Fiz ontem uma rápida visita à ocupação. A preocupação com os rumos da educação pública brasileira foi o que mais me impressionou nas conversas que tive com algumas pessoas lá. A expansão desordenada do acesso ao ensino superior, assim como a falta de melhorias significativas na estrutura da universidade são preocupações correntes dos estudantes. Não estão interessados em bloquear o acesso de mais jovens e adultos à universidade, mas garantir que os novos alunos tenham mais condições de estudar. O que significa que a reivindicação estudantil é coerente. Mas não se pode atropelar alguns pontos importantes para a vida universitária, como o debate com professores e estudantes que possuem visões diferenciadas sobre o mesmo fenômeno. Ouvir as mesmas pessoas falando, geralmente a partir da leitura sem crítica dos manuais produzidos pelas diversas entidades envolvidas, é o que há de pior.
Temos na UFPE especialistas nos assuntos educacionais de competência comprovada, mas que não são chamados para debater porque discordam do que está sendo posto por um dos grupos da universidade.
Tive um grande presente quando visitei a ocupação da Reitoria da USP pelos estudantes (maio). A aula do Professor Paulo Arantes, por exemplo, discutiu todos os assuntos relativos à USP, à Fapesp e as fundações privadas existentes na USP. Também discutiu a educação superior brasileira. Também discutiu o movimento estudantil (sua história e o seu presente).
Não percebi em nenhum momento o direcionamento da fala do Professor para agradar os estudantes que ali estavam ocupados. Diga-se de passagem que a aula foi na sala do Conselho Universitário, que é um grande auditório. E ocupado.
Naquele momento, eu acabava de assistir de um debate com os candidatos a reitor da UFPE sem a presença de muitos estudantes. E fui ver em São Paulo uma movimentação gigantesca dos estudantes universitários.
A ocupação tem que ser intensa. Com debate e com um blog com notícias com frequência. Tem que aglutinar e não dividir. Precisa da diversidade da palavra do outro para ser completada. Mas é preciso ter a noção do momento: avançar ou recuar.
A posse do Reitor no nosso espaço universitário deveria ocorrer imediatamente. Não recuaram. Em seguida, um debate sobre a educação superior (com a reforma universitária, o Reuni, etc) e sobre o movimento estudantil será importante, mas desde que avance a discussão, que entendo estar limitadíssima a poucos grupos.
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
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