quarta-feira, 21 de maio de 2008

UNE e a sede do PC do B (Por Gustavo Ioschpe)

FONTE: http://veja.abril.com.br/gustavo_ioschpe/notas_190508.shtml

Quarta-feira, 19 de maio de 2008

Notas
UNE e a sede do PC do B


dubitandumGustavo Ioschpe
Economista, especialista em educaçãoE-mail: gustavo.ioschpe@gmail.com


Parece uma epígrafe apropriada para as comemorações dos 40 anos de 1968 - o ano que terminou, foi morto e enterrado. Em reportagem deste domingo, a Folha de São Paulo revela que o PC do B finalmente abandonará o proletariado e passará para a classe dos proprietários dos meios de produção: pela primeira vez, desde a sua fundação no longínquo ano de 1922, o partido terá sede própria. Acaba de comprar um imóvel de R$ 3,3 milhões no centro de São Paulo.
O curioso é a origem da bonança recém-encontrada do partido. Parte da ajuda certamente deve ser oriunda da participação na coalizão governista – o partido recolheu R$ 2,85 milhões em doações de pessoas físicas no ano passado. Todos, claro, resultados da crescente afinidade das pessoas ricas do país pela ideologia comunista que, como todos sabem, vem colhendo cada vez mais simpatizantes mundo afora no período pós-1989.
O melhor, porém, é a origem das doações de pessoa jurídica. A maior colaboradora foi a empresa STB (Student Travel Bureau), que aportou R$ 602,8 mil no ano passado. Por que essa generosidade? Imagino que tenha algo a ver com o fato de que a STB emite a Carteira Mundial do Estudante, que dá descontos aos estudantes em vários países. A STB tem essa maquininha de ganhar dinheiro – cada carteira custa entre R$ 30,00 e R$ 40,00 – por conta do convênio que tem com a UNE, a União Nacional dos Estudantes. UNE essa que, por sua vez, é presidida por Lúcia Stumpf, filiada ao PC do B. Capisci?
"A mesma instituição que protestou pelo retorno da democracia agora se transformou num pequeno cartório."
Acompanhei com bastante tristeza o declínio da UNE. A mesma instituição que protestou bravamente pelo retorno da democracia brasileira agora se transformou num pequeno cartório movido a um negócio para dar descontos a alunos. Ingenuamente, acreditava que a obsessão da UNE pelos descontos em cinema era apenas o resultado do patético esvaziamento da agenda de uma liderança comunista em pleno século XXI. Agora entendo que a ênfase nessa área atende a outros interesses.
No ano em que comemoramos o quadragésimo aniversário da queda do lendário congresso estudantil da Ibiúna, organizado por essa mesma UNE que deveria agora estar engajada na sua missão óbvia – a batalha pela melhoria da qualidade do ensino brasileiro – é lamentável ver a instituição aparelhada por caça-níqueis do vetusto PC do B.

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