UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
LABORATÓRIO DE PESQUISA HISTÓRICA
DEPOIMENTO DE JOEL REGUEIRA TEODÓSIO À OTÁVIO LUIZ MACHADO
Depoimento realizado pelo projeto "O Debate da relação educação e sociedade no movimento estudantil das tradicionais escolas de engenharia de Ouro Preto e Recife nos anos 1960".
ENTREVISTADOR: OTÁVIO LUIZ MACHADO
DEPOENTE: JOEL REGUEIRA TEODÓSIO.
LOCAL: RECIFE-PE/RIO DE JANEIRO-RJ POR E-MAIL
DATA: 24/05/05
OTÁVIO LUIZ MACHADO: para registro histórico peço seus dados pessoais.
Nome completo:
JOEL REGUEIRA TEODÓSIO: Joel Regueira Teodósio.
OTÁVIO LUIZ MACHADO: Profissão:
JOEL REGUEIRA TEODÓSIO: Engenheiro e Professor Universitário – UFRJ.
OTÁVIO LUIZ MACHADO: Data de Nascimento:
JOEL REGUEIRA TEODÓSIO: 01/11/1943.
OTÁVIO LUIZ MACHADO: Cidade natal:
JOEL REGUEIRA TEODÓSIO: Santaren.
OTÁVIO LUIZ MACHADO: Origem familiar (o que os seus pais faziam no seu período de estudante):
JOEL REGUEIRA TEODÓSIO: Médicos e Professores Universitários da UFPe.
OTÁVIO LUIZ MACHADO: Ocupou cargos em órgãos estudantis oficiais enquanto estudante:
JOEL REGUEIRA TEODÓSIO: Não.
OTÁVIO LUIZ MACHADO: Como estava o movimento estudantil na Escola de Engenharia após o golpe militar de 1964? Qual a articulação entre o trabalho do Diretório Acadêmico (DA) com o PCB? Havia alguma articulação mais orgânica?
JOEL REGUEIRA TEODÓSIO: Era um movimento de resistência às repressões da ditadura e, ao mesmo tempo, de manifestações em favor da democratização. Não havia articulação orgânica entre o diretório acadêmico e o PCB. Mas havia uma atividade organizada dos militantes do PCB no movimento estudantil.
OTÁVIO LUIZ MACHADO: Quais as estratégias utilizadas pelos DAs para se organizar e atuar com toda a repressão instalada?
JOEL REGUEIRA TEODÓSIO: Era uma estratégia de procurar o máximo de apoio na massa estudantil, para suas iniciativas. Ao mesmo tempo, foi desenvolvida uma estratégia de solidariedade com os colegas perseguidos pela ditadura.
OTÁVIO LUIZ MACHADO: Como se posicionava o Diretório Acadêmico antes do golpe de 1964? Quais os principais pontos de discussão, os desafios do Diretório em todas as gestões que conviveu e/ou atuou? Mudou muito a forma de atuação a partir daí?
JOEL REGUEIRA TEODÓSIO: O Diretório Acadêmico procurava mobilizar os estudantes para manifestações em defasa das reformas de base (agrária, universitária, bancaria, etc). Ao Mesmo tempo, o movimento estudantil procurava interagir com sindicatos e outros movimentos organizados, pela luta em prol ,das reformas de base.
OTÁVIO LUIZ MACHADO: Fale um pouco da sua atuação no PCB.
JOEL REGUEIRA TEODÓSIO: Entrei no PCB aos 18 anos de idade. Atuei até os 21 anos no movimento estudantil em Recife, e um pouco em atividades de discussão do marxismo em comunidades populares. Fui obrigado, devido à repressão, a viver no Rio de Janeiro, onde terminei meu curso universitário. No Rio, minha atividade, até o fim da ditadura, foi de organizar as atividades clandestinas do PCB. Em 1977-1978, organizei com Oscar Niemeyer e outros democratas, o Centro Brasil Democrático.Após a ditadura, fui ativo participante no movimento de professores universitários, tendo sido presidente de sindicato. Em 1988 fui eleito para o Diretório Nacional do PCB. Hoje milito no PPS (sucedâneo do PCB).
OTÁVIO LUIZ MACHADO: A quais fatores se podem atribuir ao crescimento e a hegemonia do PCB na Escola de Engenharia de Pernambuco?
JOEL REGUEIRA TEODÓSIO: A dedicação dos militantes, a clareza de idéias a respeito das atividades do diretório e das necessidades dos estudantes, o prestigio do PCB na sociedade (por exemplo, a participação no governo de ARRAES, tanto na prefeitura quanto no estado). Ao mesmo tempo, a organização do PCB na Escola mantinha uma intensa atividade de leitura e discussão do marxismo e do leninismo. Por outro lado, o PCB mantinha uma política de aliança e lealdade com a Ação Popular- AP.
OTÁVIO LUIZ MACHADO: Fale um pouco da perseguição que seus pais sofreram após o golpe? E você também?
JOEL REGUEIRA TEODÓSIO: Minha mãe foi presa várias vezes, tendo sido inclusive torturada. Meu pai também foi preso. A primeira prisão se deu no início de abril de 1964. A residência onde eu e meus irmãos foram criados, no bairro de Casa Forte, foi saqueada pela forças da repressão. Roubaram tudo: geladeiras, ar-condicionado, pias, móveis etc. Ocuparam a residência por cerca de 3 meses. Fui obrigado, em 1965, a foragir para o Rio de Janeiro. Fui posteriormente preso em Recife, em 1975.
OTÁVIO LUIZ MACHADO: Os militares criaram um IPM chamado UNE-UBES-UEP em 1965? Poderia nos falar deste inquérito? E como tentaram envolve-lo?
JOEL REGUEIRA TEODÓSIO: Fui indiciado, respondi a inquérito. Mas fui absolvido.
sábado, 5 de abril de 2008
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