sábado, 31 de maio de 2008
O PC do B se apequenou
Otávio Luiz Machado
Para quem já votou várias vezes em deputados (estadual e federal) ligados ao PC do B (Partido Comunista do Brasil) sem se arrepender, como é o meu caso, certamente deverá estar se perguntando: como um partido de lutas históricas importantes se apequenou assim tão intensamente? Como suas bandeiras de lutas estão em um grau tão alto de deterioração?
Na busca de um projeto focado exclusivamente na busca do poder, o PC do B cada vez mais se distancia da luta dos estudantes, dos trabalhadores e de todos os excluídos do nosso País. É um partido que recebeu doações de setores retrógrados e conservadores da burguesia para tocar o seu dito “projeto político”, como é o caso da doação generosa do reacionário Olavo Calheiros. Sem falar no acordo feito por sua juventude com a Rede Globo, que visou apenas manter um projeto de poder da União Juventude Socialista (UJS) na União Nacional dos Estudantes (UNE).
Embora respeitando muito o Doutor Haroldo Lima, que escreveu um belíssimo artigo recentemente, também não posso concordar com seu artigo de que a nova sede do PC do B ocorreu em função do crescimento do partido e da ocupação de espaços que anteriormente eram restritos. É um exemplo da ausência de conhecimento dos líderes ou dirigentes de sua própria base, pois sua atuação na Agência Nacional de Petróleo (ANP) certamente não lhe sobre tempo necessário para acompanhar o Partido.
A juventude do PC do B, a União Juventude Socialista (UJS), também é outro grande exemplo do grau de deterioração do PC do B. Em entrevista a uma televisão de Brasília, a presidente da UNE (militante há oito anos do PC do B) mostrou a cara da juventude do PC do B: distante da luta dos estudantes, sem preocupação com a educação pública aliada a um projeto de país, focado num discurso elitista e num projeto de poder do PC do B.
Embora criticando a privatização do ensino superior brasileiro (hoje cerca de 80% dos estudantes estão matriculados em faculdades ou universidades privadas), o grupo do PC do B que comanda a UNE há muito tempo foi o grande beneficiário do modelo, pois encontrou na organização de entidades em tais instituições – que é muito legítima – a forma de cooptar delegados nas eleições da entidade.
A divisão das lutas entre universidades públicas e privadas foi um grande desserviço da direção do PC do B na UNE, pois a unificação em torno de pautas únicas viáveis seria o caminho mais adequado para uma entidade que diz representar o conjunto dos estudantes brasileiros.
A dívida externa, o desenvolvimento social, a participação dos estudantes em projetos sociais, a formação de cursinhos pré-vestibulares e o debate sobre a América Latina seriam pautas plausíveis de serem discutidos entre os estudantes de universidades públicas e privadas. Mas a divisão dos estudantes e o incentivo ao acirramento dos ânimos tem sido uma prática a ser condenada, embora a cúpula da UNE não assumiu a sua responsabilidade.
Numa entrevista recente de quase meia hora da Presidente da UNE, que certamente causa nojo a qualquer ser pensante de nosso país, quando interpretamos o discurso dentro de um contexto histórico, político e social, só demonstra o quanto a correia de transmissão entre UNE e PC do B tem sido negativa.
O PC do B, que tinha honra de sua história de luta no país e até debatia as suas idéias em todos os espaços, creio que hoje não contribui em quase nada nesse sentido. Um partido que abandonou a própria sorte aliados históricos para buscar um projeto próprio de poder, ao deixar exposta a possibilidade de derrota do campo da esquerda em diversas cidades do país, também não honra mesmo seus princípios históricos.
De um partido que surgiu de uma dissidência “stalinista” do Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1962 (embora até hoje reivindique sua origem ao ano de 1922) e que se alinharia ao comunismo chinês em seguida, passando pela organização da única experiência de guerrilha rural no Brasil na chamada “Guerrilha do Araguaia” entre 1972 e 1974 e pelo apoio às campanhas de Lula até a chegada de setores da esquerda ao poder do País, o PC do B de hoje precisa ser repensado. Falo sempre aos meus amigos do PC do B o que penso. E também tenho o maior respeito a vários militantes de peso do partido.
Enfim, com um prédio enorme como sede, mas com a cabeça bem pequenininha, o PC do B passou a utilizar a mesma estratégia dos poderosos para conquistar e se manter no poder, pois o que se observa é uma pauta visando única e exclusiva a reprodução de uma luta do poder pelo poder.
Com a transformação do PC do B num partido qualquer, e o seu conseqüente apagamento enquanto partido reconhecidamente de luta, cremos que quem perdeu foi o Brasil, pois era um dos poucos partidos que se diferenciava dos clássicos opositores à elite brasileira.
Artigo Os novos movimentos estudantis
Otávio Luiz Machado
Uma justiça deve ser feita aos movimentos em torno das Casas de Estudantes, dos Sem Universidades, das Federações de Cursos, da Reforma Universitária, dos Negros, das Mulheres, do GLBTs e de todos que buscam produzir movimentos estudantis em todos os espaços – institucionais ou não – que tenham jovens inteligentes, generosos, desejosos de participar e não compactuar com o pensamento único da UNE.
A presidente da UNE deveria respeitar a história do movimento estudantil e a inteligência dos estudantes. Suas entrevistas são imbecis e em nada chega perto da realidade que todos vivem no movimento estudantil e na Universidade. Os demais membros da diretoria que não são do PC do B deveriam ser críticos, pois irão para o buraco junto com a cúpula que se arrasta e (desmobiliza) o movimento estudantil há quase vinte anos.
A ocupação da USP, da UnB e de todas as universidades federais tiveram em comum o desejo de fazer do movimento estudantil um espaço de luta, de reivindicação e de conquistas para o conjunto dos estudantes. Um forte desejo em defender as instituições públicas também permearam o discurso dos líderes estudantis nas ocupações, além da identificação da ausência da direção da UNE na luta dos estudantes.
A UNE realmente se distanciou das lutas estudantis e tornou-se uma entidade ligada aos interesses menores de sua cúpula.
A atual (e também a anterior) “equipe” que compõe a diretoria UNE (União Nacional dos Estudantes) deveria explicar muito bem as suas relações com o Senado Federal, assim como deveria ser mais taxativa para afirmar que o grande volume de recursos públicos obtidos (e a obter) não tem afetado a sua pauta de atividades, incluindo as reivindicações justas dos estudantes e do próprio povo brasileiro.Várias emendas parlamentares são oriundas de senadores que até pouco estavam articulando a permanência de um Presidente do Congresso sem condições algumas que continuar nem mesmo como Congressista, assim como de um Senador que até recentemente encontrava-se na condição de Ministro da Educação do Governo Lula. E que seria a pessoa do Governo a tratar mais de perto a relação com as entidades estudantisMais um silêncio da UNE diante do descalabro que nossa democracia sofre com o Congresso Nacional, leva-nos a refletir sobre o a UNE pretende com tais posições, sobretudo com a construção de um projeto de história do movimento estudantil iníquo, totalmente comprometido com as posições políticas de uma entidade política associada com uma outra entidade privada vinculada ao maior conjunto de mídia do nosso país.É bom que as autoridades brasileiras tomem providências quanto ao fato grave que atinge a integridade das instituições brasileiras e a própria democracia brasileira, sobretudo num assunto tão sério que é a memória de um povo, que está sendo manipulado e ao mesmo tempo financiado com MILHÕES DE REAIS oriundos de recursos públicos.A relação entre o Governo Federal e as entidades privadas em questão precisam ser esclarecidas.O SILÊNCIO DA UNE mais uma vez assustou os estudantes. Nem a situação do Senado da República merece sequer uma única "notinha" da direção da UNE. Mas a situação é explicável:no momento a UNE busca captar mais alguns milhões de reais para aquilo que chama de "MEMÓRIA DA UNE". E tem a conivência de diversos Senadores e Senadoras. OLHEM ABAIXO!!!VAMOS AOS NOVOS PROJETOS DA UNE1) NOME DO PROJETO APRESENTADO AO MINISTÉRIO DA CULTURA: MEMÓRIA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL - COMPLEMENTAÇÃO- NÚMERO DO PRONAC: 076435- SÍNTESE DO PROJETO: Projeto de continuidade dos projetos Memória da UNE I e II, com objetivo de formar o Centro de Estudos Honestino Guimarães, que passará a administrar o acervo produzido nas etapas anteriores, bem como ampliá-lo, divulgá-lo no sítio desenvolvido pelo projeto (www.mme.org.br) e empregá-lo na produção de pesquisas sobre a temática dos movimentos estudantis.- VALOR SOLICITADO: 1.586.700,00- NOME DA PROPONENTE: União Nacional dos Estudantes - UNE- ÁREA CULTURAL: Patrimônio Cultural- SEGMENTO: Acervo- MECANISMO: MecenatoSITE PARA CONSULTAR MAIORES DETALHES DO PROJETO:http://www.cultura.gov.br/salic4/index.php?pronac=0764352) NOME DO PROJETO APRESENTADO AO MINISTÉRIO DA CULTURA: Pesquisa Cultura na UNE: 1999 a 2007- NÚMERO DO PRONAC: 071412- SÍNTESE DO PROJETO: Realizar um trabalho de coleta de documentos, digitalização de imagens e registro de depoimentos dos responsáveis pelas produções e política cultural da UNE, desde a 1ª Bienal de Cultura até a 5ª edição, e doar este acervo ao projeto Memória do Movimento Estudantil.- VALOR SOLICITADO: 351.210,00- NOME DA PROPONENTE: União Nacional dos Estudantes - UNE- ÁREA CULTURAL: Humanidades- SEGMENTO: História- MECANISMO: MecenatoSITE PARA CONSULTAR MAIORES DETALHES DO PROJETO: http://www.cultura.gov.br/salic4/index.php?pronac=0714123) NOME DO PROJETO APRESENTADO AO MINISTÉRIO DA CULTURA: "Estudantenet O Sitio da Juventude Brasileira"NÚMERO DO PRONAC: 071412- SÍNTESE DO PROJETO: Criação de um site na internet que possibilite aos estudantes terem acesso às opiniões e ao posicionamento da UNE e da UBES. Divulgar o CUCA e criar um acervo de pesquisa on-line sobre a história do movimento estudantil brasileiro.- VALOR SOLICITADO: 198.023,64- NOME DA PROPONENTE: União Nacional dos Estudantes - UNE- ÁREA CULTURAL: Audiovisual- SEGMENTO: Multimídia- MECANISMO: MecenatoSITE PARA CONSULTAR MAIORES DETALHES DO PROJETO: http://www.cultura.gov.br/salic4/index.php?pronac=0714124) NOME DO PROJETO APRESENTADO AO MINISTÉRIO DA CULTURA: "ATIVIDADE DE CULTURA E ARTE DA UNE "NÚMERO DO PRONAC: 066120- SÍNTESE DO PROJETO:Este projeto visa incentivar a produção cultural brasileira, criando um espaço para estudantes mostrarem seus trabalhos.EMENDA PARLAMENTARES:Alice Portugal - R$ 10.000,00Benjamim Maranhão - R$ 200.000,00Carlos Mota - R$ 50.000,00Carlos Abicalil - R$ 30.000,00Cristóvan Buarque - R$ 100.000,00Gustavo Fruet - R$ 40.000,00Inácio Arruda - R$ 241.787,00Iara Bernardi - R$ 90.000,00Jackson Barreto - R$ 50.000,00João B. Mota - R$ 145.072,00Leonardo Picciani - R$ 200.000,00Leomar Quintanilha - R$ 300.000,00Nilton Baiano - R$ 50.000,00Osvaldo Biolchi - R$ 50.000,00Renato Casagrande - R$ 29.014,00Severino Alves - R$ 40.000,00Vanessa Grassiotin - R$ 200.000,00Wellingon Salgado - R$ 50.000,00- VALOR SOLICITADO: 2.134.231,00- NOME DA PROPONENTE: União Nacional dos Estudantes - UNE- ÁREA CULTURAL: Artes Integradas- SEGMENTO: Artes Integradas- MECANISMO: MecenatoSITE PARA CONSULTAR MAIORES DETALHES DO PROJETO: http://www.cultura.gov.br/salic4/index.php?pronac=066120O último projeto explica pôrque a direção da UNE não pode se pronunciar sobre nada sobre o SENADO E OS SENADORES. A lista de apoiadores vai de ex-Ministro da Educação a Senador que apoiou a absolvição de Renan Calheiros, além dos que manipularam a sua permanência, que está entre os maiores doadores. A atual UNE é uma entidade estudantil que não possui nenhuma AUTONOMIA para conduzir os destinos dos estudantes BRASILEIROS. Uma diretoria que vem desde o Senhor Gustavo Petta distanciando os estudantes brasileiros da atuação estudantil. E fazendo da HISTÓRIA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL algo muito próprio aos que querem esconder a história ou mesmo inserir alguns nomes que nada fizeram por ela. Agora muita coisa se encaixa, não é?
No caso da UNB, a construção, organização, deflagração e manutenção da greve da sua greve (abril de 2008) teve liderança das instâncias internas do movimento estudantil. Lembro-me que uma das primeiras movimentações quando veio a público a denúncia do Ministério Público contra o Reitor, a Casa do Estudante da UnB iniciou uma série de comunicados, inclusive recebendo apoio das outras casas estudantis, reclamando que enquanto o Reitor gastava R$500 mil para mobilizar o seu apartamento funcional, a Casa do Estudante tinha uma série de problemas estruturais.
O que ouvia naquele momento era que enquanto a UNE apoiava o Governo Federal e se falava tanto em educação, a situação da assistência estudantil era muito precária.
O movimento estudantil voltou ao cenário nacional com a ocupação da USP, em 2007.
A construção, organização, deflagração e manutenção da greve da UNB foi liderada pelas instâncias internas do movimento estudantil. Como o mais puro cinismo e conveniência, a UNE puxou uma passeata para o final do mês de abril, que não mobilizou como deveria os estudantes, pois a UNE está distante dos estudantes. Como jogada de marketing foi excelente para a direção da UNE, pois os jornais “engoliram” e passaram a associar a UNB à questão proposta pela UNE. Não deu outra. A UNE foi liderada. Ela não liderou nada. Uma das matérias na nossa mídia, como foi o caso do Jornal da TV Cultura, acabou dando um destaque à UNE que não deveria:
“Liderado também pela UNE, o movimento de Brasília já reflete em outros Estado. Cerca de 28 universidades federais devem enfrentar manifestações na próxima quinta-feira para reformulações internas e pelo fim das fundações que administram recursos públicos, destinado inclusive para pesquisas nessas universidades”.
A participação da presidente da UNE em programas de televisão também vem colocando a UNE como presente na luta dos estudantes, o que não é verdade.
Vejam no nosso blog uma parte da entrevista da Presidente da UNE ao programa “Câmara Ligada” da TV Câmara:
http://sejarealistapecaoimpossivel.blogspot.com/2008/05/blog-post_31.html
Ou no próprio site da Câmara:
http://www.camara.gov.br/internet/tvcamara/default.asp?selecao=MAT&velocidade=100k&Materia=66114
http://www.camara.gov.br/internet/tvcamara/default.asp?selecao=MAT&velocidade=100k&Materia=66115
http://www.camara.gov.br/internet/tvcamara/default.asp?selecao=MAT&velocidade=100k&Materia=66116
È difícil entender quando ela diz nas suas entrevistas quanto às “nossas passeatas” e diz que quem vai contra a UNE quer a divisão do movimento estudantil. É bom dizer que a União Juventude Socialista (UJS) do Partido Comunista do Brasil (PC do B) foi quem dividiu os estudantes ao dizer “nós” e “os outros”
Nós precisamos apoiar os movimentos estudantis que lutam. A UNE é patrimônio do povo brasileiro, mas a atual direção da UNE “vendeu” a história, a luta e a decência do movimento estudantil da UNE aos poderososo.
II ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO
II ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO
II SEMINÁRIO SOBRE EDUCAÇÃO SUPERIOR E AS POLÍTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO CAMPO BRASILEIRO
Período – 06 e 08 de agosto de 2008Local – Faculdade de Educação / UnB
O II Encontro Nacional de Pesquisa em Educação do Campo e II Seminário sobre Educação Superior e as Políticas para o Desenvolvimento do Campo Brasileiro são iniciativas das Universidades que integram o Observatório da Educação do Campo – CAPES/INEP. Os Eventos reunirão pesquisadores, educadores, representantes de órgãos públicos e movimentos sociais para socializar e divulgar as produções acadêmicas inovadoras que têm sido construídas como resultado do enfrentamento às questões teóricas e práticas que desafiam a afirmação do direito às condições dignas de vida, trabalho, saúde e educação das populações do campo. Estes eventos pretendem promover o debate sobre experiências concretas, desenvolvidas no âmbito da Educação do Campo em andamento e concluídas. Experiências que apresentem efetivamente esforço em contribuir com o avanço descritivo e reflexivo do tema, bem como gerar subsídios para a construção de políticas públicas de Educação do Campo.
Promoção: Observatório de Educação do Campo UnB; UFS; UFRN; UFC; UFPB; UFPA; UFMG
Programa de Pós-Graduação em Educação - Faculdade de Educação - Universidade de Brasília
Programa de Pós-Graduação em Educação - Departamento de Educação - Universidade Federal de Sergipe
Programa de Pós-Graduação em Educação - Faculdade de Educação - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação em Educação – Centro de Educação - Universidade Federal da Paraíba
Programa de Pós-Graduação em Educação – Instituto Ciências da Educação - Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação - Universidade Federal de Minas Gerais
Ministério da Educação - Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade- SECAD – Coordenação Geral de Educação do Campo Centro Transdisciplinar de Educação do Campo e Desenvolvimento Rural - CTEC / UnB Planaltina - Universidade de Brasília
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais “Anísio Teixeira” – INEP
ApoioMinistério do Desenvolvimento Agrário – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA – Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária - PRONERA
Grupo de Trabalho de Apoio a Reforma Agrária – GTRA/DEX/UnB
CHAMADA PARA QUEM TRABALHA COM TEATRO DO OPRIMIDO
CHAMADA PARA QUEM TRABALHA COM TEATRO DO OPRIMIDO
Olá a todos(as) os espectatores( as) da lista,O Teatro do Oprimido (TO), sistematizado por Augusto Boal nos anos 70 é um meio de transformação subjetiva, um meio privilegiado para descobrirmos quem somos. Como abordagem teatral que visa utilizar-se da arte como instrumento de luta e organização dos orpimidos, tem dispertado a curiosidade e interesse cada vez maior entre nós.É assim que vêm surgindo grupos de TO espalhados pelo Brasil e pelo Nordeste, à medida em que entram em contato com essa proposta, mediante oficinas ou particpação e outros grupos de TO.No entanto, não temos idéia de quantos e como se organizam esses grupos. Pensando na possibilidade de estarmos reunindo os relatos e experiencias desses grupos espalhados, e podermos criar uma rede de contatos, inicialmente pelo nordeste, é que estamos mandando essa mensagem para as listas de discussão.Com a idéia de podermos aglutinar, e facilitar nosso diálogo e troca de vivencias e experiencias em TO, gostaríamos que quem for de algum grupo de TO possa nos responder esta mensagem, com algumas informações básicas iniciais, como,- Grupo- Local (cidade/estado)- Tempo de atividade- Pergunta do grupo (linha de atividades: saúde, violencia, emprego...)- Contato (e-mail, telefone...)- Demais informações que queira compartilhar. ..Então por favor nos enviem para os e-mails "pressaonojuizo@ yahoo.com. br" ou "drucavalcanti@ yahoo.com. br" essas informações.Vamos criar e ampliar essa rede de articulação entre os grupos de TO no Nordeste!
ps. Por favor, ajudem nessa divulgação encaminhando essa mensagem às demais listas, ou pessoas que trabalhem com TO, que vocês conheçam.Há Braços de LutaSedruMovimento LevanteArticulação Estudantil de OdontologiaGRITO - Grupo Intinerante de Teatro do Oprimido"Eu já era isso, seja lá o que isso fosse, e com a ajuda dos livros descobri que isso era ser socialista.""Jack London"
Mais uma vitória do movimento estudantil de luta: Conselho da Fundação cassa reitor da Fundação Sto.André
Conselho da Fundação cassa reitor da Fundação Sto.André
Bruno RibeiroDo Diário do Grande ABC
O reitor Odair Bermelho foi cassado ontem à noite da presidência da Fundação Santo André pelo Conselho Diretor da entidade. Ele foi afastado com 12 votos, unanimidade entre os conselheiros presentes, 32 dias após a publicação pelo Diário de um dossiê que apontava fraudes em notas fiscais para desvio de verba.A decisão, no entanto, ainda depende do encaminhamento de uma notificação à Curadoria de Fundações do Ministério Público Estadual de Santo André e de um registro no cartório de pessoas jurídicas.
Oficialmente, Bermelho só deve deixar o cargo após esses trâmites. Como isso nunca aconteceu antes, os conselheiros não tem idéia do prazo desses procedimentos, mas esperam celeridade no processo.
A reunião que decidiria o futuro do reitor começou cercada de incertezas. Antes do início do encontro, a advogada da Fundação, Daniela de Almeida Victor, leu uma deliberação assinada pela promotora pública Patrícia Maria Sanvito Moroni, responsável pela Curadoria das Fundações, cujo conteúdo informava que a última reunião do Conselho, ocorrida na segunda-feira passada, ainda não teria efeito legal, uma vez que a ata do encontro não havia sido protocolada no MP - procedimento de praxe. Assim, os membros do que foram empossados no Conselho naquele encontro não estariam com os assentos garantidos.
Os conselheiros, no entanto, haviam feito essa protocolação anteontem à tarde. Por isso, decidiram ignorar a deliberação da promotora.
Quando a votação se iniciou, os conselheiros decidiram por cassar o reitor. Havia um consenso entre o grupo de afastar Bermelho temporariamente do cargo - pelo menos até o término das investigações promovidas pelo Gaergo (Grupo de Atuação Especial Regional para Prevenção e Repressão ao Crime Organizado). Mas esse movimento não é previsto pelo estatuto da Fundação, que permite apenas a exclusão do dirigente do cargo. Por isso, a decisão foi pela expulsão do reitor.
O chefe de gabinete da Prefeitura de Santo André, Gilmar Silvério, um dos quatro membros da administração municipal no Conselho Diretor, acredita que o reitor pode entrar na Justiça para ser reincorporado na instituição. Mas afirma que o trabalho que cabia ao conselho foi feito. "A tarefa agora é reestruturar a imagem da Fundação", disse Silvério.
O pensamento é o mesmo do vice-presidente da Fundação, Oduvaldo Cacalano, que é quem assumirá no lugar de Bermelho. "Temos de fazer um diagnóstico geral dos setores financeiros e acadêmicos antes de tomarmos nossas decisões. Mas é óbvio que temos de fazer uma contenção de gastos e atrair mais alunos para a instituição", declarou Cacalano.
A Fundação Santo André teve nove cursos fechados este ano e o colégio da instituição não abre turmas de primeiro ano do ensino médio há dois anos. A entidade tem uma dívida estimada em R$ 50 milhões junto à Receita Federal.
A notícia do afastamento de Bermelho foi dada aos estudantes pelo representantes deles no Conselho, José Dalmo. e foi seguida por uma festa.
A Polícia Militar ficou em estado de alerta por conta dessa reunião. Os estudantes prometiam uma nova invasão na reitoria caso Bermelho não caísse. Mas nenhuma viatura da PM chegou a entrar no campus durante a reunião.
Cerca de 300 pessoas, entre estudantes, funcionários e professores, aguardavam o resultado da reunião do lado de fora da sala. A maioria dos estudantes era da Fafil, já que Faeco e Faeng tiveram aulas normalmente, apesar do apitaço proporcionado por quem acompanhava o encontro do Conselho Diretor que decidiu pelo afastamento do reitor.
Os estudantes soltaram fogos assim que a reunião começou. E enquanto os conselheiros estiveram fechados em uma sala, os universitários, alguns usando nariz de palhaço, ficaram batucando instrumentos e chamando a atenção para que os alunos das outras duas faculdades aderissem ao movimento.
Funcionários da Fundação fizeram um piquete por volta das 17h para marcar posição favorável à cassação de Bermelho. Um telão foi montado para exibir reportagens sobre o escândalo na instituição.
As suspeitas contra Odair Bermelho começaram em abril, quando o Diário denunciou incompatibilidades nas notas fiscais apresentadas pelo reitor referentes a uma viagem para São Luís, no Maranhão, entre 23 e 31 de julho de 2005.
Oficialmente, Bermelho teria viajado para participar da Jornada de Educação do Maranhão, evento supostamente promovido pela UFMA (Universidade Federal do Maranhão). Mas a instituição negou a realização do evento.
Outras arbitrariedades foram apontadas na prestação de contas da hospedagem, de oito dias, e em corridas de táxi na cidade turística de Barreirinhas, situada a quase 300 quilômetros de São Luís e famosa por servir de porta de entrada para os Lençóis Maranhenses.
Os recibos referentes a refeições também apresentaram cifras astronômicas: R$ 1.600 no restaurante FrangoBom, que cobra R$ 20 por quilo - média de 10 quilos de comida em cada almoço. Somando todos as contas, a viagem custou R$ 10.428,22 aos cofres da Fundação Santo André.JUSTIFICATIVANo dia 13 de maio, Bermelho concedeu a primeira entrevista ao Diário desde o início do manifestação estudantil. Ele confirmou ter viajado para o Maranhão, mas alegou que a ida foi para conhecer acampamentos de trabalhadores sem-terra por causa de um curso para assentados que a Fundação pretendia implementar. O movimento, no entanto, negou qualquer visita do reitor ao assentamento.
Sobre as notas fiscais, ele alegou que "forças políticas" estavam por trás da elaboração dos recibos e que, se houve alguma fraude, teria ocorrido no departamento financeiro do centro universitário.Para obter maiores informações sobre o HISTEDBR
sexta-feira, 30 de maio de 2008
40º Festival de Inverno da UFMG volta às essências
40º Festival de Inverno da UFMG volta às essências
sexta-feira, 30 de maio de 2008, às 15h34
Arte: Essencial é o tema da quadragésima edição do Festival de Inverno da UFMG, que acontece entre 13 e 26 de julho, em Diamantina, na região do Vale do Jequitinhonha. O evento é organizado pela Diretoria de Ação Cultural (DAC) da UFMG. O tema que orienta a programação do Festival deste ano foi escolhido pelo curador do evento e professor da Escola de Belas-Artes (EBA) da UFMG, Fabrício Fernandino.
De acordo com o curador do evento, todos os anos, o Festival busca aprofundar o processo criativo da arte contemporânea por meio de um tema. Ao longo dos anos, o evento gerou interatividade entre áreas do conhecimento e práticas artísticas, que ele chama de “intermidialidade”. Fernandino explica que, após sucessivos anos de avanços em novos campos e em novas linguagens, é hora de retomar a essência da arte para repensar processos criativos, sem abandonar a “intermidialidade”.
Para o coordenador-geral do Festival de Inverno, Maurício Campomori, mergulhar na essência da arte não significa negar a arte conceitual, “porque podemos descobrir que a essência da arte é o conceito”. Ele explica que a idéia de arte essencial propõe dois movimentos simultâneos. O primeiro é a busca da origem da arte, adequada ao momento em que se celebram 40 edições do Festival. Segundo o coordenador-geral, o retorno às origens não implica a perda da experimentação; significa manter o vínculo com o tradicional.
O segundo movimento considera a arte fundamental para a vida, “principalmente no cotidiano marcado por pragmatismos ditados pelo poder econômico”, ressalta Campomori. A partir dessa idéia, ele traça o paralelo de que assim como a arte é essencial à vida, o Festival é essencial à UFMG. Para Campomori, a essencialidade do evento está em seu caráter de vanguarda. “Há liberdade conceitual de ir aonde certas iniciativas artísticas de mercado não vão e de discutir a lógica e a essência das coisas”, comenta.
Projeto gráficoO tema também orienta a identidade visual do evento. A equipe de criação do Centro de Comunicação (Cedecom) da UFMG, responsável pelo projeto gráfico do Festival de Inverno, buscou soluções simples, com poucas cores e fontes, que remetem à essencialidade. A identidade é dada pela foto do australiano Craig Jewel, que retrata um elemento essencial, a água. A foto está em todos os produtos do Festival, como o cartaz e o site do evento. De acordo com Maira Shiodi, quem fez a pesquisa de imagem, a foto é sintética, mas de grande capacidade poética, porque não retrata diretamente um objeto artístico, contudo remete ao movimento e à expansão da arte.
Para saber mais sobre o tema Arte: Essencial, acesse o site do 40º Festival de Inverno da UFMG.
CFCH/UFPE empossou nova diretoria
CFCH/UFPE empossou nova diretoria
30/05/2008
As professoras Maria do Socorro Ferraz Barbosa (História) e Lucinda Maria da rocha Macedo (Psicologia) tomaram posse, hoje, como diretora e vice-diretora do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFPE (CFCH), respectivamente. A chapa “Integração e Mudança”, na qual concorreram, foi eleita no pleito realizado em dezembro do ano passado.
Socorro Ferraz aposta numa gestão compartilhada. “Nossa intenção é possibilitar maior participação do Conselho Departamental, formado por coordenadores de cursos de graduação e programas de pós-graduação, chefes de departamento e representantes estudantis, nas decisões do centro”, afirma. “Buscaremos reativar as comissões de graduação e de pós-graduação para que sejam co-responsáveis na gestão do CFCH”, completa. A posse ocorreu no Auditório Professor Barbosa Lima Sobrinho, agora há pouco.
Fomos lá e cumprimentos a nova administração do CFCH/UFPE, assim como a diretora que vinha até então conduzindo os trabalhos, a Professora Edvânia Torres Aguiar.
Reitor da UFPE é novo presidente da Andifes
Fonte: http://www.andifes.org.br/news.php#7049
Reitor da UFPE é novo presidente da Andifes - 16:35
30.05.2008
A Andifes elegeu, nesta quinta-feira (29/05), sua nova Diretoria Executiva durante a LXXª reunião ordinária do Conselho Pleno da Associação. O reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Amaro Henrique Pessoa Lins, estará a frente da associação para a gestão 2008/2009. A nova Diretoria é composta por pelos reitores: Edward Madureira Brasil (UFG), primeiro vice-presidente; Ronaldo Tâdeu Pena (UFMG), suplente do primeiro vice-presidente; João Carlos Brahm Cousin (FURG), segundo vice-presidente; e Hidembergue Ordozgoith da Frota (UFAM), suplente do segundo vice-presidente.
Em seu discurso de despedida, o reitor Arquimedes Diógenes Ciloni (UFU) ressaltou a importância da gestão compartilhada entre os membros da Diretoria Executiva. De acordo com ele, a divisão de tarefas e responsabilidades reforçou a visão da Andifes como construção coletiva e democrática. Ele também reconheceu o trabalho desenvolvido pela gestão anterior, afirmando ser fundamental dar continuidade às ações iniciadas nesta gestão e implementar as demais presentes no planejamento organizado pelo Diretório Nacional para auxiliar a nova Diretoria Executiva da Andifes.
Durante esta gestão, a Associação manteve interlocução com o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e as entidades ligadas à educação brasileira no sentido de promover o debate entre os diversos atores relacionados à área para fortalecer o sistema educacional brasileiro e, consequentemente, contribuir para o desenvolvimento do país. Entre os principais feitos estiveram: realização de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, relançamento da Frente Parlamentar em Defesa da Universidade Pública, criação do Plano Nacional de Assistência Estudantil e da RedeIFES, realização do Curso de Gestão da Internacionalização Universitária, organização do III Seminário Anual Andifes de Políticas Públicas para a Educação para tratar da carência de professores no ensino básico e apoio no I Fórum sobre as IFES, realizado pelo Tribunal de Contas da União, contribuição para aprimoramento do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), início da estruração do Programa de Fortalecimento e Expansão da Pós-Graduação das IFES.
O professor Amaro Lins é engenheiro civil pela UFPE, mestre em Ciências pela Coppe/UFRJ e doutor pela Coppe/UFRJ/Oxford University, com pós-doutorado pela Colorado University. Atua na área de Engenharia Geotécnica e coordenou o Programa de Pós-Graduação de Engenharia Civil (95). Foi diretor do Centro de Tecnologia e Geociências de 1996 a agosto de 2003. Como pesquisador, já publicou trabalhos em seminários, congressos e em revistas nacionais e internacionais, atuando como consultor da Finep, Capes e CNPq. Atualmente, cumpre seu segundo mandato a frente da UFPE e é presidente da Comissão de Avaliação Institucional da Andifes.
(Lilian Saldanha - Assessoria de Comunicação da Andifes)
Depoimento de Maria Rosa Leite Monteiro (mãe de Honestino Guimarães)
Kelly Couto (texto) e Irene Sesana (arte)Da Assessoria de Comunicação
jeito suave de gesticular, o olhar terno e a voz aveludada provam que o tempo foi generoso com Maria Rosa Leite Monteiro, mãe de Honestino Guimarães. Companheira de primeira hora do filho revolucionário, Dona Rosa, como prefere ser chamada, viu de perto quase todo tipo de injustiça. Uma mistura de mãe e militante. Ela compartilhou também vitórias importantes. A memória emocional reservou mais espaço para as lembranças boas, nenhuma amargura. “Eu nunca chorei pelos cantos. Eu choro de alegria. Poucas vezes, choro de tristeza. E eu não tenho tristeza”, diz a senhora de 76 anos.
Nos momentos mais duros da ditadura, aprendeu a conciliar trabalho com maternidade. Protegeu Honestino até o limite do impossível. Os encontros às escondidas e as fugas planejadas preencheram sua rotina quase que naturalmente. Mesmo como diretora de colégio, Rosa fazia questão de ir a comícios organizados pelo filho. “Já que não consegui impedi-lo, resolvi acompanhá-lo”, recorda.
Durante a invasão da polícia na Universidade de Brasília (UnB), em 29 de agosto de 1968, Rosa não conseguiu chegar a tempo. Até hoje conta, frustrada, um dos capítulos mais tristes de sua história. “Havia muitos soldados armados. Não consegui entrar e não sabia se meu filho estava vivo ou morto”, completa.
As lembranças da repressão, a preocupação em não deixar Honestino só e as conseqüências para a família, Rosa relembra nesta entrevista à UnB Agência. Leia os principais trechos de mais de três horas de conversa no início de outubro:
Daiane Souza/UnB Agência
UnB AGÊNCIA – Por que vocês vieram para Brasília?MARIA ROSA – Para meus filhos Honestino, Luis Carlos e Norton estudarem. Morávamos numa cidade do interior (Itaberaí, em Goiás) e Brasília era desejada. A UnB era tudo. Viemos em 1960 e Honestino estava na 4a série ginasial. Ele foi para o Colégio Elefante Branco e depois passou em primeiro lugar para o curso de Geologia no vestibular da UnB.
UnB AGÊNCIA – Alguma vez a senhora pediu para que seu filho desistisse da luta?ROSA – E adiantava? Ele não deixava de ouvir, mas tinha os argumentos dele. Falava que tinha de ser feito, era uma missão. Ele me dizia: “Mamãe, e se todo mundo fugir? Quem é que fica? Quem é que vai defender?”. Eu disse a ele que se ficasse iria morrer. Ele me respondeu: “Eu prefiro viver pouco tempo aqui a viver no exterior. Lá eu estarei morto. Se eu morrer na minha pátria, morro feliz”. Ele era realmente brasileiro. Um dos motivos de eu estar aqui viva e forte até hoje é não deixar a luta dele morrer junto.
UnB AGÊNCIA – Depois dessa prisão ele voltou à universidade?ROSA – Não. Em setembro de 1968, ele foi expulso. Depois que o Honestino foi para Goiânia, dia 12 de dezembro de 1968, ele não pisou mais lá em casa. Nos encontramos outras vezes. Ele passou por diversas cidades.
UnB AGÊNCIA – Como personagem político, o que o Honestino representa?ROSA – Ele é o estudante símbolo da UnB. Deixou registrado um protesto contra tudo. Não se deixou calar.
Daiane Souza/UnB Agência
UnB AGÊNCIA – Mas o tempo não apagou as marcas...ROSA – Não. Principalmente, nos meus filhos. Essas marcas são terríveis. Eu tive de ser um pára-raio. Tenho orgulho e dou graças a Deus por ter sido mãe dele. Cumpri meu papel ao meu modo.
UnB AGÊNCIA – Como assim? Por causa da rotina?ROSA – O dia anterior ao AI-5, 12 de dezembro de 1968, foi o dia em que ele ficou foragido. Foi para a clandestinidade. Nos dias em que iam instituir o AI-5, houve um burburinho na cidade. Aí ele foi embora para Goiânia. Meu marido estava no trabalho, ele trabalhava na W3 Norte e foi para Taguatinga, pois estávamos montando uma loja. Tínhamos ficado três noites sem dormir porque eles pegaram o Norton em casa e ficaram com ele três dias. Eles (o Exército) nos ligaram e mandaram a gente ir pegar o Norton. Fui buscá-lo. Nessa noite, dormimos. O Monteiro saiu cedo com o Norton para deixá-lo em proteção. E ainda ficou até tarde da noite, pois o serviço estava todo atrasado e estávamos perto do Natal. Dia 17. Atrasou o trabalho que ele estava fazendo na montagem da loja. Aí ele cochilou e bateu num caminhão e morreu na hora. E eles ainda se aproveitaram da situação para pegar o Honestino. O pai estava morto e no enterro havia muitos policiais à paisana. Honestino queria muito vir. Ele era apaixonado pelo pai. E não o deixaram vir. Mas seria até melhor porque assim ele seria preso na presença de todos e aí não poderiam matá-lo.
UnB AGÊNCIA – A senhora acredita que o acidente foi provocado?ROSA – Não. Ele estava com sono. Três dias sem dormir, muito cansado. Simplesmente dormiu. Foi uma cochilada. É muito rápido.
UnB AGÊNCIA – A vida da senhora mudou muito depois disso?ROSA – Olha, o que dizem por aí é verdade: eu sou uma lutadora. Foi tudo muito difícil, mas na luta fui superando. Eu tinha de proteger os meus filhos. O Norton foi o primeiro a cair. Fizeram muita coisa com o Norton. Mesmo depois de prenderem Honestino, ou melhor, depois de matarem. Eu nunca chorei pelos cantos. Eu choro de alegria. Poucas vezes eu choro de tristeza. E eu não tenho tristeza. Nossa vida não começou aqui e nem vai acabar aqui.
UnB AGÊNCIA – A senhora guarda algum sentimento em relação ao regime militar?ROSA – Olha, odiar eu não odeio. Sempre fui muito cristã. Mas sentir bem também não. No Natal, pedi autorização para vê-lo na cadeia. Disseram que não estava. Mandaram-no para São Paulo. Foi lá que o mataram, foi lá que tudo acabou. Esse dia para mim foi um dia de morte. Até então, eu tinha esperança total. Para mim, eu havia ganho a batalha.
Daiane Souza/UnB Agência
UnB AGÊNCIA – Se a senhora tivesse uma última chance de falar com seu filho, o que falaria?ROSA – Iria abraçá-lo, beijá-lo, fazer todas as coisas que ele gostava de fazer. A parte mais importante para mim do Honestino é ele, como filho. Embora, eu ache que o que ele deu ao Brasil foi muito grande e importante. Até hoje, falo com Honestino. Não sou uma mãe chorosa. Eu não preciso querer ver meu filho, eu tenho meu filho. Eu estou aqui e é como se ele estivesse aqui com a gente, naquele retrato, olhando para nós. Para mim, morte não é morte.
UnB AGÊNCIA – Como foi paga a indenização?ROSA – Eu detesto falar sobre isso. Não receberia dinheiro nenhum em troca do meu filho. Mas eu recebi o troco. Eu não recebi indenização, mas a Isaura (primeira mulher de Honestino) recebeu. Ela não é a família de Honestino. Só não se separou legalmente porque eles viviam na clandestinidade. E pediu mais, e recebeu mais. Um dia eu estava na fila de banco e um sujeito me parou e disse: “A senhora está boa? Está cheia de dinheiro, ficou rica, está bem de vida”. Eu nunca vendi filho nenhum. E se a Isaura tivesse conversado comigo para pedir permissão para entrar na Justiça, eu não daria. O pedido foi feito por ela. Ela entrou com advogado. Se você me perguntar quanto foi, eu não sei. O que foi feito com o dinheiro, não sei. As pessoas tinham inveja de um dinheiro que não recebi e nem receberia. Mãe é mãe e só eu sei tudo o que passei. É muito sofrimento.
O livro Honestino, o bom da amizade é a não cobrança, escrito por Maria Rosa Leite Monteiro, mãe do líder estudantil, relata momentos importantes da vida do militante símbolo de uma época de luta e repressão. Com uma linguagem coloquial e um tom de conversa de mãe e filho, o livro mostra a união e o orgulho que todos da família, ainda hoje, sentem por Honestino Monteiro Guimarães. A obra tem ainda fotos de família, cópias de documentos, jornais e poemas de Honestino. Publicado em Brasília pela Da Anta Casa Editora, em 1998, o livro possui 270 páginas.
Honestino GuimarãesFrase escrita pelo estudante publicada em um trecho do livro Honestino, o bom da amizade é a não cobrança
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Honestino Guimarães
Todos os textos e fotos podem ser utilizados e reproduzidos desde que a fonte seja citada. Textos: UnB Agência. Fotos: nome do fotógrafo/UnB Agência.
Depoimento de Norton Monteiro Guimarães (irmão mais novo de um dos líderes de 1968 Honestino Guimarães)
Mémorias do irmão mais novo descrevem a trajetória de um homem que se orgulhava em ser libertário
Kelly Couto (texto) e Irene Sesana (arte)Da Assessoria de Comunicação
or causa do regime militar, Norton Monteiro Guimarães teve sua vida virada de cabeça para baixo. Foi preso e torturado mesmo sem, segundo ele, nunca ter tido ligação com o movimento estudantil ou político. Perdeu três empregos públicos nos anos 1970. Seu maior crime, revela, era ser irmão de um dos personagens políticos mais atuantes de Brasília: Honestino Guimarães.
Norton viu de perto a morte do pai, a prisão do irmão, o sofrimento da mãe. Na década de 1960, o lider estudantil Honestino, ex-aluno da UnB e ex-presidente da Federação dos Estudantes da Universidade de Brasília (FEUB), foi perseguido, torturado, preso e acusado pelos governos Castello Branco, Costa e Silva e Médici de ser comunista.
A última vez que Norton esteve com Honestino foi em 1973. Em um rápido encontro, tentou entregar ao irmão um passaporte falso. O ex-líder estudantil recusou. “Ele me disse que se tivesse de morrer, morreria aqui no Brasil”, lembra Norton. Poucos meses depois Honestino foi preso pela Marinha.
Dos anos de chumbo, o irmão mais novo guarda na memória momentos bons. Fala, com brilho nos olhos, da inteligência do irmão e da forma como se sentia protegido. Faz questão de dizer que nunca deixou de amá-lo, mesmo depois de ser preso, torturado e impedido de trabalhar. "Os militares do Brasil foram usados pelos Estados Unidos para matar seu próprio povo", diz.
A seguir, os principais trechos da entrevista exclusiva concedida à UnB Agência na residência de Norton Monteiro Guimarães, no bairro de Águas Claras, em Brasília, em junho de 2004.
UnB AGÊNCIA – Quem foi Honestino Guimarães?NORTON MONTEIRO – Ele era o cara mais inteligente que conheci. Nunca encontrei outra pessoa como ele. Em 1965, foi o 1o colocado do vestibular. A prova, naquela época, valia 260 pontos, ele tirou 257. O segundo colocado ficou 43 pontos atrás dele. Ele fazia Geologia. A Petrobras mandava todos os meses uma cartinha dizendo que a vaga dele estava guardada para quando ele se formasse.
Daiane Souza/UnB Agência
UnB AGÊNCIA – O que ele fazia que o tornava diferente?MONTEIRO – Ele sempre foi muito inteligente. Lia uma média de 180 livros por ano, fazendo uma espécie de resenha de cada um. Lia dois a três jornais por dia. Ele fazia pastas de notícias. Por exemplo, a Guerra do Iraque: se saísse uma notícia daquele assunto no jornal ou revista, ele cortava e guardava na pasta daquele assunto. E ele dormia muito pouco. A meta dele era dormir duas horas por dia, igual a Napoleão (Bonaparte). Fora que ele sempre lutou a favor das minorias, quase sempre contra o governo. Ele se indignava com as coisas que aconteciam durante o regime militar.
UnB AGÊNCIA – Quando Honestino começou a participar da política?MONTEIRO – Ele sempre foi muito político. Quando criança, nós brincávamos juntos e ele sempre era o presidente da República (risos). Ele me nomeava ministro da Aeronáutica e meu outro irmão ministro da Marinha. Ele sempre foi muito líder. Gostava de comandar. No golpe de 1964, ele ficou muito bravo porque estavam acabando com a democracia. Aí, ele se opôs ao regime. A primeira prisão foi por causa de uma pichação: ‘abaixo a ditadura’.
UnB AGÊNCIA – O que ele representou para a UnB e para Brasília?MONTEIRO – É difícil falar sobre o que ele representava. Naquela época, existiam dois mil alunos na UnB. Ele reuniu de 15 a 20 mil pessoas numa passeata na W3 (uma das avenidas principais de Brasília). Não foram só estudantes, foi a população de forma geral. Ele conseguiu o que nenhum político da época conseguia. Na UnB, ele era presidente da Federação dos Estudantes da Universidade de Brasília (FEUB). Ele sempre lutou pela liberdade do estudante universitário. Ele queria mudar essa visão errônea de que na universidade só existiam subversivos.
Daiane Souza/UnB Agência
UnB AGÊNCIA – O que aconteceu com seu irmão na invasão de agosto de 1968?MONTEIRO – A invasão de 1968 foi para pegar o Honestino. Não existiu outro motivo. Ele tinha um esquema de segurança.
UnB AGÊNCIA – Onde Honestino estava quando o Ato Institucional nº 5 foi decretado (AI-5), em 13 de dezembro de 1968?MONTEIRO – Na véspera da publicação do AI-5, eu estava na rua com meu irmão. Ele falou comigo assim: ‘Eu vou pra Goiânia, não vou ficar aqui pra esperar esse Ato não. Você avisa meus pais’. Aí eu fui pra casa tarde da noite e meus pais já estavam dormindo. De manhã, chegaram uns homens apontando uma arma na minha cara. Perguntaram pelo meu irmão e eu disse que não sabia. Fui levado primeiro para o Departamento de Ordem Política e Social (Dops), depois para o Pelotão de Investigação Criminal da Polícia do Exército (PIC). Meu pai sabia que eu tinha sido preso, mas só eu sabia onde estava meu irmão. E o pessoal de Goiânia não falou nada, porque pensava que eu tinha avisado. Meu pai passou três dias sem dormir. Quando eu fui solto, ele estava um ‘caco’. Ele foi trabalhar (em Taguatinga), e a gente morava na Asa Norte. Voltou dirigindo, dormiu ao volante, bateu o carro e morreu. Bateu num caminhão parado. Eu estava me preparando para o vestibular e desisti.
UnB AGÊNCIA – Mas você teve contato com Honestino depois disso?MONTEIRO – Quando o Honestino foi para Goiânia, em 1968, não poderia voltar mais para Brasília, senão seria preso. Aí ele passou a viver na clandestinidade, no Rio de Janeiro. Ele foi morrer em outubro de 1974, eu acho. Ele passou mais de cinco anos na clandestinidade. Nesse tempo fui algumas vezes me encontrar com ele. E, mesmo na clandestinidade, ele mantinha o esquema de segurança. Eu ia para o Rio sem saber onde ele estava. Primeiro encontrava uma pessoa, que me dava um endereço e depois outro e mais outro. Nunca sabia quando o endereço era o certo.
UnB AGÊNCIA – Como você acha que ele morreu?MONTEIRO – Ele foi preso pela Marinha e havia alguns procedimentos. Os presos políticos eram levados de avião para o alto mar, furavam as barrigas, para não boiar, e depois jogavam no mar. Os presos da Marinha nunca apareceram. São considerados desaparecidos políticos. Aliás, sempre fui contra essa terminologia, porque é um nome que esconde quatro crimes: seqüestro, tortura, assassinato e ocultação de cadáver.
Daiane Souza/UnB Agência
UnB AGÊNCIA – Ele foi enquadrado pelo governo como terrorista?MONTEIRO – Não. Não conseguiram. Ele dizia que ‘nem essas mentes férteis e venenosas (militares) conseguiram me enquadrar como terrorista’, porque ele sempre foi contra tudo isso.
UnB AGÊNCIA – Depois de tudo o que aconteceu sua família foi indenizada?MONTEIRO – Teve uma indenização. Mas ele foi casado com a Isaura, que era filha única de professores da UnB. E a vida na clandestinidade era muito difícil, era uma vida de privações. Os pais dela mudaram-se para a Espanha e lá o pai faleceu. A família dela nunca gostou desse casamento. A mãe começou a presentear a Isaura com coisas que fizeram com que ela se arrependesse do casamento e pedisse a separação. Mas, como eles viviam na clandestinidade, não foi possível fazer isso legalmente. O que aconteceu foi que, quando a indenização foi paga, quem recebeu foi a Isaura, sendo que o Honestino havia se juntado com uma outra menina antes de morrer e a Isaura se casou novamente. Olha a ironia: ela se separou do meu irmão por causa de dinheiro e recebeu a indenização por ser viúva dele. E ela ainda achou pouco a indenização e entrou na Justiça pedindo mais. Aí saiu estampado no jornal: ‘Família de Honestino exige mais indenização’. Quando meu irmão se separou da Isaura, eu fui ao Rio encontrá-lo. Ele estava em uma depressão muito forte. A gente podia ter ido a juízo dizer que ela não tem direito à indenização, mas não queremos dinheiro, queremos saber quem matou o Honestino.
UnB AGÊNCIA – Você chegou a sofrer represálias por ser irmão de Honestino?MONTEIRO – Fiz vestibular na UnB, em 1969, e passei. Quando eu fui me matricular, estava em uma lista de oito estudantes que não podiam se matricular. Eram ordens do Jarbas Passarinho, então ministro da Educação. Nós fomos falar com ele e a secretária dele disse que ele não poderia nos atender. No outro dia, nós fomos esperá-lo na porta do Ministério com um repórter. E nós subimos e ele nos atendeu. A discussão foi levada para política. Mas a minha situação era diferente, me sentia prejudicado. Teve uma hora que o Jarbas Passarinho, no auge da discussão, disse que ‘o problema de vocês estudantes é não perceberem que o Brasil sempre foi e sempre será uma colônia’. Isso doeu no meu ouvido como uma bigorna. Fiquei com raiva e disse apontando o dedo na cara dele: ‘Olha aqui, eu ganhava muito bem, melhor do que a minha mãe que é diretora de escola. Passei no vestibular e larguei o meu serviço para estudar. Agora vem você me dizer que eu não vou estudar? O que você está me fazendo é prejuízo. E prejuízo vou pagar com prejuízo. Vou quebrar todos os vidros da universidade e não adianta colocar de dia que à noite vou lá e quebro. E só vou parar de quebrar quando essa raiva passar’. Os outros estudantes viravam pra mim e falavam: ‘Como você fala isso para o ministro da Educação?’. Eu falei: ‘Que ministro da Educação que nada, esse cara está é ensinando o povo a ficar revoltado’. Ele olhou pra mim e perguntou, com raiva, qual era meu nome. Eu disse e ele anotou rápido no papel e virou e disse: ‘Amanhã você vai à universidade falar com o Azevedo’ (então reitor da UnB). No outro dia, fui falar com o Azevedo. Ele perguntou o que tinha acontecido no dia anterior e eu o expliquei por alto. Ele me disse ‘Bom, você é maluco. Estou com um bilhete aqui do ministro pra te deixar entrar’.
UnB AGÊNCIA – Você se revoltou com os militares?MONTEIRO – Os militares do Brasil foram usados pelos Estados Unidos para matar seu próprio povo. E os militares não aceitam isso. A corrupção aumentou demais na ditadura militar. Mas isso é outra história. Não sou revoltado, só gostaria de saber o que foi feito com meu irmão.
CONVOCATORIA - el Centro de Estudios Che Guevara, el Centro Cultural Pablo de la Torriente Brau y la Casa de las Américas
CONVOCATORIA
Para recordar el aniversario 80 del natalicio del Comandante Ernesto Guevara, el Centro de Estudios Che Guevara, el Centro Cultural Pablo de la Torriente Brau y la Casa de las Américas convocan a los intelectuales y artistas latinoamericanos a expresar con sus lenguajes y herramientas –palabras, sonidos, imágenes– la dimensión contemporánea y viva de esta figura universal que continúa aportando su ejemplo y su inteligencia a la lucha de nuestros pueblos por la justicia y la libertad.
Las obras serán publicadas en una página web que será puesta en línea para conmemorar el 80 cumpleaños del Che, en el próximo mes de junio.
Los envíos pueden hacerse con copia a estas direcciones electrónicas:
centroche@enet.cu che80@centropablo.cult.cu
Com textos de Frei Betto, Cuba apresenta site dedicado a Che
30/05/2008 - 11h24
Com textos de Frei Betto, Cuba apresenta site dedicado a Che
da Efe, em Havana
Cuba apresentou ontem um site (www.che80.co.cu) dedicado ao 80º aniversário do revolucionário argentino-cubano Ernesto Che Guevara, que incluirá fotos, textos e arquivos de áudio do guerrilheiro, além de testemunhos e mensagens de intelectuais latino-americanos, como o teólogo brasileiro Frei Betto.
A página reúne textos também do cantor cubano Silvio Rodríguez e do escritor uruguaio Eduardo Galeano, entre outras personalidades, segundo informou em coletiva de imprensa a coordenadora científica do Centro de Estudos Che Guevara de Havana, María del Carmen Ariet.
Escritores e artistas poderão enviar mensagens sobre a importância de Che à página, que também inclui um grupo de testemunhos antológicos do revolucionário, como imagens de seus apontamentos de leitura, fotos e dedicatórias de livros.
Por último, a seção "Palavra Viva" oferece a possibilidade de ouvir e baixar arquivos de áudio com fragmentos de discursos de Che, e algumas das canções e poemas que foram dedicados a ele.
Blog do Josias: governo vai dobrar número de bolsas do ProUni
24/05/2008 - 13h02
Blog do Josias: governo vai dobrar número de bolsas do ProUni
da Folha Online
O governo decidiu dobrar em 2008 as bolsas de ensino universitário do ProUni, informou o blog do Josias. Neste ano serão dadas 119.529 bolsas, contra as 55 mil abertas em 2007. O processo de inscrição para o benefício foi aberto há quatro dias e vai até 6 de junho.
Deste montante de bolsas, 45.198 são "integrais", 15.196 são "parciais" (que dão direito às instituições de ensino a abater os valores correspondentes nos impostos) e 28.882 "adicionais" (onde não há compensação para as faculdades).
O restante serão bolsas "complementares", que cobrem 25% da mensalidade. Caso os alunos queiram estudar cursos que o governo considera prioritários, o Ministério da Educação poderá cobrir os outros 75% com recursos do Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior).
A lista de cursos considerados prioritários inclui medicina, engenharia e geologia, além de licenciaturas em física, química, matemática e biologia.
Leia a matéria completa no blog do Josias.
País pode ter 1ª linhagem 100% brasileira neste ano, diz cientista
30/05/2008 - 11h05
País pode ter 1ª linhagem 100% brasileira neste ano, diz cientista
da Folha Online
Um dos poucos grupos de pesquisa do Brasil que utilizam embriões, o da professora Lygia da Veiga Pereira, da USP, estima que o país deve ter sua primeira linhagem de células-tronco embrionárias humanas 100% nacional já no final deste ano --ou seja, um grupo de células-tronco de um único embrião que consigam replicação in vitro.
"Estamos há quase dois anos neste trabalho. O importante não é tanto a linhagem, mas o estabelecimento da tecnologia no país. Assim, não vamos precisar importar."
Segundo ela, as primeiras linhagens de células-tronco embrionárias humanas foram estabelecidas nos Estados Unidos --em 1998.
A cientista comemora o aval às pesquisas científicas com células-tronco embrionárias, concedido nesta quinta-feira (29) pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
"Achei ótima a decisão. É uma vitória, para deixarmos claro que o Brasil é um país moderno, não somos uma coisa de terceiro mundo", diz.
Lygia acompanhou a votação de ontem pela TV em seu laboratório na USP. "Agora mais grupos podem tomar coragem para mergulhar fundo na pesquisa com células humanas", disse. "Espero que a gente consiga agora atrair a iniciativa privada."
Julgamento
O STF (Supremo Tribunal Federal) aprovou ontem (29) as pesquisas com células-tronco embrionárias no país. O Supremo rejeitou uma ação direta de inconstitucionalidade contra o artigo 5º artigo da Lei de Biossegurança que permite a utilização, em pesquisas, dessas células fertilizadas in vitro e não utilizadas.
Seis ministros do tribunal votaram a favor das pesquisas. Outros cinco sugeriram mudanças na lei.
A ação foi proposta em 2005 pelo então procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, que defende que o embrião pode ser considerado vida humana. O STF não chegou a proibir as pesquisas com células-tronco embrionárias, mas muitos pesquisadores ficaram receosos em continuar com os estudos, em razão do impasse jurídico.
As células-tronco embrionárias são consideradas esperança de cura para algumas das doenças mais mortais, porque podem se converter em praticamente todos os tecidos do corpo humano. Entretanto, o método de sua obtenção é polêmico, porque a maioria das técnicas implementadas nessa área exigem a destruição do embrião.
Com a Folha Online e a Folha de S.Paulo, em Brasília
Opinião
Estudantes de medicina fazem protesto simultâneo contra condições precárias dos hospitais do Rio
fONTE: lista e-mails
http://oglobo. globo.com/ rio/transito/ mat/2008/ 05/30/estudantes _de_medicina_ fazem_protesto_ simultaneo_ contra_condicoes _precarias_ dos_hospitais_ do_rio-546575750 .asp
Crise na saúde
Estudantes de medicina fazem protesto simultâneo contra condições precárias dos hospitais do Rio
Publicada em 30/05/2008 às 11h14mO Globo Online e Danielle Mattos - Extra
RIO - Estudantes das faculdades de medicina da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) fazem uma manifestação simultânea em protesto, na manhã desta sexta-feira, contra as condições precárias dos hospitais universitários da cidade.
Cerca de 500 estudantes de medicina sentaram no chão da Linha Vermelha, sentido Baixada, na altura da Ilha do Fundão para protestar contra as condições precárias do Hospital do Fundão. Homens do Batalhão do Choque tentaram dissipar a manifestação com bombas de gás lacrimogêneo, mas ainda não conseguiu retirar os manifestantes. Os estudantes também protestam por melhores condições de ensino.
Já os alunos da Unirio iniciaram a caminhada em frente ao Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (Rua Mariz e Barros) e caminhar até a Avenida Maracanã, local de encontro com os alunos da Uerj, que iniciarão a caminhada a partir do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Rua 28 de Setembro). Juntos farão manifestação em protesto às precárias condições de ensino e ao sucateamento dos Hospitais Universitários. Ainda não há informações sobre o tráfego naquelas regiões.
O movimento simultâneo pretende contar com cerca de 900 alunos de medicina das três instituições. Segundo os manifestantes, o objetivo é "chamar a atenção da sociedade, do governo e das chefias das universidades para a importância que deve ser dada à formação médica no país".
No dia 20, um protesto de estudantes de medicina fechou a rua em frente ao Hospital Universitário Antonio Pedro, no Centro de Niterói . Os manifestantes reclamavam da falta de professores, ausência de roupas no centro cirúrgico, biblioteca desatualizada, além da precariedade de equipamentos.
Plantado no desmate (do MST)
Ano VI - nº 151
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Plantado no desmate
Estimado amigo e amiga do MST,A aprovação da Medida Provisória (MP) 422 pelos deputados federais na noite de terça-feira, poucas horas após a saída de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente, confirma que a defesa da biodiversidade vem perdendo a batalha contra o desmatamento e o desenvolvimento a qualquer custo, defendido por diversos setores do governo. A recém aprovada MP 422 pode ser traduzida como a “legalização da grilagem”. Ela trata da dispensa de licitação para a venda de terras públicas com até 1.500 hectares – limite ampliado em mil hectares – sob a tutela do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).Agora, a MP 422 aguarda a companhia do Projeto de Lei proposto pelo senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), o PL 6.424, outro grande incentivo à devastação, que reduz de 80 para 50% a exigência de reserva legal (área de preservação de floresta) em propriedades na Amazônia. Ambas as propostas evidenciam a prioridade do governo federal: abrir terreno para o agronegócio, seja ele qual for. O setor do agronegócio é hoje protagonista do grande processo de devastação da Amazônia que, nos últimos cinco meses de 2007, excedeu a medida de 3.000 quilômetros quadrados de floresta, de acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente. Não é por acaso que os ventos apontam para o Norte e o agronegócio segue essa direção. É na região amazônica que está concentrado o maior volume de terras devolutas do país. Essa é a base de um processo de ocupação e devastação que, aliado ao uso da máquina estatal para fins privados, abre espaço para as diversas frentes do agronegócio em destaque no mercado, em especial o extrativismo de madeira, pecuária e a monocultura da soja. Trocar a floresta por boi é projeto antigo. Sabe-se que a iniciativa de ocupar a região com gado remonta à década de 1950 e começou a dar passos mais firmes durante o governo militar, quando em 1966 foram aprovados os primeiros projetos agropecuários para região. A Amazônia sofre hoje com uma dose cavalar de ocupações ilegais realizadas por latifundiários pecuaristas e produtores de soja, desenvolvidas por meio da grilagem de terras e pactuada com a pilhagem de madeira. Os últimos dados sobre o avanço da produção de gado, por exemplo, são emblemáticos e assustadores. O montante de áreas usadas para a pecuária na região é de 32,6 milhões de hectares, o que corresponde à soma das áreas dos estados de São Paulo, Rio e Espírito Santo. Dos 30,6 milhões de hectares devastados entre os anos de 1990 e 2006, 25 milhões foram transformados em pasto. O roteiro é simples: primeiro é preciso cercar a terra adquirida junto ao Incra – geralmente de maneira ilegal –, vende-se a madeira da área e então, depois de uma pequena queimada para construir pasto, toma-se a terra para a criação de gado ou, com mais investimento, para a plantação de soja. Um esquema que conta também com empresas exportadoras brasileiras e estrangeiras. Um terço da carne produzida nessas áreas ilegais, bem como grande parte da madeira roubada e da soja, vão para fora do país. Ou seja, parte do superávit da balança comercial do país, principal “benefício” do modelo do agronegócio, é sustentado na devastação da Amazônia. O que evidencia a disposição do agronegócio no Brasil: usar a terra que pertence a todo o povo em função única e exclusivamente do lucro, sem levar em conta questões ecológicas ou de outra ordem, atentando contra condições humanas de sobrevivência. O problema da pilhagem de madeira e ocupação pelo gado está longe de ser resolvido. Pelo contrário. Agora a investida desses latifundiários é descaradamente travestida de assentamento, a exemplo das denúncias que marcaram o fim de 2007, sobre projetos irregulares no Oeste do Pará, os quais, em vez de abrigarem agricultores, estariam sendo explorados ilegalmente por madeireiras. O escândalo que revelou a existência de um pacto entre madeireiras e o Incra do Pará, acusado de destinar áreas da floresta para assentamentos falsos que são depois exploradas pelos latifundiários, há muito vinha sendo denunciado pelo MST. Nessa ciranda, a monocultura da soja muitas vezes trabalha em parceria com a pecuária, já que o grão se expande por áreas de pastagem degradada. O cultivo já devasta o cerrado e avança sobre a Floresta Amazônica. Encabeçando esse processo estão o capital financeiro e as grandes transnacionais do agronegócio, como Cargill, Bunge, Monsanto, Syngenta, Stora Enzo e Aracruz, que orientam um modelo de produção agrícola baseado na expulsão dos trabalhadores rurais, indígenas do campo e na destruição do meio ambiente. Entre 1995 e 2003 a produção de soja cresceu mais de 300% nos estados do Pará, Tocantins, Roraima e Rondônia e essa expansão tem previsão de continuidade até 2020. A área de cultivo de soja na Amazônia passou de 20 mil hectares no ano de 2000 para 200 mil em 2006. Mais impressionante e incriminador são os dados do aumento da produção em Santarém, no Pará. Um claro exemplo da relação dos investimentos dessas transnacionais com a devastação de nossa floresta. A área colhida em Santarém saltou de 200 hectares em 2002, para 4,6 mil em 2003 e hoje corresponde a 16 mil. Curiosamente, foi no ano de 2003 que o porto construído na cidade pela Cargill, destinado para o escoamento de grãos, começou a operar. Porto que, aliás, foi instalado ilegalmente, pois à época não apresentou o Estudo de Impacto Ambiental que é precedente obrigatório para tal empreendimento, segundo a Constituição de 1988.As transnacionais buscam agora introduzir no mercado novas sementes transgênicas, tornando ainda mais acirrado o avanço sobre a floresta. E isso já está acontecendo. Amargamos recente liberação de duas variedades de milho transgênico da Monsanto e da Bayer que agora poderão ser comercializadas. A decisão do CNBS (Conselho Nacional de Biossegurança) põe em risco um longo trabalho de conservação a campo de centenas de variedades de milho adaptadas a diferentes regiões e a diferentes usos e cultivadas livremente pelos agricultores. A conseqüência mais grave diz respeito à soberania alimentar do país. Isso porque o milho está na base da estrutura alimentar brasileira e as variedades transgênicas a serem cultivadas atendem prioritariamente à produção de ração e agrodiesel. Mesmo se direcionadas à alimentação, o alerta permanece, haja vista a desaprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) quanto ao processo de liberação, por não conter dados que comprovassem a segurança do grão para o consumo humano. Há anos o movimento vem reivindicando que a criação de assentamentos seja concentrada em áreas com maior número de acampamentos, como no Nordeste, Sul e Sudeste. Enxergamos as florestas como patrimônio da humanidade e sabemos que os maiores prejudicados com a devastação são os camponeses. Tal posicionamento encontra referência em nossas ações, que se contrapõem ao modelo agroexportador. Apostamos na agricultura camponesa desenvolvida em pequenas propriedades, com base na agroecologia e sabemos que são os camponeses os guardiões de nossa terra.
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quinta-feira, 29 de maio de 2008
MATÉRIA DO UNIVERSIA: Livros relembram Maio de 68
Livros relembram Maio de 68
Conheça obras que retratam a maior rebelião estudantil da história
Publicado em 29/05/2008 - 14:00
Do Universia
Este ano de 2008, o mundo comemora os 40 anos da maior rebelião estudantil da história, a manifestação de maio de 1968. Iniciado por estudantes franceses, o movimento nasceu da insatisfação com a estrutura acadêmica conservadora e a situação social e política da época. Ganhou a adesão de trabalhadores e se espalhou para outros países, inclusive para o Brasil.
Intitulado como "o ano que não terminou", a data é marcada por grandes transformações educacionais, políticas, culturais e comportamentais. Daí a relevância para você, estudante, conhecer um pouco mais sobre esse momento histórico. Pensando nisso, o Universia reuniu uma série de obras literárias publicadas por editoras universitárias que apresentam os reflexos de Maio de 68 no Ensino Superior brasileiro, bem como para o desenvolvimento econômico do Brasil. Confira!
Ficha Técnica
Título: Movimento Estudantil Brasileiro e a Educação Superior
Autor: Michael Zaidan Filho e Otávio Luiz Machado (orgs.)
Páginas: 260
Ano: 2007Editora UFPE
- Movimento Estudantil Brasileiro e a Educação Superior
Sobre a obra:
O livro reúne textos importantes que tratam da memória do movimento estudantil brasileiro sob a ótica de diversos profissionais, tais como: historiadores, sociólogos, psicanalistas, antropólogos, cientistas políticos, críticos de arte, jornalistas e pesquisadores. No desenvolvimento do trabalho, a questão da educação superior, da cultura brasileira e da ciência e tecnologia foram percebidas como preocupações importantes no contexto estudantil universitário brasileiro.
Sobre os organizadores:
Michael Zaidan Filho é professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). É graduado em Filosofia pela UCP (Universidade Católica de Pernambuco). Fez curso de Pós-Graduação (mestrado e doutorado) na Unicamp (Universidade de Campinas) e USP (Universidade de São Paulo).
Otávio Luiz Machado é historiador pela UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto). Atualmente é mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFPE. Possui vários trabalhos sobre movimento estudantil e educação superior no Brasil.
* Texto divulgação.
Ficha Técnica
Título: A Universidade Reformada- Golpe de 1964 e a modernização do Ensino Superior
Autor: Luiz Antônio Cunha
Páginas: 304
Ano: 2007Editora Unesp
- A UNIVERSIDADE REFORMADA - Golpe de 1964 e a modernização do Ensino Superior
Sobre a obra:
O livro apresenta uma análise histórico-sociológica do ensino superior nos primeiros anos do regime autoritário (1964-1968), revelando aspectos inéditos das mudanças efetuadas na época - a face moderna da implantação de modelos norte- americanos, ao lado, é claro, do retrocesso político e educacional trazido pelo novo regime.
Sobre o autor:
Luiz Antônio Cunha é professor de Educação Brasileira e trabalha em instituições de ensino e pesquisa, tais como a PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), a FGV (Fundação Getúlio Vargas), a Unicamp (Universidade de Campinas), a UFF (Universidade Federal Fluminense) e a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
* Texto divulgação.
Ficha Técnica
Título: 1968: O diálogo é a violência
Autor: Maria Ribeiro do Valle
Páginas: 269
Ano: 1999 Editora Unicamp
- 1968: O DIÁLOGO E A VIOLÊNCIA - Movimento estudantil e ditadura militar no Brasil
Sobre a obra:
O livro faz uma análise do confronto entre o movimento estudantil e o governo militar no ano de 1968 no Brasil. A reconstrução dessa época é redigida a partir de uma questão central, a da violência, que focaliza os jogos políticos envolvidos. Para resgatar esse momento a atualidade, Maria Ribeiro do Valle utiliza textos publicados na imprensa da época.
Sobre o autor:
Maria Ribeiro do Valle graduou-se em Ciências Sociais pela USP (Universidade de São Paulo). Fez o mestrado e o doutorado no Departamento de Ciências Sociais Aplicadas da Faculdade de Educação da Unicamp (Universidade de Campinas). Atualmente, é professora no Departamento de Sociologia da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho).
* Texto divulgação.
Ficha Técnica
Título: Movimento Estudantil da UEL
Autor: Renata Maria Caobianco
Páginas: 170
Ano: 2007 EDUEL (Editora Universitária da Universidade Estadual de Londrina)
- Movimento Estudantil na UEL
Sobre a obra:
Este trabalho, que tem como espaço temporal os vinte anos do regime Militar no Brasil (1964-1984), trata do movimento estudantil vinculado a UEL (Universidade Estadual de Londrina), a qual foi criada em 1971. O livro contextualiza e resgata aspectos importantes da história brasileira abordando a atuação dos estudantes como personagens que lutaram por liberdade política e de expressão.
Sobre o autor:
Renata Maria Caobianco é formada em História pela UEL. Atualmente, atua como professora.
* Texto divulgação.
UNE versus Movimento Estudantil
UNE versus Movimento Estudantil
Otávio Luiz Machado
Participei durante a semana de mais um evento com os jovens brasileiros. Em uma palestra sobre a história do movimento estudantil em 1968 pela manhã, e de um debate sobre o filme “Cabra Marcado pra Morrer” (de Eduardo Coutinho) à tarde, com um público total de cerca de oitenta pessoas, cumpri com minha obrigação em mais uma universidade brasileira, pois ao longo do projeto já pude conhecer quase trinta universidades em vários cantos do país, além de contracenar virtualmente com professores, funcionários e estudantes praticamente em todas que temos no país.
O que me chamou mais a atenção foi a ausência da União Nacional dos Estudantes (UNE) nas universidades. Geralmente quando se refere à UNE, o que de imediato é comentado é a sua função de correia de transmissão do PC do B, do seu distanciamento em relação à luta dos estudantes e de tantas outras questões. Mas a UNE está na preocupação dos estudantes quando o assunto é participação dos estudantes no movimento estudantil, pois o que se percebe é que a entidade tem sido não só um empecilho à luta dos estudantes, mas uma verdadeira pedra no sapato de quem precisa sensibilizar os estudantes sobre sua importância para o fortalecimento do movimento estudantil.
Com UNE ou sem UNE os estudantes brasileiros sempre lutaram no nosso país desde a fundação das nossas primeiras instituições de ensino superior. Mesmo com uma direção da UNE entreguista, cooptada pelos mais diversos poderes públicos e sem voz no meio estudantil, o que se percebe é o crescimento do movimento estudantil.
Uma longa entrevista da Presidente da UNE a uma rede de televisão só veio a demonstrar mais uma coisa: a direção da UNE não conhece aqueles que dizem representar. E ao mesmo tempo, os estudantes conhecem e reconhecem na UNE uma entidade que não os representa de fato e de direito. Estar preso à carteirinha da UNE é forçar a associação dos estudantes a algo que não querem.
A direção da UNE se acovarda quando muitos estudantes estão expostos à ação da PM, à truculência de alguns reitores e à perseguição permanente. Enquanto a direção da entidade faz movimento estudantil em parceria com a Rede Globo e fechados em salas de ar-condicionado, os estudantes tomam a luta pela reforma universitária, pela participação dos estudantes e pelo fim dos autoritarismos no calor do dia-a-dia ouvindo as bases estudantis.
A entrevista da Presidente da UNE poderá ser assistida no nosso blog:
http://sejarealistapecaoimpossivel.blogspot.com/2008/05/ocupao-unb.html
O cinismo da Presidente da UNE é enorme na entrevista, pois ao colocar a entidade no conjunto da luta dos estudantes hoje parece piada, pois desde a gestão do Presidente Gustavo Petta, o que se viu na UNE foi só silêncio, postura chapa-branca, omissão, desonestidade intelectual e com possibilidade de corrupção, pois a entidade desviou recursos públicos que seriam utilizados para produzir a “História da UNE” para fazer a “história do PC do b na UNE”. È preciso dizer que o problema não é o de receber verbas públicas. O seu destino é o mais importante.
A UJS (União Juventude Socialista), via UNE, prestes a receber mais R$30 milhões do Governo Federal como prêmio de ter aceitado ser a tropa de choque do Governo Federal – e assim ficando longe dos estudantes que deveriam representar –, agora busca ser boazinha com os estudantes, freqüentando os espaços estudantis, participando de atividades estudantis em universidade e até posando de bons líderes estudantis.
É bom dizer que a verba vai para a UJS do PC do B (Partido Comunista do Brasil), pois é quem comanda a UNE há cerca de duas décadas. E que em outros aspectos está fazendo a UNE funcionar aos seus interesses. O que cabe nos perguntar: é uma ação entre amigos? Ou trata-se de amigos em ação?
A direção da UNE calou-se na ocupação em episódios nacionais, como no escândalo de Renan Calheiros, aliou-se à Lula até a alma sem nenhum comentário crítico e voltou-se violentamente aos estudantes que ocuparam universidades como USP, UFRJ, UFPE e outras.
A experiência de Lula e de tantos outros membros do seu Governo que foram autênticos líderes estudantis ou sindicais certamente os deixam preocupados com a postura da direção da UNE, pois embora seja um tanto quanto conveniente para eles, creio que em nada contribui de significativo para o próprio Governo, que realmente preciso ter opiniões críticas, respaldo das bases em que as políticas públicas precisam atender e muita “luz” no preparo e na execução de suas atividades.
No caso da ocupação da UnB, a direção da UNE quis entrar como a grande liderança do movimento, embora sem a participação na construção da ocupação, que foi de fato construída pelo DCE da UnB e pelos estudantes da instituição.
A liberação de R$30 milhões para uma sede da UNE será uma grande farsa. Com recursos públicos consideráveis, além da manipulação de recursos privados, o aparelhamento da UNE pelo PC do B é evidente nos seguintes episódios:
1) Projeto “História da UNE” (ou Memória do Movimento Estudantil ): foram exigidos do Estado R$4,5 milhões do Governo Federal, sendo R$2,3 milhões já torrados para se escrever a história da UJS na UNE. Ou aspectos históricos do movimento estudantil de seu único e exclusivo interesse;
2) É bom lembrar que em 2007, a empresa que fornece carteirinhas estudantis para a UNE doou R$602,8 mil – de um total de R$874,8 mil recebidos pelo PC do B por meio de doações de Pessoas Jurídicas – ao partido político que comanda a direção da UNE, o PC do B. É difícil à direção do PC do B na UNE explicar porque tal doação não poderia ter sido feita a trabalhos de interesses dos estudantes brasileiros, levando-se em consideração que a empresa fatura alto em cima das carteirinhas estudantis. O PC do B já está em sede própria, ou seja, um impressionante prédio no centro de São Paulo, que foi pago também com recursos de doações de legítimos representantes de nossa burguesia mais reacionária;
3) Parlamentares do PC do B novamente liberaram emendas parlamentares para a história do PC do B na UNE, pois esse tipo de história só interessam a eles. É sempre bom lembrar que os mesmos poderiam ter destinado tais recursos para suas cidades ou Estados que dizem representar.
- Nome do Projeto: Sempre Jovem Sexagenária
- Número do Projeto (PRONAC): 0710778
- Nome do Proponente: União Nacional dos Estudantes - UNE
- Síntese do Projeto: Visa recuperar e organizar as informações sobre a história, através do levantamento de dados, organização de um acervo de documentos, coleta de depoimentos orais de ex-militantes, pretende ainda publicar um livro e um documentário, objetivando desenvolver a arte em geral envolvendo a área da leitura.
- Valor Aprovado: 706.470,00
- Valor Captado: 650,00
Emenda do Tesouro
Deputado Federal: Alice Portugal: 13.392.1142.4796.0264 - R$ 200.000,00 Deputado Federal: Inácio Arruda: 13.392.1142.4796.0264 - R$ 200.000,00 Deputado Federal: Renildo Calheiros: 13.392.1142.4796.0001 - R$ 250.000,00 TOTAL DE EMENDAS : R$ 650.000,00/ Aguarda descontingenciar orçamento/limite Financ.
- Fonte: http://www.cultura.gov.br/salic4/index.php?pronac=0710778
Quando da reconstrução da UNE em 1979, José Genoino, então ex-militante do PC do B no Araguaia afirmou:
“Para a reconstrução existir de fato é preciso que os estudantes sintam realmente a necessidade de ter sua entidade. É imprescindível que eles se unam em torno da bandeira da União Nacional dos Estudantes, num programa comum, tirado das lutas que estão sendo travadas por todo o povo brasileiro. Acho que ela será recriada com o objetivo de conquistar uma representatividade expressiva, de ganhar respaldo, e não podemos imaginar que ela só deva ser recriada quando tivermos todas as entidades de base reconstruídas, pois a UNE não é uma soma de entidades. Para ser uma entidade forte é necessário que ela nasça com uma política de fortalecimento, tanto a nível das escolas quanto das universidades” (Entrevista ao UEB Urgente – Proposta para a UNE Unitária e Independente. Nº5. Maio de 79).
A partir do que disse Genoíno, concluímos que no terreno histórico da UNE deveria ser construído um monumento e um auditório. O primeiro para termos uma referência da luta do passado. O segundo para que os estudantes possam debater sobre as suas lutas e a luta a favor do povo brasileiro.
Na iminência do anúncio pelo Presidente Lula da injeção de mais de R$30 milhões de recursos do povo brasileiro à UJS do PC do B – é bom salientar em projetos de tal natureza que o valor estimado acaba sendo duas ou três vezes até o final da obra –, seria bom perguntar aos estudantes brasileiros em que ação o Estado deveria investir: em um prédio monstruoso para um grupo político-partidário? Ou investir na juventude brasileira?
A sensibilidade do Presidente Lula com a juventude brasileira falará mais alto, pois quando jovem ele teve as piores oportunidades para sobreviver, estudar e se profissionalizar. Muitos dos que hoje são parlamentares, ministros, magistrados, governadores, prefeitos e os que ocupam as mais diversas funções na vida pública também foram estudantes e sabem muito bem o que acontece quando as lideranças estudantis não atuam a favor dos estudantes. Sabem dos sacrifícios familiares e pessoais para ter êxito nos estudos.
Para chegar à Presidência da República, Lula também precisou da participação dos jovens de comunidades rurais, jovens moradores de favelas precarizadas, de universitários, de jovens de camadas populares, filhos de pais analfabetos e de jovens que nunca conseguiram chegar à universidade.Certamente irá dar uma chance aos jovens como vem fazendo, mas que reconhecidamente é necessário fazer ainda mais.
Mas a direção da UNE ainda precisa muito a aprender, pois não basta dizer-se socialista. Como disse Lênin: “Portanto, ser comunista significa organizar e unir toda a jovem geração, dar exemplo de educação e de disciplina nessa luta. Então vocês poderão compreender e levar a termo a construção da sociedade comunista” (em texto do livro As tarefas revolucionárias da juventude”.
Artigo Maio de 68 (Por João Bernardo)
Maio de 68
A questão da exploração dos trabalhadores foi o eixo das reivindicações estudantis
João Bernardo - Segunda-feira, 19 Maio, 2008
Uns jovens interessantes, embora um tanto ou quanto estouvados, erguendo barricadas e lançando pedras à polícia em nome de ideias generosas mas completamente impraticáveis − eis como o Maio de 1968 tem sido frequentemente apresentado na avalanche de artigos e conferências que celebram os quarenta anos passados sobre o acontecimento. Muitos comentadores simpatizam com esse movimento na medida em que o consideram utópico e, portanto, inofensivo. Simpatizam mais ainda quando só vêem estudantes envolvidos, cujos protestos e desordens não punham directamente em perigo a base económica do sistema. Mas Maio de 68 não foi um movimento utópico, foi um movimento derrotado, o que é muito diferente; e mesmo durante a fase inicial, restrita ao meio estudantil, a questão da exploração dos trabalhadores foi determinante.Os estudantesMaio de 68 teve um único grande tema: a recusa de uma universidade ao serviço do capitalismo. Aquela contestação é hoje geralmente apresentada como uma luta entre gerações, jovens reivindicando a libertação sexual e de costumes e pondo em causa a autoridade dos mais velhos. Mas isto vinha já a suceder na prática e desde há vários anos. Foi outro o eixo das reivindicações estudantis, o lema que inspirou as principais palavras de ordem lançadas durante a greve. Os estudantes recusavam-se a ser técnicos superiores destinados a enquadrar e disciplinar a classe trabalhadora. O Movimento do 22 de Março, uma das organizações mais expressivas da época, composta por libertários e por maoístas espontaneístas, proclamou num panfleto de 4 de Maio: «Nós batemo-nos […] porque recusamos tornar-nos: - professores ao serviço da selecção no ensino, selecção feita à custa dos filhos da classe operária, - sociólogos fabricantes de slogans para as campanhas eleitorais governamentais, - psicólogos encarregados de fazer “funcionar” as “equipas de trabalhadores” segundo os interesses superiores dos patrões, - cientistas cujo trabalho de pesquisa será utilizado de acordo com os interesses exclusivos de uma economia de lucro. […] Recusamo-nos a melhorar a universidade burguesa. Queremos transformá-la radicalmente para que de agora em diante ela forme intelectuais que lutem ao lado dos trabalhadores e não contra eles […] Queremos que os interesses da classe operária sejam defendidos também na universidade». Esta declaração tinha um valor geral e as outras correntes políticas partilhavam a mesma opinião, tanto os maoístas da União das Juventudes Comunistas Marxistas-Leninistas (UJCm-l) como os trotskistas da Juventude Comunista Revolucionária (JCR), que seguiam a orientação de Mandel, e os trotskistas da Federação dos Estudantes Revolucionários (FER), que seguiam a orientação de Lambert. Como afirmou o Action nº 1, de 7 de Maio, o jornal da insurreição estudantil: «Aqueles que lutam contra a universidade capitalista encontraram-se lado a lado com aqueles que lutam contra a exploração capitalista».Se havia unanimidade na rejeição de uma universidade ao serviço do capital, a divisão entre as várias correntes políticas contestatárias fez-se relativamente à questão da aliança entre estudantes e trabalhadores − e bastaria isto para confirmar que os problemas da classe trabalhadora foram determinantes no movimento. A FER considerava que a aliança dos estudantes com os trabalhadores se devia realizar mediante negociações entre a direcção da União Nacional dos Estudantes de França (UNEF), uma espécie de sindicato estudantil, e as direcções das várias centrais sindicais operárias. Para a FER tratava-se mais de estabelecer acordos entre burocracias sindicais do que de forjar uma comunidade de interesses nas lutas práticas. Para as outras correntes contestatárias as lutas práticas eram determinantes, mas enquanto a UJCm-l defendia que os estudantes se deviam colocar sob a condução política da classe trabalhadora, a JCR e o Movimento do 22 de Março defendiam que a convergência entre as lutas estudantis e as lutas operárias se devia fazer na rua, nos confrontos contra a polícia, e que deste modo o próprio movimento faria surgir uma vanguarda comum. Para estas duas organizações não se tratava de subordinar os estudantes aos trabalhadores mas de construir uma unidade de base.A aliança com os trabalhadores foi anunciada desde o começo da greve estudantil. As palavras de ordem da manifestação de 6 de Maio foram tanto «Liberdade para os nossos camaradas» e «A Sorbonne para os estudantes» como «Estudantes solidários com os trabalhadores», e na grande manifestação de 7 de Maio, avaliada em 50.000 pessoas, a faixa que encabeçava o desfile proclamava «Os estudantes com os trabalhadores». Entretanto, as ocupações das Faculdades eram apresentadas pelos estudantes radicais como a reprodução de uma forma de luta caracteristicamente operária. Num panfleto emitido a 6 de Maio, o Movimento do 22 de Março afirmou que «os estudantes utilizam de agora em diante os métodos de luta dos sectores mais combativos da classe operária». Mais tarde, a mesma organização escreveu num apelo destinado a estimular a formação de Comités de Acção Revolucionária: «Seguindo o caminho traçado pelos operários de Caen, de Mulhouse, de Le Mans, de Redon, da Rhodia [um grupo industrial centrado em Besançon], de Paris, os alunos das universidades e dos liceus e os trabalhadores que se manifestaram contra a repressão do Estado policial na noite de sexta-feira, 10 de Maio de 1968, lutaram na rua durante várias horas contra 10.000 polícias. […] A 13 de Maio, estudantes e operários encontraram-se de novo na rua, iniciaram uma discussão política conjunta e, para prossegui-la, ocuparam permanentemente as faculdades da Universidade de Paris. A partir de então multiplicaram-se as greves com ocupação das fábricas. Para que triunfem as reivindicações de todos os trabalhadores, para atingirmos realmente os nossos objectivos, para prepararmos na acção quotidiana a tomada do poder pelo proletariado, trabalhadores e estudantes, organizemo-nos nos locais de trabalho em comités de acção revolucionária».A data evocada neste panfleto, 13 de Maio, marcou uma ampliação decisiva do movimento, porque começou nesse dia a maior greve geral da história da França, que chegou a mobilizar entre 9 e 10 milhões de grevistas.A greve geralEstava convocada para 13 de Maio uma manifestação que reuniu cerca de um milhão de pessoas, a maior realizada até então em Paris, onde se operou a junção entre estudantes e trabalhadores. À frente ia uma faixa proclamando «Estudantes, professores, trabalhadores solidários», e o facto mais significativo é que esta faixa só pôde encabeçar o cortejo depois de várias escaramuças entre os estudantes e os dirigentes da Confederação Geral do Trabalho (CGT), a maior central sindical, hegemonizada pelo Partido Comunista, que era francamente oposto à luta estudantil e a qualquer tentativa de aproximação entre estudantes e trabalhadores. Durante esta manifestação a CGT tentou enquadrar os trabalhadores e impedi-los de contactarem com os estudantes, mas não o conseguiu e os estudantes inseriram-se no cortejo operário. Estava anunciado o tema das semanas seguintes, porque enquanto durou a greve geral os estudantes tentaram repetidamente ligar-se aos trabalhadores na acção prática e os dirigentes da CGT fizeram tudo o que podiam para impedir essa convergência. Aliás, convém deixar claro que esta atitude caracterizou unicamente a CGT, porque a Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), uma central sindical de origem cristã, apoiou a aliança entre trabalhadores e estudantes e no dia 20 de Maio realizou uma conferência de imprensa em conjunto com a UNEF, sublinhando que a luta dos estudantes e a dos trabalhadores era uma só.A 16 de Maio cerca de mil estudantes dirigiram-se às grandes fábricas Renault de Billancourt, que se haviam juntado à greve, e a CGT opôs-se ao contacto dos estudantes com os operários com o curioso argumento de que «recusamos qualquer ingerência externa». A solidariedade era apelidada de «ingerência». No dia seguinte numerosos estudantes regressaram à Renault-Billancourt, e de novo a CGT os impediu de conviver com os grevistas. Esta obstrução não fez desistir os estudantes mais radicais, que continuaram a procurar a ligação com as empresas em luta. A Moção Política Geral aprovada na Assembleia Geral realizada na Sorbonne a 20 de Maio considerou «que o objectivo político é o derrube do regime pelos trabalhadores e que a ocupação [das Faculdades] deve ser realizada nesse quadro político; que, com efeito, o ensino só corresponderá às necessidades da população quando esta tiver realmente derrubado o poder capitalista; que não podendo a remodelação da universidade ser concebida fora deste quadro, ela não deve, por conseguinte, ser prosseguida somente pelas pessoas que aí trabalham hoje, mas pelo conjunto dos trabalhadores» e concluiu recordando que «a tarefa essencial dos estudantes é ligarem-se ao combate da classe operária contra o regime». Nesta perspectiva, a 31 de Maio um comunicado da Coordenação dos Comités de Acção, um organismo estudantil de base, insistiu: «A nossa força reside nas ocupações de fábrica». E a 1 de Junho um comunicado da UNEF incitou os estudantes a dirigirem-se às fábricas em greve da Renault e da Citroën.Em 6 de Junho 4000 polícias fortemente armados ocuparam as fábricas Renault em Flins e expulsaram os piquetes de greve. No dia seguinte numerosos estudantes mobilizados pela UJCm-l e pelo Movimento do 22 de Março foram apoiar os piquetes estacionados nas ruas e estradas de acesso às fábricas. A CGT denunciou então os bandos «organizados militarmente» que «intervieram» em Flins, referindo-se não aos polícias mas aos estudantes, o que não impediu que naquele mesmo dia 7 de Junho, num comício em Elisabethville, junto às fábricas Renault de Flins, se consumasse a ligação dos estudantes aos trabalhadores. Graças à exigência dos operários, e apesar da oposição dos burocratas da CGT, dois representantes da contestação estudantil tomaram a palavra no comício, ao lado dos oradores operários. Durante quatro dias, foi junto com os estudantes que os operários resistiram às cargas da polícia, até que em 11 de Junho as autoridades se viram obrigadas a fechar as fábricas Renault de Flins.A comuna de NantesOs artigos e conferências dedicados ao Maio de 68 concentram-se geralmente no sucedido em Paris e nos subúrbios desta cidade, mas foi noutro lugar que o movimento atingiu o auge.O número de 5 de Junho da Tribune du 22 mars, o jornal do Movimento do 22 de Março, descreveu o sucedido em Nantes, uma cidade do oeste da França. «Enquanto em Paris, e sem demasiadas esperanças, incitamos à constituição do duplo poder, quer dizer, do poder das massas, da base auto-organizando-se frente ao poder estabelecido, enquanto exigimos a autogestão, eis que esta, ou pelo menos um esboço auspicioso, existe já à escala de uma cidade, em Nantes. […] Um comité intersindical estabelecido na Câmara Municipal dirige praticamente a cidade. Ele assegura não só a distribuição da água, do gás e da electricidade mas também o abastecimento de todos os grossistas, em colaboração com as organizações camponesas e com algumas aldeias vizinhas. Além disso, durante vários dias este comité intersindical distribuiu, devidamente certificados, vales de gasolina e vales de alimentação. Mais ainda, o comité controla os preços na cidade, os seus delegados inspeccionam os mercados e as lojas a retalho, obrigando os comerciantes a manter os seus preços. É isto o duplo poder. Também foram criados comités de bairro que, em colaboração com aldeias vizinhas, se ocupam do abastecimento das famílias dos grevistas, no que diz respeito aos bens essenciais. Os caponeses, sobretudo da CDJA [organização de jovens agricultores], vendem ao preço de custo, o que significa que assistimos concretamente, ainda que em escala reduzida, à supressão dos intermediários! Mas a originalidade de Nantes não se limita ao duplo poder. Há algo de surpreendente, e por isso de reconfortante. Trata-se da aliança real e concreta entre os trabalhadores, os camponeses e os estudantes, quer dizer, entre as classes revolucionárias e os estudantes revolucionários. Esta aliança ocorre sobretudo na base, os estudantes e os operários vão ajudar os camponeses nos seus trabalhos, os estudantes apoiam os piquetes de greve operários, todos agindo, na prática, de mãos dadas. Mas esta aliança ocorre igualmente ao nível das organizações. No comité intersindical estão representadas a CGT, a CFDT, a CGT-FO [central sindical de direita], a FEN [federação de sindicatos de professores], a UNEF (dirigida por anarquistas), a CDJA e a FDSEA [organização de agricultores].»E depois?Apesar dos esforços da CGT e do Partido Comunista para fraccionar a greve geral numa multiplicidade de greves particulares, desmobilizar os grevistas e convencê-los a regressar ao trabalho, a 14 de Junho havia ainda cerca de um milhão de grevistas. Nos dias 13 e 15 de Junho o governo proibiu todas as manifestações e 11 organizações de extrema-esquerda foram dissolvidas, as suas publicações proibidas e os seus militantes presos ou perseguidos. Estabeleceu-se assim o Estado de Direito tal como vigora hoje, baseado na generalização e na institucionalização das medidas de excepção.Maio de 68 teve duas outras consequências a longo prazo. Por um lado, chamou a atenção dos trabalhadores franceses, e mesmo dos trabalhadores de outros países, para as greves com ocupação das empresas. As lutas autogestionárias foram fortemente impulsionadas por este exemplo e têm voltado a surgir sempre que existem condições concretas para levá-las a cabo. Aliás, as ocupações de empresas em Portugal em 1974 e 1975 podem ser analisadas nesta perspectiva.Além disso, Maio de 68 ditou o declínio e a irrelevância do Partido Comunista Francês, que se opusera frontalmente à contestação, e embora a CGT seja ainda a principal central sindical francesa, ela detém esta posição num país onde hoje só estão sindicalizados cerca de 8% da força de trabalho. É certo que houve militantes comunistas a participar activamente no movimento e que muitos filiados na CGT defenderam o prosseguimento da greve e pronunciaram-se a favor dos estudantes, mas não foi esta a atitude dos dirigentes nacionais de ambas as organizações. A oposição dos dirigentes comunistas franceses ao Maio de 68 condenou-os perante a esquerda anticapitalista, sem que a direita ordeira lhes agradecesse o serviço prestado.