domingo, 27 de abril de 2008

Um desrespeito à União Nacional dos Estudantes - Armando Barbosa

FONTE: http://saidapelaesquerda.blogspot. com

Um desrespeito à União Nacional dos Estudantes.
Armando Barbosa

Vinícius de Moraes chamou no “Samba da Benção” Carlinhos Lyra de “parceiro cem por cento, que une a ação ao sentimento, e ao pensamento” em clara referencia a história de militância desse artista que fugiu da sede da UNE incendiada no Rio de Janeiro. A luta que a UNE travou ao longo de seus quase 60 anos de existência foram fundamentais para a política brasileira. Mas esse texto não é para falar da história da UNE, mas do desrespeito que UJS faz ao dirigir essa entidade.
No Pará a UJS preferiu re-fundar a União dos Acadêmicos do Pará, junto com o PDT, PMDB, inimigos históricos da classe trabalhadora e da juventude, prefere se aliar a direita que rateia cargos, que é corrupta do que com a oposição de esquerda, principalmente as de tradições trotskistas. Mas o que nos espanta é o que o PCdoB fez com a ocupação da UEPA.
Mas antes um breve histórico, na eleição para à reitor o DCE UEPA (dirigido, ou seria destruído por eles?) a UJS começou apoiando Ana Claudia Hage, diretora do CCSE, envolvida até o pescoço com a reitoria de Fernando Palácios (envolvido em corrupção e apoiado pelo governo tucano de Jatene) e grande apoiadora de Isabel Amazonas, colocada via lista tríplice pelo governador Almir Gabriel. Mas é claro que o PT não ia deixar isso barato. Fez o PCdoB recuar e apoiar Bira, ao ameaçar tirá-los do governo do estado.
Pois bem, a eleição foi uma catástrofe, desde o cálculo que é tão estranho que nem os gestores conseguem uma explicação eficiente sobre a fórmula até o final da eleição, trios elétricos, panfletos coloridos em papel de excelente qualidade distribuído aos milhares, balões de propaganda, enfim um festival de aparato para a disputa da reitoria, tanto pelo candidato Silvio Gusmão (situação), como Bira (“oposição”) e Ana Claudia Hage (situação-oposição, o que fosse mais confortável para ela.), embora essa última não tivesse trio elétrico (não é carro som é TRIO ELÉTRICO). Além desse aparato, foi denunciado que uma e outra chapa estavam comprando voto no valor de R$ 50,00.
Conclusão: a eleição vai ser decidida na justiça pelo juiz José Torquato Araújo Alencar, da 1ª Vara de Fazenda da Capital.
Logo se iniciou um movimento por fora do DCE UEPA, da UNE e da UAP de mobilizar os estudantes contra a interventora nomeada pela governadora, assim como os “pró-reitores”, uma “coincidência” que não pode passar em branco: parte dos “pró-reitores” estavam apoiando a chapa do Bira (ex-vereador do PT, ex-SEDUC a governadora é do PT, será que tem alguma relação ai?!hein?!!!).
Não foi por fora do DCE, da UNE e da UAP, porque não quiseram chamar, mas porque a UJS se negou a participar. Mas a UJS chegou a por um cartaz com três pautas, conselhos paritários, autonomia universitária, verbas para educação (posso estar enganado e ter mais uma, mas lembro somente dessas três no momento). Foi construída uma assembléia de estudantes que decidiu pela ocupação da reitoria com algumas pautas eram as seguintes: Não a Intervenção; Por novas eleições Universais e Paritárias; Por Paridade nos Conselhos; Por um Restaurante Universitário; Por um Hospital Universitário; Por uma Auditoria com participação estudantil das contas da uepa; Por Punição a todos os Corruptos da UEPA. Com exceção a questão da intervenção o que o faixa da UJS tem que discorde disso? Logo percebemos que UJS não tinha nenhum motivo político claro na pauta para ser contra a ocupação. Se a questão era o “não à intervenção”, porque não debateram na ocupação, na base com os estudantes preferiam desmobilizar a ocupação? Para não se enfrentar com o governo. Os professores da rede estadual não pediram, por favor, a governadora e para o PT para entrarem em greve, nós não iremos pedir, por favor, para a reitora pró-tempore para nós ocuparmos a reitoria.
Mas a UJS queria que pedíssemos por favor que rateássemos com acordos obscuros sem a participação dos estudantes, como eles sempre fazem, mas optamos pelo caminho mais difícil, o caminho das lutas, independente de partidos e governos, com a força da mobilização estudantil, honrando a história da União Nacional dos Estudantes. No dia 25 de abril a UJS mobilizou os estudantes, funcionários e professores (apoiadores da candidatura de Bira Rodrigues) da UEPA com um bom carro som, e buscando estudantes de vários campi da capital com um ônibus de uma empresa de turismo. A UJS entrou na ocupação levando vários estudantes, em particular um estudante de medicina que fez questão de querer parecer superior aos demais estudantes ali presentes, não pela sua capacidade intelectual (já que está mais parecia com a de um Papio hamadryas bêbado do que de um estudante), mas pela brutalidade, violência e covardia machista. Lembrar-me-ei do nome dele para nunca levar filhos ou netos para se consultarem com esse babuíno (embora os babuinos sejam bem mais racionais e intelectualmente mais capazes que ele), mas isso não era tão importante. O mais importante é que mesmo com o tensionamento as agressões físicas e morais feitas por esses babuínos e militantes da UJS (embora, particularmente eu acredite que haja pouca diferença entre uma espécie e outra), que desde sua entrada foi para agredir os estudantes que estavam ocupando a reitoria. Contudo os estudantes que estavam ali para debater a realidade da universidade ouviram os apelos, debateram a política, e muitos foram convencidos politicamente a votar a favor da ocupação, resultado da votação, por contraste visual a ocupação permaneceu. Por uma hora, as provocações vindas por parte de militantes da UJS e antropóides cercopitecídeos do gênero Papio, às vezes os dois ao mesmo tempo, não pararam assim como a truculência que contava com a participação inclusive de funcionários da reitoria e de professores ligados ao governo do Estado e a candidatura de Bira Rodrigues.
Mas o que levou a UJS a rasgar a história da UNE e tentar reprimir com o uso da força física e do golpe político os estudantes? Os argumentos deles não são muitos, além disso, pouco inteligentes e politicamente vazios. Mas os mais bem formulados são 2 o primeiro é que: “a maioria (mais de 50%) dos estudantes que estão ocupando são da UFPA, UFRA e UNAMA. Sendo que a ocupação contava com mais de 120 estudantes, desses 120, entre 18 a 20 não eram estudantes da UEPA, estavam presentes: a companheira Fernanda Bandeira, diretora da UNE pela FOE, Breno Mendes, coordenador geral do DCE UFPA, e vários outros diretores do DCE UFPA, DCE UNAMA e DCE UFRA, que foram prestar solidariedade a ocupação. Que problema há nisso? Se o prblema fosse por prestar solidariedade porque a presidente da UNE foi até a UNB? Só a solidariedade da UNE é importante para os estudantes? Percebemos que se fossemos depender dessa solidariedade estaríamos muito mal, mas uma vez a prova de que a UJS traí aquilo que a UNE tem de principal: seus princípios.
O outro argumento é o astuto, não menos patético e mentiroso que o primeiro, mas infinitamente mais astuto. É que se a reitoria parar todas as unidades administrativas (centros, colegiados de curso e departamentos) também pára e em conseqüência as aulas, fazendo com que os estudantes fossem reclamar suas aulas, rebaixando ainda mais a consciencia dos estudantes, que ao contrario da luta por uma educação de qualidade social é mais importante assistir aula e se formar do jeito que for. Esclarecendo para os que não sabem a reitoria da UEPA fica no Bairro do Telégrafo em Belém, o campus do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) fica no bairro do Marco, assim como o Centro de Ciências Naturais e Tecnologia (CCNT) e a Escola Superior de Educação Física e assim por diante, o único campus junto à reitoria é o campus I de Ciências Sociais e Educação, que mesmo assim pode ter suas aulas tranquilamente, é melhor que os estudantes estejam na ocupação, mas a ocupação da reitoria não impede aqueles que querem assistir aula de estarem nas suas salas, até porque não há NENHUMA SALA DE AULA NO PRÉDIO DA REITORIA.
Mas a verdade é que não se pode fazer movimento pela autonomia da universidade atacando a governadora ou o governo petista, infelizmente a UJS vinculou a UNE, a UAP e o DCE UEPA ao governo do Estado. Ao ocuparmos a reitoria colocamos em xeque toda a política para a educação do governo neoliberal de Lula e Ana Júlia.
Para concluir, se a polícia militar do Pará, conhecida pelos seus métodos democráticos de diálogo (três tiros de advertência nas costas) agredir, prender ou matar algum estudante em luta é capaz da UJS fazer com que a UNE lance uma nota de solidariedade a PM do Pará. Pois do lado de fora estava a Ronda Tática Metropolitana (ROTAM, conhecida como o “cacete cidadão da Ana Júlia”, e não é pelo ME é pela população mesmo) e do outro a UJS falando para cerca de 30 estudantes que nós, da ocupação, teríamos que “arcar com as conseqüências do nosso ato político”, ou seja, aceitar pegar pancada da PM, ou algo um pior.
Fico pensando se nos dias de hoje ao escrever o hino da UNE, Vinícius de Moraes e Carlinhos Lyra escreveriam assim “A UNE, a UNE, a UNE somos nós????????? A UNE, a UNE, a UNE é nossa voz????????? ??”Armando Barbosa Partido Socialismo e Liberdade-PSOL Movimento Esquerda Socialista-MES

Um comentário:

Anônimo disse...

É o companheiro escreve bem, é conciso, alunos que não sabem de nada quando leram isso provavelmente devem ter ficado atonitos.. surpreendidos. Nossa foi isso mesmo ..
Mas quem estava la e viu o que de fato aconteceu sabe a verdadeira historia e de que o partidarismo do PSTU e PSOL estavam presentes e agora vem se fazer de santinho com suas asinhas branca..tenho pena dessa classe que nao faz luta estudantil .. e sim os manipula e suas causas próprias..

saudaçoes socialista .. e viva a UJS