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30/04/2008 - 16h08
Saiba como o movimento estudantil francês se espalhou pela Europa
da France Presse, em Berlimda Folha Online
O Maio de 1968 na França ficou conhecido como o "símbolo" de uma revolta juvenil que se espalhou por vários países da Europa --entre eles, a Alemanha, a ex-Tchecoslováquia, a Itália e a Polônia.
Saiba mais sobre o movimento estudantil em cada país:
Alemanha
26.dez.1967 - AP
Rudi Dutsche, líder estudantil alemão, faz discurso em Frankfurt
O movimento de 1968 chega à Alemanha em meio à solidariedade imposta pelo pós-guerra para a reconstrução do país, obrigando os alemães a assumirem um papel de responsabilidade perante o passado nazista, negado durante os anos 50.
O clima de contestação que nasce em meados dos anos 60 propaga-se em junho de 1967 pelo país, quando a polícia mata acidentalmente um estudante, Benno Ohnesorg, em Berlim Ocidental, durante uma manifestação contra o xá do Irã.
Mas o movimento só explode quando o líder radical Rudi Dutschke sofre uma tentativa de assassinato, em 11 de abril de 1968. Tomados pelas teorias revolucionárias da chamada Escola de Frankfurt, os estudantes alemães recebem o apoio de intelectuais progressistas, como os escritores Heinrich Böll e Günter Grass, e de grandes jornais como o "Der Spiegel" e o "Die Zeit".
Segundo o historiador Jürgen Kocka, 1968 dissemina a "emergência" de novos movimentos sociais: o pacifismo, a ecologia, as correntes alternativas e o feminismo.
Itália
Na Itália, o movimento estudantil de 1968, chamado de "maggio rampante" devido à sua duração, conseguiu uma integração com o mundo operário, ao contrário de outros países, antes de caminhar para a fase negra dos "anos de chumbo".
A revolta nas universidades durou bastante tempo, surgindo em 1966, atingindo seu apogeu em 1968 e se prolongando até o outono de 1969.
Diferentemente do ocorrido da França, o universo sindical e o Partido Comunista Italiano (PCI) se mostraram abertos ao diálogo com os estudantes, cujos dirigentes foram recebidos pelo secretário do PCI, Luigi Longo, em abril de 68.
Nessa época de Guerra Fria, quando a alternância de poder era considerada 'impossível', a onda contestatória toma conta do país e faz evoluir uma sociedade que até então era totalmente amparada pelos preceitos da Igreja Católica.
"Sem o que ocorreu em 1968, não existiria o divórcio (1970) nem o aborto (1978)", disse à agência de notícias France Presse o cientista político Giorgio Galli.
Depois de 1968, abre-se a página negra dos "anos de chumbo" e do terrorismo --que surgem em 1969 e duram até o fim dos anos 80--, mas o vínculo entre ambos os períodos é tema de discórdia entre especialistas.
Ex-Tchecoslováquia
CTK
Moradores de Praga cercam de tanques soviéticos, em 21 de agosto de 1968
Em janeiro de 1968, em Praga, Alexandre Dubcek, nomeado líder do Partido Comunista Tchecoslovaco, tentou colocar em prática seu "socialismo com rosto humano" --uma alternativa que o Kremlin não aceitou e reprimiu em agosto.
Com o fim da censura, um grande debate domina a socidedade em relação às crueldades do ditador Josef Stálin, depois do golpe comunista de 1948 em Praga.
Dubcek põe em prática várias reformas econômicas e políticas, que seriam ratificadas pelo partido em setembro de 1968, em um congresso extraordinário.
Na noite de 20 a 21 de agosto, a efêmera esperança de democracia desaparece, esmagada pelos tanques soviéticos.
Destituído, Dubcek abre caminho para o presidente pró-soviético Gustav Husak.
Polônia
A Polônia viveu, no começo de 1968, uma das primeiras revoltas estudantis do ano na Europa. Reprimidas com violência, elas foram usadas para lançar uma campanha anti-semita de grande amplitude.Tudo começou com a peça de teatro "Os antepassados", que as autoridades polonesa consideravam contra a Rússia.
Sua proibição pela censura provocou uma manifestação por parte dos estudantes em Varsóvia. Os líderes do protesto foram expulsos da universidade e, em 8 de março, começou um ciclo de manifestações e repressão que se estendeu a outros centros e cidades.
Com a ajuda da polícia política e dos radicais do partido, o chefe do Partido Comunista polonês, Wladyslaw Gomulka, deu início à caça ao "judeu comunista".
Aproximadamente 20 mil pessoas abandonaram o país, e 13.500 delas perderam a nacionalidade entre 1968 e 1970, segundo documentos de arquivos oficiais.
Em março de 2007, o ministro do Interior polonês, Grzegorz Schetyna, permitiu a expedição de certificados de nacionalidade polonesa aos que o pediram em 1968.
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