sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Universidades federais em SP crescem, mas têm problemas


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u447891.shtml

23/09/2008 - 10h37
Universidades federais em SP crescem, mas têm problemas
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FERNANDA CALGAROLUISA ALCANTARA E SILVA

da Folha de S.Paulo
No próximo vestibular das universidades federais no Estado de São Paulo, o número de vagas em disputa será 33% maior do que no anterior.
Só a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) terá 1.107 vagas a mais --sendo 895 em 20 novos cursos, já para o vestibular deste ano.
A Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) vai criar seis cursos, fazendo com que a oferta de vagas pule de 1.203 para 1.812 --aumento de 609.
A UFABC (Universidade Federal do ABC) continuará com as mesmas 1.500 vagas, mas trará uma novidade para 2009 em relação ao seu curso. Hoje, todos os alunos fazem um curso básico de três anos em ciência e tecnologia. Quem ingressar em 2009 poderá escolher se quer ter um diploma de bacharelado ou licenciatura na área. A instituição estuda ainda abrir um campus em Mauá, cidade na Grande São Paulo sem nenhuma universidade pública.
Embora sejam conhecidas pela excelência no ensino, as instituições federais paulistas passam por dificuldades.
A Unifesp está em meio a uma crise que levou à renúncia de seu reitor. Além disso, graduações recém-criadas ainda não têm a infra-estrutura necessária, mesmo problema pelo qual passa a UFABC. Já os alunos da UFSCar não têm laboratórios modernos.
Confira um raio-X com os pontos altos e baixos dessas universidades:
Unifesp
Considerada a melhor universidade do país em avaliação do Ministério da Educação, a Unifesp passa por uma crise. Após enfrentar denúncias de irregularidades em gastos de viagem, o reitor Ulysses Fagundes Neto renunciou ao cargo em agosto. Ele diz ter se equivocado ao usar o cartão de crédito corporativo para pagar artigos de uso pessoal.
Mas a fase que a Unifesp atravessa é também de crescimento. Serão criados em 2009 seis cursos: serviço social, ciências químicas e farmacêuticas --com habilitação em farmácia e bioquímica ou química industrial--, história da arte, letras e matemática computacional.
Fundada em 1933, criou o primeiro hospital-escola do país, o hospital São Paulo, em 1940. Hoje, tem 3.274 alunos na graduação, embora o seu forte seja a área de pesquisa.
A segundanista Maraisa Killian, 20, já está fazendo iniciação científica. "A universidade nos apóia para participarmos dos projetos de pesquisa", diz.
"Aqui, o aluno vê como a pesquisa é feita", afirma Lucia de Oliveira Sampaio, pró-reitora de graduação.
Em 2009, deve ser inaugurado um prédio com laboratórios, já que os atuais não são suficientes. Outro problema é a infra-estrutura incompleta dos cursos de humanas e exatas, que são novos.
A inscrição vai até o dia 17 de outubro.
UFABC
Com dois anos de existência, a UFABC ainda está em construção. No campus de Santo André, na região metropolitana de São Paulo, o bloco B, com 11 andares de salas e laboratórios, foi inaugurado em maio. Até então, as aulas ocorriam em salas adaptadas em galpões e construções existentes.
O bloco A, que terá mais 60 salas de aula, vai tomando forma dia a dia em meio a um fervilhar de operários. Também será construído um centro esportivo. A previsão é que a obra completa seja entregue até o fim de 2009, mas o refeitório deve estar pronto antes. "Faz falta ter onde comer", diz a aluna Juliana Sanchez Morine, 20.
Em São Bernardo do Campo, serão construídos prédios que abrigarão 400 novos estudantes e laboratórios. Essas vagas devem ser para a área de humanas, com ingresso em 2010.
O projeto pedagógico é inovador. Todos os 1.500 ingressantes fazem um curso básico de três anos em ciência e tecnologia. Ao final, já recebem um diploma de bacharelado ou de licenciatura. É possível dar continuidade aos estudos por mais um ou dois anos e tirar o diploma na carreira escolhida, como biologia, matemática, química ou engenharia. Todos os professores têm doutorado.
As inscrições para o vestibular vão até esta quinta.
UFSCar
Com três campi espalhados no interior do Estado --São Carlos, Araras e Sorocaba--, a UFSCar se destaca, de acordo com Roberto Tomasi, pró-reitor de graduação, pela "excelência dos cursos".
"Aqui, o aluno entra em contato com o conhecimento e como ele é feito", diz ele. Dentre os problemas, Tomasi cita a dificuldade em conseguir comprar equipamentos.
Se, de um lado, os laboratórios de pesquisa são equipados com instrumentos modernos --pagos pelas fundações de apoio à pesquisa--, de outro, os laboratórios de ensino, utilizados pelos alunos da graduação, precisam de aparelhos, como microscópios, novos.
No ano que vem, serão abertos 20 cursos --um aumento de 895 novas vagas, fora as 212 vagas que serão criadas em carreiras já existentes.
No total, a universidade oferecerá 2.577 vagas, sendo 57 delas reservadas para candidatos indígenas, em 57 cursos. No ano passado, o mais concorrido foi o de medicina, com 109,88 candidatos por vaga. O de matemática à noite foi o menos procurado, com 5,33 candidatos por vaga. Mais de 98% dos cerca de 730 docentes da UFSCar são mestres e doutores.
As inscrições para o vestibular vão até o dia 17 de outubro.

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