FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u410774.shtml
10/06/2008 - 12h09
Moradias estudantis vão do estilo moderno à completa degradação
FERNANDA CALGAROLUISA ALCANTARA E SILVA
da Folha de S.Paulo
Cada um tem a sua prateleira na geladeira, a bronca pela bagunça não vem mais da mãe e há lista de tarefas. Essa é a realidade de muitos vestibulandos, para os quais ingressar na universidade significa também passar a dividir uma casa com estranhos. E a vida em comunidade, seja em república ou moradia estudantil da própria instituição, exige o cumprimento de regras para funcionar bem.
Antes disso, porém, há uma dificuldade inicial para o calouro, em geral inexperiente na nova cidade, que é encontrar um lar. Uma dica é obter informações nos CAs (centros acadêmicos) ou departamentos de assistência social da faculdade.
Para quem não pode pagar o aluguel, as universidades públicas no Estado de São Paulo oferecem vagas em moradias e também outros tipos de auxílio. O critério de seleção é a renda.
Na USP, sete blocos de apartamentos no campus do Butantã (zona oeste) abrigam cerca de 1.700 pessoas. Cinco prédios do Crusp (Conjunto Residencial da USP), com cerca de 200 vagas cada um, são para a graduação, e o restante, para a pós.
Cada apartamento tem três quartos, uma sala e um banheiro, distribuídos em uns 50 m2. São em geral três moradores por apartamento, mas é comum haver "hóspedes" -estudantes que não conseguiram vaga, mas têm autorização para ficar. Na portaria do bloco A, por exemplo, há uma lista dos atuais 31 "hóspedes", sem contar os convidados informalmente por alunos, segundo os moradores. A cozinha é dividida com 11 ou até 22 apartamentos, conforme o bloco.
Os cursos de direito e de medicina da USP, que não ficam no campus do Butantã, têm moradias mantidas pelos respectivos centros acadêmicos e mais próximas das faculdades, mas o estado de conservação de uma é o oposto do da outra.
Reformada em 2007 com o patrocínio de médicos e empresários e com decoração moderna, a Casa do Estudante de medicina, na rua Teodoro Sampaio (zona oeste), tem 26 apartamentos com banheiros privativos. Cada quarto, ocupado por dois alunos, foi equipado com computador e internet.
Apesar de ter o mesmo nome, a Casa do Estudante dos alunos de direito é bem diferente. No número 2.044 da avenida São João, ela abriga quase 50 universitários em 27 apartamentos, distribuídos nos 11 andares do prédio, construído nos anos 40 pelo CA.
O estado de conservação é precário. Há muito o glamour do mármore da entrada não é encontrado no restante do prédio, totalmente degradado, com paredes descascadas, fiação exposta, buracos no teto e vazamentos. Os dois elevadores estão quebrados.
"Estamos tentando conseguir parcerias ou mesmo que a USP ajude na recuperação", diz Paulo Rodrigues Neto, diretor do local. Ele entrou em contato com o escritório de arquitetura que fez a reforma da Casa do Estudante dos alunos de medicina, que custou R$ 2 milhões.
Segundo o presidente do centro acadêmico XI de Agosto, Paulo Pereira, a reforma custaria R$ 5 milhões. "Falta o básico, como o elevador funcionando e uma pintura", diz Abulai Sissé, que veio de Guiné-Bissau para estudar na USP.
No interior de São Paulo, a Unicamp mantém, a seis quilômetros do campus, 958 vagas.A Unesp, com 23 campi espalhados no Estado, tem 1.068 vagas. A cerca de 15 minutos do campus na capital -o Instituto de Artes, no Ipiranga (zona sul)-, há 20 vagas em duas casas. Cada imóvel tem três quartos e dois banheiros.
Nas faculdades particulares, não há moradias, mas em geral departamentos de assistência social ou os centros acadêmicos mantêm atualizados murais com anúncios de vagas em casas e apartamentos.
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