terça-feira, 22 de abril de 2008

Ficha de Leitura do Livro Como eles agiam: os subterrâneos da Ditadura Militar: espionagem e polícia política (De Carlos Fico)

FICO, Carlos. Como eles agiam: os subterrâneos da Ditadura Militar: espionagem e polícia política. Rio de Janeiro: Record, 2001.

p. 187

“Estudantes e Professores
Os estudantes eram muitíssimo visados pelos órgãos de informações do regime militar. Ao aspecto político da atuação oposicionista do movimento estudantil, juntava-se a dimensão moral da “educação dos jovens”, tidos como vulneráveis a quaisquer doutrinações a que fossem expostos. Assim , a comunidade de informações via nas transformações comportamentais típica dos anos 1960/1970 – referidas à sexualidade e às drogas, por exemplo – a confirmação do que supunha ser uma intenção deliberada de degeneração de supostos valores morais, facilitadora da subversão ....”.

p. 189

“A atividade política dos estudantes, porém, era o que mais preocupava. O próprio Ministério da Educação era classificado como inoperante na prevenção dos “atos de agitação”, na medida em que, à frente de diversos de seus departamentos , estariam “elementos comprometidos com idéias comunistas”.
Se, em alguns momentos, os jovens e estudantes eram entendidos como passíveis de serem manobrados, em outros eram vistos como capazes de elaborar estratagemas sofisticados, com o fim de engrossar as fileiras das organizações clandestinas. Segundo a avaliação da comunidade de segurança, o XXX Congresso da União Nacional de Estudantes, realizado em 1968, em Ibiúna (SP) , foi um desses casos. Centenas de estudantes foram presos, pois o congresso, praticamente clandestino, acabou por ser descoberto pela polícia. Isso teria sido deliberadamente planejado pelos líderes

“para que inúmeros estudantes, ao se verem surpreendidos, tomassem a atitude que tomaram e ingressassem, definitivamente, nas organizações terroristas, em formação”.

Professores também eram constantemente perseguidos, e a aposentadoria era a arma que as comunidades de segurança e informações – mas também governadores – usavam contra aqueles que fossem tidos como “esquerdistas” , classificação que certamente serviu para encobrir perseguições as mais diversas”.

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