terça-feira, 19 de maio de 2009

Pacto pactuante? Por Rivaldo Paiva


FONTE: http://jc3.uol.com.br/jornal/2009/05/19/not_331090.php

Pacto pactuante?

Publicado em 19.05.2009
Rivaldo Paiva

paiva.rivaldo@hotmail.com


A modernidade que abraça esta primeira década do novo século confere a todos os países em desenvolvimento a ânsia e avidez por mudanças essenciais em seus mecanismos administrativos.Conveniando nossa tradição republicana à globalização inserida entre os regimes políticos espalhados pela Terra, como prova de avanço e integração de todos os povos, logramos a imperiosa necessidade de adaptação aos novos tempos, guardados de surpresas tecnológicas e alternados nos costumes sociais.
Ao Brasil, ponta de um universo econômico em ascensão cabe – visto presenciarmos uma assustadora violência urbana e campal diária, alarmante prenúncio de uma iminente guerra civil, alinhavada desde o descaso das autoridades constituídas para com a impunidade reinante – despertar um indicativo de reformas em suas estruturas sociais, econômicas e políticas, sobretudo as advindas e marcadas por prioridades inadiáveis envolvendo as áreas de educação e segurança, esta última iceberg adormecido nas plataformas eleitorais dos governantes. Nosso jovem governador idealizou e está pondo em execução um Pacto pela Vida. Segurança é a palavra mais reclamada no País.
Urge, Pernambuco resgatar seu histórico comportamento combativo, impondo estas inovações profundas neste segmento. Mudar a segurança pública envolve uma série de reajustes na sua máquina operacional, à partir de uma digna remuneração para seu quadro policial, elemento preponderante na aquisição de um melhor nível no assentamento de pessoal, livrando-se, em tese, da imagem amedrontadora da corrupção e dos desmandos arbitrários e contrários aos direitos humanos. Um homem que vive condignamente com sua família estabiliza-se emocionalmente, circulando com isonomia social, vaidoso, por todos os locais, sem o olhar discriminatório elitista, ao tempo de comunitariamente orgulhoso se apresentar como um policial decente e que trabalha satisfeito em prol da sociedade a qual também pertence.
Apesar das "dificuldades", lugar comum quando se levanta o assunto sobre segurança, nosso Estado precisa correr mais, buscando outras mudanças nas fórmulas pactuais, projetando a credibilidade do governo perante o povo, ancho por viver em protegida tranquilidade na sua casa, nas ruas e, acima de tudo, quando na defesa do seu patrimônio moral. Segurança esquecida é povo esquecido.
Precisamos que o governo bata na mesa e dê ordem unida, de uma vez por todas, contra a violência, por certo com o apoio da imprensa em geral – que, não comprometida, se constitui no mais forte instrumento para se mudar o que quiser. Assim, estará cumprindo um dos seus deveres constitucionais, amparado até pelo direito natural, fundamento imensurável no trato e no convívio povo-poder.
A Secretaria de Defesa Social seria totalmente profissionalizada, longe de graciosas oferendas parlamentares, só admitindo em sua direção, Delegados Especiais qualificados, não sub judices ou de outras esferas, cujas aspirações fossem exclusivamente direcionadas para o engrandecimento da instituição, nunca para o encanto do carreirismo individual ou político-partidário. Polícia não é escada para veleidades pessoais, nem tão pouco recôndito para homens cinzentos, lisonjeiros dos poderes estatais, sempre curvados à frívolas decisões. Polícia que se preza tem que ter postura, mas também condições para trabalhar com autonomia e o respeito da sociedade. Por isso, emergente se faz uma reformulação total da Polícia Civil. Um compromisso de governo seja lá qual a sua linha ideológica, contanto realizado por pessoas sérias e competentes, descortinando as razões do seu objetivo. É seguro investir pesado na nossa segurança pública, mudando velhos conceitos, antigas lições, apostando na reciclagem profissional e no espírito de devoção policial, abolindo esse atraso que engolimos, indigestos, por pares de penosas décadas de governos passados, promissores de esperanças nunca realizadas.
A Policia Civil de Pernambuco, destarte afetado por configurações malévolas de insinuações desrespeitosas, ainda pode se vangloriar de formar nas fileiras de uma das mais conceituadas polícias judiciárias do País. É preciso, meu jovem governador Eduardo Campos, que sua promessa de campanha em promover de imediato a Lei de Cargos e Salários policiais seja uma realidade já. Palavra é palavra! E acredito na sua.
Por isso, vamos inovar nesta sua brilhante ideia pactuária de segurança, repensando a competência dos que a dirigem. Rezemos a apostilha de Pascal, não nos envergonhando de mudar de ideia porque não nos envergonhamos de pensar. Ou nos restará o silêncio da incapacidade.
» Rivaldo Paiva é escritor

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