A UNE e a Responsabilidade Social Corporativa da Rede Globo

A UNE e a Responsabilidade Social Corporativa da Rede Globo
De qual Socialismo estamos falando? Daquele que envolve a Rede Globo de Televisão e “responsabilidade social corporativa” com a União Juventude Socialista (UJS) do Partido Comunista do Brasil (PC do B)/UNE ?

Depois da UJS/PC do B/UNE vender-se à Rede Globo, usar recursos públicos para escrever a História da UJS/PC do B – e não da UNE – indo ao desencontro do interesse público, escantear os setores do movimento estudantil que queriam debater a reforma universitária do Governo Lula (inclusive agredindo estudantes no Rio de Janeiro e em Pernambuco), receber recursos da elite mais conservadora do país, referendar o apoio da STB (empresa que emite as carteirinhas estudantis da UNE) no valor de R$600 mil ao PC do B, silenciar-se no caso Renan Calheiros, ser implacável com os estudantes que ocuparam a reitoria da USP, apropriar-se da luta dos estudantes que ocuparam a reitoria da UnB e insistir na chantagem contra o Estado para pagar a conta inicial de R$30 milhões para a construção de uma sede para a UNE e a UBES sem sentido algum para os dias de hoje, creio que a lista de desserviços ia acabar.
Depois de ver tudo que a UJS/PC do B fez de negativo em relação à UNE, ao movimento estudantil e ao Brasil, pensava que nada mais me assustaria a partir daí. Mas estou abismado, pois a cada dia que se passa mais fatos e dados envergonham o movimento estudantil brasileiro. O caso mais recente que tive acesso foi a Rede Globo explorando a imagem da UNE (e atingindo em cheio o movimento estudantil brasileiro) com sua chamada “responsabilidade social corporativa”. Foi muito interessante ver a UNE (e o movimento estudantil brasileiro) circulando num documento que acabei de ter acesso. Trata-se do “Relatório de Ações Sociais 2007” da Rede Globo.
Num relatório de 46 páginas, a UNE foi contemplada em três páginas:
1) Na página 10 a Globo listou na parte “Ações com a Fundação Roberto Marinho” o projeto “Memória do Movimento Estudantil” com o seguinte resumo: “Segunda fase do projeto, com exposição itinerante que percorreu universidades de sete capitais e lançamentos de livros e dois médias-metragens dirigidos por Silvio Tendler”;

2) Na página 26 a Globo listou na parte “Entre as principais campanhas culturais veiculadas estão” a “Bienal de Arte e Cultura – UNE”;

3) Na página 46 do relatório a Globo qponta para a parte de “publicidade Social”, listando as “campanhas nacionais de terceiros ou realizadas em parcerias veiculadas em 2007”, que inclui a “Bienal de Arte e Cultura da UNE – União Nacional dos Estudantes” e a “União Brasileira de Estudantes Secundaristas” (UBES).

Para o projeto da UNE com a Rede Globo a UJS consultou o PC do B, mas não os estudantes. Também na sua abrupta posição de chapa-branca do Governo Lula, na doação dos R$600 mil da empresa STB (Student Travel Bureau) ao PC do B a UJS teve o seu dedão com as impressões digitais impressas. É só pesquisar.
Em tudo isso a direção da UNE (UJS/PC do B) só não consulta os estudantes, a quem diz representar.
Coloca a história do movimento estudantil no meio de uma disputa partidária, na captação de recursos para entidades afins, como é o caso do Centro de Memória da Juventude (de São Paulo), que tem como participante o Senhor Gustavo Petta. É uma das entidades que recebeu recursos da Petrobras.
Na defesa sem crítica ao Governo Lula, que não está no seu papel – mas no interesse por dinheiro público –, a UJS/PC do B busca criticar todo o movimento estudantil que quer debater o Reuni e a Reforma Universitária, inclusive chamando seus adversários de “aliados da direita” ou de coisas piores. O pior dos lacaios é aquele que vende suas idéias.
É bom dizer que a UJS/PC do B apropriou-se de documentação do movimento estudantil brasileiro, inclusive colocando a Rede Globo como co-gestora de tal documentação. Quem doou documentos ao Projeto Memória do Movimento Estudantil sabe o termo de cessão que assinou, pois ali está claro que a guarda da documentação (sem volta) tornou-se de de posse da UNE e da Rede Globo.
É preciso salientar que documentos, como uma ata do DCE da UFMG foi doado pelo Prefeito Fernando Pimentel ao projeto da UNE/Rede Globo. Ele não doou à UFMG – que realiza um belíssimo projeto de memória – mas ao grupo que não está nem aí com a história do movimento estudantil. Talvez algum dia o DCE da UFMG possa retomar sua documentação que foi parar no Rio de Janeiro com a posse da UNE e da Rede Globo.
Depois da envergonhada entrega do bem mais precioso de uma entidade estudantil – a sua própria HISTÓRIA –, a UJS/PC do B ainda envergonhou o movimento estudantil ao aliar-se à mais imperialista das empresas de comunicação, incluindo como um favor de “responsabilidade social corporativa”. E ainda são socialistas?
A parceria Rede Globo/UNE envergonhou ex-militantes, os movimentos estudantis atuais e a própria sociedade brasileira.
Pois a Rede Globo tratou a UNE durante a ditadura como “Ex-UNE”, os militantes como “terroristas” e a militância política como “subversão”.
É a mesma empresa que apoiou a ditadura, que não divulgou os primeiros momentos da campanha pelas “Diretas” e deu um golpe na redemocratização do país ao tornar a campanha de 89 como uma nova chance das elites do País de continuar no poder com a vitória do empresário Collor contra o operário Lula.