terça-feira, 13 de maio de 2008

Matéria FSP: Morte de Martin Luther King impulsionou movimento negro nos EUA

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30/04/2008 - 16h16
Morte de Martin Luther King impulsionou movimento negro nos EUA
FERNANDA BARBOSA
Colaboração para a Folha Online
O movimento negro nos Estados Unidos ganhou força em 4 de abril de 1968, após a morte do reverendo e ativista pelos direitos civis dos negros Martin Luther King. Enquanto conversava com o pastor Jesse Jackson, na sacada do hotel Lorraine -- hoje sede do Museu Nacional dos Direitos Civis, King, com 39 anos, foi atingido por um tiro do rifle de James Earl Ray e não sobreviveu.
Em reação à morte do líder, milhares de negros protestaram em dez Estados norte-americanos, pedindo igualdade de direitos, justiça e paz e relembrando que a luta de King era pacífica.
AP
Reverendo Martin Luther King Jr. (3º da esq. p/ dir.) na varanda do Lorraine Motel, em Memphis
O governo dos EUA mobilizou cerca de 72 mil soldados para conter as revoltas, que duraram três dias. Os manifestantes causaram incêndios e depredaram casas e estabelecimentos comerciais.
Durante os confrontos com a polícia, 43 manifestantes foram mortos e cerca de 23 mil foram presos. Os protestos foram interrompidos em 9 de abril, o dia do cortejo fúnebre de Luther King.
O cortejo foi acompanhado por personalidades como o então vice-presidente norte-americano Hupert Humpfrey, o então governador de Nova York, Nelson Rockfeller, e Jackeline Kennedy --mulher do ex-presidente norte-americano John F. Kennedy (1961-1963), morto em 1963.
O caixão de King foi colocado em uma charrete puxada por duas mulas, meio de transporte bastante utilizado pela comunidade negra da região de Atlanta, capital da Geórgia, onde Luther King nascera e fora enterrado.
Direitos dos negros
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Martin Luther King Jr. durante discurso "Eu tenho um sonho"
Mas os protestos pela morte de King foram somente a conseqüência do movimento pelos direitos dos negros, liderado pelo reverendo desde dezembro de 1955, quando realizou o boicote aos órgãos públicos promovido pelos negros de Montgomery, no Alabama.
Devido à sua luta por direitos civis, King ganhou o prêmio Nobel da Paz em 1964, quatro anos antes de sua morte. O reverendo também participou da marcha de 230 mil pessoas sobre Washington em 1963. A multidão se aglomerou entre o Monumento de Washington e o Memorial Lincoln para ouvir o célebre discurso "Eu tenho um sonho".
"Sonho que um dia em Alabama, com seus ferozes racistas, (...) os meninos negros e as meninas negras possam dar as mãos para as crianças brancas como irmãos e irmãs", afirmou King na ocasião.
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Vista aérea de multidão durante marcha para Washington (EUA)
Graças a essa manifestação, a emenda dos direitos civis foi encaminhada ao Congresso pelo então presidente John F. Kennedy e, após quase um ano de controvérsias, foi sancionada por Lindon Johnson (1963-1969).
A emenda dá ao governo federal o direito de intervir nos Estados onde haja segregação racial.
Outro importante ator social para a conquista de mais direitos para os negros nos EUA, foi o Partido dos Panteras Negras, que defendia a igualdade com os brancos e utilizava táticas de guerrilha contra policiais para promover uma revolução contra o capitalismo e terminar com a opressão promovida pelos brancos.
Os conflitos na sociedade norte-americana foram incentivados pelo descontentamento com a Guerra do Vietnã (1959-1975), que foi amplamente veiculada pela mídia da época e colocou a opinião pública em dúvida sobre a real validade da guerra, que já havia matado um grande número de soldados negros e brancos.
Olimpíada
A delegação olímpica norte-americana demonstrou que apoiava o movimento pelos direitos dos negros durante a Olimpíada do México, em outubro de 1968.
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Atletas Tommie Smith e John Carlos protestam no pódio da Olimpíada
Os velocistas Tommie Smith e John Carlos --respectivamente primeiro e terceiro lugares na prova dos 200 metros rasos de atletismo-- ergueram os punhos fechados durante a execução do hino nacional, símbolo da saudação típica dos radicais Panteras Negras.
O comitê internacional exigiu a expulsão dos dois atletas da delegação americana, que obedeceu à ordem do comitê. A partir de então, todos os atletas norte-americanos premiados participaram das cerimônias de pódio vestindo bonés e meias pretas, em sinal de protesto.
O bloco comunista também representou a luta antiimperialista de 1968 durante a Olimpíada do México. A ginasta tcheca Vera Calavska se tornou o símbolo da Primavera de Praga na Olimpíada. A atleta recebeu quatro medalhas de ouro na competição, a última empatada com uma ginasta russa, para quem deu as costas durante a execução do hino da ex-URSS.
fonte: Enciclopédia Britannica

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