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Revolução Cubana: 50 anos de independência e democracia para os trabalhadores!
Quando raiou o dia primeiro de janeiro de 1959, há cinqüenta anos, o povo cubano, ao fazer a saudação de Feliz Ano Novo, não estava expressando apenas um desejo ou cumprindo uma formalidade. Começava de fato uma nova era, com o triunfo da Revolução. O Exército rebelde ainda não chegara a Havana, mas o ditador Fulgencio Batista e seus lacaios já haviam fugido. “Durante três dias a capital ficou sem governo, mas não houve violência nem atos de vingança na cidade, apenas alegria, passeatas e cantos que vararam a noite. Os cubanos seguiram à risca os apelos transmitidos por Fidel Castro no sentido de não fazerem justiça com as próprias mãos”. 1
No dia dois de janeiro, Che Guevara e Camilo Cienfuegos entraram em Havana à frente das tropas revolucionárias, saudados por uma multidão em festa, “banhados em suor camponês, com um horizonte de montanhas e nuvens, sob o sol ardente da ilha”. 2 No mesmo dia, “cercada por uma explosão de alegria popular", 3 outra coluna do Exército Rebelde chegou a Santiago de Cuba. À sua frente, o comandante-em-chefe Fidel Castro e seu irmão Raúl. Fidel, simbolicamente, ocupou o quartel de Moncada e proclamou: “Esta guerra foi vencida pelo povo. A revolução cubana começa agora. Será uma empreitada difícil, cheia de perigos. Não será como em 1898, quando os norte-americanos vieram e se apossaram do nosso país, como se fossem os donos. Tenho certeza de que, pela primeira vez, o povo será inteiramente livre”. 4
Pela primeira vez, a liberdade
Como toda a América Latina, à exceção do Brasil e das Guianas, Cuba fora dominada pelos invasores espanhóis. Seu povo nunca se acomodou, e no processo de lutas de libertação gerou líderes do quilate de José Martí, combatente, poeta e filósofo. Martí veio do exílio na Espanha e Estados Unidos, em 1895, para comandar a guerra de libertação nacional, e, no mesmo ano, foi morto em combate já em plena guerra. Interessada em apossar-se da Ilha, a burguesia norte-americana passou a “ajudar” os cubanos na luta contra os espanhóis, finalmente expulsos em 1898. Foi proclamada a independência de Cuba, mas na verdade os EUA dominaram-na economicamente, tornando-a uma espécie de quintal da Casa Branca onde implantaram cassinos e casas de prostituição, adquiriram as melhores terras e indústrias. Em seus planos estava a anexação formal da Ilha.
Sessenta e um anos depois do desembarque de Martí, num roteiro muito semelhante, um seguidor e líder da mesma têmpera que o Apóstolo da Independência também desembarcou clandestinamente no território cubano. Procedia do México, para onde fora exilado após sair da prisão, sentenciado em razão do ataque ao quartel de Moncada, em 1953, quando 80 militantes do Movimento que viria a se chamar 26 de Julho em homenagem ao ato rebelde ocorrido naquela data sacrificaram a vida para que todos os cubanos pudessem viver livremente.
Fidel Castro desembarcou na Costa Oriental, no fim de 1956, juntamente com 81 companheiros, num ponto distante do previsto e com dois dias de atraso, tendo em vista problemas na travessia marítima. “Não foi um desembarque, foi um naufrágio”, lembrava Che Guevara, um dos expedicionários. Com o atraso do Granma, o plano traçado para o início da luta em Sierra Maestra, com levantes articulados em todo o país, literalmente foi por água abaixo. Isolados do Movimento, os expedicionários foram atacados pelas forças armadas da ditadura, por terra, mar e ar. Dispersos, somente 12 guerrilheiros conseguiram sobreviver e reagrupar-se. Quando se reencontraram, dias depois, Fidel, embora lamentando a morte da maioria dos companheiros, exclamou: “Eis a vanguarda do Exército Rebelde. A vitória é certa”.5 Não era um simples ato de fé. O comandante conhecia profundamente o povo cubano ? sua ânsia e disposição de lutar por independência, liberdade, terra e trabalho. Sabia que o núcleo rebelde conseguiria facilmente a adesão dos camponeses e dos trabalhadores das cidades. A certeza de que aqueles 12 guerrilheiros se transformariam em milhares de homens e mulheres em pouco tempo tinha base na realidade e não apenas no seu ideal revolucionário. Assim, em apenas dois anos de guerra revolucionária concretizou-se a sua profecia.
As grandes conquistas da Revolução
A primeira grande conquista foi a reforma agrária, a base sobre a qual se edificou a nova Cuba. A terra para quem nela trabalha. A implementação dessa bandeira implicou a desapropriação dos latifúndios e das grandes empresas agroindustriais, a maioria pertencente a norte-americanos. A Revolução teve de enfrentar o imperialismo, que articulou uma invasão pela Baía dos Porcos, em abril de 1961, e foi fragorosamente derrotado pelo povo armado: operários, camponeses, estudantes e soldados. Ficou claro para o povo que as mudanças necessárias não se daria nos marcos do capitalismo. A liderança proclamou o caráter socialista da Revolução, e o povo cubano conquistou a sua verdadeira independência. Imediatamente os EUA decretaram o bloqueio econômico. O povo cubano compensou essa medida, estabelecendo relações comerciais de novo tipo com o bloco socialista, passando a integrar o Conselho de Assistência Econômica Mútua (Came).
Com a reforma agrária e a socialização da indústria, dos bancos e do comércio, o Estado pôde investir em educação, saúde, enfim no atendimento das necessidades fundamentais do povo, pondo fim ao analfabetismo, à mortalidade infantil, ao desemprego e à prostituição. Cuba construiu sistemas de educação e de saúde que são referenciais no mundo inteiro.
Nestes 50 anos, o povo cubano sofreu muito com as conseqüências do bloqueio genocida do imperialismo norte-americano, mas suportou firme e está se recuperando sem ceder nenhuma de suas grandes conquistas sociais, nem um ponto de sua independência política. O imperialismo pretendeu isolar Cuba, mas ele é que está isolado, com o repúdio dos povos de todas as nações ao bloqueio.
Um povo solidário
A solidariedade é também uma marca da Revolução cubana. Mesmo passando por tantas dificuldades, os cubanos nunca deixaram de ajudar os povos sofridos do Terceiro Mundo. Mais de 380 mil cubanos estiveram na África, de armas nas mãos, defendendo a independência de Angola, Moçambique, Namíbia e Congo. Milhares de médicos e professores foram ajudar esses e outros povos como a Venezuela e a Bolívia a construir sua educação, sua saúde. Em todas as intempéries ocorridas na América Central ou na América do Sul, como furacões, terremotos, chuvas, lá estão os profissionais cubanos ajudando a salvar vidas. E tudo isso sem nenhuma vantagem financeira. Apenas “movidos por grandes sentimentos de amor”, característica dos revolucionários, como disse Che Guevara, e ele próprio deu o exemplo, deixando o cargo de ministro de Cuba, para lutar ao lado do povo boliviano. Ou como diz o poeta e músico Silvio Rodríguez, na canção Por quem merece amor: “Nosso amor não é amor de mercado. Esse amor tão sagrado não se tem pra trocar... é amor de humanidade... o mais apaixonado pelo injustiçado, pelo mais sofredor... é como a primavera; não aceita fronteiras, não escolhe jardim”.
Por tudo isso é que celebramos os 50 anos da Revolução Cubana. Uma revolução, que apesar de alguns recuos, continua sendo um exemplo de firmeza, de perseverança, de honra e dignidade e estará sempre viva na memória e na luta dos povos oprimidos e explorados do mundo inteiro.
Comitê Central do Partido Comunista Revolucionário - Brasil
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