UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
PROJETO INTEGRADO: RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DAS REPÚBLICAS ESTUDANTIS DA UFOP
DEPOIMENTO DE DAVID MAXIMILIANO DE SOUZA
A
OTÁVIO LUIZ MACHADO
ENTREVISTADOR: OTÁVIO LUIZ MACHADO
DEPOENTE: DAVID MAXIMILIANO DE SOUZA
LOCAL: BELO HORIZONTE-MG
DATA: 16/01/2003
FICHA TÉCNICA
Entrevistado: David Maximiliano de Souza
Tipo de entrevista: Temática
Entrevistador: Otávio Luiz Machado
Levantamento de dados e roteiro: Otávio Luiz Machado
Conferência, leitura final e notas de rodapé: Otávio Luiz Machado
Elaboração de temas: Otávio Luiz Machado
Local: Belo Horizonte
Data: 16/01/2003
Duração: 3 h.
Fitas cassete: 03
Páginas: 06 p (versão resumida).
Pequena Apresentação do Entrevistado.
David Maximiliano de Souza formou-se em Engenharia Metalúrgica na Escola de Minas de Ouro Preto-MG (1979). Professor secundário e líder sindical da categoria dos professores do Estado de Minas Gerais, David formou-se também em Direito na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e passou a se dedicar como advogado, principalmente para os diversos movimentos sociais de Belo Horizonte. É ex-aluno da República Nau sem Rumo.
OTÁVIO LUIZ MACHADO: David, quando chegou em Ouro Preto, no início dos anos 1970, qual era o grande debate no meio estudantil?
DAVID MAXIMILIANO DE SOUZA: o debate inicial da grande arrancada do processo de integração às outras lutas sociais que buscavam a redemocratização do país começou mesmo com discussão da educação e do decreto 477. O grande debate era a questão da liberdade das pessoas enquanto cidadãos e o repúdio e crítica ao (decreto-lei) 477. Então, centralmente, havia essencialmente uma discussão de uma educação democrática, pois a maneira que se via para se discutir democracia era discutindo tais temas no interior da universidade.
OTÁVIO LUIZ MACHADO: Numa das reitorias da UFOP, que foi a de Theódulo Pereira, qual a sua avaliação quanto à institucionalização da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)?
Eu avalio que o Theódulo contemporizou. Se ele tinha intenção efetiva de implantar a universidade, creio que deve ter tido a avaliação que as forças contrárias a este projeto eram muito fortes. Por outro lado, o reitor que o sucedeu, o Antônio Fagundes (de Souza), já começou a tomar atitudes mais concretas para a efetivação da Universidade.
OTÁVIO LUIZ MACHADO: Fale um pouco da Libelu (Liberdade e Luta).
DAVID MAXIMILIANO DE SOUZA: A partir daquele momento, em 1979, eu penso que a referência política mais importante na esquerda em Ouro Preto passou a ser nós da LIBELU, sem sombra de dúvida. Eu acho que aí o papel jogado pelas direções que dirigia o DA (Diretório Acadêmico) da Escola de Minas era um papel absolutamente local e extremamente reduzido. Era cada vez mais reduzido. Lógico que veio a repressão e as coisas seguram. Mas eu entendia que aquele era um momento de perda hegemonia do DA da Engenharia. Ao que se chama de movimento mais vivo e mais real que extrapola os muros da Escola (Universidade), éramos nós os dirigentes dele sem dúvida nenhuma. Havia ainda um grupo que não discutia política e cujo discurso era “eu sou apolítico”. Havia em alguns diretórios acadêmicos da Escola de Minas desde quando entrei um caráter corporativista e elitista de que “nós é nós e o resto é bosta”. Quanto ao Diretório Acadêmico da Escola de Minas eu não achava que cumpria um papel adequado. Eu achava absolutamente insuficiente. Agiam como uns meninos bem comportados que fazem o que papai permite, incompatível (com o momento). Havia sucessivas direções e gestões a que cabiam a elas esta crítica, porque eles nunca pensaram em produzir qualquer política que se estendesse e que fosse um pouco além do muro da Universidade, em hipótese alguma.
OTÁVIO LUIZ MACHADO: Qual a origem deste preconceito que muitos estudantes de Engenharia tinham em relação aos de Farmácia?
DAVID MAXIMILIANO DE SOUZA: Na minha época o pessoal de Farmácia era rotulado de “cheira-bosta”, porque o pessoal fazia exames de análise clínica. Infelizmente isto vem de uma herança positivista. O estudante de engenharia era o “estudante de engenharia”, e os de Farmácia, “cheira-bosta”. Então o resto não contava e não existia para alguns estudantes. Havia também uma relação anti-ecológica de alguns estudantes com a cidade de Ouro Preto. Isto é que se chama de direita imbecil, que havia no meio estudantil, que era incapaz até de compreender que aqueles conservadores mais inconseqüentes tinham que se aliar com os conservadores da cidade. Infelizmente é uma herança histórica-cultural antiga que é esta da disputa e de preconceito entre os cursos. Evidente que se compreende de um lado a concepção ideológica da ditadura de “Brasil Grande” e “este é um país que vai para a frente”; por outro lado se entende que o técnico tem aí um papel destacado a cumprir. Ele era por excelência um capataz deste regime, sobretudo o engenheiro. O papel do farmacêutico, para citar especificamente o curso de Farmácia, esse era um papel de importância secundária, mesmo porque as farmácias cumpriram um papel social importantíssimo no início do século em inúmeras cidades e vilas espalhadas por todo este país. E não havia médicos. O farmacêutico acabava por cumprir este papel. A partir do momento que o país se industrializava não já era mais necessário. As multinacionais na área farmacológica foram capazes de produzir remédios as toneladas sem necessitar tanto deste tipo de mão-de-obra. Então se o papel social era um papel não mais de destaque naquele momento, era porque de um lado se tinha um Brasil grande que tendia a ir pra frente e do “ame ou deixe-o”, e de outro lado, o do técnico de uma área de farmácia que, se tinha nos primórdios do século um papel mais destacado, do ponto de vista da sociedade industrial impulsionada pela ditadura militar, esse papel já era um papel bastante secundário. Isso se reflete na mentalidade dos estudantes da época e respondia numa certa medida a esse preconceito. É um preconceito que tinha, portanto, uma origem social, mas que era também econômico e dizia respeito ao papel que o regime e a ditadura reservavam para cada um. Pra um se reservava um papel de destaque, o de capataz, e pra outro o papel de secundário ou até mesmo nenhum papel.
OTÁVIO LUIZ MACHADO: Então a vitória seria tecnicista?
DAVID MAXIMILIANO DE SOUZA: Era a vitória tecnicista, sim, porque o técnico é apolítico e a ditadura queria técnicos apolíticos, ou seja, técnicos que cuidassem bem da técnica e que não se metessem na política, porque essa ficava para os generais.
OTÁVIO LUIZ MACHADO: Conte os inícios da preparação dos protestos do 21 de abril de 1980.
DAVID MAXIMILIANO DE SOUZA: Em 1979, eu era engenheiro e aconteceu a greve dos professores, que veio a fundar a antiga UTE, posteriormente Sind-Ute (Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação). Eu como estudante de engenharia fazia o meu curso trabalhando como professor de Física da rede pública, mas não era da rede estadual (de ensino o Estado de Minas Gerais). Mas ainda assim, naquele vácuo de liderança, acabei por liderar a greve em Ouro Preto e daquela região. E com isso aprofundei bastante os laços nossos com os trabalhadores. Desta maneira adquiríamos um compromisso com os trabalhadores. Então, em abril de 1980, marcamos para o dia 21 a abertura da segunda greve dos professores, devido ao fato de que o governo do Estado deixou de atender a determinadas reivindicações que nós considerávamos centrais na pauta negociada com o governo em 1979. Nós decidimos que começaríamos novamente a greve e que a iniciaríamos em Ouro Preto. Por coincidência, Francelino Pereira (o Governador do Estado) e João Batista Figueiredo (o Presidente da República) estariam na cidade no mesmo dia. Como o ato de abertura da greve coincidiria com o evento do 21 de abril, o nosso trabalho foi o de tentar determinar um outro local. Na época eu era presidente da sub-sede do Sindicato de Ouro Preto e era naquele momento o representante do sindicato na cidade onde se abriria a greve. Então, com isso me foram atribuídas responsabilidades de organizar e montar toda uma infra-estrutura para este ato. E nesta condição eu busquei discutir com os estudantes e com os representantes da UNE sobe a maneira a ser dada acerca da participação dos estudantes neste ato. E seria um ato mais amplo do que um ato de professores. Seria uma série de protestos em conjunto trabalhadores e estudantes, mas que marcaria o início da greve dos trabalhadores da educação de Minas Gerais no dia 21 de abril de 1980.
OTÁVIO LUIZ MACHADO: Mas faziam tudo com pouca preocupação com normas de segurança?
DAVID MAXIMILIANO DE SOUZA: Na época nós tínhamos na nossa organização (a Libelu) várias células. E naquela época nós desconfiávamos de uma pessoa chamada Flávio, que freqüentava as repúblicas e estava entre nós, às vezes, estando inclusive uma ou duas vezes na minha casa. Nós decidimos numa determinada reunião que esta pessoa teria que ser investigada, atribuindo essa responsabilidade a alguns companheiros que eram estudantes, mas que não compreenderam a seriedade da situação do momento e acabaram não dando conta desta tarefa. Aí bomba nenhuma explodiu em Ouro Preto, mas as coisas explodiram para nós em Ouro Preto. E explodiu no dia 17 de abril (de 1980), que ocorreu de uma maneira absolutamente surpreendente para nós.
OTÁVIO LUIZ MACHADO: Aqui então entra a armação que fizeram contra você “plantando” bombas na sua casa?
DAVID MAXIMILIANO DE SOUZA: Eu me encontrava em uma reunião com os estudantes na Escola de Minas de Ouro Preto, quando soube que a polícia tinha cercado o meu “barraco”, que era Rua Costa Sena e perto da Escola de Farmácia. Então naquele momento era fundamental não ser pego. Era uma situação com um bebê de alguns meses e a minha esposa habitando comigo a mesma casa. Ao ser noticiado sobre este cerco, os nervos do dedo do pé até a cabeça não havia um que não balançasse. O que era aquilo? A gente não se dava conta de avaliar a dimensão do fato político que começava a acontecer. Era o desmantelamento, sem dúvida nenhuma, de nossa organização. É interessante notar que um professor da Escola de Minas de Ouro Preto chamado Nicodemus que, no ato da possível apreensão de um material explosivo na minha casa, estava lá como testemunha. Todo mundo sabia que este material explosivo havia sido “plantado” e que tinha sido uma farsa. Este professor, que também era um diretor da Alcan, era justamente um diretor de uma empresa que a gente mobilizava os trabalhadores operários e metalúrgicos, e que foi servir de testemunha da polícia ali na minha casa na hora de “encontrar” o dito material que eu porventura guardava. E na minha avaliação, caso naquele momento eu permito que a repressão me pegue eu não estaria aqui contando esta história para você. Não estaria mesmo! Naquele momento, os 15 sindicalistas do ABC (paulista) estavam presos, entre eles o Lula (Luís Inácio Lula da Silva). E eu não sei se as pessoas se lembram, mas estava em curso alguma coisa que eles chamavam na época de “operação cristal”, que diziam ser comandada pelo Gentil Marcondes e pelo Antônio Bandeiras – se não me engano –, generais que já morreram, e Milton Tavares de Souza, comandante do II Exército do Rio de Janeiro. Esse Bandeira foi para o IV Exército do Recife, e esse Gentil, para o I Exército do Rio de Janeiro. Era uma tentativa por dentro do regime de explodir com o processo de Distensão, embora houvesse iniciativas do Governo (Ernesto) Geisel noutro sentido. Um pouco antes havia sido demitido o General Ednardo Dávila Melo, comandante do II Exército de São Paulo, e demitido Sílvio Frota do comando do Exército, porque ele havia se solidarizado com o comandante do II Exército Ednardo Dávila Melo, isto por ocasião do assassinato do Vladimir Herzog nos porões do DOI-CODI. Então este era o cenário que inspirava cuidados. À época, havia de fato, uma atividade marcada pelo PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) em Ouro Preto. Então, isto era 17 de abril de 1980.
OTÁVIO LUIZ MACHADO: E a fuga?
DAVID MAXIMILIANO DE SOUZA: Então, nós articulamos uma maneira de eu escapar da Escola. E eu escapei. Todos indicaram saídas, mas eu conhecia aquela escola como a palma da minha mão porque tinha freqüentado e passado por ali durante vários anos. Então eu conhecia a saída mais distante da frente da Escola, que era mais vulnerável.
OTÁVIO LUIZ MACHADO: Eu me membro que o Geba (Geraldo Baldi) comentou que te ajudou a fugir.
DAVID MAXIMILIANO DE SOUZA: O Geba com certeza, e algumas meninas, também, os quais são difíceis de lembrar o nome. Tão corajosas! É uma pena, dá uma pena, porque elas estavam apavoradas e chorando. E eu falei: “não gente, não vamos chorar não. O negócio aqui nós temos que sair dessa para ver como reagir”. Então arrumaram um carro e eu fui transportado para Passagem de Mariana (distrito da cidade de Mariana, cerca de 10 km de Ouro Preto). Então tinha uma casa lá numa república onde moravam o “Milboi” e outros. E então lá nós nos reunimos para rearticular e tentar montar a resistência e como nós faríamos. E aí nesse ínterim já havia ocorrido a demissão do companheiro chamado “Marcos metalúrgico”, que era técnico-metalúrgico da Alcan (Alumínios Canadenses SA, a fábrica da Saramenha), do meu companheiro Milton ... Então, esse dia 17 de abril significou o desbaratamento completo da nossa organização, a demissão de todos os operários que mobilizavam os trabalhadores na Alcan acerca das reivindicações que a gente construía através das assembléias que havíamos realizado. E mais tarde, à noite, principalmente, ocorreu a prisão arbitrária de muitos estudantes. Então eu estive em Passagem de Mariana e fizemos uma reunião para articular a resistência, e não tenha dúvida de que, no desespero, a crise se abate destrocando os ânimos. E alguns companheiros chegaram a mostrar assim um receio absolutamente irracional do que poderia vir a acontecer. Eu entendi que melhor era, se fosse acontecer alguma resistência, que articulássemos através dos mais diversos organismos que pudessem fazer isso aí. Aí nos tentamos desde o 1o momento a contatar o Comitê Brasileiro de Anistia, que era chefiado pela Dona Helena Greco aqui Belo Horizonte. E tentamos enviar mensagem ao PMDB, que ia fazer um ato para protestar e para denunciar. E a UNE foi avisada. Pedimos que fosse avisada de imediato, também, todas aquelas entidades capazes naquele momento – apesar do receio enorme lá naquela época – de articular alguma reação. Fizemos uma avaliação na casa numa determinada noite de que aquele local já podia estar vendido e era importante que eu me retirasse de Ouro Preto. Então nos reunimos lá naquela casa com representantes da UEE e da UNE para a minha saída com os estudantes, mas eu achei que o plano era ingênuo e comportava em passar por barreiras policiais. Foi, digamos, de maneira isolada e solitária, que nós acabamos articulando a minha saída de Ouro Preto. Então com um colega chamado David Pinheiro Jr., professor hoje da Escola de Minas, nós arrumamos um carro e saímos por João Molevade até Belo Horizonte. Posteriormente, reunidos com os meus companheiros de Belo Horizonte, decidimos que fosse melhor a minha saída de Belo Horizonte para São Paulo.
OTÁVIO LUIZ MACHADO: E como foi o retorno a Belo Horizonte?
DAVID MAXIMILIANO DE SOUZA: Quando eu me apresento aqui (em Belo Horizonte) por volta de maio, no DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), já fui acusando a polícia pela farsa. E o prefeito licenciado hoje de Belo Horizonte, Célio de Castro, me acompanhou e atestou a minha integridade física e psicológica naquele momento, para evitar eventuais surpresas desagradáveis na frente. Eu estive preso em Juiz de Fora na Penitenciária de Linhares, e a minha ex-mulher foi pra lá na época morar na cidade para estar me acompanhando. Eu estive lá por quase um ano. Quando vencia a pena de prisão para um ano eu fui julgado pelo Superior Tribunal Militar (STM), em Brasília, e absolvido por unanimidade. A sentença do Superior Tribunal Militar que reconhece a minha inocência não isenta a polícia ou integrantes da polícia. O Tribunal chegou a insinuar claramente ou a localizar responsabilidade dela. Talvez do delegado de Ouro Preto etc e tal. E elogia de maneira muito interessante a minha companheira por não ter me abandonado, que era o que eles queriam fazer para me desmoralizar e me caracterizar como desqualificado. E aí eu voltei e retomei as minhas atividades fazendo as mesmas coisas. Eu tinha fundado a sub-sede do Sind-Ute. Quando retornei da prisão, ainda acabei contribuindo com a fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) em Barbacena e por ali na região. Na sub-sede de Barbacena fui o Presidente. Participei de algumas direções estaduais do PT, mas acabei dedicando muito a esta tarefa de fundação do Sindicato (de professores), permanecendo em várias gestões do sindicato nos mais diversos cargos, aqui em Belo Horizonte, tanto para construir como para consolidar o sindicato (dos professores da educação) no Estado de Minas Gerais.
sábado, 5 de abril de 2008
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8 comentários:
Ridiculo!! Eu morava em OP nesta epoca. O cara fugir de Ouro Preto e se esconder em Passagem de Mariana e' simplesmente ridiculo. para quem nao saiba a distancia entre Passagem e OP sao apenas 8km. E outra coisa ...nesta epoca ja nao havia repressao nenhuma.
Acredito que o Eduardo vivia em outro mundo. O David Maximiliano foi um tanto sintético nas suas respostas. Enfim se o mesmo sobriviveu à repressão, e hoje está vivo, isto é devido a diversas pessoas que acreditam que ainda é possível a democracia se estabelecer neste canto geográfico do planeta Terra chamado Brasil.
Não há como viver em outro mundo, mas ser cego sim, estrábico tb, caolho, míope ou que seja que não permite olhar,ver e enxergar, como é o caso do sr. Eduardo.
Agora que vi esta entrevista, eu estive presente durante os acontecimentos gerados pela vinda do Gal. Figueiredo a Ouro Preto. Eu Geba, e o Baiano Preto estávamos na igreja do Carmo e vimos a polícia achando os explosivos na casa de David, isto referendado pelo Prof. Nicodemus. Fomos rapidamente ao Diretório Acadêmico, mas o David já tinha partido e estava em lugar seguro. Quem colocou os explosivos era um bebum conhecido, e ele deu com a língua nos dentes, mesmo assim David foi julgado em Juiz de Fora (estive presente) e pegou 1 ano de prisão. A repressão foi total, muitos apanharam, outros fugiram. Só quem estava lá na luta pode descrever o terrível clima que se instalou em Ouro Preto naquela ocasião. Fico me perguntando por onde andará o Mil-Boi, e outros da época. Abraços
Oi. Eu sou uma das meninas corajosas. Lourdinha Mohallem, naquela época, estudava Farmácia. Ei Geba!Ei Davi! Orgulho de ter combatido a ditadura!
David. Me lembro bem. Era um sábado à tarde e estava tendo um evento no salão da faculdade de farmácia. Tava chato, sai para ver o Rubinho na PS. Passei na frente da sua casa é vi a confusão, que estava iniciando. Sai correndo para te avisar no DA
Saímos do DAF....passando pela rua, percebemos (eu e Lana) o estranho movimento e pessoas suspeitas (DOPS) em frente a casa do Prof. David, inclusive no alto da igreja N.Sra. do Carmo (espiões, dedo-duros).....nos contemos e continuamos andando nervosamente.
Chegamos até a Praça Tiradentes perguntamos a um e outros colegas onde poderíamos encontrar o prof. e nos disseram que estava na Escola de Minas imprimindo manifesto contra a visita de Gal. Figueiredo e tropa aquartelada na região..."então foi avisado" o que acontecia em sua casa.
Assim foi possível sua fuga e prisão em flagrante.
Assim é parte de uma história triste, lamentável , condenável ...e que nunca torne a acontecer em tempo algum em nenhum lugar onde exista "gente", seres humanos.
ABAIXO A DITADURA... SEMPRE.
Talvez vc continue anônimo como se apresenta...
Mas vivemos sim uma época tenebrosa...fugíamos, escondíamos a cada 21 de abril.
Nossas repúblicas eram invadidas pelos "GORILAS" que rasgavam nossos : "A MÃE de GORKI", PAULO FREIRE e DOM HELDER
CÂMARA.
A DITADURA e os DITADORES adoravam e adoram "medalhas" nesta data em Ouro
Preto.
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