Fichamento:
Starling, Heloisa. Os Senhores das Gerais: os novos inconfidentes e o golpe militar de 1964. Petrópolis: vozes, 1986.
p. 203
“Mas nem tudo eram adesões no caminho trilhado pelo IPES-“Novos Inconfidentes” em busca da mobilização política das classes médias. Se a maior parte dos segmentos sociais que compunham as classes médias urbanas voltaram-se, decididamente, para a oposição burguesa contra o governo Goulart, outra parcela radicalizou-se ao lado do bloco nacional-populista: intelectuais e sobretudo os estudantes. No caso de Minas Gerais, de todos esses setores, o movimento estudantil foi o que maior atenção recebeu por parte do IPES-“Novos Inconfidentes”, que procurou estimular uma ação contínua nessa direção , consciente das dificuldades que encontraria.
Na verdade, o IPES-“Novos Inconfidentes” teria de enfrentar o problema representado pela presença e pelo apelo combativo da Uniao Nacional dos Estudantes (UNE) e sua representação regional, Uniao Estadual dos Estudantes (UEE), no interior do movimento estudantil organizado, obrigando-se a travar diversas escaramuças com esses organismos. Com longa e conhecida tradição de lutas políticas, a UNE caracterizou-se por seu engajamento político, especialmente nas grandes campanhas nacionalistas, como a campanha “O Petróleo é Nosso”, que culminou com a criação da Petrobrás em 1954. Aliado a essa tradição política, o início da década de 60 marcou não só um momento de especial ascenso político do movimento estudantil no país, como também caracterizou um fortalecimento interno da presença da UNE no interior da massa universitária a nível nacional, favorecido pela criação , no Rio de Janeiro, e posterior expansão para as principais cidades do país, do Centro Popular de Cultura (CPC) e da organização da ...
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... “Une-Volante”. Inserida no processo de intensa polarização política que marcou a sociedade brasileira nos primeiros anos da década de 60, a UNE apresentava como reivindicação específica a luta pela reforma universitária, ao mesmo tempo que se mantinha engajada – ainda que de forma dispersa – em todas as questões políticas de relevância do período. De certa forma , a UNE procurava estabelecer uma ponte de ligação entre a luta pela reforma universitária e o problema colocado pela necessidade de uma reforma geral da sociedade brasileira. Esse era um caminho que a levaria, necessariamente, a apoiar o programa de “reformas de base” e a formar, ao lado dos setores à esquerda do bloco nacional-populista, a “frente anti-latifúndio e antiimperialista”, propondo como tarefa política imediata a constituição de uma “aliança operário-estudantil-camponesa””.
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“Assim, o trabalho de cooptação desenvolvido pelo IPES-“Novos Inconfidentes” entre os estudantes ficou restrito a uma região periférica do que era de fato o movimento estudantil mineiro organizado e engajado politicamente, desenvolvendo-se em especial no interior de entidades estudantis de cunho assistencialistam como, por exemplo, a já existente “Casa do Estudante” – não confundir com a que constava no projeto do IPES –, que assistia jovens vindos do interior para estudar na capital mineira, ou através da Associacao Cristã de Moços, utilizada diversas vezes pelos “Novos Inconfidentes” para conferir legitimidade institucional às atividades político-ideológicas do movimento conservador mineiro. Em fins de 1964, Aluízio Aragão Villar, preocupado em “arregimentar os estudantes secundários e universitários para o estudo, o debate e a prática dos princípios democráticos”, propôs a utilização da LIMDE como um dos instrumentos de ação ideológica “nos grupos e escolas rurais””.
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Um comentário:
Muito jogado esse texto, não tem começo nem fim...que pena. Não tem contexto, não me ajudou em nada. Talvez por isso não tenha merecido nem um comentário fora este. Seria mais legal se vc pensasse nos leitores, o que o texto poderia ajudá-los.
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