais. Mas há também muito diálogo e é assim que temos que construir esse processo: de maneira afetiva e efetiva."
Segundo Regina Novaes, pesquisadora especialista no tema, a juventude deve ser olhada com muita atenção pois é um dos segmentos que mais sofre a desigualdade social no país. Além disso, ela é resultado do seu tempo histórico, o que produz marcas geracionais comuns, como o ´medo de sobrar´- sem lugar no mundo do trabalho- , o medo de morrer - de maneira precoce e violenta -, e o sentir-se desconectado - em um mundo conectado pela internet e pelo narcotráfico -, que acabam produzindo graus elevados de vulnerabilidade".
Avanços
Para Beto Cury, Secretário Nacional de Juventude, nos últimos três anos, o país avançou muito nas políticas públicas para juventude, cujo exemplo é a criação da Secretaria e do Conselho Nacional de Juventude . "Porém, queremos que o tema seja uma política de Estado.
Para isso, a Secretaria tem trabalhado com três diretrizes fundamentais: fortalecimento institucional e constituição de um Marco Legal relacionado ao tema com ações como a multiplicação de espaços e formação de gestores públicos de juventude; inclusão social com a integração dos programas federais para o segmento; e participação social via fortalecimento do Conjuve, realização desta conferência entre outras ações".

ESTRATÉGIAS DA REVOLUÇÃO-Vanguarda e movimento estudantil em 1968

FONTE: http://www.ler-qi.org/spip.php?article1100

ESTRATÉGIAS DA REVOLUÇÃO
Vanguarda e movimento estudantil em 1968
Por Daniel Matos, Luis Siebel


O movimento estudantil que começa a ressurgir no Brasil ainda está muito longe de debater qual é o caráter da revolução brasileira e “que fazer?” frente a isso. O objetivo deste artigo, fruto de reflexões ainda em curso, é contribuir para entender como se formaram aquelas concepções estratégias, do “espírito de época” de 1968 e extrair algumas conclusões. Em seu sentido de resistência à ditadura militar constituiu-se em um profundo processo no interior de luta de classes partindo de suas experiências concretas e que moldaram sua luta mediante distintas estratégias para a revolução, marcadas principalmente pelas experiências da revolução chinesa e cubana.
No pré-64, a hegemonia política no movimento estudantil era partilhada pelas correntes que defendiam o nacionalismo burguês, apoiando-se nas juventudes católicas (Ação Popular - AP) e no PCB, que defendia o “socialismo por vias pacíficas”; apoiavam assim o projeto desenvolvimentista de Goulart. Após o golpe, segue-se uma derrota que logo dá lugar a um ciclo ascendente de lutas estudantis até 68 com grandes manifestações de massa, sendo fechado pelo “golpe dentro do golpe” com o AI-5 e a ascensão de Médici.
As direções políticas ligadas ao PCB e ao janguismo, após o golpe, concluíram que a derrota havia se dado em função do pacifismo do PCB e passaram a ser progressivamente influenciados pelo militarismo guerrilheiro que emanava das revoluções cubana e chinesa. O PCB perdeu toda a sua expressão política na vanguarda e uma das tentativas de “corrigir” os erros foi definida pela “luta de massas” contra a ditadura [
1]; na verdade era uma nova sinalização para os setores “democráticos” da burguesia a resistir pacificamente (MDB) e traduzida para o movimento operário e estudantil como lutar dentro da “legalidade da ditadura”, aceitando a intervenção nos sindicatos e a lei Suplicy [2], conciliando com os “pelegos” (agentes da ditadura) etc.
Em 1967, numa reunião clandestina da UNE, debatiam-se as duas principais tendências do m.e., a AP e o bloco das Dissidências do PCB (DIs) com a Polop: “Ao referir-se à situação nacional, tanto uma como a outra das cartas da UNE atribuíam a vitória da direita, em abril de 1964, às ‘ilusões reformistas’ que levaram o movimento popular a acreditar nas modificações parciais e pacíficas, com base na falaciosa ‘suposição de que a burguesia brasileira tivesse interesses contraditórios com o imperialismo’” [
3] Um outro ponto era “consenso”, mas não mero detalhe: “Os estudantes não tem condições, por si sós, de colocar em xeque o regime” [4].
Um dos grandes debates da época se resumia à política da então corrente majoritária do m.e., a AP, que defendia a radicalização (os fatos políticos) em oposição às “lutas específicas”, bandeira das DIs-Polop: “A ditadura havia posto os partidos na ilegalidade e cassado os políticos. Estes não tinham sido capazes de criar uma oposição; tentaram com a Frente Ampla mas não deu certo, de uma só canetada os militares acabaram com ela. Por isso o m.e. representava para a sociedade a grande referência política contra a ditadura, e por isso a AP começou a sonhar em derruba-la com o MCD [
5], a partir da pressão das faculdades.” [6]
A primeira influência assimilada pela AP até 67 foi o foquismo, o que levava a desvalorizar a importância das reivindicações que poderiam mobilizar a massa dos estudantes e os levariam a se aliar com a classe operária, como a luta pela democratização do acesso à universidade contraposta aos acordos da ditadura entre o MEC e o USAID; - expressava uma concepção de que o m.e., por si mesmo, poderia derrubar a ditadura.
Nesse sentido, até 67 a linha predominante nas DIs de “ir às faculdades” expressava uma posição correta de contrapor o vanguardismo à necessidade de mobilizar as massas, ainda que também expressava certa vacilação e influência do pacifismo-reformismo do PCB. No curso da luta, o bloco DIs-Polop desenvolveu e consolidou tendências foquistas e guerrilheiras: “É necessário aproveitar a massa avançada , que participa de todas as manifestações do m.e. para fazer propaganda de uma organização clandestina no nível do m.e.” [
7]. De tal modo, o bloco DIs-Polop, no decorrer de 67-68, tendeu a transformar algumas de suas práticas estudantis em ensaios para a preparação de formas vanguardistas e militaristas.
Estratégias da revolução: “Nada mais vamos esperar”
Contraditoriamente, o “corte estratégico” produzirá na AP o efeito oposto. Enquanto o bloco DIs-Polop rumará para a concepção foquista, a AP passará por um processo que a ligou ao PC Chinês e a transformou em maoísta; passando a defender a “guerra popular prolongada” baseada num partido-exército de massas camponesas em detrimento do vanguardismo militar típico do foquismo cubano, segundo a concepção de Mao de que a política subordina o militar. Essa “inversão de papéis” entre a AP e as DIs-Polop foi uma das marcas fundamentais do debate que se fazia na vanguarda.
Marighella, histórico membro do PCB , que nesse período liderou a fundação da ALN, dissidência mais forte do PC e que tinha maior peso entre as DIs do m.e., passou a defender que “a guerrilha incorporou-se definitivamente à vida dos povos como a própria estratégia de sua libertação, o caminho fundamental, e mesmo único, para expulsar o imperialismo e destruir as oligarquias, levando as massas ao poder. Tal formulação do problema, como seja o do papel estratégico da guerrilha, não surgiu casualmente e sim porque a revolução cubana o introduziu no cenário da história” [
8].
Ainda mais extremadas eram as definições da VAR-Palmares: “o regime militar significou ‘o fim da era política’ e, portanto, ‘estão fechadas as portas para um trabalho legal, de longa duração, visando educar a classe operária’” [
9]. Esse exemplo era expressão da vulgarização militarista extremada que fazia Debray das concepções de Che Guevara.
A ruptura com o pacifismo do PCB não significava uma crítica à estratégia de conciliação de classes. Pelo contrário, é uma crítica ao “socialismo por vias pacíficas” que passa a hegemonizar os PCs após o XX Congresso do PCUS em 1956, mas que se limita a retomar as velhas concepções etapistas levadas à frente pelas revoluções cubana, chinesa, vietnamita e anti-coloniais na África, sem tirar as lições necessárias da dinâmica tomada dessas revoluções. Daí que a mudança dos métodos “pacifistas-reformistas” para os métodos “militaristas-guerrilheiros” não foi acompanhada pela mudança da estratégia de conciliação de classes para uma estratégia de independência política em relação à burguesia.
Por sua vez, a Polop expressava a influência de idéias trotskistas que já tinha desde antes do golpe, combatia a noção de uma “burguesia progressista” como sujeito de uma “primeira etapa” da revolução, de caráter “democrático e antiimperialista”; suas teses não assumiram expressão de massa, mas sua influência ideológica nas correntes do m.e. gerava nas direções estudantis uma desconfiança muito maior em relação a “setores progressistas” da burguesia do que tinham as direções das organizações políticas que estas representavam em seu conjunto.
Só uma estratégia bolchevique, que preparasse pacientemente a insurreição armada das massas proletárias em aliança com os camponeses pobres, que lutasse pela expropriação da burguesia e do latifúndio, seria realmente capaz de derrubar a ditadura responder às demandas das massas exploradas e oprimidas pelo capitalismo. Para levar a cabo essa estratégia, era imprescindível a construção de um partido revolucionário da vanguarda operária, democraticamente centralizado, organicamente ligado às massas, em combate contra as estratégias etapistas e guerrilheiras que não podiam mais que levar à o movimento de 1968 no Brasil à derrota; ou que geraram revoluções deformadas como a cubana e a chinesa que, mesmo tendo expropriado a burguesia a partir de uma enorme conquista revolucionária das massas, terminaram constituindo Estados operários degenerados que posteriormente deram lugar à restauração do capitalismo.
A ausência da de uma “estratégia bolchevique” levou a que os setores mais avançados do m.e. da época, que demonstravam uma heróica abnegação e combatividade ao preferirem militar clandestinamente e correr o risco da tortura e do assassinato ao invés de desfrutar das benesses do consumismo proporcionado pelo “milagre brasileiro” que cooptava em massas as classes médias”, não fossem capazes de forjar uma aliança sólida e duradoura com os setores do movimento operário que iniciavam um processo de auto-organização em comissões de fábricas e oposições sindicais contra os pelegos da ditadura, tendo sua expressão mais aguda nas grandes greves de Osasco e Contagem. Pelo contrário, levou a que estes setores do m.e. se isolassem nas guerrilhas que foram massacradas pela ditadura. O próprio José Ibrahim, presidente do sindicado de Osasco na época, assim avalia ou erros cometidos: “Na minha opinião o que destruiu mesmo a organização interna nas fábricas de Osasco foi a política das organizações armadas – principalmente no caso da VPR e depois da VAR-Palmares – de tirar os melhores elementos do trabalho no movimento de massas consumindo-os na dinâmica interna da organização”. [
10] Ainda que seja um balanço parcial, não deixa de expressar o que significou a trágica experiência das guerrilhas.
A modo de conclusão
O novo m.e. que começa a ressurgir no cenário nacional ainda está muito longe de debater qual é o caráter da revolução brasileira; pelo contrário, está profundamente influenciado pela ideologia burguesa “democrática” e também autonomista que marcaram nossa geração. Tão grande é esse retrocesso que trataram de imputar essa ideologia da classe dominante nas universidades e escolas, de que a tragédia stalinista é também a tragédia do bolchevismo, e não a negação das lições da Revolução Russa. O combate aos preconceitos autonomistas no m.e. deve estar a serviço da construção de um partido revolucionário baseado na estratégia bolchevique, para que desta forma, frente a novos ascensos da luta de classes que estão por vir, possamos evitar tragédias semelhantes à que foi levado o movimento estudantil de 1968.
[
1] Ver GORENDER, Jacob Combate nas Trevas.
[
2] Lei fascista que colocou a UNE e outras entidades na ilegalidade, daí a consigna “A UNE somos nós!”.
[
3] MARTINS FILHO, João Roberto Movimento estudantil e ditadura militar (1964 – 1968), p.181.
[
4] Carta Política da UNE, set./67, Grêmio de Filosofia da USP.
[
5] MCD: Movimento Contra a Ditadura
[
6] Abaixo a ditadura, depoimento de Vladimir Palmeira, dirigente da DI-Guanabara, p.62.
[
7] Movimento estudantil e ditadura militar (1964 – 1968), p.176.
[
8] Cf. ALVES, J. R. A luta armada contra a ditadura militar, Ed. Fundação Perseu Abramo, p.62.
[
9] FREDERICO, Celso A esquerda e o movimento operário, Vol. I: A Resistência à ditadura, p.253.
[
10] Idem, p.235 e 239. Ibrahim foi membro da VPR e esteve entre aqueles que exilados em troca da libertação do embaixador norte-americano, junto com Vladimir Palmeira, José Dirceu e outros.