FORACCHI, Marialice Mencarini. A juventude na sociedade moderna. São Paulo: Pioneira (Editora da USP), 1972
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“Ultrapassada a etapa do conflito de gerações, que marca a primeira crise da adolescência e encaminha a busca da identidade, o jovem define, em termos também críticos, a crise da sociedade. O seu questionamento não é firmado pela constestação da ordem normativa, tal como se ...
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... reflete na esfera familiar, mas se desloca para o núcleo dessa ordem normativa, ou seja, para o sistema, como tal. Por esse prisma, há, indiscutivelmente, um componente ético e intelectualista nas suas indagações que vários autores como Keniston, Altbach, Lipset, Touraine e outros, não deixaram de assinalar”.
“O ponto fundamental a destacar é que, a sociedade, no seu pólo criativo, na sua dimensão enquanto cultura, passa a ser o marco da referência da contestação.
A tensão, assim constituída, não pode mais ser analiticamente equacionada no plano do relacionamento das gerações. A noção de juventude impõe-se como categoria histórica e social, no momento em que se afirma como produto histórico, isto é, como movimento de juventude. É possível, nessas condições, propor-se a questão geral do significado de uma consciência jovem, expressão dos conflitos e tensões que se desenvolvem no sistema e que são extravasados nos movimentos de juventude. A êles caberia a elaboração nova, não institucionalizada, dessa conjuntura crítica, impregnada de uma visão agonística e escatológica. Sobre eles pesam, contudo, os cerceamentos da sua condição juvenil e da sua incipiêbcia histórica, frágeis sustentácuylos de uma tarefa de tamanha envergadura”.
“A problemática das gerações é, nessa passagem, referida à formação universitária, sugerindo-se, com isso, que o chamado generation gap é agravado pelo educacional gap. O tema da contestação estudantil, por conseguinte, é situado em bases concretas, na medida em que as deficiências da formação universitária são transformadas numa fôrça radicalizadora crucial”
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“A recusa em aceitar a condição de adulto refere-se, pois, ao modo de ser adulto, concretizado no arranjo convencional das estruturas institucionais. No limite, é esta também a recusa do adulto que, como o jovem, é confrontado pela dificuldade de viver o presente.
A contestação irrompe na universidade e ganha maior fôrça nas áreas de formação humanística. Este fato, mais geral do que se supõe, permite compreender a concepção de contracultura, fundamentalmente repudiadora e, portanto, de difícil definição”.
“Nessa passagem, a distinção entre o movimento estudantil e o movimento de juventude se processa com nitidez. O primeiro radicaliza a sua vinculação à universidade, pretendendo nela ...
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... ativar a criação de uma contracultura e tentando explorar as perspectivas do jôgo político institucionalizado . O movimento de juventude radicaliza sua vinculação ao sistema, negando-a através de uma prática que se apóia na improvisação e na espontaneidade, pretendendo implantar um estilo de vida . Por ser um movimento de jovens, cuja ideologia é exatamente a da emulação da criação, por vaga que pareça tal formulação, insiste sôbre sua condição e não consegue, não pode e não quer vínculos estáveis com quaisquer movimentos organizados. O movimento estudantil, ao contrário, faz sua ativação depender da incessante dinamização dêsses vínculos. Tanto um como o outro podem ser, entretanto, analisados como objetivações socioculturais da contestação.
A universidade foi um tema constante da análise e, na verdade, o seu ponto de inflexão. A necessidade de compreender a crise com que se defronta, os seus dilaceramentos internos, a violentação da sua autonomia, o impacto das pressões que o sistema sôbre ela exerce e a sua própria sobrevivência como instituição, impuseram que sua caracterização não estivesse subordinada ao relato frio e convencional das exposições acadêmicas, mas que retivesse os aspectos críticos da vida institucional que geram o movimento estudantil. A conveniência dêsse ângulo de abordagem resulta de que a explicitação do estado de crise apóia-se num fator uniforme e universal, recorrente nas sociedades desenvolvidas ou em desenvolvimento: o movimento estudantil. Obteve-se, com tal procedimento, uma configuração da vida universitária suficientemente precisa para permitir a compreensão de situações tão específicas como as que se encontram em curso, por exemplo, na América Latina e no Brasil”.
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“Toda sociedade elabora uma noção ideal de “adulto”, na qual estão sintetizadas as suas aspirações mais ambiciosas, seus valores mais raros, suas normas mais caracterísitcas, numa palavra, a essência do seu ethos. Esse ideal de aduilto constitui o ponto máxima da sua humanizaçãop, a demonstração viva da riqueza e da variedade das suas potencialidades, a prova incontestável da sua justiça e envergadura moral. A plenitude do status, a amplitude de participação, a identificação completa com os ideais que a sustentam são ciondicoes que definem o adulto perante a sociedade em que vive”.
“Cada etapa é, por conseguinte, compreendida em contraposição e em contraste com a anterior ou com a subseqüente. Se medirmos tal oposição em termos quantitativos, temos que cada uma delas corresponde a uma geração distinta, marcada pela idade. É preciso estabelçecer, todavia, ciom maior rigor, o significado da noção de geração e examinar os pressupostos do relacionamento entre as gerações”.
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“A geração bem como a intelligentzia são categorias de análise, para Mannheim, que se caracterizam pelo fato de apresentarem, embora não sejam classe nem grupo, uma localização social comum, numa dimensão histórica do processo social”.
“A noção de geração, proposta por Mannheim, sobrepõe-se, pois, às diferenças de posição social, congregando-as numa modalidade especial de similaridade de locação que abbrange grupos de idade afins, inseridos no processo histórico-social”.
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Um comentário:
Quantas palavras erradas heim? O que é "Ethos"? Pagina 9
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