sábado, 31 de maio de 2008

O PC do B se apequenou

O PC do B se apequenou
Otávio Luiz Machado

Para quem já votou várias vezes em deputados (estadual e federal) ligados ao PC do B (Partido Comunista do Brasil) sem se arrepender, como é o meu caso, certamente deverá estar se perguntando: como um partido de lutas históricas importantes se apequenou assim tão intensamente? Como suas bandeiras de lutas estão em um grau tão alto de deterioração?
Na busca de um projeto focado exclusivamente na busca do poder, o PC do B cada vez mais se distancia da luta dos estudantes, dos trabalhadores e de todos os excluídos do nosso País. É um partido que recebeu doações de setores retrógrados e conservadores da burguesia para tocar o seu dito “projeto político”, como é o caso da doação generosa do reacionário Olavo Calheiros. Sem falar no acordo feito por sua juventude com a Rede Globo, que visou apenas manter um projeto de poder da União Juventude Socialista (UJS) na União Nacional dos Estudantes (UNE).
Embora respeitando muito o Doutor Haroldo Lima, que escreveu um belíssimo artigo recentemente, também não posso concordar com seu artigo de que a nova sede do PC do B ocorreu em função do crescimento do partido e da ocupação de espaços que anteriormente eram restritos. É um exemplo da ausência de conhecimento dos líderes ou dirigentes de sua própria base, pois sua atuação na Agência Nacional de Petróleo (ANP) certamente não lhe sobre tempo necessário para acompanhar o Partido.
A juventude do PC do B, a União Juventude Socialista (UJS), também é outro grande exemplo do grau de deterioração do PC do B. Em entrevista a uma televisão de Brasília, a presidente da UNE (militante há oito anos do PC do B) mostrou a cara da juventude do PC do B: distante da luta dos estudantes, sem preocupação com a educação pública aliada a um projeto de país, focado num discurso elitista e num projeto de poder do PC do B.
Embora criticando a privatização do ensino superior brasileiro (hoje cerca de 80% dos estudantes estão matriculados em faculdades ou universidades privadas), o grupo do PC do B que comanda a UNE há muito tempo foi o grande beneficiário do modelo, pois encontrou na organização de entidades em tais instituições – que é muito legítima – a forma de cooptar delegados nas eleições da entidade.
A divisão das lutas entre universidades públicas e privadas foi um grande desserviço da direção do PC do B na UNE, pois a unificação em torno de pautas únicas viáveis seria o caminho mais adequado para uma entidade que diz representar o conjunto dos estudantes brasileiros.
A dívida externa, o desenvolvimento social, a participação dos estudantes em projetos sociais, a formação de cursinhos pré-vestibulares e o debate sobre a América Latina seriam pautas plausíveis de serem discutidos entre os estudantes de universidades públicas e privadas. Mas a divisão dos estudantes e o incentivo ao acirramento dos ânimos tem sido uma prática a ser condenada, embora a cúpula da UNE não assumiu a sua responsabilidade.
Numa entrevista recente de quase meia hora da Presidente da UNE, que certamente causa nojo a qualquer ser pensante de nosso país, quando interpretamos o discurso dentro de um contexto histórico, político e social, só demonstra o quanto a correia de transmissão entre UNE e PC do B tem sido negativa.
O PC do B, que tinha honra de sua história de luta no país e até debatia as suas idéias em todos os espaços, creio que hoje não contribui em quase nada nesse sentido. Um partido que abandonou a própria sorte aliados históricos para buscar um projeto próprio de poder, ao deixar exposta a possibilidade de derrota do campo da esquerda em diversas cidades do país, também não honra mesmo seus princípios históricos.
De um partido que surgiu de uma dissidência “stalinista” do Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1962 (embora até hoje reivindique sua origem ao ano de 1922) e que se alinharia ao comunismo chinês em seguida, passando pela organização da única experiência de guerrilha rural no Brasil na chamada “Guerrilha do Araguaia” entre 1972 e 1974 e pelo apoio às campanhas de Lula até a chegada de setores da esquerda ao poder do País, o PC do B de hoje precisa ser repensado. Falo sempre aos meus amigos do PC do B o que penso. E também tenho o maior respeito a vários militantes de peso do partido.
Enfim, com um prédio enorme como sede, mas com a cabeça bem pequenininha, o PC do B passou a utilizar a mesma estratégia dos poderosos para conquistar e se manter no poder, pois o que se observa é uma pauta visando única e exclusiva a reprodução de uma luta do poder pelo poder.
Com a transformação do PC do B num partido qualquer, e o seu conseqüente apagamento enquanto partido reconhecidamente de luta, cremos que quem perdeu foi o Brasil, pois era um dos poucos partidos que se diferenciava dos clássicos opositores à elite brasileira.

5 comentários:

Guizo Vermelho disse...

Felizmente o PCB mantém seu fio histórico, teórico e classista, como foi reafirmado em seu XIV Congresso.

Anônimo disse...

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