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vestibular Unificado - Movimento estudantil ‘segura’ Consepe da UFMT novamente
Universitários e secundaristas dominam reitoria pela 2ª vez na semana
Da Assessoria de Imprensa da Adufmat, Keka Werneck (9922-9445)
Pela segunda vez em menos de uma semana o movimento estudantil conseguiu impedir hoje (14) que o Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) da UFMT se reunisse para decidir se a federal de Mato Grosso vai ou não aderir ao novo modelo de vestibular unificado proposto pelo Governo Lula. Os estudantes querem que, antes de qualquer decisão, o assunto seja posto em vários debates até que a comunidade acadêmica e a sociedade de modo geral compreendam os impactos do novo modelo na Educação do país, culminando em uma Assembléia Geral Universitária, deliberativa, para que a decisão envolva o povo. No final da tarde de hoje, informações extra-oficiais davam conta que o Consepe se reuniu em outro local e aprovou o vestibular unificado. Nada confirmado. Mas por que não o debate?
A reitora Maria Lúcia Cavalli Neder insiste em manter a decisão somente dentro do Consepe e rechaça a possibilidade de chamar uma assembléia.
Na última segunda-feira (11) o Conselho se reuniu, mas a reitora suspendeu a sessão, por conta do protesto estudantil. Nova reunião do Conselho estava prevista para hoje às 13h30. Informações de que a reitoria ia, numa estratégia, adiantar a reunião para meio dia, levou estudantes cedo para a reitoria, que, novamente, foi dominada.
“Chegamos às 8 horas, porque a gente sabia que não iam nos deixar entrar”, explica a estudante de jornalismo Mariana Freitas, do DCE da UFMT.
Os seguranças fecharam a porta da frente da reitoria, mas os estudantes forçaram a entrada. “Sem quebrar nada, só queremos participar do processo de decisão”, afirma Mariana.
A Polícia Militar do campus foi para a reitoria.
“Quando eu cheguei, a polícia estava lá fora e a porta estava trancada. Estava chovendo muito e todo mundo molhado lá fora”, conta Luana Soutos, do Centro Acadêmico de Comunicação Social (Cacos). Segundo ela, mediante a informação de que a reunião seria adiantada, os militantes começaram a chegar para pedir a Assembléia Geral Universitária. “Alguns professores tentaram conversar com o vice-reitor, Francisco Souto, pediram a ele para ouvir o ato e adiar a reunião, mas ele disse que não, que isso poderia interferir na governabilidade da UFMT”.
Sobre por que não o debate, o professor da UFMT Roberto Boaventura diz que na verdade há uma imposição do governo para os reitores. “Já tentei ponderar numa conversa que tive com o vice-reitor, agora há pouco, no sentido de suspender a reunião e abrir o debate, essa seria a forma mais equilibrada da universidade resolver isso, mas há uma resistência por parte da reitoria que parece sentir-se na obrigação de dar uma resposta imediata, cumprindo a agenda do MEC”. Na opinião dele, “o protesto dos estudantes é legítima, democrática e, até o momento, absolutamente pacífica, portanto caberia à reitoria agora a sensibilidade política para abrir o diálogo com a comunidade”.
Ocupar, resistir, gritavam os estudantes, fazendo uma barreira no corredor antes da sala do Consepe. “Vamos manter a resistência aqui dentro”, disse o estudante de Ciências Sociais, Jelder Pompeo, coordenador geral do DCE da UFMT. “Que a democracia se faça nessa universidade!”
O professor Juacy da Silva, diretor de Imprensa e Divulgação da Adufmat, levou ao ato o posicionamento da Associação dos Docentes da UFMT e do ANDES-SN. “Já tiramos posição contrária ao vestibular unificado, porque achamos que está faltando mais discussão. E a proposta do ministro é equivocada, ele se baseia na democratização do acesso, quando o MEC aumentou 30 mil vagas no ensino superior e o ensino privado aumentou mais de 1 milhão e 400 mil vagas. Então não pode haver acesso se não aumentam de fato as vagas. O MEC fala que vai haver mobilidade dos estudantes: isso é mentira! Os estudantes pobres não têm condições de ir para outros estados e se manter com uma bolsa de miséria de R$ 180. Há muitas questão aí, então por que discutir de forma intempestiva?”
Durante mais de 2 horas os estudantes impediram que os conselheiros entrassem na sala do Consepe, acreditando que, se a reunião acontecesse, haveria, fatalmente, uma decisão vertical.
Não havia certeza sobre a presença da reitora e de outros conselheiros na sala do Consepe. Informações não confirmadas davam conta que um grupo, fechado pelo bloqueio dos alunos, escapou por uma passagem secreta, construída no prédio da reitoria da UFMT na época da ditadura, período em que a estrutura foi erguida.
Por volta das 14 horas, surgiram os primeiros rumores de que já não havia mais ninguém ali e que a reunião do Consepe estava automaticamente suspensa.
Por que não o debate? Perguntada sobre isso, a professora Ludimila, Conselheira do Consepe, disse: “Peçam, peçam...” – sendo interrompida pela massa, que respondia: “Estamos pedindo, estamos pedindo!” Ela se colocou entre os alunos a favor do vestibular unificado. Foi vaiada. Questionada sobre por que não uma Assembléia Geral Universitária, ela respondeu: “Não sei, não sei...existe o Consepe, sempre foi o Consepe que representa todas as instâncias da Universidade” . Perguntada se a UFMT não pode dar uma demonstração de democracia abrindo o debate, ela disse: “Pode, mas o Consepe é que faz isso e ele não está podendo se reunir”.
Ela afirmou que a convocação para a reunião do Consepe saiu no site da UFMT. De fato saiu dia 13. “Vocês estão achando que é ditadura? Vocês não viveram a ditadura” – alfinetou.
Para a estudante Larissa Marques Rodrigues, 21, da Engenharia Elétrica, há um único motivo para que a reitora insista em não abrir para o debate. “Eles querem simplesmente fazer o que o governo federal determinou e tirar o deles da reta. Porque o mais fácil é aderir agora, para não ficar contra, para não ser a universidade que não quis apoiar o Governo Lula, é isso que eles querem”.
Pedro Aparecido, do Sindjuf, esteve no ato em apoio aos estudantes. Para ele, “na UFMT não há diálogo com pensamentos divergentes. A democracia no entendimento da reitora é no sentido de dialogar com o grupo dela, mas não com a comunidade escolar e o movimento dos trabalhadores” .
Conselheiros favoráveis e contra o vestibular unificado voltaram para casa. O Consepe ainda terá que reunir para decidir sobre o polêmico vestibular unificado. Se que é que já não o aprovou na surdina.
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