Fernandes, Florestan. A Condição do Sociólogo. São Paulo : Hucitec, 1978.
p. 48
“De qualquer maneira, porém, é um período fecundo e eu acho que, na curta história da universidade brasileira, ele é tão rico que é através dele que se engendra um maior envolvimento do estudante na vida do país. É a década de 50 que cria as condições materiais e intelectuais para que o estudante gerasse novos tipos de movimento estudantil e de protesto estudantil logo no início de 1960. Os intelectuais dão pouca importância ao estudante, porque tendem a considerar o estudante como um aprendiz. Mas o estudante, qualquer que tenha sido a manipulação dos movimentos estudantis, qualquer que tenha sido a interferência de partidos ou movimentos externos em sua atividade, assumiu uma posição muito importante na fermentação intelectual. E foi ele que ajudou a quebrar a acomodação conservadora e, praticamente, foi ele que se encarregou de desmascarar a condição elitista do professor. O professor teve de decidir: ou ele ficava gozando daquela autonomia que o protegia, mas ao mesmo tempo o neutralizava, ou ele obedecia e ia além. O estudante teve muita importância nessa evoluicao. Muito mais do que certos movimentos políticos que não chegaram a empolgar todos os professores, eles estiveram por trás da gradual radicalização dos professores e dos “intelectuais engajados” . Se os movimentos políticos fossem “mais sólidos” e “mais maduros”, o estudante teria ficado com um papel menor. No entanto, o estudante se radicalizou mais facilmente. Na medida em que a fermentação atinge a escola secundária o radicalismo entre os jovens, na universidade, vai se ampliando”.
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