segunda-feira, 28 de abril de 2008

Artigo A juventude quer mais políticas universais (Por José Ricardo Fonseca e Yuri Soares)

FONTE:http://www.jpt.org.br/noticias/exibir.php?Id=291
24/04/2008 19:51 ARTIGOS
A juventude quer mais políticas universais
José Ricardo Fonseca e Yuri Soares


No caderno de propostas da 1ª Conferência Nacional de Juventude os temas Educação e Trabalho, como já apontavam diversas pesquisas, continuam sendo as maiores reivindicações dos jovens brasileiros. Isso é a demonstração de que as políticas universais ainda não chegaram para uma parcela significativa da juventude. Assim uma primeira conclusão das discussões feitas pelo processo da Conferência é que se o Estado quiser atender a juventude deverá investir nessas políticas universais.

O impacto direto disso pode ser percebido nas perspectivas negativas que essa geração de jovens têm em relação ao futuro. Segundo pesquisa realizada pela UNICEF (1999) os jovens brasileiros estão em segundo lugar no ranking do pessimismo, ficando atrás apenas da Colômbia. Quando essa juventude compara as condições de vida que têm com a que seus pais tiveram fica evidente as dificuldades para construir autonomia, que dependem fundamentalmente de postos de trabalho e escolarização para acessar esses postos.

Nos 10 primeiros temas do Caderno de Propostas (1.Educação, 2.Trabalho, 3.Cultura, 4.Sexualidade e Saúde, 5.Participação Política, 6.Meio Ambiente, 7.Segurança, 8.Diversidade, 9.Tempo Livre e 10.Fortalecimento Institucional do tema juventude) aparecem com força propostas que reivindicam maior financiamento e mais equipamentos públicos nas respectivas áreas. Isso reforça a idéia de mais políticas universais e presença do Estado como garantidor de direitos e do espaço público.

Outra questão importante que tem destaque no caderno de propostas são as políticas específicas. Ou seja, cada vez mais as singularidades dessa fase da vida, juventude, têm sido reconhecidas como direitos e devendo, portanto, ser efetivadas como políticas públicas. O tema cultura, em terceiro lugar na recorrência de propostas, o tempo livre, esporte e lazer, no nono lugar entre 16 temas, confirmam a necessidade de que o Estado deve formular políticas que dialoguem com as demandas específicas desse segmento da população.

Nesse processo de conferência a juventude não se ateve somente às suas reivindicações específicas. Os jovens debateram e afirmaram opiniões sobre temas polêmicos na agenda pública. Dentre eles vale destacar a questão da legalização do aborto que aparece entre as propostas mais recorrentes no tema Sexualidade e Saúde. No tema Segurança a opinião contra a redução da maioridade penal aparece como primeira proposta e têm destaque propostas de direitos humanos e polícia comunitária.

Por último, é muito importante registrar que as propostas da conferência contradizem o senso comum de que os jovens não gostam e são apáticos em relação à política. O tema participação política aparece em quarto lugar na recorrência de propostas. Fica claro a exigência por mais espaços de participação. Os jovens não só gostaram de debater politicamente como querem mais espaços onde possam participar das decisões públicas. Tanto pela quantidade de propostas quanto pelo número de participantes, que chegou a 402 mil, em cerca de mil municípios envolvidos em todo o processo, fica evidente que o aperfeiçoamento da democracia passa pela inclusão dos jovens nos debates e decisões sobre os rumos do país.

JOSÉ RICARDO FONSECA É COORDENADOR DE METODOLOGIA DA 1ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE JUVENTUDE
YURI SOARES É ESTUDANTE DE HISTÓRIA DA UNB

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