quarta-feira, 18 de março de 2009

Apostila distribuída pelo governo do Estado muda divisão política do continente americano

JORNAL BOM DIA QUARTA-FEIRA DIA 18 DE 2009

Uma América, dois Paraguais
Apostila distribuída pelo Estado muda divisão política do continente
Uma América, dois Paraguais

Apostila distribuída pelo governo do Estado muda divisão política do continente americano
Carla de Campos
Quais são os países que fazem fronteira com o Brasil? A resposta estará sempre errada se alunos e professores seguirem fielmente o material didático distribuído pela Secretaria de Estado de Educação de São Paulo. O erro está no capítulo sobre Fronteiras Permeáveis, tanto no caderno do professor quanto dos alunos da sexta série do ensino fundamental. Nesta lição, o Paraguai aparece duas vezes no mapa da América do Sul, ora no lugar do Uruguai, ora no da Bolívia. Os cadernos foram distribuídos para utilização durante o primeiro bimestre de 2009. Todas as disciplinas possuem cadernos didáticos. Para o professor de geografia Emerson Ribeiro, o erro é grosseiro e facilmente percebido no mapa da América. “Isso é algo feito às pressas. É algo bobo mas não poderia ter acontecido nunca”, diz. O professor aponta outra falha no material distribuído pelo Estado. Segundo ele, falta texto nas apostilas para que o aluno contextualize a lição de geografia. “Não há nenhum tipo de texto de apoio”, aponta. O problema não pára por aí: para o professor, as cores dos mapas também podem confundir os alunos. “O professor tem que fazer revisão deste material. Já desde o ano passado não se pode confiar em material do Estado”, explica. Após a repercussão dos erros nas apostilas de geografia, o governo promete providências. Em nota oficial, a Secretaria de Estado da Educação afirma que determinou à Fundação Vanzolini, responsável pela elaboração de mapas e projeto gráfico do material, a troca dos cadernos de alunos com erros em mapa da América do Sul.A fundação deve arcar com todos os gastos desta troca, incluindo impressão e distribuição.Alunos notam falha em cadernoAlguns alunos identificaram o erro antes mesmo de chegar à lição, caso de Giovana Silva, 12 anos, da Escola Eufrásio Monteiro. Ela conta ainda que sua turma encontrou outro erro no material: falta Sorocaba e Salto de Pirapora na divisão política do Estado de São Paulo. “Nossa, imagina se a gente aprende errado!”, diz seu colega de turma, Mateus Lopes, 11. A mãe de Giovana, Selma da Silva, 49, percebeu o erro na divisão política do Estado mas não no mapa da América. “Acho que faltou revisão na gráfica”, opina.Para Reginaldo Braz, pai de Beatriz, aluna da escola Ezequiel Machado, a situação é grave. “É absurdo. O governo só sabe cobrar.”‘Erros são fáceis de serem corrigidos‘ Os erros no material didático são sanáveis e fruto de equívoco. A opinião é do presidente do Conselho Estadual de Educação, Arthur Fonseca Filho. “É preciso corrigir isso imediatamente e depois apurar responsabilidade”, diz. A divulgação do problema, analisa, tomou proporções que podem ter conotação política.Já para o coordenador da Apeoesp (Sindicato dos Professores) em Sorocaba, Marcelino de Almeida, há pouca democratização. “O projetos da secretaria são feitos de cima pra baixo, sem discussão com a comunidade.”
Uma América, dois Paraguais Apostila distribuída pelo governo do Estado muda divisão política do continente americano
Carla de Campos
Quais são os países que fazem fronteira com o Brasil? A resposta estará sempre errada se alunos e professores seguirem fielmente o material didático distribuído pela Secretaria de Estado de Educação de São Paulo. O erro está no capítulo sobre Fronteiras Permeáveis, tanto no caderno do professor quanto dos alunos da sexta série do ensino fundamental. Nesta lição, o Paraguai aparece duas vezes no mapa da América do Sul, ora no lugar do Uruguai, ora no da Bolívia. Os cadernos foram distribuídos para utilização durante o primeiro bimestre de 2009. Todas as disciplinas possuem cadernos didáticos. Para o professor de geografia Emerson Ribeiro, o erro é grosseiro e facilmente percebido no mapa da América. “Isso é algo feito às pressas. É algo bobo mas não poderia ter acontecido nunca”, diz. O professor aponta outra falha no material distribuído pelo Estado. Segundo ele, falta texto nas apostilas para que o aluno contextualize a lição de geografia. “Não há nenhum tipo de texto de apoio”, aponta. O problema não pára por aí: para o professor, as cores dos mapas também podem confundir os alunos. “O professor tem que fazer revisão deste material. Já desde o ano passado não se pode confiar em material do Estado”, explica. Após a repercussão dos erros nas apostilas de geografia, o governo promete providências. Em nota oficial, a Secretaria de Estado da Educação afirma que determinou à Fundação Vanzolini, responsável pela elaboração de mapas e projeto gráfico do material, a troca dos cadernos de alunos com erros em mapa da América do Sul.A fundação deve arcar com todos os gastos desta troca, incluindo impressão e distribuição.Alunos notam falha em cadernoAlguns alunos identificaram o erro antes mesmo de chegar à lição, caso de Giovana Silva, 12 anos, da Escola Eufrásio Monteiro. Ela conta ainda que sua turma encontrou outro erro no material: falta Sorocaba e Salto de Pirapora na divisão política do Estado de São Paulo. “Nossa, imagina se a gente aprende errado!”, diz seu colega de turma, Mateus Lopes, 11. A mãe de Giovana, Selma da Silva, 49, percebeu o erro na divisão política do Estado mas não no mapa da América. “Acho que faltou revisão na gráfica”, opina.Para Reginaldo Braz, pai de Beatriz, aluna da escola Ezequiel Machado, a situação é grave. “É absurdo. O governo só sabe cobrar.”‘Erros são fáceis de serem corrigidos‘ Os erros no material didático são sanáveis e fruto de equívoco. A opinião é do presidente do Conselho Estadual de Educação, Arthur Fonseca Filho. “É preciso corrigir isso imediatamente e depois apurar responsabilidade”, diz. A divulgação do problema, analisa, tomou proporções que podem ter conotação política.Já para o coordenador da Apeoesp (Sindicato dos Professores) em Sorocaba, Marcelino de Almeida, há pouca democratização. “O projetos da secretaria são feitos de cima pra baixo, sem discussão com a comunidade.”

3 comentários:

Anônimo disse...

Fui aluno de um dos professores responsáveis por esse projeto da Secretaria da Educação...Quando perguntei sobre o erro ele respondeu rindo:"Eu não sou religioso, mas quando soube do erro, comecei a rezar... HAHAHA, a minha série estava perfeita, ainda bem".

Já trabalhei na editora Moderna e encontrei um erro de uma das páginas que fiz. O problema é quase impossível de ser evitado. Funciona assim, depois de fazer toda a página deve-se pedir para o departamento de iconografia as fotos e imagens que precisa, redige o texto e depois manda para o pessoal da arte. No dia seguinte você recebe uma impressão em A3 do material e confere, manda os erros que encontrar para serem corrigidos, e recebe outra cópia em A3. Mais tarde, se algo for modificado, novamente você recebe uma nova imagem para ser revisada, mas muitas vezes o pessoal da arte final ao invés de usar a última versão do material que você enviou, ele usam um arquivo antigo e voilà, apareceu um erro na impressão final que já tinha sido corrigido... Como no meu caso.
O mais importante não é falar que o material é um lixo, porque logicamente ele não é um lixo... O que deveria ser discutido em profundidade é que o professor perdeu autonomia na sala de aula, e isso é um golpe muito forte. Outra coisa é a mensagem que essa ação governista manda para a sociedade: "
Veja, nós (o governo) enviamos para todos os alunos do estado material didático, livros, apostilas, reformamos as escolas (foi enviada verbas para todas as escolas para recuperação do espaço físico)... Qualquer coisa que impeça o aprendizado dos alunos é, e só pode ser culpa dos professores, esses profissionais porcarias que não trabalham e são completamente despreparados...
Agora a verdade crua e nua. Sou professor no estado e tenho 7 alunos analfabetos nas quatro 5º séries que leciono, quando se torna impossível manter a sala em ordem para as aulas e convocamos os pais de alguns para uma conversa os mesmos nunca aparecem, nem convocados, nem nas reuniões de pais, nenhuma vez no ano (!!!). A reprovação por baixo desempenho não existe mais, apenas os casos extremos (2 ou 3 por classe) ocorrem por excesso de faltas...Nas 7º série que leciono (apenas 2 salas) são 3 casos de gravidez e o uso de drogas é enorme, traficantes? Nem tanto, apenas 2. Pior de tudo na profissão? O salário logicamente (já viu professor no Brasil não reclamar do salário?) recebo cerca de 7 reais por hora de trabalho, mais gratificações que não serão incorporadas numa potencial aposentadoria, total, cerca de 12 reais por hora... Só lembrar que o máximo de horas que se pode trabalhar no estado são 33 por semana. 1/5 do salário de quando trabalhava na editora...
Quero ver achar profissionais qualificados que aceitam trabalhar nessas condições por muito tempo...Isso sim será mais difícil que arrumar o erro de um mapa.

Anônimo disse...

É professor. Disse tudo. A luta é grande e o reconhecimento nenhum. Sou pai de uma menina de 10 anos. Ela estuda em colégio particular mas mesmo assim, tenho que ficar de olho. Participo de todas as reuniões; dou palpites; reclamo e dou sugestões. Agora mesmo estou enganjado em uma nova tarefa. Produzo DVD's educativos com material que consigo na internet. Estes vídeos eu entrego a Coordenação (sem custo) para que seja levado ao conhecimento dos alunos.

Anônimo disse...

Não concordo com todo o pensamento do professor (apenas em parte). Sou aluno da escola pública e não acredito que os cadernos do aluno tirem a liberdade de os professores aplicarem conteúdos à sua escolha. Os materiais enviados pelo Governo não foram feitos para serem seguidos a risca, são apenas um tipo de "roteiro" para os educadores. Os professores podem aplicar o que quiserem, desde que esteja de acordo com a proposta curricular.
É verdade: há falhas no conteúdo criado pelo Estado de SP, porém, já vi muitos materiais de escolas privadas muito bem conceituadas com erros grotescos (piores que os do São Paulo Faz Escola).
Vale ressaltar que há muitos alunos que não têm responsabilidades, porém, há professores terríveis no Estado de SP, sendo que no ano passado, o meu de biologia nem sabia o que ele estava passando na lousa (do mesmo modo que não sabia nada do que perguntávamos), ele apenas passava a matéria na lousa e nem explicava. Graças ao material que o Governo o havia enviado, pude ter uma noção do que eu realmente devia ter aprendido.
Não estou defendendo o Governo, pois é verdade: Os professores não são devidamente valorizados!! Porém, quando se escolhe esta profissão, sabe-se de seus riscos, e sabe-se que deverá brigar muito para que esse quadro se inverta.
Mesmo assim acredito que depois de muitos anos, o governo está tentando melhorar a educação (como todos queriam). Acho muito bom o material do São Paulo Faz Escola (apesar das falhas contidas no mesmo). O problema é que antes o Estado não fornecia material aos alunos e ao professor, todo mundo reclamava disso. Agora que o Governo resolve fazer alguma coisa, a população acrítica começa a meter a boca e falar que o mesmo está jogando dinheiro no lixo, ao invés de dar soluções aos problemas.
Infelizmente no Brasil, não são só os professores que são desvalorizados, muitos trabalhadores de diversas áreas também são!
Deve ser dado um passo de cada vez: Agora o governo começa a enviar material aos alunos. Se as greves (como muitos professores fazem) continuarem, logo a questão do salário desses profissionais será resolvida. Depois disso, deve-se lutar por outras coisas.
Porém existe uma coisa: Nunca se deve pedir o fim de um direito adquirido (querendo ou não, o material enviado pelo governo é um direito adquirido).