quarta-feira, 7 de maio de 2008

Em depoimento no Senado, Dilma se emociona ao falar de tortura sofrida na ditadura

COMENTÁRIO: O senador José Agripino Maia (DEM-RN) foi deselegante com a Ministra. Se não tem nada a comentar fique de boca calada.

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u399416.shtml

07/05/2008 - 11h22
Em depoimento no Senado, Dilma se emociona ao falar de tortura sofrida na ditadura
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GABRIELA GUERREIROda Folha Online, em Brasília
A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) emocionou-se nesta quarta-feira durante depoimento à Comissão de Infra-Estrutura do Senado ao rebater afirmações do senador José Agripino Maia (DEM-RN) --retiradas de uma entrevista concedida pela própria ministra-- de que ela "mentiu muito" durante a ditadura militar para escapar de torturas. Com voz embargada, a ministra disse que mentiu naquele período para salvar "companheiros" e ela própria da morte.
"Eu fui barbaramente torturada, senador. Qualquer pessoa que ousar falar a verdade para os torturadores, entrega os seus iguais. Eu me orgulho muito de ter mentido na tortura, senador", enfatizou.
Dilma disse que "não há possibilidade de diálogo" quando se tem pela frente o "pau de arara, o choque elétrico e a morte".
Dilma disse que, na década de 70, não esteve no mesmo "momento" de Agripino quando enfrentou a luta armada para combater a ditadura.
A ministra rebateu a comparação do democrata de que a confecção do dossiê pela Casa Civil com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) é uma prática similar às adotadas na ditadura.
"O regime que permite que eu fale com os senhores não tem a menor similaridade [com a ditadura]. Nós estamos em igualdade de condições humanas, materiais. Não estamos no diálogo entre o pescoço e a forca, senador. Por isso acredito e respeito esse momento. Isso é algo que é o resgate desse processo que ocorreu no Brasil", afirmou.
No início da sessão, Agripino citou uma entrevista da ministra na qual ela reconhece que mentiu durante a ditadura militar para escapar de torturas físicas.
Agripino disse que a mentira se justificava, na época, uma vez que o país vivia um regime de exceção. Mas comparou a confecção do dossiê com as práticas da ditadura e fez um apelo para que Dilma esclareça os fatos.
"Eu tenho medo de estarmos voltando ao regime de exceção. O Estado policialesco permite o Estado de exceção. O dossiê, na minha opinião e de muitos brasileiro, é o retorno do regime de exceção para encostar algumas pessoas na parede, entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e dona Ruth Cardoso. Com todo o respeito, eu gostaria que dessa reunião resultasse o esclarecimento definitivo", disse Agripino.
Irritada com os comentários do democrata, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) saiu em defesa de Dilma. "Que não se traga para o depoimento esse tipo de ilação. Até a Igreja permite matar em legítima defesa. É um demérito, uma forma de desqualificar o que vamos fazer aqui e aqueles que perderam sua vida na ditadura", enfatizou.
Dossiê
No início do depoimento, Dilma prometeu abordar todos os assuntos que lhe forem apresentados tanto pelo governo quanto pela oposição.
"Se quiserem me perguntar sobre qualquer outro assunto, inclusive banco de dados [que deu origem ao dossiê], eu falarei", afirmou.
A ministra levou à comissão uma apresentação de slides com uma série de informações sobre o PAC (Programa de Aceleração ao Crescimento), motivo de sua convocação à comissão.
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