terça-feira, 19 de maio de 2009

NOVO ENEM - Conteúdo exigido muda pouco, dizem professores


fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/fovest/fo1905200901.htm

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http://www1.folha.uol.com.br/fsp/fovest/fo1905200903.htm

NOVO ENEM

Conteúdo exigido muda pouco, dizem professores


Programa cobrado é dado no ensino médio, diz ministro da Educação

RICARDO GALLO

DA REDAÇÃO

Aviso aos estudantes: não é preciso temer o novo Enem, afirmam professores de colégios e de cursinhos, além do Ministério da Educação. O conteúdo, sustentam, será semelhante àquele que já é dado no ensino médio.A mudança é que será cobrada uma carga maior de informação, mas dentro do modelo antigo de privilegiar o raciocínio em detrimento da decoreba. Para exemplificar, o ministro Fernando Haddad (Educação) já disse que o exame não exigirá datas, mas sim o conhecimento de fatos históricos.As questões terão relação com o cotidiano. Ou seja, o enunciado não pedirá a resolução de uma equação matemática, mas ela pode ser importante para a solução de um problema em um contexto específico.O Enem mudou para se tornar um vestibular único para as 55 universidades federais do país. Até sexta-feira, 27 universidades já haviam decidido adotar o exame como fase única ou primeira fase do processo seletivo. As federais têm até amanhã para dizer ao governo federal se (e como) usarão o Enem.A prova, em outubro, terá uma redação e 200 testes, de quatro grandes áreas: línguas, matemática, ciências da natureza e ciências humanas."O conteúdo não foge do tradicional", disse Sílvio Freire, orientador do 3º ano do Colégio Santa Maria. Em relação aos vestibulares convencionais, a mudança, disse ele, será a ênfase em "questões mais cotidianas, mais próximas do aluno".A ideia é enfatizar temas como segurança pública, violência, gravidez na adolescência, cidadania e mudanças climáticas. O conteúdo, divulgado na quinta, está no site do ministério (www.educacao.gov.br).Nas questões, podem ser abordados assuntos como políticas afirmativas (cotas raciais etc), esporte e história cultural da África -o último, embora obrigatório por lei, foi pouco implementado nas escolas.É exigido também que o aluno conheça linguagens artísticas (artes visuais, dança, música e teatro). Isso pode cair em questões que relacionem movimentos literários aos artísticos, que são mais amplos.Mas as novas temáticas devem representar pouco em relação ao conjunto do Enem, diz Nicolau Marmo, coordenador do Anglo. "O aluno com o conteúdo do ensino médio está 97% preparado." O cursinho dará reforço dois meses antes do exame para seus alunos.O mesmo ocorrerá no COC, com aulas específicas. Segundo Tadeu Terra, diretor editorial da rede, a intenção é mostrar aos alunos que a combinação do conteúdo atual com algum reforço é suficiente para levá-los a obter êxito no Enem. "As alterações foram pontuais."Vera Lúcia Antunes, coordenadora do cursinho e do colégio Objetivo, diz que a escola já aborda no ensino médio as habilidades exigidas no Enem.

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DA REDAÇÃO
Prestes a encarar o primeiro Enem-vestibular, alunos afirmam que o melhor é o fato de a decoreba não ser essencial."Não precisa ter mais aquela musiquinha de fórmula que você decora e não entende o assunto", diz Diego Bernardo, 20. "Sempre fui de estudar para entender o conceito."Ele decidiu fazer o exame pois quer entrar em medicina na Unifesp -que, nesse curso, usará o novo Enem como primeira fase.Diego diz que não precisará estudar mais e de modo específico, tal qual Bruna Silva, 20, sua colega no Cursinho do XI, que também tentará medicina e concorda com o estímulo ao raciocínio em detrimento da memorização.André Rubez, 18, projeta uma concorrência grande. Será importante tirar uma boa nota para assegurar vaga na segunda fase, diz. Colega do cursinho Intergraus, Flora Pereira, 19, diz que, sem o Enem, a Unifesp já era concorrida, então basta manter o ritmo de estudos.

NOVO ENEMMudança em exames diminui decoreba, mas é preciso memorizar
Ao estudar, aluno memoriza conteúdos por repetiçãoRAFAEL SAMPAIODA REPORTAGEM LOCAL Cada vez mais, os vestibulares cobram interpretação de texto e raciocínio lógico -regra que também vale para o Enem. Mas memorizar alguns conteúdos ainda é necessário e inclusive faz parte do aprendizado, afirmam coordenadores de cursinho ouvidos pela Folha."A memorização não foi eliminada dos vestibulares nos últimos dez anos. Ela só não é mais a prioridade. Nenhuma prova vai cobrar decoreba em si, como o nome de um rio", diz Alessandra Venturi, coordenadora do Cursinho da Poli.Os nomes de um rio ou de uma capital, por exemplo, estarão dentro de um contexto maior, relacionados a duas ou três disciplinas, afirma a diretora do Cursinho do XI de Agosto, Augusta Aparecida."A melhor forma de se preparar para o vestibular é ler e estudar muito. Dessa maneira, o aluno memoriza os conteúdos por repetição", ressalta.Quanto mais estuda, mais o candidato assimila informação e a relaciona com outros assuntos. Assim se dá o processo de aprendizagem, afirma o diretor do cursinho COC em São Paulo, William Saito."A memorização faz parte do dia a dia, faz parte de exercitar e armazenar os conteúdos", diz o diretor. Sem esse "armazenamento", completa Saito, fica difícil entender o que está sendo pedido em questões interdisciplinares, por exemplo.Alguns vestibulares, como a Unesp e Unicamp, fornecem a tabela periódica e a maioria das fórmulas e equações para os estudantes. "A universidade quer o aluno crítico, que raciocine e saiba tirar suas próprias conclusões sobre os assuntos da atualidade. Memorizar é importante, mas o que conta é entender", afirma Leandro Tessler, coordenador-executivo da Comvest (comissão que organiza o vestibular da Unicamp).Nem o EnemApesar de o ministro da Educação Fernando Haddad afirmar que o novo Enem não vai exigir que se decore fórmulas, nem essa prova vai deixar de cobrar um pouco de memorização, ponderam coordenadores de cursinho.O aluno pode esperar o mesmo nível de cobrança de uma Fuvest ou Unesp. "Em termos de conteúdo, o programa do novo Enem está muito similar a vestibulares já consagrados", afirma Alberto Francisco do Nascimento, diretor do Anglo.Professora da USP e especialista em ensino superior, Eunice Ribeiro Durham é cética com relação ao novo Enem."Criam-se vários jargões, como "análise de competências", "interdisciplinaridade", mas no fundo os bons vestibulares, o Enem incluído, não podem deixar de cobrar conteúdo ou vão acabar não selecionando bem os alunos", diz ela."Decoreba é um termo negativo, e muita gente confunde isso com cobrança de conteúdo. Não é errado cobrar conteúdo."Ao contrário de Durham, Leandro Tessler está otimista quanto ao novo formato do exame. "O novo Enem chega para mostrar que é possível ensinar com raciocínio lógico e para enterrar de vez a "decoreba em si" dos vestibulares", diz.Ele avalia que muitos exames de federais que serão substituídos ainda funcionam por decoreba. "Se mudar isso e o currículo do ensino médio, é muito positivo", afirma.Como vai ficar?Até agora ninguém sabe exatamente como ficarão os vestibulares e o novo Enem, avalia a professora Durham."Há promessas de simulados, mas até agora não apareceu nada, então gera uma grande ansiedade nos estudantes. Não se brinca com o vestibular", afirma ela, referindo-se às mudanças na Fuvest.Decorar o conteúdo de algumas aulas é o que preocupa o estudante Giovanni Barrachi, 18, que está prestando engenharia mecânica na USP pela segunda vez."Uso frases e músicas para gravar principalmente matéria de química e física. Acho que memorizar ainda faz diferença", diz ele. Barranchi estuda até seis horas por dia fora do horário de aula no Etapa.

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