FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u397281.shtml
30/04/2008 - 14h34
Na Bahia, coordenador atribui resultado a "baixo QI dos baianos"
RENATA BAPTISTAda Agência Folhada Folha de S.Paulo, em Brasília
O Ministério da Educação divulgou ontem a lista dos 17 cursos de medicina que serão supervisionados por causa das baixas notas dos seus alunos no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes). Para o coordenador do curso de medicina da UFBA (Universidade Federal da Bahia), Antônio Dantas, 69, o baixo rendimento dos alunos da faculdade no Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) se deve ao "baixo QI [quociente de inteligência] dos baianos".
Os alunos de medicina da UFBA obtiveram conceito dois no exame. "Se não houve boicote dos estudantes, o que não acredito, o resultado mostra a baixa inteligência dos alunos."
Para Dantas, que é baiano, o corpo docente da faculdade é qualificado e não seria justificativa para o mau resultado no exame. O coordenador disse que o suposto baixo QI dos baianos é hereditário e verificado "por quem convive [com pessoas nascidas na Bahia]".
"O baiano toca berimbau porque só tem uma corda. Se tivesse mais [cordas], não conseguiria", afirmou, ressalvando que há exceções a sua regra.
Questionado se já foi alvo de críticas, Dantas disse que é "franco" e que "reconhece a limitação dos que o cercam". Ele afirmou que não foi notificado pelo MEC sobre os resultados e que vai analisar os erros dos alunos assim que recebê-los.
A diretora da Faculdade de Medicina da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), Rosana Vilela, disse que uma possível explicação para o baixo rendimento dos alunos de medicina (conceito dois) foi a mudança no currículo em 2006.
"A nota [do Enade] é construída basicamente em cima da nota do concluinte, que é o aluno do currículo antigo, sendo que a prova é feita baseada nas novas diretrizes que norteiam o currículo novo", disse.
A UFPA (Universidade Federal do Pará) --que recebeu conceito dois- informou, em nota, que só se pronunciará sobre a avaliação quando for notificada. Na UFAM (Universidade Federal do Amazonas), ninguém foi localizado para comentar a nota do Enade.
Boicote
Para Arquimedes Ciloni, presidente da Andifes (associação que representa os reitores das universidades federais), é provável que o desempenho ruim de quatro cursos de medicina de universidades federais no Enade seja resultado de um boicote dos estudantes.
"Chama a minha atenção a situação da UFBA, que tem condições de oferta de ótima qualidade", afirmou.
Ele citou ainda o fato de a universidade ser considerada tradicional --ela abriga o primeiro curso de medicina criado no Brasil, no ano de 1808. Para Ciloni, embora não seja um fator decisivo para o desempenho dos estudantes, um dos maiores problemas dos cursos de medicina das instituições federais hoje é a dívida dos hospitais universitários.
O débito --que, segundo ele, já soma R$ 450 milhões-- dificulta a modernização dos equipamentos, disse. A Folha procurou a Anup (Associação Nacional das Universidades Particulares), mas ninguém ligou de volta até o fechamento desta edição.
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