COSTA, Fernando Braga da. Homens invisíveis: relatos de uma humilhação social. Rio de Janeiro: Editora Globo, 2004.
p. 114
“Calça, camisa e boné vermelhos: imaginei que, no Instituto de Psicologia , chamaria a atenção naqueles trajes. Pareceu-me divertido aparecer vestido de gari, “fantasiado”. Tinha a expectativa que aquilo poderia ser engraçado.
Antônio e eu entramos no bloco de aulas. Os alunos estavam em intervalo, fora das salas de aula: pelos corredores internos, no centro acadêmico, na lanchonete. Conhecia aquela gente: amigos de turma, colegas, veteranos companheiros do time de futebol , parceiros do tênis de mesa, os professores. Todos do instituto.
Atravessamos a andar térreo de ponta a ponta. Subimos as escadas. Passamos pelo andar superior. Entrei na biblioteca. Descemos as escadas. Novamente andamos pelo térreo. Passei pelo Centro Acadêmico. Transitamos em frente à lanchonete. Estava atento. Buscava a expressão de alguém surpreso: “Que roupas são essas, Fernando?!”.
A atenção foi cansando lentamente. Meu olhar foi assumindo função meramente instrumental. Eu precisava, naqueles instantes, era desviar daqueles que não me viam: era para isso que, frustrado, eu precisava agora estar atento”.
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