quarta-feira, 21 de novembro de 2007

PALESTRAS DO II CONGRESSO DOS ESTUDANTES DA POLITÉCNICA DA USP

PALESTRAS DO II CONGRESSO DOS ESTUDANTES DA POLITÉCNICA DA USP

Palestras
De Cadernoteca Livre
FONTE: http://bighead.poli.usp.br/cadernoteca/index.php/Palestras

1ª PALESTRA: "Movimento estudantil e o Ensino Superior"
Palestrante: Otávio Luiz Machado

idealizador do projeto "A Engenharia Nacional, os Estudantes e a Educação Superior: a Memória Reabilitada (1930-1985)"
A palestra abriu o II Congresso dos Estudantes da Poli, abordando historicamente a importância do movimento estudantil no ensino de engenharia. Otávio Luiz Machado é historiador e faz a análise documental da atuação dos estudantes na política de 1930 a 1985. Na palestra, ele descreveu um pouco a história do movimento estudantil e lembrou que o Grêmio Politécnico, fundado em 1903, foi o primeiro diretório acadêmico de um curso de engenharia brasileiro.
Também participou da mesa de discussão Adolfo Gilioli, fundador deste jornal. Ele descreveu sua rica experiência frente à redação: O Politécnico foi criado em 1944, em plena ditadura Vargas, como forma de resistência, crítica e defesa dos direitos dos estudantes de engenharia. As publicações nas décadas seguintes foram muito importantes para as gerações posteriores, como a regulamentação da profissão de engenheiro e a nacionalização do petróleo.
2ª PALESTRA: "Cultura Livre e Acesso ao Conhecimento
Palestrante: Pablo Ortellado
Professor Doutor do EACH_USP
A publicação científica na universidade pública foi o tema da palestra.
O palestrante explicou que, durante a produção de artigo científico, o gasto do dinheiro público é dividido em três etapas. Uma parte é investida na formação do pesquisador/especialista que produzirá um artigo. Este trabalho será revisado por membros da comunidade acadêmica (chamado de peer review). Para realizá-lo, esses membros utilizam o tempo de "expediente". Assim, o Estado acaba indiretamente pagando aos revisores por esse trabalho. Quando as bibliotecas públicas compram as revistas internacionais em que o artigo foi publicado, o governo paga mais uma vez. A produção de um artigo científico na área de físico-química custa R$155 mil ao Estado, por exemplo.
Existem empresas que fazem publicação científica e lucram em cima do copyright: quando o pesquisador publica seu artigo, o acesso aos conhecimentos lá inseridos fica limitado à venda da revista. Algumas editoras permitem que o artigo não atualizado seja colocado na internet, mas a versão final fica restrita à revista.
Nesse sentido, o Brasil é pioneiro no mundo ao criar uma legislação que obriga todas as teses de mestrado e doutorado de universidades públicas a serem publicadas na internet. Ortellado lembrou que o ministro da cultura Gilberto Gil anunciou recentemente a criação de um fórum nacional para discussão da lei brasileira de direitos autorais. O objetivo é o encaminhamento de uma reforma na lei, em questão, para adequar-se ao novo contexto tecnológico.
3ª PALESTRA: "Formação do Engenheiro, exame de ordem e resolução 1010"
Palestrantes: José Tadeu da Silva
Presidente do CREA-SP
Edemar de Souza Amorim
Presidente do Instituto de Engenharia
A resolução 1.010/05 modifica a forma como os títulos profissionais são atribuídos. Anteriormente, as atividades e competências eram dadas de acordo com a Habilitação ou o tipo de engenharia cursado durante a graduação ou especialização. Agora, elas são atribuídas de acordo com a competência ou estrutura curricular.
Isso gera uma flexibilização de mercado de trabalho, já que é possível obter atribuição de atividades de outra habilitação ou, até mesmo, de outros cursos de arquitetura e agronomia). Isso significa que um aluno da Civil que se insere no programa Poli-FAU, por exemplo, pode estar apto, ao final do curso para realizar restaurações. O mesmo raciocínio se aplica aos alunos de uma Habilitação que puxam disciplinas de outras, sempre observando as exigências mínimas do CREA.
Essa mudança também discrimina estruturas curriculares e ementas diferentes entre as instituições de ensino. Dois engenheiros com titulação antes iguais podem ter as atribuições (ou permissões de atividades) diferentes, dependendo de quão completo ou não foi a formação. Por exemplo, entre dois engenheiros mecânicos que cursaram um curso regular em instituições distintas, um pode ter a permissão para assinar um desenho técnico e outro não.
Tendo em vista essa modificação, os palestrantes afirmaram que parece ser uma tendência o ensino de engenharia se voltar para um tronco comum, tornando-se mais generalista. Também sob essa perspectiva, o exame de ordem não é um projeto adequado ao profissional de engenharia, segundo eles, uma vez que, com o novo sistema, é possível discriminar melhor a formação de cada profissional.
O Instituto de Engenharia é uma sociedade sem fins lucrativos formada com os objetivos de defender os interesses profissionais da classe e o desenvolvimento tecnológico, além de permitir um intercâmbio entre seus associados. Ele possui uma sede social e uma de campo, revistas técnicas e jornais. Para estudantes, a anuidade é de R$ 20,00.
Todas as palestras foram gravadas e serão disponibilizadas no site do Grêmio: www.gremio.poli.usp.br.

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