FREITAG Bárbara. Escola, Estado e Sociedade. 6ª ed. São Paulo: Moraes, 1986.
p. 77
“A política educacional, ela mesma expressão da “reordenação das formas de controle social e político”, usará o sistema educacional reestruturado para assegurar este controle. A educação estará novamente a serviço dos interesses econômicos que fizeram necessária a sua reformulação. Essa afirmação encontra seu fundamento nos pronunciamentos oficiais, nos planos e leis educacionais e na própria atuação do novo governo militar”.
p. 87
“Em um estudo feito entre estudantes paulistas, Foracchi revelou que a causa fundamental para o engajamento político do estudante era a sua insegurança de classe. Não vendo possibilidade de êxito e participação na estrutura de classe vigente, o estudante se torna o porta-voz ideológico de uma luta de classe a favor dos oprimidos . Abandona essa ideologia no momento em que consegue inserir-se, com êxito, no mercado de trabalho e assegurar seu lugar privilegiado na sociedade estratificada. Por isso a nova legislação tinha que operar em duas dimensões aparentemente contrárias. Por um lado, procurar conter o enorme afluxo às universidades (...) Por outro, criar novos mecanismos de seleção para a expulsão do aluno de dentro da universidade”.
p. 90
“Para formar realmente essa força de trabalho, a universidade deveria abdicar do seu critério de seleção – origem de classe – e procurar recrutar os mais capazes dentro de um universo bem maior, i.e., entre todas as classes. Obviamente, assim procedendo, a função de reprodução da estrutura de classes estaria ameaçada. A universidade ainda não resolveu este dilema, procurando por enquaNto satisfazer as aspirações das classes no poder e ao mesmo tempo disciplinar as classes parcial ou diretamente rejeitadas pelo sistema. Esse impasse encontrará uma pseudo-solução com o alargamento do sistema particular do ensino superior no Brasil desde 1968”.
p. 125
“No início deste estudo despertou a nossa curiosidade o fato de que a educação vinha passando por um processo de valorização constante, sendo considerada fator estratégico do desenvolvimento e do fortalecimento do modelo econômico e político brasileiro.
A revisão teórica feita para obter um quadro de referência adequado para a análise histórica e empírica do nosso tema revelou que, também no campo conceitual, a educação foi adquirindo um status cada vez mais importante na reprodução das relações sociais em uma sociedade capitalista”.
p. 126
“A valorização do fator educacional, tanto por parte dos defensores como dos críticos das estruturas capitalistas, só pode ser tomada como indicador de sua relevância na realidade concreta.
Essa relevância não foi um a priori destas formações sociais, mas produto de sua evolução histórica. Quanto maior o grau de complexidade e diferenciação do modo de produção e das relações ...
p. 127
... sociais que sobre ele se assentavam, tanto mais a educação foi sendo sistematicamente institucionalizada como mecanismo de dinamização e conservação das mesmas estruturas básicas".
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário