domingo, 4 de novembro de 2007

Meus comentários: o editorial peca pela falta de precisão dos dados, além de uma posição nada equilibrada em relação ao que expõe. Quem disse que estudante não deve opinar e influenciar as decisões universitárias? Os estudantes só não tem condições como deve participar das decisões universitárias. Associações de alunos e de ex-alunos influenciam as decisões nas boas universidades do mundo.
Há diversos setores estudantis na Reitoria. E não está havendo depredação do patrimônio público. Sobre o Reuni, o editorial mostra total desconhecimento. Talvez se fizermos uma pesquisa no google poderemos checar as fontes que apoiaram o editorial.
É lastimável como amplos setores da sociedade está estimulando uma saída pautada pela violência policial.
Um ponto defendido pelos estudantes é a melhoria da qualidade. Quanto à expansão, o editorial não sabe a opinião dos estudantes que ocupam a reitoria.
Só a conversa entre as partes resolverá o impasse. Sem tropa de choque e violência. Só a posse do Reitor e a construção do DCE teremos um diálogo cordial.



EDITORIAL DO JORNAL COMMERCIO: Um grupo contra a maioria
02/11/2007

Publicado em 02.11.07
Mais uma vez, assistimos ao embate entre o progresso e interesses partidários. Estranhamente contrários à ampliação de vagas planejada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), um grupo de estudantes, sob influência partidária estranha à academia, partiu para a já costumeira invasão de prédios públicos, no caso o da reitoria da universidade, com “direito” a depredação e impedimento do básico acesso e movimento de servidores no cumprimento de suas obrigações. Sabemos que o atual ministro da Educação, Fernando Haddad, é uma rara exceção no inflado e aparelhado ministério do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele é do ramo e pretende realmente fazer com que a educação no nosso País, em todos os níveis e graus, seja considerada com seriedade e profissionalismo.
Entre outras iniciativas com esse propósito, ele criou o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Com a verba a receber desse programa, a UFPE anunciou que vai criar 1.419 vagas para alunos ao longo dos próximos cinco anos. Pretende ainda contratar 400 professores e 600 técnicos, construir novos espaços para aulas e mais casas para estudantes, melhorar laboratórios e bibliotecas. Com a verba do Reuni, a universidade poderá criar 18 novos cursos nos câmpus do Engenho do Meio, Vitória e Caruaru. A turma do contra, em sua pretensa alta sabedoria, não aprova nada disso e quer impor sua vontade na marra com mais uma invasão de prédio público. Alegremente e com a usual truculência, ocupou a reitoria e exige que se marque um plebiscito para opinar e decidir sobre a implantação do Reuni.
A pretensão, evidentemente, foi negada. Pode-se imaginar a que se reduziriam a fama e a qualidade das grandes universidades do mundo, como Oxford, Harvard, Columbia, MIT, Paris, se elas fossem se guiar pela opinião de clãs de alunos, jovens que ainda estão se preparando profissionalmente para tomar decisões estratégicas. Os invasores questionam o programa porque, com a ampla e tarimbada visão que se auto-atribuem, acham que ele minimiza a qualidade do ensino. E reclamam que, com apenas duas cadeiras no Conselho Universitário, os estudantes não podem fazer valer suas opiniões. A universidade ganhou na Justiça uma liminar de reintegração de posse, mas o reitor Amaro Lins tenta resolver a questão por meio de diálogo. Por trás da minoria contestadora, vislumbra-se a silhueta do PSTU e do P-SOL, adversários do PCdoB, que se apossou do movimento estudantil desde o pós-redemocratização.
Como a quase todos os setores da vida nacional, o golpe de 1964 não fez bem ao movimento estudantil. A UNE pré-regime militar tinha um perfil desenvolvimentista, lutava pela consolidação da democracia e ampliação de vagas no ensino público. Enfrentou o Estado Novo e teve decisiva atuação na campanha pela criação da Petrobras e no apoio às metas de JK, que visavam dar maior autonomia ao Brasil frente aos EUA e outros países dominantes. No dia do golpe, sua sede, na Praia do Flamengo (Rio), foi queimada e o movimento sofreu brutal repressão, empurrando muitos jovens para guerrilhas sem nenhum futuro, dada a imensa desproporção diante das forças armadas profissionais. Com a redemocratização, a UNE não conseguiu reassumir suas bandeiras, tornando-se refém de ex-guerrilheiros convertidos a políticas de resultados, e engalfinhando-se com outras facções também sem programa.
Pode-se até discutir a proliferação de universidades federais ao sabor de apetites políticos que procuram transformar os cargos universitários em feudos partidários e acham que toda unidade da federação, mesmo sem nenhuma condição, deve ter uma universidade. Não é o caso da UFPE, que tem mais de 60 anos, 180 se levarmos em conta que sua mais antiga unidade, a Faculdade de Direito, foi criada em 1827. O correto seria manter a universidade o mais longe possível da política partidária e fortalecer as melhores universidades públicas. O Reuni é um passo nesse sentido, pois cada universidade federal terá de apresentar um projeto consistente ao MEC para poder ter direito às verbas desse programa. Quem não tem competência não se estabelece, como diziam os antigos imigrantes portugueses donos das velhas vendas. Mesquinhos interesses partidários não podem se opor ao desenvolvimento, ao progresso, à civilização.

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