quinta-feira, 21 de maio de 2009

Novo Enem - É preciso ler e se informar


FONTE: http://jc.uol.com.br/canal/educacao/vestibular/noticia/2009/05/21/e-preciso-ler-e-se-informar-188242.php

Vestibular // Novo Enem
É preciso ler e se informar
Publicado em 21.05.2009, às 12h30Do Jornal do Commercio
O fera que esperava menos assuntos de ciências humanas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) errou feio. Professores de história e geografia não perceberam grandes mudanças no programa, que segue extenso e apostando nos pontos convergentes entre as duas disciplinas. Mas que ninguém confunda a interdisciplinaridade com superficialidade nas questões. Para se dar bem nesse bloco da prova objetiva, o vestibulando precisa se dedicar a boas leituras e reservar tempo para se inteirar sobre o que acontece no mundo. Amanhã, a última reportagem da série sobre o Enem detalha o conteúdo de linguagens.Nos últimos anos, a Comissão de Vestibular das universidades federais de Pernambuco (Covest) tendia à interdisciplinaridade em quesitos de história e geografia. Por isso, o estilo do Enem não deve surpreender o estudante, opina o professor de história Sérgio Sales, do Colégio GGE. Mas avisa que tópicos novos não podem ser desprezados.Um dos temas inéditos é o de história e cultura dos povos africanos, cujo ensino é orientação do Ministério da Educação. O problema é que a África aparece quase sempre como pano de fundo da história ocidental. Assim, a maioria dos alunos dependerá da iniciativa dos professores. “O Império Mali, por exemplo, é contemporâneo da idade média européia, mas praticamente não aparece nos livros do ensino médio. Teremos que destrinchar isso em aula”, explica Sales.Independentemente do assunto, dificilmente os temas aparecerão isolados, lembra o professor de geografia João Correia, do curso FAP. “O aluno não deve se prender ao programa de geografia e história que o ministério divulgou. Geografia, por exemplo, tem temas em química, biologia, física, literatura”, avisa. Correia defende que os feras devem ser estimulados com recursos como gráficos, datashow e vídeos, para entender a relação entre as disciplinas.A chance de aparecerem questões que vinculam aspectos históricos aos geográficos é grande, aposta o professor de geografia. Ficar atento às notícias políticas e econômicas contribui para entendê-los melhor. Exemplo disso é a tensão na Faixa de Gaza, que opõe palestinos e israelenses.“O conflito remete ao fim da 2ª Guerra Mundial e à criação do Estado de Israel pela ONU (Organização das Nações Unidas”, comenta Sérgio Sales. Aspectos territoriais e econômicos também influem no embate. “Gaza é região estratégia com saída para o mar, o que possibilita o controle do comércio com o Egito”, exemplifica João Correia.Com tantos conteúdos ligados à geografia humana, o fera ainda terá de dar bastante atenção à parte física. Estão no rol de assuntos o relevo, clima, vegetação e fenômenos como efeito estufa e camada de ozônio. Além de buscar informação nos livros didáticos e meios de comunicação, a literatura dá subsídios para entender a paisagem brasileira. João Correia indica a literatura de Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Jorge Amado e Erico Veríssimo, entre outros, que aborda aspectos sociais, culturais e naturais do País.Quanto às questões regionais, os professores crêem que serão pouco exploradas no Enem. “A exceção são os grandes temas, como a expulsão dos holandeses de Pernambuco”, pondera o professor de história do GGE. Por outro lado, a 2ª fase da UFPE poderá valorizar mais questões sobre fatos históricos locais e geografia de Pernambuco.Para feras de todas as áreas, a contextualização das ciências humanas com outras áreas vem para elevar o nível das provas. “Isso é positivo, porque privilegia o bom aluno”, opina Amanda Monteiro, 18 anos, candidata de direito na UFPE. Rafael Bertão, 18, outro fera de direito, lembra que é preciso saber os conceitos e como aplicá-los. “Tem que ter conteúdo”, sentencia. Tentando vaga em medicina na UFPE e na UPE, Iza Lucena, 19, acredita que a quantidade de questões – 50, nesse bloco – não atrapalhará quem é de saúde e exatas.Os vestibulandos sabem que o sucesso na prova depende da capacidade de ler nas entrelinhas. Que ninguém se espante, então, se uma questão aparentemente de geografia envolver conceitos de física – como a diferença de luminosidade solar em cada estação do ano – ou se as epidemias globais (tema de biologia) forem usadas para testar conhecimentos sobre migração.

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