terça-feira, 13 de maio de 2008

Matéria na FSP: Confira os livros e músicas que eternizaram as manifestações de 68

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30/04/2008 - 16h20
Confira os livros e músicas que eternizaram as manifestações de 68
Colaboração para a Folha Online
Os protestos estudantis e trabalhistas de 1968 foram retratados por autores de vários livros contemporâneos e posteriores à época. A música também teve um importante papel nesse período, pois funcionava como mais uma maneira de manifestação dos jovens.
As próprias manifestações estudantis se utilizaram da literatura já existente para construir seu movimento. A base teórica para os protestos de 1968 foi essencialmente Herbert Marcuse --o idealizador da nova esquerda-- e releituras do filósofo alemão Karl Marx.
Reprodução
Ator Paulo Autran em cena do filme "Terra em Transe" (1967), sob direção de Glauber Rocha
No Brasil, a década de 60 foi significativa para o cinema nacional, com a conquista da palma de ouro no Festival de Cannes para Anselmo Duarte com o filme "O Pagador de Promessas", de 1962. Em 1967, o diretor Glauber Rocha lançou o filme "Terra em Transe".
Nos teatros brasileiros, eram constantes as peças do dramaturgo alemão Bertolt Brecht, como "Mãe coragem e seus filhos" e "A ópera dos três vinténs".
Em janeiro de 1968, estreou no Rio de Janeiro a peça "Roda Viva", de Chico Buarque de Holanda, dirigido por José Celso Martinez Corrêa.
Em julho, os integrantes da peça foram agredidos no teatro Ruth Escobar, em São Paulo. A ação foi atribuída ao CCC, o Comando de Caça aos Comunistas.
Mas os protestos de Maio de 68 não tinham somente um valor político. Eles buscavam a mudança social, a libertação do jovem e a ultrapassagem de limites antes impostos pela sociedade da época.
Literatura
O livro "A mística Feminina", de Betty Friedan, aborda a força do movimento feminista a partir de 1968, passando pela simbólica queima de sutiãs, pelas passeatas nas ruas e pela invenção da pílula anticoncepcional.
Outra obra que demonstra as quebras de paradigmas da década de 60 é "O teste do ácido do refresco elétrico", que Tom Wolfe escreveu em 1968.
Divulgação
Manifestantes protestam contra invasão do teatro Ruth Escobar após a peça "Roda Viva"
O jornalista norte-americano acompanhou a viagem do romancista Ken Kesey --autor de "Um estranho no ninho"-- realizada para difundir o uso do LSD por meio dos chamados "testes de ácido". O livro de Wolfe mostra a queda do idealismo quando enfrenta o mundo real, mas demonstra uma certa simpatia pela fraqueza dos personagens.
Daniel Cohn-Benedit, o líder estudantil na França de 68, conhecido como Daniel Le Rouge (Daniel, o vermelho) também lançou seu livro sobre a época: "Forget 68" ("Esquecer 68", em tradução livre). Cohn Benedit, hoje deputado pelo partido verde da Alemanha, seu país de origem, escreveu o livro ainda com o espírito do jovem radical de esquerda.
Ele afirma que a revolta venceu no plano cultural, com novos costumes, mudança na relação entre homem e mulher e aumento da liberdade, mas também aborda as falhas de sua geração, que considera ser a dificuldade com a globalização e a descrença na democracia formal representativa.
O também francês Olivier Rolin, ex- dirigente da Gauche Prolétarienne [Esquerda proletária, organização de orientação maoísta que fazia ações armadas como assaltos, seqüestros de empresários e treinamento para guerrilha urbana], escreveu o livro "Tigres de Papel", no qual conta a história de um militante, Martin, que tentava tanto acabar com os "tigres de papel" do imperialismo quanto reparar os erros da geração de seus pais em relação à Segunda Guerra Mundial (1939-1945), à Indochina e à Guerra do Vietnã (1959-1975).
Brasil
A orelha da edição brasileira do livro de Rolin é escrita por Fernando Gabeira, o ex-militante do MR-8 e atual deputado federal pelo Partido Verde. Gabeira também escreveu um livro sobre o período, no qual o Brasil estava sob ditadura militar: "O que é isso companheiro?", que posteriormente foi transformado em filme pelo diretor Bruno Barreto.
Reprodução
Os Mutantes cantam no festival de 1968, promovido pela Rede Globo de televisão
Em "1968 - eles só queriam mudar o mundo", Regina Zappa e Ernesto Soto organizam os acontecimentos do ano em capítulos divididos de mês a mês.
O livro, que será lançado em 6 de maio, conta com entrevistas de personalidades atuantes em 68, como Chico Buarque e Edu Lobo.
O jornalista carioca Zuenir Ventura publicou dois livros sobre o período: "1968 - O ano que não terminou" --um romance que reconstitui o ano de 1968 no Brasil e aborda os dramas e paixões de alguns heróis da época--e "1968 - O que fizemos de nós, um balanço sobre o que ocorreu no período e o legado que ele deixou para os dias de hoje.
Música
Divulgação
Capa do "Almanaque da Jovem Guarda"; a última edição do programa marcou 1968
No dia 17 de janeiro, o cantor Roberto Carlos apresenta a última edição do programa "Jovem Guarda", no Teatro Record, em São Paulo. Mas as músicas despolitizadas de Roberto, Vanderléia e Erasmo Carlos ainda faziam sucesso no Brasil.
Por outro lado, as músicas de protesto dominavam os festivais, com Chico Buarque, Caetano Veloso, Geraldo Vandré, Elis Regina e outros.
No festival de 1968, o 3º Festival Internacional a Canção da Rede Globo, o "É proibido proibir" de Caetano Veloso e Gilberto Gil foi vaiado diante de "Caminhando", de Geraldo Vandré, que se tornaria um hino da luta anti-ditadura. Mas a canção vencedora foi "Sabiá", de Chico Buarque e Tom Jobim, também vaiada durante a apresentação.
Rock
28.fev.1968 - AP
Banda inglesa "The Beatles": Paul McCartney, John Lennon, Ringo Starr e George Harrison
Em 1968, o rock internacional e a atmosfera de mudança social eram embalados por letras dos Beatles e dos Rolling Stones.
Os Beatles, que se tornariam um ícone hippie nos anos 70, lançaram o disco mais vendido de sua história em 22 de novembro de 1968, o "The Beatles", também conhecido como álbum branco, pela sua capa alva identificada apenas com o nome da banda em alto elevo.
Segundo a Associação Norte Americana da Indústria de Discos, o álbum "The Beatles" é o nono mais vendido em todos os tempos nos EUA e foi eleito o décimo melhor disco na Lista dos 500 melhores álbuns da Revista Rolling Stone.
Os Rolling Stones, lançaram o álbum "Beggar's Banquet" em 1968, com uma volta ao estilo R&B --rhythm and blues, antecessor do rap-- que os fizeram famosos no início. São desta época dois dos maiores hits da banda, "Jumpin' Jack Flash", e "Sympathy For The Devil".

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