COMENTÁRIO DE OTÁVIO LUIZ MACHADO: Muitos discordavam da Professora Ruth Cardoso, levados na maior parte pelo partidarismo e pela cegueira intelectual. Mas Dona Ruth, como muitos se dirigiam a ela, contribuiu muito no campo do debate sobre o Brasil e para a efetivação de diversas políticas públicas na área social. Ela só não mereceu ao final de sua vida ser exposta da forma como foi no chamado "banco de dados" (Dossiê) dos gastos da presidência de FHC.
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u416008.shtml
25/06/2008 - 12h18
Velório de Ruth Cardoso é aberto para visitação pública; FHC chega ao local
THIAGO FARIAda Folha Online
O velório da ex-primeira-dama Ruth Cardoso, 77, mulher do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, foi aberto para visitação pública por volta das 11h45 desta quarta-feira na Sala São Paulo, região central da capital paulista.
FHC já chegou ao local e está numa sala reservada. Também estão no velório o ministro Orlando Silva (Esporte), o senador Romeu Tuma (PTB-SP), o secretário municipal das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, e o líder tucano na Câmara dos Vereadores, Gilberto Natalini, entre outros.
O caixão está aberto e sobre o corpo de Ruth Cardoso tem uma bandeira do Brasil e uma bandeira dobrada de Araraquara, cidade onde nasceu a ex-primeira-dama. Ao lado do corpo estão dois lanceiros do regimento Nove de Julho da Polícia Militar.
O local ficará aberto para visitação pública até as 21h de hoje. O enterro está previsto para a manhã desta quinta-feira, no cemitério da Consolação, no centro de São Paulo.
Ruth Cardoso morreu às 20h40 desta terça-feira, em sua casa, no bairro de Higienópolis (SP). Segundo nota médica divulgada na noite de ontem, a ex-primeira-dama foi vítima de arritmia grave decorrente de doença coronariana.
Ela estava conversando com o filho Paulo Henrique, quando passou mal. FHC não estava em casa.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelou sua agenda desta quarta-feira à tarde, quando virá a São Paulo participar do velório da ex-primeira-dama.
Com a morte de Ruth Cardoso, o comando nacional do PSDB cancelou as comemorações que faria hoje em Brasília pelos 20 anos de fundação do partido.
Política
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), decretou luto de três dias no Estado. Após a confirmação da morte, o tucano foi até o apartamento de FHC, em Higienópolis, para prestar solidariedade ao ex-presidente.
"A Ruth era uma pessoa muito especial, para sua família, para seus amigos, para nosso país. Um exemplo de dignidade, delicadeza, inteligência e carinho pelas pessoas. É uma dor imensa a que sinto nesse momento", disse o governador, durante visita ao apartamento da família.
Com a morte da ex-primeira-dama, o PSDB cancelou a sessão solene que estava marcada para hoje, às 11h, no Senado, para marcar os 20 anos de fundação do partido. "Cancelamos o compromisso", afirmou o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).
Para ele, "os brasileiros ficaram sem a presença de uma mulher generosa, forte e combativa, que sempre sonhou com um país mais solidário, rico e justo". "A Ruth Cardoso fará muita falta. Ela era muito querida e presente no partido", disse.
O presidente Lula também divulgou nota lamentando a morte da ex-primeira-dama. Ele disse que recebeu a notícia "com surpresa", além de afirmar que a morte de Ruth Cardoso representa uma "grande perda" para o país.
O prefeito Gilberto Kassab (DEM) também decretou luto oficial de três dias no município.
Carreira
Nascida em 19 de setembro de 1930 na cidade de Araraquara, no interior de São Paulo, Ruth Correa Leite Cardoso foi professora de Antropologia e Ciência Política na USP (Universidade de São Paulo) e pesquisadora do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) em São Paulo.
Bacharel em ciências sociais pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, a ex-primeira-dama se casou em 1953 com Fernando Henrique, com quem teve três filhos.
Em 1972, recebeu o título de doutora em Antropologia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Anos depois, concluiu pós-doutorado na Universidade de Columbia em Nova York e também foi professora em universidades americanas e inglesas.
Durante o mandato de FHC (1995-2002), dona Ruth fundou o projeto Comunidade Solidária em 1995, uma ação de combate a pobreza e a exclusão social. Atualmente, fazia parte do conselho diretor da Oscip (organização da sociedade civil de interesse público) Comunitas, criada para para dar continuidade aos projetos do Comunidade Solidária.
Entre seus cargos de destaque, presidiu o conselho assessor do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) sobre Mulher e Desenvolvimento, foi membro da junta diretiva da UN Foundation e da Comissão da OIT (Organização Internacional do Trabalho) sobre as Dimensões Sociais da Globalização e da Comissão sobre a Globalização.
Tornou-se uma das das principais referências sobre antropologia no país, tendo escrito diversos livros sobre temas relacionados, como juventude, violência e cidadania.
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