FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u331237.shtml
25/09/2007 - 11h54
Lula defende biocombustíveis e critica subsídios agrícolas de países ricos
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da Folha Online
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou hoje da abertura da Assembléia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York, nos Estados Unidos. No discurso de abertura, Lula defendeu o consumo dos bicombustíveis --como o álcool e o biodiesel-- para redução das mudanças climáticas.
Mike Segar/Reuters
Lula anuncia plano para combater mudanças climáticas e propõe conferência para 2012
"Não haverá solução para os terríveis efeitos das mudanças climáticas se a humanidade não for capaz também de mudar seus padrões de produção e consumo. O mundo precisa, urgentemente, de uma nova matriz energética. Os biocombustíveis são vitais para construí-la."
Segundo Lula, os biocombustíveis reduzem "as emissões de gases de efeito estufa". "No Brasil, com a utilização crescente e cada vez mais eficaz do etanol, evitou-se, nesses 30 últimos anos, a emissão de 644 milhões de toneladas de CO² na atmosfera."
O presidente brasileiro afirmou que além de ser uma fonte alternativa de energia, os biocombustíveis "podem abrir excelentes oportunidades para mais de uma centena de países pobres e em desenvolvimento na América Latina, na Ásia e África. "Podem propiciar autonomia energética, sem necessidade de grandes investimentos. Podem gerar emprego e renda e favorecer a agricultura familiar. E podem equilibrar a balança comercial, diminuindo as importações e gerando excedentes exportáveis."
Lula negou que a produção de biocombustíveis coloque em risco a segurança alimentar. "A cana de açúcar ocupa apenas 1% de nossas terras agricultáveis, com crescentes índices de produtividade. O problema da fome no planeta não decorre da falta de alimentos, mas da falta de renda que golpeia quase 1 bilhão de homens, mulheres e crianças. É plenamente possível combinar biocombustíveis, preservação ambiental e produção de alimentos."
O presidente aproveitou a conferência para anunciar que o Brasil vai organizar "uma conferência internacional sobre biocombustíveis" em 2008. "Lançando as bases de uma ampla cooperação mundial no setor. Faço aqui um convite a todos os países para que participem do evento."
Crescimento
Lula disse que seu governo conseguiu combinar crescimento econômico com redução da desigualdade social. "A sustentabilidade do desenvolvimento não é apenas uma questão ambiental, é também um desafio social. Estamos construindo um Brasil cada vez menos desigual e mais dinâmico. Nosso país voltou a crescer, gerando empregos e distribuindo renda. As oportunidades agora são para todos."
O presidente defendeu ainda o programa Fome Zero --prioridade de seu governo. "Honramos o compromisso do Programa Fome Zero ao erradicar esse tormento da vida de mais de 45 milhões de pessoas. Com dez anos de antecedência, superamos a primeira das Metas do Milênio, reduzindo em mais da metade a pobreza extrema no nosso país. O combate à fome e à pobreza deve ser preocupação de todos os povos. É inviável uma sociedade global marcada pela crescente disparidade de renda. Não haverá paz duradoura sem a progressiva redução das desigualdades."
Relações econômicas
Lula aproveitou a assembléia da ONU para defender um novo padrão de relação comercial entre os países desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento. Em seu discurso, ele disse que a "superação definitiva da pobreza exige mais do que solidariedade internacional". "Ela passa, necessariamente, por novas relações econômicas que não penalizem os países pobres."
"A Rodada de Doha deve promover um verdadeiro pacto pelo desenvolvimento, aprovando regras justas e equilibradas para o comércio internacional. São inaceitáveis os exorbitantes subsídios agrícolas, que enriquecem os ricos e empobrecem os mais pobres. É inadmissível um protecionismo que perpetua a dependência e o subdesenvolvimento", disse.
Lula afirmou que o "Brasil não poupará esforços para o êxito das negociações, que devem beneficiar sobretudo os países mais pobres".
Sul-sul
Lula disse ainda que o Brasil se orgulha das relações que criou com países da América Latina, África, Ásia e Oriente Médio. "Temos atuado para aproximar povos e regiões, impulsionando o diálogo político e o intercâmbio econômico com os países árabes, africanos e asiáticos, sem abdicar de nossos parceiros tradicionais."
"Todos concordamos ser necessária uma maior participação dos países em desenvolvimento nos grandes foros de decisão internacional, em particular o Conselho de Segurança das Nações Unidas. É hora de passar das intenções à ação", disse ele.
terça-feira, 25 de setembro de 2007
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