terça-feira, 30 de setembro de 2008
UFPE vivencia eleições para o Diretório Central dos Estudantes
UFPE vivencia eleições para o Diretório Central dos Estudantes
29/09/2008
Depois de um ano e meio fechado, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) inicia mais um processo eleitoral que definirá quem será o novo grupo que estará à frente da entidade durante um ano (2008/2009). A eleição acontecerá de hoje (29) até o dia 2 de outubro e promete ser uma das maiores da história da universidade, pois abrange os campi do Recife, Caruaru e Vitória.
Ao todo, são três chapas concorrendo: "Levante e Cante, pois o grito já não basta"; "Correnteza" e "Pra sair dessa maré". Para que a eleição seja válida, é preciso que no mínimo 30% do total de estudantes votem, o que representa quase 8 mil alunos.
As urnas estarão em todos os centros e divididas de acordo com a localização das salas dos cursos das 8h às 22h. Para votar, é preciso que o estudante esteja regularmente matriculado e apresente qualquer documento oficial expedido pelo Governo Federal, Estado da Federação e Município, com foto e/ou carteira de estudante. O resultado da apuração será dado no dia 3 de outubro (sexta-feira). A Comissão Eleitoral reitera a importância da participação dos estudantes para garantir que a entidade volte a funcionar e lutar pelos direitos dos alunos.
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Ocupação da Reitoria da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
FONTE: Lista de e-mails
Caros colegas devido à correria para digitar rápido a pauta cometemos alguns erros ortográficos e de concordâncias, mas a essências está expressa ai, obrigado pela atenção contamos com a manifestação de apóio de vocês.
Ocupação da Reitoria da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
À REITORIA,
Nós, estudantes da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia temos como pauta estudantil da presente ocupação da Reitoria da UFRB, as seguintes reivindicações:
· Descentralização financeira, técnica, administrativa etc. dos centros;
· Residência provisória imediata, com prazo hábil para implantação;
· Garantia de uma residência definitiva, com prazo determinado;
· Aumento do valor do auxilio moradia de R$200,00 para R$250,00;
· Aumento do valor da Bolsa de Permanência de R$ 300,00 para R$ 400,00
· Laboratórios de conservação, restauração, TV e rádio, microfilmagem, fotografia, anatomia, bioquímica, física, biologia, pedagogia e química;
· Equipamento como câmeras de vídeo, maquinas fotográficas, etc.;
· Mais Livros para as bibliotecas;
· Planos de compensação, para as matérias que não puderam ser realizadas por déficits de equipamentos e professores;
· Incentivo a pesquisa (mais bolsas);
· Contratação de mais professores, via concurso;
· Assistência médica;
· Transporte externo entre os campi;
· Restaurantes Universitários (R.U.) em todos os campus aberto a toda comunidade acadêmica com preço popular, gratuito para bolsistas assistidos pela PROPAAE;
· Ampliação do restaurante de Cruz das Almas;
· Auxílio alimentação para os campos de Amargosa, Cachoeira e Santo Antonio para bolsistas da PROPAAE, até ser implantado o R.U.;
· Estrutura Física adequada para o desenvolvimento das práticas
· Construção de Creches
· Veículos que permitam a acessibilidade para portadores de deficiências físicas
· Assistência Medica, Psicologia e Odontológica para TODOS os estudantes;
· Prestações de contas para a comunidade acadêmica
· Mais segurança nos centros;
· Viabilização de espaços para ministração das aulas, visto que, os centros já apresentam grande demanda de estudantes por salas de aula;
· Acréscimo da Licenciatura para o curso de Ciências Sociais.
Universidades federais em SP crescem, mas têm problemas
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u447891.shtml
23/09/2008 - 10h37
Universidades federais em SP crescem, mas têm problemas
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FERNANDA CALGAROLUISA ALCANTARA E SILVA
da Folha de S.Paulo
No próximo vestibular das universidades federais no Estado de São Paulo, o número de vagas em disputa será 33% maior do que no anterior.
Só a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) terá 1.107 vagas a mais --sendo 895 em 20 novos cursos, já para o vestibular deste ano.
A Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) vai criar seis cursos, fazendo com que a oferta de vagas pule de 1.203 para 1.812 --aumento de 609.
A UFABC (Universidade Federal do ABC) continuará com as mesmas 1.500 vagas, mas trará uma novidade para 2009 em relação ao seu curso. Hoje, todos os alunos fazem um curso básico de três anos em ciência e tecnologia. Quem ingressar em 2009 poderá escolher se quer ter um diploma de bacharelado ou licenciatura na área. A instituição estuda ainda abrir um campus em Mauá, cidade na Grande São Paulo sem nenhuma universidade pública.
Embora sejam conhecidas pela excelência no ensino, as instituições federais paulistas passam por dificuldades.
A Unifesp está em meio a uma crise que levou à renúncia de seu reitor. Além disso, graduações recém-criadas ainda não têm a infra-estrutura necessária, mesmo problema pelo qual passa a UFABC. Já os alunos da UFSCar não têm laboratórios modernos.
Confira um raio-X com os pontos altos e baixos dessas universidades:
Unifesp
Considerada a melhor universidade do país em avaliação do Ministério da Educação, a Unifesp passa por uma crise. Após enfrentar denúncias de irregularidades em gastos de viagem, o reitor Ulysses Fagundes Neto renunciou ao cargo em agosto. Ele diz ter se equivocado ao usar o cartão de crédito corporativo para pagar artigos de uso pessoal.
Mas a fase que a Unifesp atravessa é também de crescimento. Serão criados em 2009 seis cursos: serviço social, ciências químicas e farmacêuticas --com habilitação em farmácia e bioquímica ou química industrial--, história da arte, letras e matemática computacional.
Fundada em 1933, criou o primeiro hospital-escola do país, o hospital São Paulo, em 1940. Hoje, tem 3.274 alunos na graduação, embora o seu forte seja a área de pesquisa.
A segundanista Maraisa Killian, 20, já está fazendo iniciação científica. "A universidade nos apóia para participarmos dos projetos de pesquisa", diz.
"Aqui, o aluno vê como a pesquisa é feita", afirma Lucia de Oliveira Sampaio, pró-reitora de graduação.
Em 2009, deve ser inaugurado um prédio com laboratórios, já que os atuais não são suficientes. Outro problema é a infra-estrutura incompleta dos cursos de humanas e exatas, que são novos.
A inscrição vai até o dia 17 de outubro.
UFABC
Com dois anos de existência, a UFABC ainda está em construção. No campus de Santo André, na região metropolitana de São Paulo, o bloco B, com 11 andares de salas e laboratórios, foi inaugurado em maio. Até então, as aulas ocorriam em salas adaptadas em galpões e construções existentes.
O bloco A, que terá mais 60 salas de aula, vai tomando forma dia a dia em meio a um fervilhar de operários. Também será construído um centro esportivo. A previsão é que a obra completa seja entregue até o fim de 2009, mas o refeitório deve estar pronto antes. "Faz falta ter onde comer", diz a aluna Juliana Sanchez Morine, 20.
Em São Bernardo do Campo, serão construídos prédios que abrigarão 400 novos estudantes e laboratórios. Essas vagas devem ser para a área de humanas, com ingresso em 2010.
O projeto pedagógico é inovador. Todos os 1.500 ingressantes fazem um curso básico de três anos em ciência e tecnologia. Ao final, já recebem um diploma de bacharelado ou de licenciatura. É possível dar continuidade aos estudos por mais um ou dois anos e tirar o diploma na carreira escolhida, como biologia, matemática, química ou engenharia. Todos os professores têm doutorado.
As inscrições para o vestibular vão até esta quinta.
UFSCar
Com três campi espalhados no interior do Estado --São Carlos, Araras e Sorocaba--, a UFSCar se destaca, de acordo com Roberto Tomasi, pró-reitor de graduação, pela "excelência dos cursos".
"Aqui, o aluno entra em contato com o conhecimento e como ele é feito", diz ele. Dentre os problemas, Tomasi cita a dificuldade em conseguir comprar equipamentos.
Se, de um lado, os laboratórios de pesquisa são equipados com instrumentos modernos --pagos pelas fundações de apoio à pesquisa--, de outro, os laboratórios de ensino, utilizados pelos alunos da graduação, precisam de aparelhos, como microscópios, novos.
No ano que vem, serão abertos 20 cursos --um aumento de 895 novas vagas, fora as 212 vagas que serão criadas em carreiras já existentes.
No total, a universidade oferecerá 2.577 vagas, sendo 57 delas reservadas para candidatos indígenas, em 57 cursos. No ano passado, o mais concorrido foi o de medicina, com 109,88 candidatos por vaga. O de matemática à noite foi o menos procurado, com 5,33 candidatos por vaga. Mais de 98% dos cerca de 730 docentes da UFSCar são mestres e doutores.
As inscrições para o vestibular vão até o dia 17 de outubro.
Projeto Entrevista José Dirceu
São Paulo, 15 de Setembro de 2008
Foi num final de tarde de temperaturas baixas em São Paulo (cerca de 11 graus) que me dirigi ao escritório de José Dirceu, que fica na Vila Clementino. Desci no metrô Santa Cruz e fui caminhando algumas quadras até o local indicado. Havíamos há um bom tempo solicitado a entrevista, mas sempre prorrogada ou até mesmo adiada. Sabemos que desde a política universitária nos anos 1960, quando Dirceu foi um dos principais líderes estudantis de sua geração, que ele mergulhou na política e vive 100% do seu tempo trabalhando em torno dela. Mas foi uma entrevista agradável, embora o ambiente ainda respirava mais uma matéria jornalística combatendo José Dirceu. Foi o caso da revista Carta Capital que, juntamente com a Revista Veja, também tem feito matérias buscando mais atingir a pessoa (o individual) do que o homem público e suas idéias. Gostemos ou não de Dirceu, creio que não podemos esquecer sua contribuição ao país ao longo de mais de 40 anos. E muito menos deixar de observar o seu grande trabalho para eleger o Presidente Lula.
Postado por Otávio Luiz Machado (otaviomachado3@yahoo.com.br)
Entrevista de Tânia Bacelar
23/09/2008 05:36
-->Tânia Bacelar -->
Por Zé Dirceu
-->“Temos que completar o sonho de JK”A afirmação é de Tânia Bacelar, uma das maiores especialistas em desenvolvimento regional do país. Para concretizar o sonho de JK, Tânia sugere efetivo planejamento urbano e prioridade à educação.
"Temos que completar o sonho de JK" A afirmação é da economista, socióloga e professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFP), Tânia Bacelar, considerada uma das maiores especialistas em economia e desenvolvimento regional do país. Formuladora de políticas com foco no desenvolvimento local, Tânia atuou por 30 anos na Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e é autora de vasta literatura na qual aborda, além de sua especialidade, sociologia, geografia, urbanismo e política. Nesta entrevista, Tânia avalia o crescimento das cidades de porte médio e alerta para a urgência de uma organização de seus territórios e do transporte urbano. Segundo ela, o crescimento das regiões centrais do país mostra que caminhamos ao encontro do sonho do ex-presidente Juscelino Kubistchek (1955/1960), mas para atingi-lo "precisamos de um olhar" urgente para o nosso sistema de cidades, sob pena de, em curto espaço de tempo, não mais podermos salvá-lo. "Estamos na contramão da tendência mundial", constata Tânia, observando que o Brasil "entope suas cidades de carro", enquanto o restante do mundo investe em transporte público urbano de massa. Didática, a economista nos presenteia com um estudo que ilustra a situação do Brasil atual e revela a persistência de dois Brasis, onde as regiões Norte e Nordeste, apesar de melhoras, continuam como as mais carentes. Para a socióloga, o maior desafio do próximo governo é elevar a educação a outro patamar, com ensino integral e de qualidade, ao mesmo tempo em que se mantém atento ao desenvolvimento tecnológico e das bases produtivas locais. Para Tânia - secretária de Planejamento e de Fazenda no segundo governo de Miguel Arraes em Pernambuco (1987-1990) - o presidente Lula, depois de mais de 40 anos morador de São Paulo, no governo, ainda se mantém um autêntico "nordestino". Sobre as políticas do governo Lula e seu impacto nas transformações do Nordeste, ela considera que a grande transformação da região foi promovida pelas políticas nacionais que provocaram a dinamização do consumo e investimentos vultosos, atualmente, na região.[ Zé Dirceu ] Estamos no 6º. ano de governo Lula. Lutamos 20 anos das nossas vidas para que o PT, Lula, e os partidos nossos aliados históricos, chegassem ao governo. Como uma das principais, não só formuladora, mas também operadora das políticas de desenvolvimento do Nordeste, qual a sua avaliação das transformações na região com as políticas do governo Lula e com o próprio crescimento do país?
[ Tânia Bacelar ] O Nordeste foi muito beneficiado pelas políticas do governo. A região vive uma conjuntura muito favorável. Mas o interessante é que não foram políticas regionais. Quando fazemos o balanço de políticas regionais no governo Lula, os avanços foram muito pequenos. A recriação da Sudene é inexpressiva. Avançamos na concepção da Política Nacional de Desenvolvimento Regional, mas não tivemos recursos. Ela seria financiada pelo fundo regional. Justiça se faça ao Lula: a primeira proposta de emenda constitucional (PEC) que passou na frente, ele incluiu esse fundo. Não tinha dois meses de governo quando aprovou a PEC da reforma tributária e colocou o fundo. O problema é que ele foi negociado pelos governadores que criaram uma espécie de Fundo de Participação dos Estados - 2 (FPE-2), mas ninguém ganhou. Nem o governo federal criou o fundo, nem os governadores criaram. Tiveram uma vitória de Pirro. Hoje tem seca no Nordestee ninguém ouve falarEntão, quando fazemos o balanço do Ministério da Integração e das políticas regionais clássicas, o avanço é mínimo. O Nordeste mudou pelas políticas nacionais. Elas beneficiaram a maioria da população, chegaram ao Nordeste e tiveram impactos muito relevantes. A primeira grande mudança na região foi a dinamização do consumo. Nisso, o peso do Bolsa Família é inegável. Teve um impacto muito grande, porque o Nordeste tem 28% da população do Brasil e a metade dos pobres do país. Recebe metade do Bolsa Família. O governo mudou de escala. O conjunto de bolsas da era FHC dava R$ 2 bi, e o governo Lula multiplicou isso por 5. No que você mudou de escala e o Nordeste é metade, ele puxou metade dos recursos. Então, o governo começou a desenvolver o Nordeste puxando pelo consumo. O que vemos hoje no Brasil, em termos de dinamismo do consumo das classes de menor renda, no Nordeste se expressou muito mais rápido com o Bolsa Família e com o salário mínimo. O mínimo já vinha crescendo, mas esse governo o consolidou para cima. No ano passado, o índice geral de inflação médio dá um pouco mais de 5% e o salário mínimo deste ano foi corrigido em 9,2%. Não é uma diferença pequena, é quase o dobro.Com 28% da população brasileira e metade dos pobres do país, o Nordeste tem, também, a metade dos trabalhadores que ganham um salário mínimo. Com o aumento de compra deste, metade do efeito foi para lá. Teve um peso importante no consumo. Junta-se o crédito, que também se ampliou e se democratizou no país, o resultado é que se estimulou o consumo. O Nordeste já tinha se beneficiado com a Constituinte quando ela ampliou a previdência rural. Hoje tem seca no Nordeste e ninguém ouve falar, porque lá no miolão do semi-árido chegou a previdência rural. Há, aí, uma transferência de grande significado financeiro. Em alguns municípios, a do INSS é maior do que a do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) que a União repassa às prefeituras. Segurou a população mais vulnerável do semi-árido, ela ficou no meio rural. Em cidades grandes não se nota isso, mas nas pequenas, que não tem base produtiva, o montante dessas transferências termina tendo peso econômico para aquele tamanho de economia. Pequena, praticamente inexistente, mas quando se joga essas transferências, elas dinamizam a economia local. É a farmácia, a padaria, a bodega da esquina, a feira que vendem mais. O pouco de economia dali é irrigado e dinamizado pelo recurso que vem de fora. Então, o que vemos hoje no Brasil, em termos de dinamismo do consumo das classes de menor renda, no Nordeste se expressou muito rápido com o Bolsa Família e com o salário mínimo. Tiveram um peso importante no consumo. Benefícios para o Nordestevieram das políticas nacionaisAgora, todo o desenvolvimento do Nordeste se dá sempre com políticas nacionais. Não foram políticas para a região, mas nacionais focadas para a população de mais baixa renda. Como o Nordeste tem a maior população de mais baixa renda do país, o impacto regional de uma política nacional, foi maior lá.Depois tivemos a fase seguinte do investimento. Hoje, ao fazermos um balanço, vemos o Nordeste de um outro jeito. A dinamização do consumo puxou o investimento mais ligado ao consumo da maioria. Grandes empresas de massas, biscoitos, etc, abriram fábricas lá. A Bauducco, Nestlé, Perdigão e Sadia estão lá para fazer embutidos. São produtos desse patamar de consumo. Temos uma segunda leva de investimentos, os de peso, que não tem a ver com a lógica do consumo. Por exemplo, a Petrobras. A empresa segue uma política nacional que beneficia o Nordeste. Até mudou essa política, resolveu fazer novas refinarias e vai implantar três na região - em Pernambuco, no Ceará e no Maranhão. São investimentos grandes com impacto. O de Pernambuco será de R$ 18 bi. Isso tem efeito multiplicador. Aliás, já o tem nessa fase de construção.No meu balanço, nós não tivemos políticas regionais, mas nacionais que tiveram um impacto regional, maior no Nordeste e no Norte do que nas regiões mais ricas do país.[ Zé Dirceu ] Você incluiria nesse rol de políticas nacionais que beneficiaram o Nordeste, a agricultura familiar?[ Tânia Bacelar ] Sim, o Programa Nacional de Agricultura Familiar (PRONAF) também. Ele mudou de patamar na mesma dimensão que os outros programas sociais. Passou a ser 5 vezes mais.[ Zé Dirceu ] A agricultura familiar no Nordeste continua tendo um peso expressivo.[ Tânia Bacelar ] Esse é o nosso calcanhar de Aquiles. O Nordeste tem 45% da população economicamente ativa (PEA) agrícola nacional, mas responde por 14% da produção agrícola. Por isso, todas as vezes que fazemos o mapa da pobreza da população rural, é no Nordeste que aparece uma população clientela potencial do PRONAF. O programa era pequeno e quem conseguia acessar era a agricultura familiar do Sul, mais estruturada. No que aumentou muito o patamar (de recursos) e mudou algumas regras, o programa chegou ao Nordeste também. Petrobras levou indústriaque o NE nunca sonhou em terO Banco do Nordeste do Brasil (BNB) aplicou no último ano do governo FHC, US$ 250 milhões. Hoje atingiu o patamar de R$ 5 bilhões. A indústria naval também foi para lá. Frente à mudança da política de compras da Petrobrás, nós conseguimos levar uma indústria que o Nordeste nunca sonhou em ter, muito menos no porte em que chegou.[ Zé Dirceu ] A indústria naval brasileira é a 3º do mundo e a 1ª da América Latina. O Nordeste terá um estaleiro da Camargo Correa em Suape (PE). [ Tânia Bacelar ] É impressionante, é uma área enorme e tem relação com o velho tecido industrial de Pernambuco, a metalurgia, que nasceu junto com a cana. Antes da usina, quando havia só os engenhos, Pernambuco já tinha metalurgia. O investimento no estaleiro é privado, só que o mercado é a Petrobras.[ Zé Dirceu ] Em Suape tem outros investimentos além do estaleiro. Tem investimentos petroquímicos, industriais, de logística. É uma mudança fantástica.[ Tânia Bacelar ] Há o anúncio mais recente de algumas siderúrgicas, também investimentos de peso. A Vale anunciou uma no Maranhão e outra no Ceará. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) anunciou uma em Pernambuco. O Nordeste nunca teve siderúrgicas, elas foram sempre de Belo Horizonte para baixo. E o setor metalúrgico sofreu muito com a privatização, quando acabou o processo, Pernambuco e Ceará que tinham um setor de metalurgia interessante levaram uma paulada muito forte.[ Zé Dirceu ] No Nordeste, temos ainda a Transnordestina, mas parece que há um impasse. Ela é uma extensão de ferrovia já existente, é a sua modernização e a ligação entre os portos de Suape (PE) e Pecém (CE). Depois, ela desce para o sul do Piauí, para uma região que tem calcário. É uma ferrovia complexa, pública e privada. Já existe parte dela, de propriedade da CSN. Essas ferrovias acompanham as siderúrgicas, a Vale e CSN compraram com a privatização e transformaram na logística delas.[ Tânia Bacelar ] A Transnordestina é difícil de fazer. Seu arranjo institucional é complicado.É o turismo internoque tem peso[ Zé Dirceu ] Você vê o turismo realmente como uma fonte importante de criação de empregos e de desenvolvimento do Nordeste? Eu o vejo como um elemento importante de desenvolvimento, fonte de empregos e oportunidades para a juventude que pode trabalhar e estudar ao mesmo tempo, ter uma renda média e um trabalho mínimo. Se duplicar a Natal- Salvador-Rio até 2010, haverá uma mudança grande para o turismo interno. O turista interno hoje é obrigado a pegar avião. Se tivermos a rede que São Paulo tem de rodovias ligando o Sudeste ao Nordeste, haverá um fortalecimento muito grande no turismo, na movimentação dos 40 milhões de turistas internos e 8 milhões de externos. Isso pode ser ajudado, também, pela interligação das bacias.[ Tânia Bacelar ] A Transnordestina, a melhoria das BRs 101 e 116, que ligam o Sudeste com o Nordeste, e a interligação de bacias são as três obras de infra-estrutura mais importantes para o Nordeste. [ Zé Dirceu ] Com essas obras a demanda de aeroportos, terminais e de logística de empresas de aviação também será muito grande. O governo anunciou agora a Ilhéus-ferrovia Norte-Sul, a chamada Ferrovia do Oeste..[ Tânia Bacelar ] Na modernização dos aeroportos, importante para o Nordeste, ainda tem muito a fazer. O turismo é uma oportunidade para nós. Existe um modelão que está na cabeça do povo que é o do turismo internacional, meio segregador. Ele não deslancha, porque quando você vai ver os números, na verdade é o turismo interno que tem peso. O grande potencial turístico do Brasil hoje é você juntar o potencial que temos na beira da praia com o potencial de cultura da região. [ Zé Dirceu ] Turismo no mundo inteiro é cultura. País que não tem cultura, não tem turismo hoje. O turismo vai ser um elemento importante para o Nordeste e para o Brasil todo, principalmente o interno. O de negócios, e o turismo propriamente dito, que precisam de uma estrutura eficiente.[ Tânia Bacelar ] Eu também acho.Dois Brasis[ Zé Dirceu ] Com toda a sua experiência nessa área, e pensando no próximo governo - espero que consigamos fazer o sucessor - o que falta em termos de política, não só regional, mas dirigida ao Nordeste como um todo? [ Tânia Bacelar ] Quando a gente olha os mapas do Brasil, temos um Brasil de Belo horizonte pra cima e outro de Belo Horizonte para baixo. (Clique na imagem abaixo)
Esse (mapa p.12) é um mapa do IDH. O que está em azul é melhor, em vermelho é pior. Esse aqui (mapa p.13) indica a baixa escolaridade. O interior da Bahia, por exemplo, é um desafio. Já esse aqui (mapa p.14) é o inverso, é o mapa da alta escolaridade. Esses mapas mostram dois Brasis. Por isso o próximo governo terá como desafios o Norte e o Nordeste. Minha aposta é de novo em políticas nacionais, em uma política nacional de educação. O que há hoje nessa área é inaceitável porque bloqueia tudo.[ Zé Dirceu ] A baixa escolaridade é mais grave do que o IDH e a discussão da renda. [ Tânia Bacelar ] Essa baixa escolaridade poda oportunidades. Das políticas nacionais estratégicas nós avançamos um pouquinho na educação, e já se teve esse impacto. Nós apenas começamos.[ Zé Dirceu ] No caso da educação precisa uma política diferenciada para o Nordeste?[ Tânia Bacelar ] Não. Pode ser políticas nacionais, mas elas precisam privilegiar essas regiões (vermelho e laranja, p. 12). Em termos de educação, se olharmos universidades e terceiro grau, o Nordeste está bem nesse governo. Ficamos com 4 das 10 novas universidades criadas pelo governo e a região não tem 40% dos jovens. Em termos de escolas técnicas também. No programa de centros federais de educação tecnológica (CEFETs) o Nordeste teve uma participação boa, ganhos importantes. Mas está começando agora.[ Zé Dirceu ] Em educação rural a participação do Nordeste é muito maior.[ Tânia Bacelar ] Aí está o grande problema: no Nordeste tudo é concentrado no litoral. Reproduz-se na região o desequilíbrio do Brasil. Pernambuco, por exemplo, tem duas universidades federais, a Rural e a Federal, mas elas estão no Recife. Agora é que a Rural montou campi em Garanhuns e a Federal em Caruaru. E se criou no interior uma das novas universidades, a do São Francisco. [ Zé Dirceu ] E as particulares?[ Tânia Bacelar ] As particulares também estão chegando. Campina Grande tem uma universidade particular grande e duas federais.[ Zé Dirceu ] É, mas Campina Grande é um centro econômico mais importante do que João Pessoa. Não é o caso de Caruaru, Salgueiro, e Garanhuns, por exemplo.[ Tânia Bacelar ] Sem dúvidas. João Pessoa é centro político, Campina Grande é centro político e econômico.[ Zé Dirceu ] Na Paraíba verifica-se essa situação. É como Florianópolis e o interior de Santa Catarina.[ Tânia Bacelar ] Há uma discussão da qualificação da economia local no Brasil todo.O desafio da educaçãoé em outro patamar[ Zé Dirceu ] Aí temos que ter uma discussão pedagógica nacional. A educação tem que estar voltada para a economia local. No caso do Nordeste tem um peso grande a cultura agro - tanto da agricultura familiar, quanto da agroindústria. E agora, novas demandas. Estou muito otimista com a prioridade que o governo passou a dar à melhora do salário dos professores, a sua valorização pedagógica e atualização. Particularmente nos ensinos fundamental e técnico profissional.[ Tânia Bacelar ] Mesmo assim, o avanço é muito pequeno. O desafio da educação no Brasil é em outro patamar. O governo avançou, mas o tamanho do desafio é tão grande que o avanço conseguido termina sendo irrelevante. Nós temos que pegar todas as crianças/adolescentes brasileiras de 0 a 18 anos e botar numa escola boa, de manhã e de tarde. Esse é o tamanho do desafio. A gente pode olhar para o que foi feito e descobre que só melhorou de manhã de manhã, por exemplo. E o resto da tarde? O cara faz o quê? A Coréia do Sul colocou 90% dos jovens até 18 anos de manhã e de tarde na escola. O Brasil não pode fazer isso? Claro que pode.Nós temos que dar um 2º. e 3º. graus decentes. No 3º. grau, se o jovem tiver um 2º. grau bom, ele se vira. A família se junta. Veja o esforço que faz a classe média brasileira hoje para formar seus filhos. É uma coisa comovente. Para os que escapam, os que passam e conseguem fazer um 2º. Grau bom, aprendem alguma coisa, o desafio é enorme. No Nordeste, então, nem se compara. Estamos semmão-de-obra[ Zé Dirceu ] Qual o principal problema que isso gera? [ Tânia Bacelar ] Nós estamos sem mão-de-obra hoje. A economia começou a se dinamizar um pouquinho, já está faltando gente no Brasil todo, mas no Nordeste também.[ Zé Dirceu ] Inclusive, o problema surgiu em regiões onde não tínhamos tradição nisso. Para obtermos progresso, a educação precisa de mais investimentos, como o governo fez no PAC, na infra-estrutura. A situação é grave e pesa na produtividade da economia.[ Tânia Bacelar ] Esse não é um investimento irrealizável. Se você olha os números, quem paga R$ 150 bi de juros, não pode dobrar o gasto com educação? Até porque não adianta só investir 50 vezes mais. A educação não é como outro investimento. Tem que formar primeiro o professor, montar as estruturas. É um investimento que vai se potencializando gradualmente. [ Zé Dirceu ] Precisa mudar a orientação das universidades que deixaram de se preocupar com o ensino fundamental e médio, com políticas pedagógicas de formação dos professores, inclusive com o estudo da própria educação. Até nisso há certa carência de pesquisas, estudos. Eu estou otimista em função da declaração do presidente Lula, de que vai direcionar parte da renda do petróleo da camada do pré-sal para a educação. Isso é para daqui 5 a 7 anos. Como você vê ciência e tecnologia no Nordeste? Houve avanços nos centros de pesquisa nesses seis anos?Educação e tecnologia olhando a base produtiva local
[ Tânia Bacelar ] Houve investimento e o Ministério da Ciência e Tecnologia tem uma política interessante. Mas, novamente, o tamanho do investimento é muito pequeno. Ciência e tecnologia e educação tem que andar juntos. Há 20 dias estive em Petrolina (PE). O SENAI fez ali uma escola maravilhosa de 2º. grau. Gastou R$ 15 milhões. Uma escola especializada no que é a economia dali, com cursos de Engenharia de Alimentos. Na frente da escola tem um laboratório de certificação. O complexo cumpre um duplo papel: ensinará aos alunos e os treinará junto ao serviço tecnológico prestado à agricultura da própria região. É isso que tem que se fazer. Juntar educação com o desenvolvimento tecnológico, olhando para a base produtiva do lugar.O SENAI gastou R$ 15 milhões. Isso, para o Brasil, é dinheiro? Para o SENAI é dinheiro? Tem é que fazer muitas dessas escolas. Vai se fazer desenvolvimento local como? Só com o crédito não faz. O investimento tem que ser pesado e o modelo (de desenvolvimento regional) tem de estar acoplado à educação. Você já forma os alunos olhando para a base produtiva que está ali. Em Petrolina o mesmo laboratório que tem na sala de aula, tem na parte de serviços. O aluno é treinado na sala de aula e já pode prestar serviços ali, porque está tudo com o mesmo padrão técnico. É um padrão de ponta e tem que ser, aquilo ali trata de exportação.[ Zé Dirceu ] Nós temos outro problema que é a política econômica. É um problema a orientação que, infelizmente, voltou a predominar de subir juros, superávit, cortar gastos, com medo de uma inflação que não é real. [ Tânia Bacelar ] Minha opinião sobre a política macroeconômica é a mesma sua. Fomos ajudados pela política econômica mundial. Mantivemos a mesma política, a conjuntura internacional melhorou e os nossos números também. Mas nós mudamos muitos pontos na política econômica. Hoje temos uma política industrial - que não se tinha - e uma política de crédito. Na política econômica strito senso, tivemos mudanças. Na macroeconomia fomos ajudados pelo contexto mundial favorável, mais do que por mudanças e iniciativas internas.O Brasil das cidades médiasEssa política e o investimento industrial são muito importantes porque a concentração no Sudeste ainda é muito forte. Veja esse mapa (mapa, p. 31) sobre crescimento industrial. Esse é um estudo do Clélio Campolina, ele mostra onde estão as principais concentrações industriais do país e onde o país está crescendo. A indústria continua crescendo no interior de São Paulo e no polígono que vai de Belo Horizonte a Uberlândia. É esse Brasil das cidades médias que está atraindo a indústria.Ocorre o mesmo no emprego. Trabalho recente publicado na Revista UnB, feito pelo pessoal da UFRJ, analisou as 30 meso-regiões que mais ganharam emprego entre 2003 e 2007 (mapa p.32). São 14 no Sudeste, 9 no Sul e 7 no resto do país - 3 no Nordeste. Nestas 30 meso-regiões, estão 70% dos empregos formais criados, no mesmo polígono. São Paulo é o centro terciário e financeiro, mas não é mais o centro industrial novo. São Paulo já foi 22%, hoje é 11% do emprego industrial. A Grande São Paulo continua tendo um peso importante no valor da transformação industrial. O Sudeste todo é 62%. São Paulo deve ser 30%. Sempre foi mais ou menos a metade.Do ponto de vista industrial, o Brasil está sendo ocupado nas cidades do Sul-Sudeste. No caso do Nordeste a ocupação ocorre principalmente no litoral. É o que se vê quando a gente pega Suape (PE)- Pecém (CE) - São Luis (MA). A situação é o contrário da região Sul-Sudeste onde a indústria não está mais nas grandes cidades, está mais no interior, nas cidades médias que tem tudo de bom e não tem os custos de São Paulo.[ Zé Dirceu ] Essa situação explica a redução da migração em São Paulo. As pessoas estão mais voltando à sua região de origem do que vindo?[ Tânia Bacelar ] Ainda não volta mais do que vem. A migração ainda é grande para cá, mas o Censo de 2010 vai mostrar que tem uma mudança grande. A população está indo mais para o miolão do Brasil, que tem muitas cidades médias. Esse miolão do Brasil é outro desafio do governo Lula. Nós criamos o Ministério das Cidades mas ele é intra-urbano, não tem uma visão macro do desenvolvimento urbano.Transporte: estamos nacontramão da tendência.[ Zé Dirceu ] O Brasil precisa analisar seu desenvolvimento urbano. É grave a situação. As grandes cidades e periferias precisam de saneamento, educação, transporte, fontes de lazer, cultura e esporte para a juventude. Tem que se investir uns R$ 100 bilhões no mínimo nos próximos anos em metrô, transporte coletivo, saneamento... [ Tânia Bacelar ] Transporte nós estamos na contramão da tendência. Financiamos carros em 80 meses para entupir as cidades de carro e não estamos olhando o transporte coletivo. Por isso que em qualquer cidade média que você vá no Brasil está parecida com São Paulo. [ Zé Dirceu ] Esse problema é grave.[ Tânia Bacelar ] Na França até hoje, é o governo central francês que investe em transporte. Lá o investimento básico é federal.[ Zé Dirceu ] Tem que financiar as vias públicas, o metrô. Não pode só dar concessão de transporte, tem que construir as vias públicas para facilitar o transporte, senão entra carro. Cidade com mais de 1 milhão de habitantes tem que ter metrô já, para quando tiver 2 a 3 milhões não ter problema maior. Aí custa dez vezes mais fazer metrô. Nem precisa metrô, pode ser linha metropolitana, trem. Todas as cidades ficaram com estrutura ferroviária. Recife, Maceió, João Pessoa, tem essa estrutura abandonada. Como tem a Santos-Jundiaí, tem no Vale do Paraíba, precisa só retomar. O que está sendo feito hoje é ferrovia de outro tipo, de transporte de carga. O problema nos grandes centros é outro.[ Tânia Bacelar ] Faltam essas duas coisas: ter um olhar para o sistema de cidades, para esse miolão do Brasil. Tem de completar o sonho de Juscelino. Ele montou as bases e agora o Brasil está indo para onde ele sonhou que íamos, para onde temos espaço territorial para crescer. Há espaços e cidades crescendo que é uma loucura. Maringá (PR) tinha 100 mil habitantes, agora vai ter 300 mil. Maringá é uma cidade dinâmica. É um dos lugares em que mais o Brasil cresce. E agora que a Vale vai montar uma siderúrgica lá, vai-se embora mesmo. Uma cidade que passe de 100 para 300 mil, 400 mil habitantes em poucos anos, precisa de tudo. Mas não estamos olhando que essas cidades que estão crescendo. Não podemos deixar acontecer com elas o que aconteceu com as nossas cidades do litoral, em que cresceu sem o Estado ajudá-las a se organizar.Quando digo “ajudar a organizar” é fazer duas coisas que Curitiba e Porto Alegre fizeram e são exemplo até hoje no mundo todo: organizar o uso dos terrenos e transporte urbano de qualidade em todo o espaço urbano. Fui levada a uma favela em Curitiba e pensei: “não estou numa favela.” Porque (a favela) é parcelada. A casa é precária, mas tem um lote, rua, passa o caminhão do lixo, a ambulância. Melhorando ou piorando a renda, tem uma estrutura preparada. As favelas das outras grandes cidades nossas, são ocupadas de qualquer jeito, não tem rua, ambulância, o caminhão de lixo não passa. Se uma pessoa adoece tem que descer de carro de mão para pegar uma ambulância na beira da estrada. Por quê? Porque não se fez o mínimo que é organizar o espaço físico. Porto Alegre está dotada de transporte coletivo de qualidade que o Olívio Dutra (ex-prefeito, do PT) implantou em todo o espaço urbano. A periferia tem o mesmo transporte que o bairro rico tem. Curitiba começou isso com 500 mil habitantes, o tamanho dessas cidades que estamos falando. Daqui a pouco elas também terão 500 mil habitantes.[ Zé Dirceu ] É muito importante o que você colocou sobre o caráter do Ministério das Cidades, as intra-cidades e as estratégias de desenvolvimento urbano. Eu defendo muito - já queria no Programa do Lula de 2006 - a criação de um Fundo de Desenvolvimento Urbano, como foi criado o PAC. Seria, na verdade, um esforço de pré-financiamento. Não seria financiamento a fundo perdido, só uma parte, e você financiaria metrô, vias públicas, saneamento. [ Tânia Bacelar ] É, esses serviços tem que ter. [ Zé Dirceu ] As linhas de financiamento mais importantes poderiam ser ciência, tecnologia, educação e desenvolvimento urbano porque tudo envolve a juventude.[ Tânia Bacelar ] É um caminho para melhorar a condição de vida. Melhora a renda, a pessoa passa a viver num lugar limpo, decente, com outros componentes que melhoram a sua condição de vida.[ Zé Dirceu ] Todas as vezes em que conversei com o doutor Arraes (Miguel Arraes, três vezes governador de Pernambuco) ele falava da sua angústia com a juventude. Falava de mais de 300 mil jovens que não tinham emprego, família, sem eira nem beira, uma coisa nômade numa desestruturada grande Recife.[ Tânia Bacelar ] Hoje se abre o jornal, morreram 10, 12 jovens assassinados. E com 17, 18 anos.[ Zé Dirceu ] Dr. Arraes achava que isso ia aumentar com o crescimento do país e da população. Nós temos que investir em infra-estrutura, emprego, desenvolvimento urbano. Esse é um problema sério demais nas grandes cidades. As soluções de Curitiba são aplicáveis a outras grandes cidades brasileiras?[ Tânia Bacelar ] Nas grandes hoje não, mas nas que estão crescendo sim. Tem que se olhar para as que estão crescendo, que estão hoje com 200 mil, 300 mil habitantes. Daqui a pouco terão 500 mil. É em muitas assim que podemos aplicar. [ Zé Dirceu ] No Sul do Maranhão, do Piauí, no norte de Tocantins, e no Centro-Oeste estão nesse processo, crescendo muito. Na região Norte idem e cidades como Porto Velho (RO), Rio Branco (AC) podem fazer isso. Aliás, Palmas (TO) é assim, uma cidade planejada.[ Tânia Bacelar ] Tomei um susto com Araguaína (TO). Para mim era só um pontinho no mapa. Um belo dia fui a Carajás, passei por lá e tomei um susto. Uma cidade enorme, verticalizada, parecia Campina Grande.Lula voltou a ser nordestinodepois que chegou ao governo [ Zé Dirceu ] Tânia, como você está vendo politicamente o país? Como estão as eleições municipais no Nordeste? Pelo que observo o resultado será muito favorável ao governo e aos partidos aliados historicamente, nas capitais e cidades médias do Nordeste. O Nordeste desde 2002 constitui a grande retaguarda, a base política e social do Lula, do lulismo, e do PT. Garantiu a vitória de 2006. De certa forma, o Lula ganhou as eleições no Nordeste.[ Tânia Bacelar ] A população sentiu a presença do Lula e apoiou mesmo. De lá partiu a resistência (às manobras da oposição ao gerar crises) e o apoio. Depois até se alastrou. Lula reconhece isso. Esse ano, nas eleições municipais, acredito que isso vai se repetir. [ Zé Dirceu ] As pesquisas mostram ser muito difícil perder a eleição. [ Tânia Bacelar ] O Nordeste aproveitou a última eleição para limpar o que havia de oligarquia no poder nos estados, não sobrou nada. Nem na Bahia. Nem no Maranhão. Mudou a composição de forças. No Nordeste quem conhecia Lula há muito tempo sempre achava: o Lula era um nordestino que virou paulista. Mas acho que, na visão do povo, ele voltou a ser nordestino depois que chegou ao governo. Quando precisou do Nordeste, ele teve apoio. [ Zé Dirceu ] Lula nunca renunciou a sua herança nordestina. E não só cultural. Ele sempre faz questão de dizer isso, e sua vida social e familiar sempre está envolvida em festas da cultura nordestina. E há a força da mãe, Dona Lindu. Sempre foi enorme. Ela era a típica mãe nordestina-brasileira que migra para o Sul com os filhos. E, também, Lula sempre teve admiração e respeito pelo Arraes. Você está otimista, Tânia?[ Tânia Bacelar ] Estou preocupada. Quero saber se Dilma no poder, no governo, avança mais do que Lula. Quero que avance mais. Já basta de contenção. E você acha que saímos fortalecidos das eleições municipais?[ Zé Dirceu ] Sim. O povo não quer a oposição. A proposta dos oposicionistas não cabe mais historicamente. Eles precisam ser reciclar. Vão propor o quê para o Brasil? Diminuir o tamanho do Estado? Privatizar?
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
ELEIÇÕES DCE DA UFPE
- Levante e Cante;
- Correnteza;
- Pra sair dessa Maré
dias e horários: 29 e 30 set e 1º e 02 de outubro
8h às 22h.
Esquerda “confessa” não ter rumo, diz filósofo
FONTE: fsp hoje
Esquerda “confessa” não ter rumo, diz filósofo
da Folha de S.Paulo
Paulo Arantes pergunta por que um governo que não enfrentou nenhum interesse confronta militares
Em debate sobre a ditadura militar e a responsabilização de integrantes das Forças Armadas por atos de tortura e morte durante o regime pós-64, o professor de filosofia Paulo Arantes disse anteontem na USP (Universidade de São Paulo) que a esquerda, ao fazer política procurando “reparar abominações do passado”, faz “uma confissão tácita de que não temos futuro”.
O engajamento da esquerda e de integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nos debates sobre a Lei de Anistia, foi apresentado por ele como um sintoma da ausência atual de um horizonte de transformação radical da sociedade.
Arantes participava da mesa de debates “Do uso da violência contra o Estado ilegal”, ao lado do também professor de filosofia da USP Vladimir Safatle. O evento fazia parte do seminário “O que resta da ditadura: a exceção brasileira”, que termina hoje.
“É uma confissão de que o futuro passou para o segundo plano. De que ele só virá depois desse rodeio pelo passado. É uma confissão tácita de que o horizonte de transformação foi posto de quarentena”, afirmou.
Arantes deixou claro, no entanto, que obviamente os ativistas pelos direitos humanos são aliados da esquerda, e de que a “plataforma dos direitos humanos é necessária e, no momento, a única disponível”.
Durante audiência no Ministério da Justiça, no início do mês passado, os ministros Tarso Genro (Justiça) e Paulo Vanucchi (Direitos Humanos) defenderam a responsabilização criminal de agentes públicos que, durante a ditadura militar (1964-1985), participaram de atos de tortura.
O Comando do Exército afirmou em seguida que a discussão sobre esse tema foi concluída em 1979, com a publicação da Lei de Anistia. Para a Força, o debate sobre punir esses agentes públicos está esgotado.
“Projeto nazista”
O diagnóstico de Arantes era, em parte, uma resposta a uma pergunta feita por ele no início de sua palestra.
Como explicar que “um governo que não enfrentou nenhum interesse estabelecido”, segundo ele, viesse “da noite para o dia” confrontar o poder militar? “Qual é o sentido disso? Fica a pergunta, de boa-fé: qual é a perspectiva política? Há alguma mobilização social em relação a isso? Não temos resposta, embora a causa seja justa”, disse.
Em sua participação, Vladimir Safatle disse que as ditaduras sul-americanas realizaram o “projeto nazista” ao tentarem eliminar seus adversários não só fisicamente mas também simbolicamente. “Algo de fundamental do projeto nazista alcançou sua realização plena na América do Sul”, declarou.
Ele citou como exemplo o “seqüestro de crianças filhas de desaparecidos”, na Argentina. “Não são só os corpos que desaparecem. Não haverá portadores de seu sofrimento. Ninguém se lembrará”, disse, descrevendo o “projeto” de que falava. O país vizinho, no entanto, foi capaz, posteriormente, de julgar os responsáveis por esses crimes. Lá, ele disse, “a Justiça não teve medo de julgar”. “O único país que realizou de maneira perfeita essa profecia foi o Brasil”, afirmou.
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
Juventude e movimento estudantil são tema de livro, congresso e seminário
FONTE: http://www.ondajovem.com.br/imprimirn.asp?tipo=noticia&idnoticia=4406
Notícia publicada no portal Onda Jovem
Juventude e movimento estudantil são tema de livro, congresso e seminário 9/4/2008Um seminário em Recife, Pernambuco, e um congresso em Ouro Preto, Minas Gerais, marcam o lançamento do livro Juventude e Movimento Estudantil: Ontem e Hoje, coletânea que resulta do projeto A Engenharia Nacional, os Estudantes e a Educação Superior: a Memória Reabilitada (1930-85), desenvolvido na Universidade Federal de Pernambuco sob a coordenação de Otávio Luiz Machado, também um dos organizadores do livro. O próximo fruto do projeto será a coletânea Movimentos Juvenis na Contemporaneidade. Programação do seminário Tema: Juventude e Movimento Estudantil em 1968 Data: dias 4 e 5 de setembro Local: Recife, Universidade Federal de Pernambuco Atividades: Lançamento do livro; mesa-redonda Intelectuais e Cultura nos anos 1960; exibição do filme "Hércules 56" e debate; mesa-redonda Movimentos dos Trabalhadores do Campo em Pernambuco em 1968; mesa-redonda Movimentos Estudantis em 1968; exibição do filme Pernambuco: O Golpe (1964 - 1979), de Bráulio Brilhante Programação do congresso Tema: 1º Congresso dos Estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Data: 10 a 12 de setembro Local: Cine Vila Rica (Ouro Preto, MG) Atividades: Painel "Repensando o Movimento Estudantil – Passado, Presente e Futuro"; Painel "História do Movimento Estudantil"; Painel "O Futuro da Universidade Pública e as Reformas Educacionais"; Painel "O Futuro da Universidade Pública e as Reformas Educacionais" (Contraponto); Atividades de Grupos de Trabalho; apresentação e votação das propostas dos GT; considerações finais; entrega de certificados. Para saber mais sobre os eventos: http://sejarealistapecaoimpossivel.blogspot.com/2008/08/sumrio-do-livro-juventude-e-movimento.html http://sejarealistapecaoimpossivel.blogspot.com/2008/08/prefcio-do-livro-juventude-e-movimento.html http://www.ufop.br/index.php?option=com_content&task=view&id=3380&Itemid=196) Otavio Luiz Machado: Caixa Postal 7828, CEP: 50.670-000, Recife-PE, telefone celular: 81/9715-7846. Fonte: UFPE
Evento: 1968 e repressão
17h - Estréia de abertura do Seminário - Encenação
Local: Teatro União e Olho Vivo
A lenda de Sepé Tiaraju por César Vieira (Teatro União e Olho Vivo)O Teatro Popular União e Olho Vivo completou, no dia 27 de fevereiro de 2008, 42 anos de resistência. É um dos mais antigos grupos de teatro do Brasil. Seu objetivo principal é a troca permanente de experiências culturais com as comunidades carentes da Grande São Paulo. Nessas mais de quatro décadas desenvolveu um fértil trabalho, reconhecido nacional e internacionalmente, em defesa e em prol do desenvolvimento do Teatro Popular. Nesse sentido o objetivo é apresentar ao público do Seminário um grupo teatral que atuou e resistiu durante o ano de 1968.
13/10
14h - Abertura
Profa. Dra. Suely Vilela - Reitora da USP
Carlos Henrique de Brito Cruz - Diretor Científico da Fapesp
Prof. Dr. Ruy Alberto Corrêa Altafim - Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP
Representante da Revista Fapesp
Profa. Dra. Mayana Zatz - Pró-Reitoria de Pesquisa da USP
Prof. Dr. Armando Corbani Ferraz - Pró-Reitoria de Pós-Graduação da USP
Prof. Dr. Luiz Augusto Milanesi - Diretor da Escola de Comunicações e Artes
Prof. Dr. Amílcar Zani Netto - Presidente da Comissão de Pesquisa da ECA/USP
Profa. Dra. Maria Cristina Castilho Costa - Coordenadora do Projeto Temático A Cena Paulista e do Arquivo Miroel Silveira
Olga Mendonça - Diretora da Biblioteca da ECA/USP
15h - Conferência de Abertura
Profa. Dra. Iná Camargo Costa (FFLCH - USP)
16h - Lançamento de livros e Coffee Break
Maria Cristina Castilho Costa (org.) Censura, repressão e resistência no teatro brasileiro. São Paulo: Annablume, 2008.
Mayra Rodrigues Gomes. Palavras Proibidas. Pressupostos e subentendidos na censura a peças teatrais. São José dos Campos: BlueCom, 2008.
Roseli Figaro (coord.) et alli. Na cena paulista, o teatro amador. Circuito alternativo e popular de cultura (1927-1945). São Paulo: Fapesp/Ícone, 2008.
14/10
10h30 - Vídeo-Conferência com Portugal e França
O objetivo dessa vídeo-conferência é promover o debate sobre a questão da censura ao teatro comparando sua aplicação no Brasil, Portugal e França.
14h - Sessão 1 - Roda Viva
O objetivo desta mesa-redonda é tratar da conjuntura social, política e cultural de 1968, destacando, entre outros aspectos, os fatores que levaram ao acirramento da censura e à decretação do AI-5. Coordenação:Profa. Dra. Maria Cristina Castilho Costa (CCA- ECA/USP)Convidados:
César Vieira (diretor do Teatro União e Olho Vivo)
Profa. Dra. Maria Arminda do Nascimento Arruda (FFLCH/USP)
Sérgio Salvia Coelho (crítico teatral do jornal Folha de S. Paulo)
Valmir Santos (crítico teatral do jornal Folha de S. Paulo)
Prof. Dr. Sérgio de Carvalho (CAC - ECA/USP)
16h00 - Coffee break
16h30 - Sessão 2 - Esta noite falamos de medo
Esta mesa visa discutir o impacto da censura sobre a produção teatral no âmbito das transformações comportamentais e das propostas estéticas presentes no campo cultural paulista em 1968. Coordenação:Prof. Dr. Marco Antônio Guerra (CCA - ECA/USP)Convidados:
Nydia Licia (atriz)
Prof. Dr. Carlos Fico (História - UFRJ)
Maria Thereza Vargas (Escritora)
Renata Pallottini (autora)
20h00 - Encenação: O Crime da Cabra
Peça de 1964 O crime da cabra em resumo trata da história de Deolino, Filinto e uma cabra. A peça, cujo tema central é a questão da propriedade privada, problematiza a venda de uma cabra que come o dinheiro de sua venda. A questão central é: quem é o dono da cabra? De quem era o dinheiro? Essa e outras questões são abordadas nessa peça de autoria de Renata Pallottini que integra o acervo do Arquivo Miroel Silveira.
15/10
14h - Sessão 3 - O filho do cão
As tensões sociais da década serão discutidas nesta mesa redonda, que tem por objetivo debater as representações sociais no teatro paulista de 1968. Coordenação:Profa. Dra. Roseli Figaro Paulino (CAC - ECA/USP) Convidados:
Prof. Dr. Francisco Alambert (FFLCH - USP)
José Renato Pécora (Diretor teatral)
Prof. Dr. Ferdinando Martins (AMS - ECA/USP)
Prof. Dr. João Quartim de Moraes (Unicamp)
16h00 - Coffee break
16h30 - Sessão 4 - Bang Bang
A relação entre os meios de comunicação de massa e a produção teatral e o intercâmbio de linguagens e propostas é o tema desta mesa-redonda. Coordenação:Profa. Dra. Mayra Rodrigues Gomes (CJE - ECA/USP)Convidados:
Chico de Assis (Autor e ator)
Jefferson Del Rios (crítico teatral)
Prof. Dr. Marcelo Ridenti (Unicamp)
Prof. Dr. José Eduardo Vendramini (CAC - ECA/USP)
18h30 - Encerramento
Profa. Dra. Maria Cristina Castilho Costa (CCA - ECA/USP)
Profa. Dra. Mayra Rodrigues Gomes (CJE - ECA/USP)
Profa. Dra. Roseli Aparecida Figaro Paulino (CCA - ECA/USP)
Acompanhando a doação federal à UJS do PC do B
Proposição: PL-3931/2008 -> Íntegra disponível em formato pdf
Autor:
Poder ExecutivoData de Apresentação: 25/08/2008 Apreciação: Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de tramitação: Prioridade Situação: CEC: Aguardando Parecer.
Ementa: Reconhece a responsabilidade do Estado brasileiro pela destruição, no ano de 1964, da sede da União Nacional dos Estudantes - UNE, localizada no Município do Rio de Janeiro, e dá outras providências.
Indexação: Criação, comissão, Executivo, indenização, (UNE), destruição, sede, município, Rio de Janeiro, (RJ), composição, membros, Ministério da Justiça, Secretaria-Geral da Presidência da República, Ministério da Educação, Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, Ministério da Fazenda, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, coordenação, grupo de trabalho, prazo, valor, conclusão, relatório.
Despacho: 28/8/2008 - Às Comissões de Educação e Cultura; Trabalho, de Administração e Serviço Público; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Prioridade - PLEN (PLEN ) MSC 601/2008 (Mensagem) - Poder Executivo Legislação Citada
Última Ação:
28/8/2008 -
Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) - Às Comissões de Educação e Cultura; Trabalho, de Administração e Serviço Público; Finanças e Tributação (Art. 54 RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Prioridade
3/9/2008 -
Comissão de Educação e Cultura (CEC) - Designado Relator, Dep. Reginaldo Lopes (PT-MG) Obs.: o andamento da proposição fora desta Casa Legislativa não é tratado pelo sistema, devendo ser consultado nos órgãos respectivos.
Andamento:
terça-feira, 23 de setembro de 2008
Estudo analisa perfil intelectual da classe dirigente brasileira
FONTE: http://www.revistapesquisa.fapesp.br/index.php?art=3640&bd=1&pg=1&lg=
Humanidades
-->Educação
A elite do saber
Estudo analisa perfil intelectual da classe dirigente brasileira
Carlos Haag
Edição Impressa 151 - Setembro 2008
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Pesquisa FAPESP -
© Hélio de Almeida
Este é o século da elite do saber, e não apenas da elite do berço e sobrenome”, disse, recentemente, o presidente Lula, anunciando planos futuros para a educação. A frase é de uma correção impecável, mas não anuncia nenhuma novidade, pois há várias décadas o Estado brasileiro vem se esforçando para que o novo século ganhe esse status. “As análises de nosso trabalho revelam que o campo do poder no Brasil se diversificou com os investimentos intelectuais, os quais ganharam uma autonomia em relação aos recursos econômicos, sociais e políticos das famílias de origem dos estudantes. Há tempos o Estado cria oportunidades para que os universitários de origem mais modesta possam ascender ao mundo internacional do saber e ganhar instrumentos que permitam a eles rivalizar com as elites tradicionais”, afirma a historiadora Letícia Bicalho Canêdo, professora da Faculdade de Educação da Unicamp e diretora do Focus (Grupo de Estudos sobre Instituição Escolar e Organizações Familiares), onde coordena o projeto temático Circulação internacional e formação dos quadros dirigentes brasileiros, com apoio da FAPESP. O projeto pretende conhecer quem são os formadores de políticas públicas e como são alocados os recursos sociais e institucionais que capacitaram esses indivíduos a participar das práticas de negociação do mundo globalizado. “Sabemos que a maioria dos altos postos políticos de hoje são ocupados por pessoas que estudaram no exterior e em universidades de ponta. Basta lembrar nomes como Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Marta Suplicy, para citar alguns, e verificar que boa parte da nossa elite dirigente passou por uma especialização internacional.” A pesquisadora explica que o estudo pretende se juntar àqueles que desejam compreender o sentido do “projeto universalista”, ou “globalização”, em particular no estabelecimento de princípios de ação e modos de governo “universalistas”. “Queremos investigar os ‘tradutores desse universo’, os indivíduos e redes que operam para a concretização desse projeto universalizante nos organismos intergovernamentais, associações internacionais, ONGs, universidades e sociedades profissionais.” Assim, ao circular internacionalmente e trazer visões e princípios para o seu país de origem, esses quadros difundem esses valores universais e os adaptam aos sistemas locais. “A idéia é analisar tanto a elite que ascende pela ‘grande porta’ de um título internacional, e com isso reivindica para si cargos de autoridade, como todos que, com um diploma local, estariam sendo colocados, por essa razão, em carreiras de segunda classe”, analisa. A partir desse viés, será possível, acredita a pesquisadora, entender a participação das elites na construção e modernização do Estado brasileiro a partir de suas experiências individuais. “Estamos falando de uma competição baseada não em países, mas em pessoas de carne e osso. Isso é fundamental quando se vive um momento de globalização que visa estabelecer modos de governo com pretensões planetárias, um dispositivo hegemônico que vai ser o centro da reprodução das elites nacionais dos países periféricos.” Ou seja, será possível saber como títulos universitários, conhecimentos técnicos, contatos, recursos, prestígio e legitimidade adquirida no exterior para construir carreiras no país de origem reforçam, no campo nacional, a posição dominante dos que podem valorizar o seu pertencimento às redes internacionais do establishment (entenda-se: Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional etc.). Missão - Mas, a se acreditar na sabe-doria popular do “é de pequenino que se torce o pepino”, o início desse macroprocesso global se dá no mundo “micro” das escolas e das famílias. “A escola é investida de uma dupla missão: gerar a força de trabalho demandada pelo espaço de produção econômica e também os agentes socialmente inseridos, ou seja, inseridos numa cultura demandada pelos grupos familiares”, explica Ana Maria Fonseca de Almeida, pesquisadora do projeto. Dessa maneira, a escola tem um papel não apenas técnico, mas simbólico, pois será nesse ambiente que os jovens formam um círculo de amizades que será uma rede de apoio, bem como aprendem saberes outros que os escolares, ligados ao social: como gerenciar um grupo e liderá-lo. “Nossa preocupação não é ter a educação das elites como modelo, mas saber como ela é usada para manter as posições de poder na sociedade e estudá-la para observar as desigualdades sociais. Afinal, cada país ‘inventa’ a sua tradição de educação”, observa.Daí, por exemplo, lembra a pesquisadora, a nova visão da competência em língua portuguesa, hoje menos ligada à gramática e mais à capacidade do aluno de interpretar o mundo. O que não impede, é claro, o interesse sempre renovado no inglês, idioma fundamental na circulação internacional. Mas qual é a novidade? As elites nacionais sempre deram valor ao aprendizado de línguas e às estadias no exterior para criação de uma educação cosmopolita. “A partir dos anos 1950, mais intensamente nos anos 1980, se desenvolveu uma política voluntarista de apoio aos intercâmbios com a concessão de bolsas por agências de financiamento à pesquisa, que alterou de forma radical o recrutamento social dos efetivos que partem para o exterior. Viagens internacionais de estudo, hoje, não são apanágios apenas de elites familiares endinheiradas”, analisa Letícia.
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A educação cada vez mais foi se consolidando em “questão de Estado”. “A qualificação de professores e pesquisadores num país como o Brasil, de formação colonial peculiar que não estimulou a formação autóctone de intelectuais, não pôde ser realizada plenamente com os meios internos”, observa Carlos Roberto Jamil Cury, também do Focus. “Portanto, a tradição de formação de elites intelectuais fora do país não é tão recente assim. O que vem sendo feito nos últimos 35 anos é, de certo modo, a ampliação consciente e programada de uma tradição antiga por meio da qual o poder público sempre buscou a qualificação de professores e pesquisadores no exterior.” Esse processo se consolida a partir de 1946, quando a Constituição estadual paulista torna gratuito todo o ensino público, inclusive o superior. “Assim, a partir dos anos 1950, verificou-se uma expansão das instituições e, acima de tudo, um papel mais forte do Estado na sua manutenção. É o período da federalização das escolas superiores e sua aglutinação em universidades.” É a quebra do poder familiar, cujos filhos, agora, são levados à escola para receber uma educação dada por especialistas certificados pelo Estado. Dois movimentos externos se jun-tariam a esse impulso interno. O primeiro é o surgimento da teoria do capital humano, de 1960, que sugere que investimentos na educação geram benefícios para indivíduos e sociedades, o que transforma o ensino em fator de desenvolvimento econômico, o que eleva o interesse do saber pelo Estado, que, por essa razão, passa cada vez mais a colocar economistas como os novos gestores da educação. O outro, mais prosaico, foi a Guerra Fria, que, nota Letícia, “reforçou a concorrência entre as nações pelo monopólio dos avanços científicos, o que hierarquizou os países que possuíam menos ou mais inserções em cada domínio do saber na cena internacional”. O poder político nacional e internacional não era mais completo se não fosse fundamentado num sistema de produção e transmissão de conhecimentos científicos e tecnológicos. “No Brasil, a criação, em 1951, das primeiras agências nacionais de apoio à pesquisa, o CNPq e a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), permite aos brasileiros participar do curso científico induzido e acelerado pela Guerra Fria.” No caso do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) , nota Letícia, sua criação ligou-se diretamente ao uso da energia nuclear, o que explica por que seus primeiros dirigentes foram escolhidos dentre as Forças Armadas. Já a Capes deveu-se à iniciativa do educador Anísio Teixeira, pessoalmente um adepto das viagens de saber internacionais, que pretendeu com isso diminuir o atraso do sistema educativo nacional ante as grandes potências científicas por meio da cooperação internacional. Na prática escolar, nota a pesquisadora, isso significou uma ruptura com o sistema brasileiro de formação tradicional, calcado em escolas católicas, para assumir, a partir de então, um caráter associado aos paradigmas externos. “Além disso, a criação das instituições aumentou a possibilidade da formação no exterior, inaugurando uma política pública de atribuição de bolsas determinada a dotar o Brasil de recursos humanos de alto nível”, observa a pesquisadora. O Estado coloca sob sua responsabilidade a formação da nova elite científica, não mais apenas restrita a elites familiares. “Isso também se consolida com a criação, em 1962, da FAPESP, um organismo estadual a se juntar aos esforços dos dois outros, federais, visando a possibilitar uma experiência direta dos pesquisadores com as práticas culturais e científicas de vanguarda internacional.” Ao mesmo tempo, incentivou-se, nos anos 1950 e 1960, com a implantação de mestrados e doutorados, a criação de um corpo permanente de cientistas no país. “Os inícios da pós-graduação associavam o Estado, o progresso da ciência e a busca de referências internacionais de conhecimento. O Estado vai-se impondo como garantia do desenvolvimento científico, visto como fundamental para a busca da autonomia nacional”, nota Cury. Autônomo - Esse movimento se mantém, ou mesmo cresce, até durante períodos de exceção, como a ditadura militar, afinal o “Brasil potência” deveria ser visto como tal por brasileiros e estrangeiros. A teoria do capital humano foi levada ao pé da letra. “A modernização conservadora pretendida exigia urgência por determinadas áreas que só poderiam se consolidar com doutores formados no exterior. A pós-gradução assume uma posição estratégica no âmbito educacional e também nos termos do modelo de desenvolvimento do país”, nota Cury. “Nessa ação deliberada do Estado, o envio de professores para o exterior constitui um patamar básico para a disseminação endógena de programas de mestrado e doutorado no país e para sua consolidação qualificada. Assim, o papel da pós-gradução no exterior ganhou um papel importante: a de ser um momento formativo, a fim de possibilitar o desenvolvimento autônomo da pós no país.” Hoje, continua o pesquisador, passada a necessidade do impulso inicial, há um recuo das agências em financiar doutorados plenos no exterior, com preferência por pós-doutorados e por “bolsas-sanduíches”, mais curtas e, em geral, menos dispendiosas.
Edição Impressa 151 - Setembro 2008
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Ampliou-se igualmente o espectro de auxílios. “Como as agências progressivamente incorporaram todas as disciplinas científicas e culturais aos seus programas, para além das chamadas ciências ‘duras’ ou exatas, a intervenção delas abriu a oportunidade de carreiras de substituição para novas gerações de pesquisadores, dentre os quais boa parte deles não tem um capital social equivalente àquele das elites tradicionais”, completa Letícia. Logo, a seleção dos candidatos a sair do país passa a ficar sob o controle dacomunidade científica, diminuindo o clientelismo político, fato de importância decisiva na mudança da composição social dos universitários em circulação internacional e no desenvolvimento científico e político do Brasil. “Foi graças a essa política que o Brasil teve a capacidade de assimilar quase instantaneamente uma tecnologia relativamente nova, ao menos para o país, a saber, aquela do seqüenciamento genético”, elogiou André Gof-feau, pesquisador do Instituto Curie e diretor do projeto de seqüenciamento do genoma da levedura. “O Estado brasileiro, por meio desses mecanismos, vem sustentando, desde 1970, a reconversão das elites dirigentes”, afirma Letícia. Que não se restringem apenas ao espaço acadêmico, mas saem dele para levar suas idéias à sociedade. “Basta ver como essa nova reserva de professores universitários vai contribuir, a partir do mesmo período, para o reforço de uma elite política interessada na construção de um novo espaço de poder. A intenção deles é determinar como deve ser a sociedade brasileira e, para tanto, escolheram representantes ativos em diferentes setores sociais aptos a fornecer um projeto de sociedade”, analisa Ana Paula Hey, outra das pesquisadoras do temático. Segundo ela, o grupo se concentrou, inicialmente, em torno da USP e, dentro da universidade, do Nupes (Núcleo de Pesquisas sobre Ensino Superior), que, em comum, têm o fato de serem altamente qualificados e terem passado à ação no espaço político, beneficiando-se das diversas formas de capital adquirido, reconvertido em benefício da produção e da concretização de suas idéias no mundo social. “É importante lembrar também o grupo do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), de onde saíram políticos de primeiro nível, como Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Paulo Renato Souza, Luis Carlos Bresser Pereira, entre outros, ligados ao PSDB.”Intelectual - Esse grupo, em especial, vai participar, a partir dos anos 1980, período de abertura política, ativamente da vida política, seja abertamente, seja como ideólogos de uma nova visão da sociedade. “O Cebrap tinha uma visão diversa da carreira acadêmica, considerada como um ‘modo de vida’, em oposição ao intelectual que não sabia negociar suas opiniões e suas propostas”, nota Ana Paula. O ideal desse conjunto de intelectuais era elaborar um projeto de sociedade e seguir pela via eleitoral, tendo sempre em vista a divisão da política em um “baixo clero”, desqualificado, e o “alto clero”, composto por intelectuais e universitários que concebem o saber como um estilo de viver, dispondo de todos os meios necessários para a elaboração e consecução de um projeto social de mundo. “A idéia reforçava a produção de uma ideologia fundamentada sobre uma concepção da ciência, vista como a única habilitada a falar do mundo social, já que produzida pelo único grupo legitimado.” Segundo a pesquisadora, tratava-se de colocar em prática algumas estratégias. “Na medida em que muitos pesquisadores são convidados para postos do governo federal, uma estratégia eficaz consiste em introduzir uma concepção do sistema de ensino superior como se ele fosse expressão do universo acadêmico; em outras palavras, tratava-se de traduzir esse programa efetivamente político como expressão da vontade acadêmica”, afirma Ana Paula. “O programa acadêmico de ensino superior foi elaborado, assim, no espaço político. A regra era pertencer a uma elite que se diferencia pela posse de um capital cultural específico. Esse capital se constitui também em capital social, instituído ao longo de uma trajetória de formação acadêmica e profissional, a qual se reú-ne à circulação internacional.” Para a autora, o que se verifica é a construção de um novo espaço de poder, onde os experts pertencem a um mercado internacional, impondo orientações políticas sobre o plano local, trabalhando ao lado de técnicos saídos do universo acadêmico e científico nacional. “O reconhecimento acadêmico tem um papel central nessa luta, já que ele confere uma legitimidade às ações políticas práticas.” Assim, o capital cosmopolita das elites engajadas na luta pela construção de um espaço internacional de conhecimento de Estado propiciaria que elas se afirmassem num papel-chave para a definição de modelos institucionais nacionais. “Investir no espaço internacional para reforçar suas posições no campo de poder nacional e, simultaneamente, fazer valer sua notoriedade nacional para se fazer entender na cena internacional. Isso porque as estratégias cosmopolitas nesses fenômenos têm se apresentado como servindo ao interesse nacional, enquanto, inversamente, as estratégias nacionais se reivindicam de valores universais. Afinal, são as idéias que esses ex-bolsistas trouxeram de suas viagens que nos permitem apreender um novo posicionamento do Brasil no cenário mundial”, nota Letícia.
Movimento estudantil: em pauta
COMENTÁRIO DE OTÁVIO LUIZ MACHADO: Uma matéria muito equilibrada. A direção do PC do B que comanda a UNE sempre com suas justificativas. O "fora Meirelles" foi um fato criado pela UNE para se dizer que não é chapa-branca. Por qual razão a Presidente da UNE não colocou tal assunto em pauta quando foi encontrar com Lula em julho de 2008 (um mês depois do ato)?
FONTE: Boletim Juventudes e Ação Política - Setembro 2008
http://www.jap.org.br/site/1823/nota/119693
Movimento estudantil: em pauta
Projeto de lei prevê reparação do Estado à destruição da sede da Une e Ubes em 1964, trazendo reflexões sobre o papel do movimento hoje
Está em discussão o PL 3931/08, que prevê a responsabilização do Estado Brasileiro pela destruição da Sede da UNE/UBES em 1964, como um dos primeiros atos de instauração da ditadura no país. Hoje, passadas quatro décadas, entra em discussões entre os jovens e na própria sociedade, qual é o lugar e o papel dos movimentos estudantis. Quais são as bandeiras das entidades estudantis num governo dos trabalhadores? A autonomia é possível?
A destruição da sede da União Nacional dos Estudantes (UNE), em 1964 está sendo relembrada em 2008. Em agosto, o presidente Lula assinou o projeto de lei que responsabilizando o Estado brasileiro pela destruição da casa da entidade durante a ditadura. O projeto de lei terá o acompanhamento do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) e conta com o apoio do Conselho Nacional de JuventudeO PL 3931/08, do Poder Executivo cria uma comissão interministerial para estabelecer o valor e a forma da indenização à UNE. Segundo informações da Agência Câmara, a votação da matéria ainda neste ano. A proposta também será submetida a análise das comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ).Antes da destruição, a sede na Praia do Flamengo, na zona sul do Rio de Janeiro era partilhada pela UNE e União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), desde 1942. O espaço foi incendiado e saqueado em 1º de abril de 1964, sendo demolido em 1980. A expectativa é que o edifício seja reformado e conte com um projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer.Movimento estudantil hoje – Os principais movimentos políticos, culturais e de resistência no país contaram com a participação ativa dos estudantes. No século XX, a mobilização e a força política de entidades como a UNE e a UBES foram marcas históricas significativas, especialmente nos momentos de combate às ditaduras. Hoje, são outros tempos. Já não há oposições tão claras e o governo brasileiro vem de bases esquerdistas. Fica então a pergunta sobre qual é o papel dos movimentos estudantis num contexto de social-democracia.Para Lúcia Stumpf, presidente da UNE, a atual bandeira de luta da entidade é o Estado democrático e a consolidação das liberdades individuais de expressão, imprensa etc. “Se observarmos atentamente, ainda há muita precariedade nos serviços públicos básicos e o abismo social entre ricos e pobres ainda é escandaloso. Temos na Constituição de 1988, garantidos como direitos à educação, saúde, moradia, trabalho etc. Mas vemos que ainda há muitos entraves para que se configurem como uma realidade na vida das pessoas mais simples. O acesso à universidade ainda é muito difícil, mesmo com os avanços recentes. E enquanto o Brasil não for um país verdadeiramente democrático, no sentido de garantir plenos direitos a todos os cidadãos, a UNE se manterá nas ruas exigindo que estes direitos sejam atendidos” explica.Segundo Fabrício Lopes, representante da UBES no Conjuve, “o movimento estudantil hoje transcendeu barreiras, o fato de entender o estudante como protagonista social contribuiu significativamente para que a luta ampliasse. Existem retrógrados que teimam em dizer que o ME enfraqueceu, pelo contrário, hoje ele tem mais frentes de atuação, passa pela política pública de juventude, movimento pela sustentabilidade ambiental, luta por condições de entrada no mercado de trabalho, entre outras”.Movimento estudantil e partidarismo - Hoje para muitos jovens o espaço da política estudantil é um lugar de dúvida e até mesmo descrédito. Na rebarba da desvalorização das instituições, as entidades estudantis também são questionadas. Estudioso do movimento estudantil, Otávio Luiz Machado questiona em seus artigos a relação intrincada das entidades com partidos políticos esquerdistas, dificultando uma posição mais autônoma e crítica dos movimentos, que não conseguem se distanciar dos govenos. Os conteúdos podem ser lidos na íntegra no blog Seja realista: peça o impossível (Movimento Estudantil Brasileiro), no endereço http://sejarealistapecaoimpossivel.blogspot.com/.Para a presidente da UNE, as diretorias são compostas por estudantes de diferentes correntes ideológicas e políticas, “há estudantes com filiação partidária de esquerda, estudantes com filiação partidária de direita e estudantes sem filiação partidária alguma. Ou seja, não é a filiação partidária que determina, mas o compromisso com a luta estudantil”. A militante considera que o histórico dos movimentos não pode ser colocado em xeque pelo que chama de “demonização da filiação partidária”. Segundo ela, a UNE jamais se isentou de fazer as críticas necessárias ao governo, como quando do aumento dos juros, em que fizemos uma manifestação pelo "Fora Meirelles!" em Brasília.Lopes acredita que o envolvimento dos membros da entidade com partidos políticos faz parte do processo histórico de incentivo dos partidos à militância interna. Fora que acredita que a maior organização fortalece os grupos, o que não impede a participação de todos.Para a presidente da UNE, “O Movimento Estudantil foi um dos pontos altos da resistência ao neoliberalismo no país. Foram greves, passeatas, vigílias, tudo para barrar o projeto em curso. Hoje observamos um esvaziamento da agenda neoliberal no país e devemos isso em parte à mobilização dos estudantes universitários e secundaristas da década de 90. Obtivemos vitórias, mas também derrotas. Uma delas é justamente o avanço dos discursos individualista e da falência das instituições políticas, que estão interligados. Este discurso oculta na verdade interesses poderosos de manter o status quo. Para isso, é imprescindível uma população apática, um povo que não lute, daí a importância de inculcar no imaginário das pessoas, em especial dos jovens, que na vida vale o ‘salve-se quem puder’ e que ‘político é tudo igual’”.A entidade vem se envolvendo com atividades de mobilização e participação política, como a campanha "Mudar a Política para Mudar o Brasil", onde é proposta a reforma política de caráter democratizante no país. Outra iniciativa é a Caravana UNE: Saúde, Educação e Cultura, que percorrerá 41 instituições das 27 unidades da Federação, discutindo temas que relacionam saúde e comportamento juvenil como álcool e violência no trânsito, descriminalização das drogas, legalização do aborto, DSTs (com realização de testes rápidos de HIV), além das discussões do chamado Projeto Brasil, no qual se agregam o SUS, o sistema político, políticas educacionais.Para Fabrício Lopes, a militância estudantil marca o início da militância política de muitos jovens. “Através do ambiente escolar iniciamos muitas das habilidades que vamos desenvolver no nosso futuro. Fazer política não está ligado intimamente a fazer a política escolar, ela vai além, alunos que buscam um habitat saudável, ou mesmo cobram o efetivo aprendizado do currículo escolar já demonstram que têm habilidades políticas e que pode começar desde já a construir suas idéias também para a sociedade”.O conselheiro de juventude não acha que as instituições políticas do país não vivem um descrédito, mas sim falta de informação. “A política de entretenimento, versus, conhecimento vêm ao longo dos últimos anos assolando a nossa sociedade. Liga se a televisão e parece que tudo está distante, ou então que nada passa perto de nossas casas. Por vezes ter noção da realidade e lutar para transformá-la é doloroso. Noticias chocam, mas parece que é só trocar de canal e não choca mais. É necessário criar uma cultura de busca do conhecimento, hoje quem detém informação está mais preparado para o futuro. A escola precisa ser o estopim desta política e os jovens os agentes de direito da transformação. É possível acreditar ainda” conclui.
publicado em 19/09/2008 por Da Redação JAP
PROGRAMAÇÃO DO XI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA UFPE
PROGRAMAÇÃO DO XI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA UFPE
Terça-feira 07/10/08
14:00 – 18:00: Credenciamento
18:00 : CONFERÊNCIA DE ABERTURA: Cláudio Beato (UFMG)
Quarta-Feira 08/10/08
09:00 – 12:00: Grupos de Trabalho
GT 01 – Família, Gênero e Sexualidade
Coordenadores: Paulo Henrique Martins (UFPE)
Parry Scott (UFPE)
GT 02 – Arte, Cultura e Comunicação
Coordenadores: Maria Eduarda Rocha (UFPE)
Lílian Junqueira (UFPE)
GT 03 – Relações Internacionais
Coordenadores: Marcos Costa Lima (UFPE)
Prof. Jose Alexandre Ferreira Filho (UNICAP)
GT 04 – Democracia e Instituições Políticas
Coordenadores: Assis Brandão (UFPE)
Ernani Carvalho (UFPE)
GT 05 – Identidade, Multiculturalismo e Religião
Coordenadores: Péricles Morais
GT 06 – Teoria e Pensamento Social
Coordenadores: Paulo Marcondes (UFPE)
Fernando Randau (IUPERJ)
GT 07 – Políticas Públicas e Participação social
Coordenadores: José Luiz Ratton (UFPE)
Remo Mutzemberg (UFPE)
GT 08 – Relações Raciais e Etnicidade
Coordenadores: Eliane Veras (UFPE)
Liana Lewis (UFPE)
GT 09- Para Além do Texto: imagens, estética e o fazer antropológico
Coordenador: Renato Athias
GT 10: Corpo e Tecnologia
Coordenador: Jonatas Ferreira (UFPE)
14:00 – 16:00: Mesas Redondas:
MR 01- Missões suicidas: uma abordagem sociológica.
Coordenador: Luciano Oliveira (UFPE)
Debatedores: Cynthia Hamlin
José Luiz Ratton
MR 02 – Gênero e sexualidade: as contribuições para os estudos nas Ciências Sociais
Coordenador: Parry Scott (UFPE)
Debatedores: Marion Quadros (UFPE)
16:00 – 18:00: Mesas Redondas:
MR 03 – Movimentos sociais e ação coletiva: perspectiva para a compreensão das transformações sociais
Coordenador: Remo Mutzenberg (UFPE)
Debatedores: Cibele Rodrigues (UFAL)
Joanildo Burity (FUNDAJ)
MR – 04 Estudos Legislativos no Brasil
Coordenador: José Alexandre (UFPE)
Debatedores: Lúcio Rennó (UNB)
Flávio Rezende (UFPE)
Quinta-feira 09/10/08
09:00 – 12:00: Grupos de Trabalho
GT 01 – Família, Gênero e Sexualidade
Coordenadores: Paulo Henrique Martins (UFPE)
Parry Scott (UFPE)
GT 02 – Arte, Cultura e Comunicação
Coordenadores: Maria Eduarda Rocha (UFPE)
Lílian Junqueira (UFPE)
GT 03 – Relações Internacionais
Coordenadores: Marcos Costa Lima (UFPE)
Prof. Jose Alexandre Ferreira Filho (UNICAP)
GT 04 – Democracia e Instituições Políticas
Coordenadores: Brandão (UFPE)
Ernani Carvalho (UFPE)
GT 05 – Identidade, Multiculturalismo e Religião
Coordenadores: Péricles Moraes
GT 06 – Teoria e Pensamento Social
Coordenadores: Paulo Marcondes (UFPE)
Fernando Randau (IUPERJ)
GT 07 – Políticas Públicas e Participação social
Coordenadores: José Luiz Ratton (UFPE)
Remo Mutzemberg (UFPE)
GT 08 – Relações Raciais e Etnicidade
Coordenadores: Eliane Veras (UFPE)
Liana Lewis (UFPE)
GT 09- Para Além do Texto: imagens, estética e o fazer antropológico
Coordenador: Renato Athias
GT 10: Corpo e Tecnologia
Coordenador: Jonatas Ferreira (UFPE)
14:00 – 16:00: Mesas Redondas:
MR 05 – Arte, comunicação e urbanidade: novas configurações
Coordenador: Paulo Marcondes (UFPE)
Debatedores: Maria Eduarda Rocha (UFPE)
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MR 06 – Abordagem das emoções nas Ciências Sociais
Coordenador: Roberta Campos (UFPE)
Debatedores: Dayse Amâncio (UFPE)
Lívia Fialho (UFBA)
Cláudia Barcelos Rezende (UERJ)
MR 07 – Capitalismo Contemporâneo: Desenvolvimento, Estado e Participação
Coordenador: Ricardo Santiago (UFPE)
Debatedores: Marcos Costa Lima(UFPE)
Rogério Medeiros (UFPE)
16:00 - 18:00: Mesas Redondas:
MR 08 – Saúde, Redes e Determinantes Sociais
Aécio Gomes de Matos (UFPE)
Breno Fontes (UFPE)
Eliane da Fonte (UFPE)
Paulo Henrique Martins (UFPE)
MR 09 – Os desafios da sociologia: educação no Brasil e o ensino da sociologia
Coordenador: Luiz Canuto (UFPE)
Debatedores: Heraldo Souto Maior (UFPE)
Aparecida Neri (UNICAMP)
MR 10: Movimento Estudantil em 68
Coordenador: Renato Athias (UFPE)
Debatedores: Michel Zaidan Filho (UFPE)
Otávio Machado (UFPE)
Sexta-feira 10/10/08
14:00 – 16:00: CONFERÊNCIA DE ENCERRAMENTO: Alba Zaluar (UERJ)
18:00 – Festa de Encerramento
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
LIVRO MOVIMENTOS JUVENIS NA CONTEMPORANEIDADE
Site Memória da Censura no Cinema Brasileiro (1964-1988)
FONTE: http://www.memoriacinebr.com.br/projeto.asp
O Projeto
Historicamente, todo regime totalitário tem no controle sobre as formas de expressão um dos principais pilares de sua sustentação, e a isso chamamos Censura. Através dos tempos, sob a fachada de “proteção à ordem social”, foi exercida contra indivíduos e idéias. Censura significa cerceamento de liberdades individuais, negação da liberdade de expressão, manipulação de informação, de rumos, de vidas.
No Brasil, de 1964 à promulgação da Constituição de 1988, a Censura cumpriu sua função histórica como um dos mais importantes órgãos de repressão da ditadura militar brasileira. Sem ela, seguramente, o regime de exceção não teria se sustentado por quase três décadas. As limitações intelectuais dos censores, muito propagadas pela imprensa, jamais foram empecilhos à sua ação. Bem organizada, sagaz, implacável e poderosa, frustrou sonhos, impediu caminhos, abortou promessas e calou gerações.
Censura não tem a ver com classificação etária, definição de horário e de programação. Censura tem a ver com repressão às liberdades individuais, negação do direito de livre expressão, manipulação de informação e de vidas.
Conhecer sua história e reconhecer os danos causados é o caminho para impedir que se repita. Esta é a proposta deste projeto pioneiro. Aqui, os danos culturais, políticos e sociais que nos legou por herança podem ser aferidos, livres de interlocutores ou interpretações. “Expor para melhor guardar” é a proposta que defendemos e da qual nos queremos instrumento.
Em dezembro de 2005, o projeto disponibilizou gratuitamente mais de seis mil documentos relativos a 175 filmes brasileiros – processos de censura, documentos do DEOPS-SP e material de imprensa. Deste total, seis filmes não tiveram seus processos de censura localizados - Amor bandido; Wilsinho Galiléia; Cuidado, madame; Imagens do silêncio; Sem essa, aranha e Copacabana, mon amour e participam do projeto apenas com material de imprensa. Outros cinco não tiveram qualquer material de imprensa localizado - Álbum de família; 1968; Ironweed; Gigante da América e Cinema inocente. Estão presentes seus processos de censura.
Agora, em outubro de 2007, estamos disponibilizando mais 269 filmes, de trinta e cinco cineastas, grande parte representantes do cinema marginal, da pornochanchada e do cinema independente.
No total, a filmografia de sessenta cineastas brasileiros está amplamente representada. Outros quarenta e seis cineastas são citados por suas participações em filmes episódicos.
Uma nova edição do conteúdo deste portal em DVDRom, revista e ampliada, cumpre o objetivo de ampliar o acesso às informações para além da Internet e será distribuída gratuitamente por todo o país. Você também pode adquiri-lo através do site, na página “Compre aqui seu DVD”.
Esclarecimentos sobre a documentação
Através de criterioso cruzamento dos números de matrícula dos censores, de suas assinaturas e seus carimbos de identificação, pudemos creditar a autoria de muitos documentos que apresentam apenas um ou outro destes três elementos. Alguns documentos, mesmo incompletos, foram mantidos devido à importância da informação que continham.
No material de Imprensa, foram priorizadas as que apresentavam fonte e data de publicação. Quando consideradas relevantes, foram incluídas matérias incompletas, sem créditos ou com créditos parciais. Agradecemos desde já por toda a ajuda que nos leve a comprovar os créditos ou completar estas matérias. Para isso, entrem em contato conosco através da página “Contato”.
Para finalizar
Este trabalho foi realizado tendo sempre em mente nossas limitações e a consciência de que, como disse Marc Bloch em seu livro Apologia da Historia ou o Oficio de Historiador, “a vida é muito breve, os conhecimentos a adquirir muito longos para permitir, até para o mais belo gênio, uma experiência total da humanidade”.
Fizemos nossa parte e disso, nos orgulhamos.
Se erros subsistem, eles me concernem e as críticas devem ser dirigidas a mim. Quanto aos acertos, estes são a partilhar com toda minha equipe.
Leonor Souza PintoCoordenadora