FONTE (S): http://www.uff.br/obsjovem/mambo/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=48&Itemid=32
AS PASSEATAS ESTUDANTIS: ASPECTOS DA CULTURA ESCOLAR E URBANA
AMARAL, Giana Lange do
. – Faculdade de Educação / UFPel – giana @ufpel.edu.br
GT: História da Educação / n.02
Agência Financiadora: CNPq
A alegria, a irreverência e a ousadia juvenis demonstradas através da
realização de passeatas é uma tradição que vem desde os primórdios das universidades
européias. As marchas ou passeatas estudantis constituem-se em movimentos
ritualizados e coletivos com objetivos cerimoniais, cívicos, patrióticos ou de protesto,
desenvolvendo-se nas ruas das cidades e assumindo características próprias, de acordo
com o contexto nacional e urbano no qual estão inseridos. Por vezes evocando de forma
saudosista ações do passado ou criticando e alertando sobre situações do presente, essas
práticas culturais têm por base um certo nível de consenso público, atraindo a
participação e simpatia popular.1
Através de diversos símbolos constituídos, fundamentalmente, por cartazes
e imagens caricatas, essas criações culturais representam formas cerimoniais específicas
de suas próprias épocas, necessidades e possibilidades.
Com uma visão que privilegia a participação discente, o presente trabalho
faz parte de um estudo que buscou analisar aspectos que sustentaram as diferenças
ideológico-educacionais existentes em duas Instituições Escolares da cidade de Pelotas:
o Colégio Gonzaga, de ensino católico e o Colégio Pelotense, de ensino laico, criado
pela Maçonaria.2 O clima de disputa ideológica que havia entre a Igreja Católica e a
Maçonaria, a partir da década de 1930, se transferiu de forma peculiar para os alunos do
Pelotense e do Gonzaga. O significado e os desdobramentos dessas disputas no contexto
cultural escolar e urbano é a principal questão a partir da qual se desenvolve esse estudo
que enfatiza as décadas de 1930 a 1960 - época de explícitas rivalidades entre as duas
escolas; reflexo, também, do conflito que vinha ocorrendo no Brasil entre os princípios
educacionais que as sustentavam: o ensino laico (não confessional) e o ensino católico.
Essa rivalidade tinha seu ponto alto nas irreverentes passeatas estudantis realizadas
1 O artigo de RYAN (1992), conduz alguns esclarecimentos referentes à organização e ao significado das
passeatas e paradas como práticas culturais inseridas no contexto urbano.
2 O Pelotense foi criado em 1902, por iniciativa da Maçonaria, constituindo-se em uma alternativa de
ensino laico de qualidade, que se contrapusesse ao ensino católico ministrado no Gonzaga, criado em
1894 pelos jesuítas, e que era a mais renomada instituição de ensino de Pelotas.
pelos alunos do Pelotense, onde eram apresentadas críticas ao contexto nacional e
internacional assim como aspectos que envolviam o catolicismo. Estas passeatas se
incorporaram à cultura urbana. É importante salientar que, ao ser estudado o seu
significado cultural, deve-se ter presente características que envolvem a história da
cidade e do próprio Colégio Pelotense. Características essas vinculadas às procissões
católicas3 (as Passeatas dos alunos do Pelotense podem ter representado um irreverente
deboche às procissões), aos tradicionais “carnavais de rua”4 e, também, ao costume dos
alunos, desde a criação do Colégio, de saírem às ruas em práticas cerimoniais alusivas a
datas comemorativas. Na realidade, as Passeatas tornaram-se rituais de unificação de
um grupo (Gatos Pelados) contra outro (Galinhas Gordas).5
Convém ressaltar que a análise da participação discente de instituições
educacionais ainda é pouco utilizada por pesquisadores no âmbito da História da
Educação. Neste trabalho esta abordagem faz emergir as práticas dos alunos de uma
instituição, se constituindo em um rico objeto e, ao mesmo tempo, fonte de análise das
conseqüências objetivas provocadas pela assunção de determinadas ideologias
educativas, por parte dessas instituições. Dessa forma, busca-se privilegiar as ações dos
sujeitos, através da sua apropriação e do uso que fazem das formas culturais, ou seja, de
suas representações. Representações, que segundo as formulações de Roger Chartier,
são “práticas culturais”, isto é, são estratégias de pensar a realidade e construí-la
(BURKE, 1992, p. 34).6 Pretende-se caracterizar a produção de um habitus específico
3 As procissões em homenagem ao Padroeiro da cidade, São Francisco de Paula, já ocorriam desde 1844
(OSÓRIO, 1962). Com o crescimento e consolidação do catolicismo em Pelotas, especialmente a partir da
instalação do bispado, na década de 1910, as procissões se popularizam, congregando grande número de
fiéis.
4 “Por ser Pelotas uma cidade extremamente marcada pela presença africana, tornou-se célebre o seu
carnaval de rua. No passado mais remoto, esta festa popular guardava reminiscências dos cantos e
danças dos antigos escravos; os clubes que saíam às ruas, com seus estandartes bordados a ouro
[...].Com o tempo, foram se misturando a esses traços primitivos as alegrias e os brinquedos europeus.
Eram confetes, serpentinas e lança-perfumes; carros alegóricos e corsos; fantasias de Pierrot, de
Colombina, de trajes típicos de todo o mundo. Eram homens vestidos de mulher, num desafio às
convenções” (MAGALHÃES, 1999, p. 71).
5 Gato Pelado é o apelido dado aos alunos do Colégio Pelotense, assim como Galinha Gorda, aos do
Gonzaga. Tais denominações originam-se das iniciais “GP” de Ginásio Pelotense e “GG” de Ginásio
Gonzaga e, ao mesmo tempo, de uma suposta alusão a alunos oriundos de famílias de origem “plebéia” e
àqueles de origem mais abastada e aristocrática.
6 Também fundamento minhas análises sobre a ação dos sujeitos a partir das idéias desenvolvidas por
Pierre Bourdieu. Para esse autor cada grupo social possui um habitus, que é a propensão de seus membros
para selecionar respostas frente a um repertório cultural particular, de acordo com as demandas de uma
determinada situação ou de um determinado campo. O conceito de habitus é empregado por BOURDIEU
(1992, p. 8), portanto, como o “sistema dos esquemas interiorizados que permitem engendrar todos os
pensamentos, percepções e ações caracterísitcos de uma cultura”. O habitus funciona no nível prático
como categoria de percepção e apreciação, como princípio organizador da ação, sendo caracterizado
como um sistema de “disposições adquiridas pela experiência, logo, variáveis segundo o lugar e o
comum aos alunos que estudaram nestas escolas - os Gatos Pelados e os Galinhas
Gordas - e que se torna bastante nítido a partir da década de 1930. São valores, atitudes,
posturas, sentimentos e idéias compartilhados por muitos daqueles que passaram por
estes educandários e que, percebe-se, são nitidamente diferenciados. Eles resultam das
táticas de apropriação e das estratégias de imposição de modelos culturais, ou seja, da
forma pela qual os indivíduos reinterpretam e se utilizam de modelos culturais impostos
e que estão em circulação num determinado momento (CERTEAU, 1994).
Nesse sentido, fica clara a importância do estudo da cultura escolar
focalizando aspectos históricos de uma determinada instituição de ensino. Segundo
FRAGO (1994, p. 5), cultura escolar deve ser entendida como um conjunto dos
aspectos institucionalizados que caracterizam a escola como organização, o que inclui,
“práticas e condutas, modos de vida, hábitos e ritos - história cotidiana do fazer
escolar -, objetos materiais - função, uso, distribuição no espaço, materialidade física,
simbologia, introdução, transformação, desaparecimento... -, e modos de pensar, assim
como significados e idéias compartilhadas”.
É interessante apontar que o Pelotense, assim como o Gonzaga, foram uma
referência de educação formal na cidade e no estado, formando a elite intelectual e
econômica da região. Tiveram sua história intimamente ligada ao desenvolvimento do
ensino superior público e privado em Pelotas, pois a partir desses colégios foram criadas
faculdades que, juntamente com outros cursos, deram origem à Universidade Católica
de Pelotas, fundada em 1960 e à Universidade Federal de Pelotas, fundada em 1969 .
Salienta-se que, desde a sua gênese, no clima de ferrenha disputa políticoideológica
entre a Maçonaria e a Igreja Católica, através da educação, o Pelotense e o
Gonzaga buscavam preservar e ampliar sua área de influência na sociedade. A educação
constituía-se, portanto, num campo estratégico para a propagação e a inculcação de suas
idéias.
O Colégio Pelotense, onde meninos e meninas estudavam juntos, e o
Gonzaga, colégio católico masculino, defendiam junto à comunidade pelotense
diferenciadas posturas ideológicas, às quais estavam atrelados desde a sua criação.
Assim, revela-se fundamental a abordagem sobre as relações declaradamente pouco
amistosas, especialmente entre os alunos, dessas duas Instituições de Ensino.
momento” (BOURDIEU, 1990, p. 21). São disposições socialmente construídas que possibilitam ações
criadoras, ativas, inventivas de parte dos sujeitos, considerados como agentes ativos.
Nesse sentido, as diretrizes gerais que orientaram o desenvolvimento desta
pesquisa são metodologias que ampliam a perspectiva do uso de fontes. Essas diretrizes
são bastante discutidas por autores ligados à Nova História que, como afirma LE GOFF
(1995, p. 21), embora não tenham um denominador ideológico comum, partilham da
mesma preocupação de fazer a história avançar por novos caminhos. Desvinculados de
qualquer ortodoxia ideológica, buscam em múltiplas contribuições a pluralidade dos
sistemas de explicação para além da unidade da problemática.
Sendo assim, no presente estudo, foram utilizadas fontes orais, escritas e
iconográficas. Na utilização de fotografias tomou-se por base LEITE (2000) e
CARDOSO E MAUAD(1997) na análise de fotos das passeatas estudantis.
Com o objetivo de buscar uma aproximação do clima vivenciado naquele
período foram realizadas entrevistas com pessoas ligadas às Instituições Educacionais,
partindo da orientação metodológica de autores que fundamentam a História Oral e o
uso da memória na História da Educação7. Esse procedimento, além de estimular o
debate e alargar a problemática da investigação, permitiu que viessem à tona certos
contextos e acontecimentos que se perderam no tempo.
Os jornais, boletins informativos, almanaques e revistas se constituíram em
uma fonte fundamental na coleta de dados, pois possibilitaram uma leitura das
manifestações contemporâneas aos acontecimentos, e uma real aproximação dos
discursos emitidos na época em relação ao projeto de sociedade, bem como às
instituições sociais, e dentre elas, à escola. No entanto, tais fontes se caracterizam pelo
seu caráter polêmico e por vezes passageiro, representando um produto cultural de
sujeitos específicos em um determinado contexto histórico e devem ser analisados a
partir dessa compreensão. Nesse estudo também são utilizados como uma fonte
potencial de pesquisa, os impressos estudantis produzidos pelos alunos do Gonzaga e do
Pelotense. Assim, tem-se a possibilidade de se ouvir uma voz pouco escutada pelos
pesquisadores. É o ator estudante que se manifesta, que registra, que inscreve a sua
manifestação através dos impressos.
1 As passeatas
7 Entre vários autores que vêm tratando desse assunto, cito: FERREIRA e AMADO(1998);
FERREIRA(1994); FÉLIX (1998).
Em Pelotas, as passeatas dos Gatos Pelados representaram a continuidade de
uma confraternização estudantil que já existia na cidade desde o ano de 1913: a
“Semana Centenária”.
Foi em 1913, num período de expectativas e dificuldades enfrentadas tanto
em nível mundial - com os conflitos que levaram à Primeira Guerra - quanto em nível
local - com a decadência das charqueadas, importante atividade econômica da cidade -,
que João Simões Lopes Neto8 lançou, através da imprensa, entre os jovens estudantes da
cidade de Pelotas, a idéia da comemoração da Semana Centenária. Esse nome surgiu em
alusão ao fato de que no ano anterior, no dia 07 de julho de 1912, a cidade completara
cem anos. Seu aniversário havia sido amplamente comemorado. A história de
crescimento econômico e cultural de Pelotas, que teve seu apogeu na segunda metade
do século XIX foi, então, bastante lembrada. Provavelmente, em função das
dificuldades que a cidade já vinha enfrentando, os ecos das comemorações do ano
anterior, motivaram Lopes Neto a incitar a “juventude estudiosa” a parar suas atividades
escolares durante uma semana para que fossem realizados os festejos do que propôs ser
a Semana Centenária que ocorreria do dia 07 de julho ao dia 14 de julho – data em que,
desde a implantação da República, os pelotenses, nos meios sociais e intelectuais,
enalteciam os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, propugnados pela
Revolução Francesa.9
Ao mesmo tempo em que o autor da idéia propunha que se realizasse um
amplo movimento estudantil, que contasse com a participação de alunos de ambos os
sexos e de todas as idades (acadêmicos, de ensino secundário e de ensino primário),
marcado pela irreverência e alegria, semelhante aos que ocorriam em outros países
europeus e importantes cidades brasileiras, não passa desapercebida a idéia de que se
voltasse ao passado, buscando lições ao presente, cuja decadência, de uma forma ou de
outra, já se fazia sentir. Não se deve esquecer que a cidade de Pelotas, naquela época,
ainda se singularizava pelos estreitos laços que mantinha com a “cultura civilizada dos
grandes centros”, especialmente europeus. Foi então lançada a idéia de que se
realizasse, anualmente, um culto cívico que se incorporasse às tradições da cidade. Um
8 Considerado, hoje, o grande escritor regionalista brasileiro, precursor doModernismo. Dentre suas obras
estão: Contos Gauchescos, Lendas do Sul, Causos do Romualdo, assim como inúmeras peças de teatro,
crônicas e poesias. Foi um entusiasta nas comemorações do Centenário de Pelotas, em 1912, quando
fundou a Revista do Centenário. Por um tempo foi professor do Ginásio Pelotense.
9 Isso em função de que boa parte da elite intelectual pelotense era constituída, fundamentalmente, por
maçons, republicanos e positivistas, para os quais a Revolução Francesa representava a grande referência
de seus ideais.
culto que fosse encabeçado pela juventude pelotense e que representasse uma afirmação
dos sentimentos de gratidão e reconhecimento das gerações novas para com os
antepassados, que constituíram o progresso da cidade. Seria, segundo expressões
recorrentes nos jornais da época, “uma homenagem anual ao passado de Pelotas”.
Ressalta-se que desde o final do século XIX e boa parte do século XX, no
Brasil, as práticas evocativas e as liturgias de recordação, condicionadas ao paradigma
positivista republicano, reforçavam a perspectiva tridimensional do tempo: passado,
presente e futuro. A partir do presente histórico, buscava-se no passado fatos, pessoas,
experiências e expectativas que justificassem a existência de determinados grupos
sociais e que pudessem lhes conferir a sua direção e identidade.
Pode-se observar que o presente se entrecruza com o passado e o futuro, com
a recordação e a esperança, buscando possibilitar a instituição e o reconhecimento de
identidades coletivas através de ritualismos memoriais.
Dessa forma, o rito torna-se o meio mais adequado para a reconstrução das
memórias individuais e coletivas, consolidando, através de critérios unificantes e de
transmissão, uma idéia de identidade, de filiação, de distinção, ou seja, de
pertencimento a um grupo social, classe ou nação.
As reminiscências comuns, repetições rituais, conservação de saberes e
símbolos são condições necessárias a esse sentimento de pertencimento e de
continuidade, opondo-se ao possível esquecimento do que já passou. O ideal de
sobrevivência na memória dos vivos surge, utilizando-se das palavras de CARTROGA
(2001, p. 52), como uma “possibilidade de se vencer a morte, num jogo ilusório que
finge esquecer que, tarde ou cedo (duas, três gerações?), também os mortos ficarão
órfãos de seus próprios filhos”.
As passeatas da Centenária obedeciam a um itinerário, também proposto por
João Simões Lopes Neto. Partindo do centro administrativo e cultural da cidade - onde a
Prefeitura, a Bibliotheca Pública e a Escola de Agronomia10 situavam-se junto à praça
principal – os estudantes iam até a Catedral, local em que prestavam uma homenagem à
cidade junto à lápide comemorativa do Centenário da fundação de Pelotas.
Em função da distância que separava o maior templo religioso católico do
centro administrativo e cultural da cidade, cria-se um locus privilegiado para o
10 Esse foi o primeiro estabelecimento de ensino superior do Estado. Fundado em 1883 como Instituto
Agrícola e Veterinário Eliseu Maciel e assolado por dificuldades financeiras, o instituto foi extinto. O
município comprou o seu edifício e ali fundou o Liceu Riograndense de Agronomia e Veterinária que, em
1909 foi reformado e passou a se chamar Escola de Agronomia e Veterinária.
desenvolvimento da memória ritualisticamente compartilhada através de procissões,
desfiles e passeatas, que percorrerão o espaço entre esses dois importantes locais.
As passeatas estudantis da Centenária continuaram a ocorrer até a década de
1930. Em 1935, ao que tudo indica, os alunos da cidade não conseguiram se unir para
que suas festividades fossem levadas a efeito. Provavelmente para isso contribuíram os
desentendimentos que ocorreram no mesmo período em que se realizaria a festa
estudantil, envolvendo alunos do Gonzaga e do Pelotense, em torno do resultado de uma
partida de futebol. Esse conflito assumiu grandes proporções ao ser transposto e
acompanhado pela imprensa local. No “clima de guerra” que se instalou entre os dois
educandários, parece óbvio que os alunos não se dispusessem a organizar uma
confraternização seguindo o espírito proposto por João Simões Lopes Neto, ou seja, de
unir a classe estudantil através da realização de conferências, passeatas, homenagens
(visitas aos túmulos de professores eméritos, inauguração de retratos de professores) e
comemorações sociais (reuniões dançantes, concertos, bailes).
Sendo assim, diante dessa situação de conflito com os gonzagueanos, se
fortalece entre os alunos do Pelotense um certo espírito estudantil mais individualista e
ufanista pelos valores preconizados por sua Escola. Em 12 de julho de 1935
(posteriormente transferido para o dia 14 de julho), instituíram o “Dia do Gato
Pelado”11 e realizaram, no período em que vinha ocorrendo a Semana Centenária, a
primeira Passeata dos Gatos Pelados.12
A partir daí, os estudantes do Pelotense passaram a realizar suas Passeatas
através de um itinerário semelhante ao percorrido pela Centenária, embora com um
objetivo bem diferente.13 Se a Centenária visava congregar todos os estudantes de
Pelotas em torno do objetivo comum de enaltecer o passado junto a um templo do
catolicismo, as Passeatas dos Gatos Pelados, denunciavam com muita crítica e bom
11 Os Gatos Pelados, desde 1935, têm o “seu dia”. Em anos passados ele era amplamente comemorado.
Mas hoje, juntamente com o “dia do professor”, o “dia do funcionalismo público” e o “dia do aniversário
da escola”, sem maiores celebrações e rituais, esta data não passa de mais um feriado em que a Escola
fecha suas portas, e muitos de seus membros ficam em suas casas sem saber muito bem por qual motivo.
12É provável que as Passeatas dos Bichos (calouros que entravam para a Universidade), que apresentavam
características de irreverência e crítica semelhantes à dos Gatos Pelados, tenha começado seus desfiles no
mesmo período – década de 1930. Sabe-se que muitos alunos do Ginásio Pelotense dirigiam-se para a
capital para realizarem seus estudos de nível superior e, possivelmente, para lá levavam suas experiências
sobre essas interessantes práticas culturais. As Passeatas dos Bichos em Porto Alegre constituem-se em
um interessante objeto para pesquisas no âmbito das Ciências Sociais, especialmente, da História da
Educação. No presente estudo não foi possível determinar as prováveis influências ou intercâmbios dessa
prática que caracterizou, por um período, a cultura urbana de Pelotas e da capital do Estado.
13 Ressalta-se que os estudantes de outras instituições de ensino da cidade não mais realizaram passeatas
comemorativas.
humor aspectos da realidade presente e seu grande objetivo era, ao passar pela Catedral
e pelo Colégio Gonzaga (que se localiza junto à Catedral), afrontar seus rivais, os
Galinhas Gordas, assim como a Igreja Católica.
A organização das Passeatas era feita com bastante antecedência, sendo que
havia diversas comissões que se encarregavam da coordenação à coleta de todo o
material necessário para a confecção dos quadros humorísticos, faixas, fantasias, etc. As
alunas, de forma condizente ao comportamento que se poderia esperar de “moças de
família”, não desfilavam nas Passeatas, mas participavam de suas comissões de
organização.
Quanto à elaboração dos quadros apresentados, essa ficava ao encargo de
alguns alunos e ex-alunos que tinham especial talento artístico e perspicácia para a
crítica dos mais variados fatos. Os quadros a serem exibidos anualmente eram de papel
e mediam 1,5 metros quadrados, sendo presos a sarrafos de madeira para que os alunos
pudessem carregá-los. Esses quadros recebiam uma “censura prévia” da direção da
escola, que geralmente conseguia negociar com os estudantes a retirada de alguns que
ultrapassassem a crítica inocente e jocosa e ferisse a moral e os bons costumes.
A tônica principal dos desfiles era a irreverência e o espírito crítico
manifestado nos cartazes humorísticos e nos quadros apresentados. De forma
descontraída e caricata muitos eram os alvos das críticas: a situação internacional e
nacional, os políticos, as instituições e as autoridades educacionais e administrativas
(prefeitos, vereadores, secretários municipais e até diretores e professores do Pelotense).
Mas o principal alvo era a Igreja Católica, especialmente a figura do bispo diocesano,
D. Antônio Zattera e, é claro, seus rivais Galinhas Gordas.
As ruas da cidade, por onde deveria passar o desfile, enchiam-se de
populares que, contagiados com o divertido espetáculo, serviam de alegre moldura a
esse jocoso desfile estudantil. Apesar do policiamento, muitas vezes ostensivo, havia
incidentes, sem maior gravidade, entre os Gatos Pelados e os Galinhas Gordas.
Geralmente a direção do Pelotense era bastante condescendente com as
Passeatas. Pode-se afirmar que essa era uma característica fundamental que
singularizava essa instituição de ensino e que, obviamente, a diferenciava de seus
“rivais” gonzagueanos. Enquanto os Gatos Pelados marcavam seus posicionamentos em
público, principalmente através de suas Passeatas, os “obedientes” Galinhas Gordas
submetiam-se às orientações dos Irmãos que não permitiam a realização do que
poderiam ser as “Passeatas dos Galinhas Gordas”. Havia, quando muito, alguma troca
de insultos ou empurrões entre os alunos dos dois educandários quando a Passeata dos
Gatos Pelados passava pelo Colégio Gonzaga.
No entanto, alguns episódios de críticas e descontentamentos gerados pelas
apresentações de alguns quadros nas Passeatas, extrapolaram o âmbito de simples
disputas entre o corpo discente de duas instituições educacionais e acabaram por
envolver a intervenção de autoridades do poder executivo e legislativo municipal e
estadual, provocando intensos debates, aí já transpostos para o campo ideológico e
político-partidário.
É interessante salientar que as disputas entre os Gatos Pelados e os Galinhas
Gordas se consolidaram com as Passeatas e também com as competições futebolísticas
entre as duas escolas. Mas seria por demais simplista limitarmos essa rivalidade a
questões específicas entre os alunos. Ao que tudo indica, refletiam, também, o contexto
da política educacional brasileira existente nesse período, em que era nítida a disputa
ideológica entre liberais (defensores das escolas públicas) e católicos (defensores das
escolas particulares). Da mesma forma, refletiam posicionamentos em relação a
questões de cunho ideológico e à condução político-partidária das diversas
administrações da cidade, assim como as diretrizes tomadas por autoridades
administrativas do Colégio Pelotense e do Colégio Gonzaga.
2 As Passeatas através de suas imagens
Nas “gavetas” do Colégio Pelotense, foram encontrados um acervo de mais
de 200 fotografias que documentam os desfiles e os cartazes que os alunos carregavam
nas inúmeras passeatas anualmente realizadas no “dia do Gato Pelado”. Esses cartazes
eram recheados de críticas e bom humor. Como já foi dito, eles abordam aspectos do
contexto internacional, nacional, regional e local, sendo recorrente temas como a guerra
fria, a situação política e econômica do Brasil, da região sul e da cidade de Pelotas, bem
como o anti-clericalismo, cujos principais alvos eram o bispo de Pelotas e o Colégio
Gonzaga. As críticas ao contexto pelotense iam desde as características peculiares de
sua sociedade aos problemas de infra-estrutura urbana.
Na utilização da fotografia como fonte de pesquisa toma-se por base
CARDOSO e MAUAD (1997), pois além de considerarem a fotografia como a
materialização da experiência vivida, das memórias de uma trajetória de vida, de
flagrantes sensacionais, de lembranças do passado, de mensagens codificadas em
signos, consideram-na, também, como uma marca cultural de uma época que reflete
uma dada visão de mundo, representando uma fonte que pode transmitir-nos muito mais
do que os “nossos olhos podem ver”. Esses autores apontam, então, para a importância
da compreensão da imagem fotográfica como um documento que revela aspectos da
vida material de um determinado tempo do passado e do qual a mais detalhada
descrição verbal não daria conta. E, também, como uma imagem/monumento, ou seja,
aquilo que no passado a sociedade pretendia que fosse perenizado de si mesma para o
futuro.
Nas Passeatas dos Gatos Pelados, embora alguns alunos se utilizassem de
fantasias, faixas ou outros objetos que pela simples apresentação se mostravam
carregados de significados, era através dos quadros e cartazes que melhor conseguiam
expressar sua irreverência, críticas e bom humor.
Pelos depoimentos orais constatou-se que as Passeatas não se constituíam em
movimentos em que todos os seus participantes tivessem consciência a respeito do
conteúdo ou significado das críticas que eram realizadas. Para a maioria dos jovens, não
passava de um alegre “carnaval de inverno” que vinha bem ao encontro do espírito
exibicionista de todo adolescente, conquistando a simpatia de alguns e a fúria de outros.
O alto nível de percepção das discrepâncias do contexto político-social local,
nacional e internacional advinha de alguns alunos do Grêmio e também de ex-alunos
que já se encontravam em cursos de ensino superior da cidade, em Porto Alegre ou no
Rio de Janeiro. A elaboração dos quadros tornou-se uma tradição em que os mais velhos
passavam suas técnicas e experiências aos mais moços.
Em relação às fotos às quais tive acesso, que retratam as Passeatas e os
cartazes que nelas eram apresentados14, buscando uma melhor compreensão e
organização, foram seguidas orientações metodológicas de LEITE (2000), dividindo-as
inicialmente por temas. São eles: política internacional e Guerra Fria, conjuntura
nacional, contexto regional e local e Colégios Pelotense e Gonzaga. Portanto, as fotos
foram analisadas tendo em vista essa divisão pré-estabelecida.
Em seu texto, LEITE (2000) busca uma compreensão crítica da fotografia
histórica e das formas de se distinguir o que é dito e o que é silenciado no espaço
visível. Ela nos lembra que, nos trabalhos de Ciências Humanas, é freqüente a utilização
14 Essas imagens correspondem às décadas de 1940, 1950 e início dos anos de 1960.
da fotografia como ilustração do texto, representando apenas a “vitrine, através da qual
o leitor pode tomar um contato imediato e simplificado com o texto.[...] O conteúdo
aparente da fotografia determina sua legenda. As brechas do texto que a imagem
preenche com informações ou representações não são verbalizadas.” (LEITE, 2000, p.
146 e 147).
Como esta análise, além de partir do presente, é um olhar de quem não
viveu esse período da história, na interpretação de algumas fotos que tratam de fatos
mais específicos dos quais não ficaram registros escritos, contei com a “tradução”
daqueles que viveram esta época e produziram tais documentos. Não foi objetivo
conceituar o humor ou explicar o uso social do cômico, mas sim apreendê-lo como
forma de manifestação de um dado grupo social que, a partir dessas representações,
fortalecem sua identidade em um determinado período de sua história.
É importante que se atribua a devida proporção à efetiva participação e
envolvimento dos alunos do Pelotense nas Passeatas. Como foi dito, torna-se claro, até
mesmo em função da forma como são abordados alguns assuntos, pelas críticas na
imprensa e pelos relatos dos organizadores das Passeatas, que a sua organização e a
elaboração dos cartazes e faixas era bastante influenciada por um restrito grupo de
alunos e ex-alunos.
O fato de recriar significados é uma característica intrínseca das
representações dos quadros humorísticos das Passeatas. O propósito da observação das
imagens, com este estudo, é sugerir uma leitura (entre outras tantas possíveis) destas
percepções críticas acerca da realidade cotidiana, da pluralidade de acontecimentos que
marcavam aspectos da história de uma determinada época em Pelotas, no Brasil e no
mundo.
Das 200 fotografias disponíveis sobre as Passeatas, foram utilizadas 40 no
presente trabalho, selecionadas tendo por base a sua maior, ou melhor, informação
imagética. Na sua observação são levantados aspectos mais objetivos do que subjetivos,
que propiciam uma leitura direta e imediata da imagem como fonte de percepção, de
identificação de detalhes fundamentais na interpretação do fato estudado.
É também propósito do estudo das imagens fotográficas o questionamento e
a relativização das versões de quem viveu e presenciou as Passeatas. São muitas as
possíveis leituras sugeridas pelas fotografias. Não foi objetivo deste estudo fazer a
decodificação das mensagens subjacentes, das relações ocultas ou menos aparentes
operadas pelas imagens, embora tenha sempre presente a idéia de que a fotografia não é
um reflexo imparcial, objetivo e neutro da realidade.
Nas fotos fica evidente o significativo número de pessoas que assistiam às
Passeatas dos Gatos Pelados. Pessoas das mais diferentes faixas etárias e
predominantemente do sexo masculino.
Pelas fotos também se constata que as críticas ao clero, à Igreja Católica e
aos Galinhas Gordas eram uma constante em todas as Passeatas sendo, portanto,
causadoras de muitos desentendimentos que envolviam não só a organização interna dos
dois Colégios mas, também, a Igreja, os poderes públicos e a imprensa, propiciando à
população pelotense não só o espetáculo de sua apresentação no dia dos Gatos Pelados,
mas discussões que perduravam até a realização de outra Passeata...
Nos cartazes em que aparecem referências à conjuntura internacional no
período da Guerra Fria, percebe-se que as críticas dos Gatos Pelados recaíam tanto para
a atuação dos Estados Unidos como para a União Soviética. Em muitos quadros
aparecem críticas ao capitalismo internacional e ao processo de descolonização
africano. Mas, segundo afirmam os entrevistados, eles não retratam a politização e o
conhecimento conjuntural por parte da maioria dos Gatos Pelados. Muitos
desconheciam o conteúdo dos cartazes que empunhavam. Eles refletiam, isso sim, o
conhecimento e o posicionamento daqueles poucos alunos (e ex-alunos) que os
elaboravam. Mas não restam dúvidas de que agradavam ao público que assistia e
aplaudia sua apresentação e que era unânime em afirmar que “tais críticas só poderiam
vir de Gatos Pelados...”.
Críticas a situações do cotidiano político da cidade e do país eram sempre
apontadas nos quadros das Passeatas e, ao que tudo indica, faziam muito sucesso. Da
mesma forma, assuntos que foram notícia ao longo do ano, na cidade, mereciam
especial atenção: a demora na construção da ponte sobre o canal São Gonçalo,
localizado na rodovia entre as cidades de Pelotas e Rio Grande; a grande quantidade de
engraxates na praça; a situação da saúde no município; problemas enfrentados por
algumas faculdades; péssimas condições do fornecimento de energia elétrica; futebol;
turfe, etc.
Na realidade, as Passeatas dos Gatos Pelados eram um “carnaval de
inverno”, com dois diferenciais: havia duas instituições de ensino como referência, e
argumentos sociais, políticos e ideológicos, interpretados de forma jocosa, como
enredo. O motivo que movia a imensa maioria, tanto dos que participavam quanto dos
que assistiam às Passeatas, era simplesmente a diversão, não havendo, via de regra,
engajamento maior ao conteúdo de muitas das críticas apresentadas.
3 Desdobramentos da rivalidade entre Gatos Pelados e Galinhas Gordas
No longo espaço de tempo que abrangeu esse estudo houve muitas
mudanças no corpo docente e no corpo discente das duas escolas. Várias reformas
educacionais se sucederam; a conjuntura política e econômica também sofreu muitas
mudanças. Mas é notório que, por várias gerações, ser Gato Pelado ou Galinha Gorda
representou uma certa cumplicidade, um forte sentimento de ligação à escola e aos
valores lá compartilhados. Representava, também, ao menos para alguns, um
compromisso de oposição aos valores católicos e aos valores vinculados ao ensino laico,
que alicerçava toda uma rivalidade entre os alunos e que acabou perdurando por
décadas.
Salienta-se a importância tanto para os alunos do Gonzaga quanto para os
do Pelotense, dos espaços em que se desenvolveram práticas culturais junto à
comunidade que extrapolaram a sala de aula, tais como a atuação dos grêmios
estudantis, a imprensa estudantil, os festivais de teatro, os jogos de futebol e as
passeatas estudantis. Elas propiciaram possibilidades de vivências e superações de
conflitos, que indubitavelmente têm papel fundamental na produção do conhecimento
sobre a realidade. Certamente o envolvimento nessas práticas influenciou fortemente no
encaminhamento pessoal e profissional de muitos alunos egressos.
Mas, como as práticas culturais eram diferenciadas nas instituições
educacionais, os alunos desenvolveram habitus também diferenciados. Em relação aos
alunos do Pelotense, inclusive, esse habitus passou a ser reconhecido na própria
comunidade como o “espírito Gato Pelado”. Esse “espírito” foi sendo forjado,
inicialmente, num espaço em que o ensino se propunha laico e os jovens eram
selecionados através de rigorosos exames de ingresso, o que muito provavelmente lhes
conferia uma unidade cultural e social que já os diferenciava dos alunos dos demais
estabelecimentos de ensino da cidade. Diferentemente dos Galinhas Gordas, suas
manifestações irreverentes extrapolavam os muros do colégio e tomavam conta de
vários espaços sociais e culturais da cidade, o que reforçava ainda mais este habitus.
É de se observar o fato de que o “espírito Gato Pelado”, entendido como o
habitus desenvolvido nessa Instituição Escolar, permaneceu mais forte e mais
duradouro na lembrança não só dos alunos egressos como da própria memória coletiva
de Pelotas. Talvez isso se deva ao fato de o Pelotense ser uma “escola de Pelotas”,
gestada aqui, mantida pela municipalidade e pelo trabalho de um seleto corpo docente
constituído pelo que de melhor a terra possuía em termos de intelectualidade. Já o
Gonzaga, seguia orientações que eram similares a muitas das instituições de ensino
ligadas à Igreja Católica. E os professores, por sua vez, eram Irmãos pertencentes a uma
ordem religiosa, portanto, “estranhos à comunidade”, pois eram oriundos de outras
localidades.
Em relação ao significado e aos desdobramentos da rivalidade dos Gatos
Pelados e dos Galinhas Gordas, questão que orientou o desenvolvimento desse estudo,
pode-se afirmar que ela resultou da disputa política e ideológica, conseqüência de
situações da conjuntura não só nacional como internacional, que envolviam a Igreja e a
Maçonaria. E, mais além, dois projetos distintos para a manutenção da organização
social vigente: um conservador, que pressupunha as imbricações entre Estado e Igreja, e
outro alicerçado no ideário liberal, positivista e anti-clerical, que pretendia a
modernização, laicização e secularização da sociedade. De qualquer modo, tanto um
quanto outro eram projetos defendidos pelos segmentos mais privilegiados social e
economicamente.
As disputas entre os Gatos Pelados e os Galinhas Gordas confirmam essa
compreensão. Trata-se de alunos de duas instituições escolares que atendiam às elites,
estabelecidas ou emergentes, respaldados por um ideário conservador e por um ideário
com pretensões modernizantes.
Os desdobramentos dessa rivalidade, que passaram a fazer parte da cultura
urbana de Pelotas, acarretaram pontos positivos, como a valorização do sentimento de
pertencimento a um grupo assim como a participação da comunidade junto às atividades
escolares como os jogos de futebol, festivais de teatro e as passeatas. Isso pode ter
contribuído com a importância que a comunidade dá até hoje à formação escolar,
provavelmente colaborando com a característica atual da cidade de ser um pólo
educacional que conta com duas universidades, fruto de interesses ligados ao
catolicismo e ao ensino laico.
Certamente não pode passar desapercebido que a grande conseqüência da
disputa que se estabeleceu entre o Pelotense e o Gonzaga foi a busca de superação da
escola opositora, através da qualidade do ensino ministrado. Isso as impulsionou a um
aprimoramento constante e, conseqüentemente, resultou, resguardadas as diferenças de
suas propostas de ensino, em duas escolas de excelência para os padrões da época.
Referências Bibliográficas
AMARAL, Giana Lange do. O Gymnasio Pelotense e a Maçonaria: uma face da
história da educação em Pelotas. Pelotas: Seiva Publicações, 1999. (Série História
da Educação em Pelotas, nº 1).
BOURDIEU, Pierre. Coisas ditas. São Paulo: Brasiliense, 1990.
BOURDIEU, Pierre. Economia das trocas simbólicas. 3a ed. São Paulo: Perspectiva,
1992.
BURKE, Peter (org.). A Escrita da História: Novas Perspectivas. 2ºed. São Paulo:
UNESP, 1992.
CARDOSO, C. F., MAUAD A M. História e Imagem: os Exemplos da Fotografia e do
Cinema. In: CARDOSO, C. F., VAINFAS, R.(orgs.).Domínios da História:
Ensaios de Teoria e Metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
CARTROGA, Fernando. Memória e história. In: PESAVENTO, Sandra. Fronteiras do
milênio. Porto alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2001.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.
CERTEAU, Michel de. A escrita da história. Rio de Janeiro: Forense Universitária,
1982.
FRAGO, Antonio Viñao Del espacio escolar y la escuela como lugar: propuestas y
cuestiones. Historia de la Educación, v. 13-14, p. 17-74, 1993-1994.
FELIX, Loiva Otero. História e memória: a problemática da pesquisa. Passo Fundo:
EdiUPF, 1998.
FERREIRA, Marieta de Moraes; ABREU, Alzira Alves de...[et al.]. Entre-vistas:
abordagens e usos da história oral. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio
Vargas, 1994.
FERREIRA, Marieta e AMADO, Janaína (coord.). Usos e abusos da história Oral. Rio
de Janeiro: Ed. da Fundação Getúlio Vargas, 1998.
LE GOFF, Jacques. A História Nova. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
LE GOFF, Jacques. História e Memória. 4ª ed. Campinas, SP: Editora da UNICAMP,
1996.
LEITE, Miriam Moreira. Retratos de Família: leitura da fotografia histórica. 2a ed.
São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2000 (Texto & Arte, 9).
MAGALHÃES, Mário Osório. História e tradições de Pelotas. Pelotas: Editora
Armazém Literário, 1999.
OSÓRIO, Luís Fernando Osório. A cidade de Pelotas. 2ºed. Porto Alegre: Editora
Globo, 1962.
RYAN, Mary. A parada norte-americana: representações da ordem social do século
XIX. In: HUNT, Lynn. A nova história cultural. São Paulo, Martins Fontes, 1992.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário