COMENTÁRIO DE OTÁVIO LUIZ MACHADO: O Estado age certo ao indenizar as pessoas que sofreram perseguições e perdas durante a ditadura civil-militar brasileira (1964-85). Agora, a indenização de dezenas de milhões de reais para a construção da sede da União Nacional dos Estudantes (UNE) - que o Estado não pode ser indicado como autor daquele atentado e sim a sociedade civil organizada - será um tapa na cara daqueles e daquelas que lutam para que a memória do movimento estudantil venha a tona. Não há duplicidade quando se trata de recursos públicos. Só falta a entidade - comandada pelo PC do B a 21 e anos - pedir mais dinheiro para seu projeto pessoal, levando-se em consideração que os recursos bancados pela Petrobras para a reconstituição da história da UNE foi desviado para a propaganda do Partido Comunista do Brasil (PC do B), a União Juventude Socialista (UJS) e a propanda pessoal dos últimos presidentes da UNE vindos da UJS (De Lindberg Farias a Gustavo Petta). Utilizaremos todos os foruns de direitos humanos nacionais e internacionais para denunciar tal atentado ao INTERESSE PÚBLICO e o desserviço à memória do país caso o Governo Lula pague a conta do prédio de 13 andares para a União Juventude Socialista (UJS) do PC do B.
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u454881.shtml
10/10/2008 - 18h41
Comissão anistia seis estudantes presos no Congresso da UNE de 1968
CAMILA NEUMAMcolaboração para a Folha Online
A Comissão de Anistia, vinculada ao Ministério da Justiça, aprovou nesta sexta-feira o pagamento de indenização a seis estudantes perseguidos no período da ditadura militar. Os ex-estudantes Américo Antônio Flores Nicolatti, José Miguel Martins Veloso, Luiz Felipe Ratton Mascarenhas, Marcos de Aguiar e o casal Darci Gil de Oliveira Boschiero e João Mauro Boschiero foram anistiados após terem sido presos durante o congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), em Ibiúna (SP), em 1968, e terem seus direitos políticos cassados.
Durante o congresso de 1968, mais de 700 estudantes secundaristas e universitários foram presos, e muitos deles, depois da prisão, perderam o ano de estudos, o emprego, foram torturados e até mortos pelos órgãos repressores da época.
O evento contou com a presença dos ministros Tarso Genro (Justiça), Paulo Vannuchi (Direitos Humanos), Franklin Martins (Comunicação Social), além do presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, do secretário adjunto da Cultura do Estado de São Paulo, Ronaldo Bianchi, e da presidente da UNE, Lúcia Stumpf.
Segundo Tarso, o evento é um marco na história do país e é feito para dar dignidade aos ex-militantes políticos da época. O ministro recordou, que só não estava no congresso de Ibiúna que foi desmantelado pela polícia, pois já havia sido preso em um congresso anterior.
"Lembro como se fosse hoje porque eu ia nesse congresso. Mas não fui porque fui preso no congresso anterior, e eu já estava respondendo meu primeiro processo na Justiça Militar de Juiz de Fora (MG). Fiquei feliz por não ter ido e frustado porque o congresso caiu", assumiu.
Anistiados
Américo Antônio Flores Nicolatti, então aluno de direito da Universidade Mackenzie, foi preso durante o congresso de Ibiúna e teve sua matrícula suspensa, podendo retornar aos estudos apenas em 1988 com o nova Constituição. Nicolatti foi anistiado e recebeu hoje o direito a indenização de 150 salários mínimos, em prestação única, por cinco anos de perseguição política.
Luiz Felipe Ratton Mascarenhas pertenceu à Ordem dos Frades Dominicanos entre 1965 e 1972. Aluno de filosofia na USP (Universidade de São Paulo) à época, foi preso durante o congresso de Ibiúna e entrou para a clandestinidade, exilando-se no Chile. Para ele, a comissão decidiu pagar em prestação única o valor de R$ 100 mil. O valor bate com o teto de quem não tinha vínculo de trabalho na época.
A ex-militante Darci Gil de Oliveira Boschiero, que cursava psicologia e filosofia na USP, foi torturada em 1969 após ser presa pela polícia e levada para a OBAN (Operação Bandeirantes). Para fugir do regime militar, viveu na clandestinidade no Recife, se exilou na Argentina, no Peru, e na França, com status de refugiada. Teve sua prisão preventiva decretada no Brasil, mesmo após a promulgação da Lei de Anistia, em 1979, motivo pelo qual pôde retornar ao Brasil apenas em 1985, após quase 15 anos de exílio. De acordo com a decisão da Comissão de Anistia, Darci Gil receberá R$100 mil em prestação única.
Seu marido, João Mauro Boschiero, era estudante de Engenharia da USP e militante da ALN (Aliança Nacional Libertadora), quando foi preso e torturado pela polícia na OBAN. Viveu na clandestinidade no Recife e refugiou-se na Venezuela. Por ter conseguido comprovar vínculo de trabalho na época, Boschiero receberá pensão mensal de R$ 2.000, além de R$ 190.933,33 retroativos.
O estudante Marcos de Aguiar receberá indenização de R$ 2.000, mais R$ 428.533,33 retroativos.
O então estudante de Matemática da USP, José Miguel Martins Veloso, receberá indenização de 240 salários mínimos, devido sua prisão no Congresso de Ibiúna e exílio no Chile, onde concluiu sua graduação na Universidade Técnica do Estado, para fugir do regime.
Bolsa ditadura
O ministro Franklin Martins, o ex-ministro José Dirceu, o deputado federal, José Genoino (PT) e o ex-presidente da UNE, eleito no congresso de Ibiúna, Jean Marc von der Weid, também participaram do evento. Todos, exceto Genoino, estavam no congresso e foram presos. Ex-adversários políticos, Weid e Dirceu disputavam a cadeira de presidente da UNE no congresso --Weid venceu.
"Ibiúna foi para nós uma das demonstrações de democracia do movimento estudantil, mesmo durante a repressão", disse Weid. O candidato então derrotado, José Dirceu, também tem boas recordações da época."Tenho saudades dessa época", disse Dirceu.
Weid contestou o termo "bolsa ditadura" usado para criticar indenizações milionárias, como a do cartunista Ziraldo, que recebeu indenização de R$ 1 milhão.
"É um termo usado pela direita que não quer assumir o que fez e busca desmoralizar os combatentes daquela época", afirmou Weid.
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