FONTE: http://www.ufmg.br/liberdade/margensdorepublicanismo.htm
Augusto Carvalho Borges
"Às Margens do Republicanismo" deseja explorar um lugar ambíguo, de uma época à margem da liberdade, indecisa entre o sonho e sua realidade, entre o futuro e o passado. O vídeo é uma experimentação sutil, que tenta trazer à tona, num turbilhão veloz, feito de fragmentos, a memória dos anos 1964-1984. Trabalha a partir de lacunas, efeitos e ambiguidades das lembranças, e não pressupõe distinções entre o lembrado, o inventado e o ocorrido: todos são documentos, estilhaços integrando a tessitura surpreendente de uma época, para que possamos vislumbrar a distante matéria de um momento passado. O presidente falou de reformas sociais em praça pública, houve reação e seguiram-se anos negros, triste destino latino-americano...
Tempo improvável, este período foi marcado pelas mais radicais ironias: no mesmo momento em que os rebeldes sonhavam sonho vermelho, parte expressiva da sociedade civil brasileira se organizava e rezava, sinceramente, pela reação. Época em que os militares se agitavam contra os comunistas, enquanto seus filhos, garotos da classe média, católicos, talvez dançassem sob o nome leninista da Jovem Guarda e desejassem que tudo mais fosse para o inferno. Época, também, de uma força muito grande em imagens, quando o cinema era novo, a publicidade, as canções e o teatro também – todos se sobrepondo, contaminando-se uns aos outros para, juntos, invadirem o cotidiano. "Às massas!". O que propomos é envolver-nos todos nestas imagens, ficcionais ou documentais, que sejam, imagens enfim de um terceiro mundo em via de sua explosão – afinal isso aqui era o fim do mundo, quem tivesse de sapato não podia sobrar...
Augusto Carvalho Borges
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