sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

MONOGRAFIA REBELDES OU CONFORMISTAS? OS ESTUDANTES DA UNIVERSIDADE RURAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS E SUAS REIVINDICAÇÕES

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS OU ARTES
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

REBELDES OU CONFORMISTAS? OS ESTUDANTES DA UNIVERSIDADE RURAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS E SUAS REIVINDICAÇÕES



FABRÍCIO VALENTIM DA SILVA
ORIENTADOR(A): Prof(a) Dra. Maria das Graças Marcelo Ribeiro



Monografia apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das exigências
Finais do curso de Licenciatura em Pedagogia





VIÇOSA
MINAS-GERAIS- BRASIL
NOVEMBRO/2003
FABRÍCIO VALENTIM DA SILVA




REBELDES OU CONFORMISTAS? OS ESTUDANTES DA UNIVERSIDADE RURAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS E SUAS REIVINDICAÇÕES



Monografia apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das exigências
Finais do curso de Licenciatura em Pedagogia



BANCA EXAMINADORA



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Profa. Dra. Maria das Graças Marcelo Ribeiro (orientadora)


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Profª Ms. Rosimar de Fátima Oliveira (UFV)


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Profª Ms. Marilene de Melo Oliveira (UFV)
RESUMO


A Universidade Federal de Viçosa (UFV), assim como outras do país, foi e ainda continua sendo “palco” da atuação de entidades de representação estudantil desde os seus primórdios até a atualidade. O presente trabalho teve por objetivo analisar o Movimento Estudantil (M.E) na antiga Universidade Rural do Estado de Minas Gerais (UREMG), analisando a sua capacidade de associação e organização, no período correspondente aos anos que vão de 1948 a 1968. Procuramos ver mais especificamente se havia relação de subordinação do M.E da UREMG à administração da instituição e se havia inserção das entidades de representação da UREMG no M.E nacional e regional. A investigação tomou como ponto de partida a revisão de literatura pertinente ao nosso objeto, logo em seguida recorremos às fontes primárias, constituídas de gama de documentos, tais como estatutos, cartas, jornais, atas de reunião, hoje em mãos do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFV. Além desses documentos, realizamos entrevistas e conversas informais com ex-alunos da UREMG e antigos líderes que pertenceram ao M.E da UREMG. Estas entrevistas tiveram o intuito de complementar os dados coletados junto às fontes documentais. As quais indicam que o M.E da UREMG esteve presente nas principais lutas da vanguarda do M.E regional e nacional dos anos 1950 e 1960. Constatamos que foram marcantes a atuação dos Diretórios Acadêmicos do M.E da UREMG no decorrer das décadas de 1950 e 1960, através de greves, manifestos, reivindicações e assembléias que almejavam solucionar os diversos problemas pedagógicos, administrativos e financeiros da UREMG.




Palavras-chaves: UREMG, Movimento Estudantil, Ensino Superior, Hans Alfred Rappel, Diretórios Acadêmicos.

INTRODUÇÃO


A Universidade Federal de Viçosa (UFV) foi inspirada no modelo dos Land Grant Colleges, escolas superiores agrícolas norte-americana. Esta universidade, assim como outras do país, foi e ainda continua sendo “palco” da atuação de entidades de representação estudantil desde os seus primórdios até a atualidade.
O presente trabalho teve por objetivo maior buscar a compreensão de questões pertinentes a organização e capacidade de associação do corpo discente da UFV no período correspondente aos anos finais da ESAV e os anos finais da UREMG.
Cabe dizer que este trabalho representa o grande interesse que tenho sobre o tema, principalmente devido à minha atuação em uma das entidades de representação estudantil da UFV, o Centro Acadêmico de Pedagogia.
Vale ressaltar que o conhecimento histórico da instituição que irei apresentar ao longo deste trabalho advém da experiência adquirida durante o tempo que fui bolsista do PIBIC/CNPq/UFV sob a orientação da Prof(a) DS. Maria das Graças Marcelo Ribeiro do Departamento de Educação da UFV na pesquisa “A Extensão Universitária na UREMG nos Marcos dos Acordos Internacionais”.
Esta experiência na iniciação científica me apresentou elementos teóricos que me instigaram a examinar o perfil do Movimento Estudantil (M.E) da UREMG no período em questão, com o intuito de identificar o posicionamento do movimento em relação a uma série de acontecimentos ocorridos no decorrer da história da instituição.
As discussões teóricas que tínhamos no Grupo de Pesquisa do Departamento de Educação Escola Pública: História e Política foram grandes instrumentos de reflexão. Pois, clarificavam uma série de dúvidas que possuía acerca das relações entre o Público e o Privado. Importante fator determinante da conjuntura que a universidade pública brasileira vem passando.
Outra razão para estudar o presente objeto está relacionado ao intuito de buscar a compreensão das experiências acumuladas pelo Movimento Estudantil (M.E.), ao longo da trajetória da instituição, com a perspectiva deste trabalho proposto fazer face, ao “difícil” caminho que vem trilhando a universidade pública, através da tentativa de fornecermos elementos teóricos que possam contribuir para a atuação das entidades de representação estudantil da UFV na atual conjuntura política e econômica.
Nota-se a pertinência de estudos da natureza proposta pelo presente trabalho ao exemplificarmos as políticas públicas de caráter liberal e sem compromisso com a manutenção e expansão de vagas e que vem sendo implementadas nas universidades públicas brasileiras. É público e notório o que vem ocorrendo com a Assistência Estudantil, garantida em lei na Constituição brasileira promulgada em 1988, sendo dever do Estado promovê-la e direito do estudante, e que vem sendo extinta pelas universidades devido à falta de recursos financeiros destinados a esse fim pelo Ministério da Educação (MEC).
Mediante a importância dos fatos acima considerados, vale ainda ressaltarmos que são escassos os estudos sobre o Movimento Estudantil no Brasil. No caso da nossa instituição não há estudos desenvolvidos sobre esta temática.
Acreditamos que o estudo aqui proposto constituirá a contribuição para suprir esta lacuna.


















CAPÍTULO I

O Movimento Estudantil (M.E) na América Latina tem suas raízes no movimento pela Reforma Universitária nas universidades dos países hispano-americanos, a partir de 1899, quando professores peruanos reivindicavam revitalização do ensino.
No ano de 1908, ocorreu em Montevidéu o 1º Congresso de Estudantes Latino-americanos. Não foram encontrados registros da presença de delegados brasileiros. Em 1910, foi realizado o 2º Congresso em Buenos Aires e em 1912, o 3º na cidade de Lima, no Peru.

“Em 1916, foi criada a Federação dos Estudantes do Peru, talvez a primeira que teve sucesso em nosso continente, seguida, em 1918, pelo nascimento da Federação Universitária Argentina, integrada por delegados de cada uma das universidades do país: Buenos Aires, Córdoba, La Plata, Tucumán e Santa Fé. Seu primeiro congresso foi realizado no mesmo ano, em Córdoba, sendo aprovada a Carta Magna da Reforma Universitária, consagrando a expressão”, (CUNHA: 1983; pp.210).

Durante décadas a Carta de Córdoba foi evocada pelo M.E. latino-americano, fazia parte de seus princípios gerais o embate em relação aos conceitos de regime administrativo, método docente e de autoridade, estes conceitos eram pertinentes a estrutura da universidade “oligárquica e clerical” que existia na época.
No Brasil, desde 1929, que a Carta de Córdoba era conhecida por estudantes brasileiros. Segundo Cunha (1983: pp.208), “não é exagero afirmar que a União Nacional dos Estudantes nasceu dentro de um projeto de reforma do ensino superior elaborado pelos próprios estudantes. No II Congresso Nacional de Estudantes, realizado em dezembro de 1938, no Rio de Janeiro, no qual a UNE foi criada, houve a aprovação de um Plano de Sugestões para uma Reforma Educacional Brasileira”. Vale ressaltar que o referido plano continha princípios da Carta de Córdoba.
Daí em diante a UNE (União Nacional dos Estudantes) torna-se o principal “locus” no seio do M.E. no sentido de constituir a vanguarda do movimento no marco das lutas populares e democráticas do país.
Conforme CUNHA (1983), desde 1938, ano da fundação da UNE, não foi possível que o Estado continuasse a ignorar a militância e o grau de interferência dos estudantes no cenário da política brasileira. Consequentemente durante o Estado Novo as duas principais alas governistas (“a Pró-Eixo e a Pró-Aliados”) almejavam o apoio da UNE. Tal fato explica muito bem o “peleguismo estudantil”, que acontecia em troca de favores pessoais aos líderes do M.E em espécie de distribuição de empregos públicos dentro da máquina estatal, o que já acontecia na categoria dos trabalhadores. Outra consequência desse peleguismo se dava através da interferência do Estado na disputa pela majoritária na vanguarda do M.E. que era disputada nos congressos de entidades estudantis. Quando o controle político dos estudantes não era alcançado, o M.E. era fortemente repreendido por forte aparato policial e até militar. Compete afirmar que havia também a tentativa de cooptar os líderes estudantis por parte do Estado, através de estudantes estrangeiros que vinham para as universidades brasileiras através de intercâmbio cultural com instituições de ensino superior norte-americanas afins, era a mesma tática que realizavam com o movimento operário no intuito de desmobiliza-los e desqualifica-los.
Independente da direção da UNE e das UEES (União Estadual de Estudantes) terem sido dirigidas pelos estudantes filiados ou simpatizantes do Partido Socialista Brasileiro na segunda metade da década de 40, não foi possível que estudantes udenistas (aqueles estudantes que apoiavam ou eram filiados ao partido político UDN, base do governo nesse período), de assumirem o controle da entidade máxima da UNE, durante as gestões: 1950-1956, com intervalo entre 1953-1954.

“Os udenistas foram mais longe do que os socialistas na tentativa de controle das bases, aproveitando a presença maciça de seu partido no ministério de João Café Filho, o vice de Vargas que ocupou a presidência em 1954. Belém foi a cidade escolhida pelos udenistas para o congresso da UNE de 1955. Isso implicava a utilização de transporte aéreo pelos delegados estudantis, a maioria proveniente da região centro-sul. Mas, se a distância foi um impedimento para os estudantes em geral, os delegados que aceitavam a orientação udenista foram contemplados com passagens nos aviões do Correio Aéreo Nacional, cedidas pelo brigadeiro Eduardo Gomes, ministro da aeronáutica de Café Filho. Assegurada a maioria dos delegados, os udenistas conseguiram controlar a UNE por mais um ano. Tomaram, também medidas visando manter o controle das entidades estudantis em nível estadual e nacional (...)”, (CUNHA: 1983; pp.214).

Dentro desse jogo de interesses, controlar as entidades de representação estudantil das instituições de ensino superior era de extrema importância para a hegemonia das concepções de determinado grupo que iria atuar sobre suas bases de maneira a ampliar sua legitimidade e prolonga-la no tempo.
Através da aprovação do Decreto nº37613 de 19 de julho de 1955 durante a rápida permanência de Café Filho na Presidência da República, os udenistas esperavam garantir e ampliar a sua base de sustentação, razão pela qual pressionaram para a publicação deste decreto, uma vez que o mesmo regulamentava o funcionamento daquelas entidades de representação estudantil que se encontravam vinculadas a centros isolados ou escolas particulares que não permitiam a organização destes, no intuito de facilitar mais o controle aos estudantes. E:

“reafirmava a obrigatoriedade da existência de diretórios estudantis para o reconhecimento e a equiparação de escolas superiores, assim como seriam condição de seu regular funcionamento” (CUNHA:1983).

Desta forma contavam com os futuros delegados para os apoiarem no Congresso da UNE. Este decreto não repercutiu como o almejado pelos udenistas, apesar de no congresso de 1955 da UNE os aviões da FAB terem garantido a vitória udenista o mesmo não ocorreu no congresso de 1956, pois foram derrotados pelos “jucistas socialistas independentes e comunistas”. Surge aí um outro estilo de M.E. diante da crise final do populismo.
Neste momento compreender as causas que provocaram a ascensão desta nova vanguarda no movimento torna-se extremamente necessário para elucidar os anos 60 em suas perspectivas políticas, econômicas e históricas. Cabe mencionar que foi durante esses anos o surgimento das primeiras mobilizações estudantis de massa engajados com os problemas oriundos da Universidade.

“Desde 1955, no entanto, uma frente única de setores nacionalistas, comunistas socialistas, cristãos e trabalhistas retoma a União Metropolitana dos Estudantes do Rio de Janeiro (UME), uma das entidades regionais mais importantes no M.E. brasileiro”, (Martins Filho: 1988; pp.41).

A partir daí esse bloco de forças chega após um ano a direção da UNE. Nota-se então um novo eixo adotado para o M.E:

“(...) uma progressiva radicalização do meio estudantil, no quadro da expansão do ensino superior acima mencionado, com o ingresso maciço de estudantes provenientes da classe média. Nesse contexto, as bandeiras udenistas, ‘recheadas de um liberalismo abstrato e um anticomunismo sem sentido para as (...) dificuldades concretas’ dos estudantes, perderiam terreno para as correntes nacionalistas e de esquerda, que passam a dar respostas às insatisfações sentidas pelo meio universitário: má qualidade de ensino, altas taxas nas escolas particulares, necessidade de vagas, autoritarismo e obsoletismo pedagógico”. (Martins Filho: 1988; pp.41).

Assim, podemos dizer que entre os anos de 1956 e 1960 o M.E. teve como expoentes de luta “os aumentos de preços e a defesa de plataformas nacionalistas: contra a empresa American Can, contra o Acordo de Roboré, contra o Acordo Militar Brasil-Estados Unidos” (CUNHA, 1983).
A participação crescente de setores progressistas da JUC (Juventude Universitária Católica) na luta pela defesa de reformas na universidade e na conjuntura social do país durante o início dos anos 60 e conseqüentemente as transformações vividas pelos estudantes cristãos que em sua maioria acreditavam não ser função da categoria o envolvimento com questões políticas. Na ótica do autor Martins Filho (1988) tal transformação constitui um dos aspectos cruciais para estudo da militância estudantil no país, uma vez que a esquerda cristã compôs a majoritária da vanguarda do M.E. de 1961 ao curso da década corrente, da qual depois originaria a AP (Ação Popular).
No ano de 1961 a JUC vai para o 24º Congresso da UNE com “força total” para conquistar a presidência da UNE, então apresentou dois nomes para a pré-candidatura do “grupão”, à liderança da UNE e tonificou o nome de Aldo Arantes para lograr êxito ao pleito disputado. Tal vitória da esquerda não fora obra tão fácil, pois a direita não deixou de resistir e lutar pela hegemonia no M.E.
Devemos atentar para “a impossibilidade de conferir ao M.E. um caráter invariável e imutável”, (Martins Filho: 1988; pp.28), prova disso é que o próprio PCB defendia que as lutas estudantis deveriam assumir um caráter mais “específico” e criticava a esquerda cristã principalmente na gestão de Aldo Arantes na UNE, por comprometerem o movimento com questões políticas mais gerais. Mas, em contrapartida na luta pela reforma da universidade foram exatamente os estudantes que vieram da JUC após o rompimento com setores da hierarquia católica e que se juntaram aos comunistas não cristãos originando a Ação Popular, corrente hegemônica na vanguarda do M.E. universitário no decorrer dos anos 1960, que tinha como principal palavra de ordem o combate a ditadura militar, que assumiu com decisão e coerência da bandeira mis característica do M.E. : a Reforma da Universidade:

“(...) Não por acaso, as mobilizações lideradas pela UNE em 1961 e 1962 dariam à JUC de esquerda (à época em processo de transição para a Ação Popular) um significativo respaldo no meio estudantil, o que pode ser considerado como a principal razão de sua hegemonia”, (Martins Filho: 1988; pp.51-52).

Segundo o mesmo autor:

“A ascensão da JUC esquerdista à UNE apressou seu rompimento com os setores hegemônicos da hierarquia católica. Nesse sentido, as críticas de certos bispos à aliança entre jucistas e comunistas nos pleitos estudantis vieram juntar-se à veemente condenação de parcelas do episcopado à posição da JUC na questão da escola pública e da Lei de Diretrizes e Bases. Na época as coisas andavam rápidas. No início de 1962, a Igreja proíbe os membros da JUC de se candidatarem às entidades estudantis e expulsa da JUC o ativo e eficaz presidente da UNE, Aldo Arantes. Por seu lado, o setor político caminha celeremente rumo à construção de uma organização política autônoma, utilizando-se inclusive, das viagens da bem-sucedida UNE-Volante para enraizar-se nacionalmente. Em Julho de 1962, quando se abre o 25º Congresso da UNE, a força dos setores cristão é evidente. Embora sem pertencer ao grupo que gerou a AP, Vinícius Caldeira Brant é eleito com seu apoio para a presidência da UNE, ao lado de quatro membros da esquerda da JUC”. (Martins Filho: 1988; pp.49)

Tal cenário nos leva a nos apropriarmos dos seguintes questionamentos elaborados por Martins Filho (1988): Porque houve crescimento dos setores radicais cristãos no movimento universitário do início dos anos 60? E não outras correntes de esquerda como o PCB, atuantes no meio estudantil há mais tempo que a JUC, não conseguiram conquistar a liderança do movimento?
A gestão na UNE do jucista de esquerda Aldo Arantes (1961-19862) precedida pelo I Seminário Nacional de Reforma da Universidade (SNRU) foi marcada pelo engajamento da UNE e de seu presidente na campanha da “cadeia pela legalidade”, mobilização liderada pelo então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola que tinha o intuito de garantir a posse do então Vice-Presidente da República, João Goulart, após a renúncia de Jânio Quadros. Segundo Martins Filho (1988) “tal atuação da UNE marcou o seu ingresso efetivo na frente nacionalista e popular, ao mesmo tempo em que lhe garantiu, no contexto de 1961, importante repercussão favorável entre os universitários”.
Em Maio de 1960, foi convocado pela UNE o 1º Seminário Nacional da Reforma Universitária, ocorrido em Salvado-BA. De acordo com Poerner (1979) foi deste referido seminário que surgiu a Declaração da Bahia, um dos mais importantes textos norteadores do M.E.
Pertinente ao contexto da intensificação da mobilização popular da UNE, a mesma, logo em seguida organizou o II Seminário da Reforma Universitária realizada em março de 1962, sintetizando as posições da entidade sobre o assunto em forma de um texto que ficou conhecido como Carta do Paraná juntando-a com o documento do I SNRU. Cunha (1983) chama atenção para a influência nas cartas da Bahia e do Paraná, ambas elaboradas nos seminários de reforma universitária promovidos pela UNE em 1961 e 1962, inspierada pelo conteúdo da Carta de Córdoba.
Fazia parte da reforma universitária desejada pelo movimento estudantil reivindicações centrais como a “abertura, a democratização e a modernização da universidade”, (Martins Filho: 1988), que também destaca isto significar:

“[...] na época a extinção da universidade alienada considerado fator de sobrevivência da elite dominante e social, tinha o intuito de construir a universidade autêntica, que servisse a nação e não a um governo contrário a massa popular [...]”.

No entanto este mesmo autor nos aponta que a UNE após ter realizado o seminário de março de 1962 definiu como luta mais imediata a regulamentação da participação dos estudantes nos conselhos universitários. E de acordo com Marialice Forachi (1977) a greve de 1962, “fora a mais representativa das greves estudantis”.
Nos congressos da UNE realizados em 1962 e 1963 a hegemonia da esquerda cristã foi significativa. Sendo que no 25º Congresso (1962) esta corrente elegeu o presidente da entidade máxima e mais quatro membros na diretoria e no 26º (1963) “a chapa vitoriosa foi encabeçada por um membro da Ação Popular”.
Com a UNE da Ação Popular o seu principal engajamento se deu nas lutas da frente antiimperialista e popular, e passou a fazer face lado a lado as militâncias do CGT (Comando Geral dos Trabalhadores) nesse período. A UNE concentrou suas forças pelas reformas de base. Tal atuação em prol do bloco antiimperialista

[...] “fez dela um dos alvos preferidos dos grupos sociais que se aglutinavam para conter o aceso do movimento popular e nacionalista, pregando a intervenção dos militares para pôr fim ao populismo. Tanto as organizações paramilitares da direita como os governadores que se opunham ao movimento das reformas de base voltariam suas baterias contra a entidade nacional estudantil sempre que houvesse ocasião [...]”, (Martins Filho: 1988; pp.62).

O IPES (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais), um dos núcleos da articulação do golpe de 64, desempenhou bem essa função de tentar desarticular o M.E. e contrariar os esforçosa da AP e da UNE. Segundo CUNHA (1983) era uma espécie de “intelectual orgânico” da direita. Financiando e organizando a inserção de movimentos de caráter anticomunista como o MAC (Movimento Anticomunista), a Frente da Juventude Democrática (FJD) e o Movimento Estudantil Democrático (MED). Mas, como não atingiram os objetivos pretendidos dentro das faculdades e universidades partiram para ações de puro terrorismo.
A década de 60 foi um dos períodos mais negros da história do Brasil, mergulhado em uma repressão política representada pelos governos militares, principalmente com a adoção do Ato Institucional nº5 pelas autoridades militares, o qual inseriu a entidade máxima de representação dos estudantes , a UNE, na ilegalidade e consequentemente o M.E. O golpe de 1964 pôs fim aos ricos movimentos de educação popular desta década, assim afirma (Buffa,E; Paolo.N.: 1997; pp.139) “extingue-se o debate através de casacões, exílios, perseguições, torturas e destruição da literatura marxista”.
Cabe mencionar que o Golpe de Estado de 1964 representou a resposta da insatisfação das elites brasileiras em relação às lutas populares do início dos anos 1960, que ocorreram principalmente no final do populismo.
Desde o 1º de abril de 1964 na tentativa de impedir o golpe a UNE decreta greve geral dos estudantes visando a mobilização de todo o país. Houve uma aglutinação dos estudantes nos principais centros universitários esperando alguma orientação dos partidos de esquerda e das organizações populares. Mas, dependendo “das expectativas de atuação do ‘esquema militar’ de Goulart e das iniciativas do estado”, de nada puderam fazer, restando apenas a decepção.
Mas o M.E mesmo após o golpe, não se cala e vai para as ruas reivindicar por mais vagas, mas ver verbas para o ensino superior e por uma universidade crítica que não aliene os estudantes.
O governo militar sempre teve o intuito de neutralizar a mobilização estudantil e ao implantar a Lei nº 4.464 de 11 de novembro de 1964, a chamada “Lei Suplicy”, não foi diferente. A referida lei:
“propunha a construção de uma nova estrutura de representação [...] vinculava os diretórios de cada escola a administração universitária e a entidade nacional, além das regionais, ao Ministério da Educação”, (Martins Filho: 1988; pp.87-88).

Mas, por ironia a Lei serviu de mais um incentivo para a mobilização estudantil contra a repressão em 1965.

“A defesa da UNE passou a ser, desse modo, um ponto comum nas manifestações das mais diversas tendências do movimento, excetuando-se aí alguns grupos francamente minoritários”, (Martins Filho; pp.90)

Mas, surge um questionamento: como foram silenciadas todas as organizações que integraram a frente antiimperialista e popular antes de abril de 1964, porque as primeiras manifestações de descontentamento do meio universitário em relação à política estudantil do Presidente Castelo Branco surgiram daquelas entidades (UEES: Pe, MG, PR e RJ) que haviam escapado ao fechamento e à repressão pelo fato de terem apoiado ao golpe de Estado? Mesmo o Presidente da República sabendo que o interesse das correntes liberais do M.E. nunca foi à extinção da UNE, mas contra o domínio desta pelas correntes de esquerda tal questão não se apresenta clara em sua totalidade.
Partindo do pressuposto “de que o repúdio à política autoritária para a universidade se constitui num ponto de concordância comum ao conjunto da categoria estudantil, logo depois do golpe (...). Por outro lado, à luta contra a legislação autoritária se configurou na motivação inicial para a reaglutinação política e organizativa do movimento, durante o ano de 1965 e, nesse quadro, criou-se às condições iniciais para a gradativa retomada da influência da esquerda. Por fim, vale salientar que o M.E. apresentou-se, nessa fase, ainda bastante desarticulado, em relação à intensa atividade do ano seguinte”, (Martins Filho: 1983; pp.95-96).
A sobrevivência da UNE, mesmo na clandestinidade foi marca do fracasso da ditadura em controlar as entidades estudantis. “Ao contrário do que esperavam os governantes, as correntes de esquerda conseguiram reorganizar suas atividades e retomar sua influência no movimento (...) Nesse quadro, quais seriam as razões da vitória das correntes políticas de esquerda sobre as posições liberais, no meio estudantil do pós-64?”, (Martins Filho: 1983; pp.98-99).









CAPITULO II – O MOVIMENTO ESTUDANTIL NA UREMG


O Movimento Estudantil (M.E) se expandiu com força pelo Brasil, a partir dos anos 60. Este período foi marcado pela progressiva politização da militância católica no meio universitário, o que resultaria na ascensão da esquerda cristã, a vanguarda das principais entidades do M.E. Nesse processo, o movimento vai assumindo feições que seriam determinadas de acordo com o perfil da instituição onde as entidades estudantis (Diretórios e Centros Acadêmicos) atuavam. Desta forma, o movimento estudantil na Universidade Rural do Estado de Minas Gerais (UREMG) também assumiu peculiaridades que foram determinadas segundo os traços da instituição.
Para efeitos desse trabalho, interessa mostrar as feições que o M.E tomou na UREMG.
Desde os primórdios da instituição, a influência norte-americana na UREMG é marcante, um aspecto dessa influência se refere à grande “inserção” dos alunos no cotidiano acadêmico, devido a sua maior permanência no campus. Tal fenômeno está relacionado ao fato da Escola de Viçosa ter sido “inspirada” no modelo das escolas agrícolas norte-americanas, “os Land Grant Colleges”, que por sua vez ofereciam alojamento a seus alunos. Isto caracterizou a instituição mineira como das primeiras escolas a ter oferecido alojamento estudantil no país.
Cabe ressaltar que os estudantes que vinham para Viçosa procediam tanto de regiões próximas a Escola quanto de outros estados do país como, por exemplo do Espírito Santo (Es), São Paulo (SP) etc. Havia uma grande dificuldade destes estudantes se estabelecerem na cidade, uma vez que Viçosa não comportava essa demanda de novos “habitantes” devido a sua precária estrutura habitacional. Outro problema era que as atividades acadêmicas na Escola se davam em tempo integral.
Vale ressaltar que desde o tempo da ESAV os estudantes possuíam entidades de representação estudantil. Essas entidades de representação sofreram modificações pouco antes da ESAV se transformar em UREMG.
É interessante notar que somente participavam das entidades estudantis “esavianas” aqueles que se tornassem sócios das mesmas. Este procedimento também era uma prática nas entidades estudantis da UREMG.
Para situar o leitor farei um breve histórico da UREMG.
No ano de 1948 foi criada em Viçosa, a Universidade Rural Do Estado De Minas Gerais (UREMG). Esta instituição tem sua origem na Escola Superior De Agricultura e Veterinária (ESAV), criada pelo Presidente Arthur da Silva Bernardes, em 1926.
A ESAV teve como fonte de inspiração o modelo das instituições norte-americanas de ensino superior agrícola, denominadas Land Grant Colleges. Para a efetivação de tal modelo, em Minas Gerais, mais precisamente em Viçosa, foi contratado um especialista norte-americano, o Professor Peter Henry Rolfs que fundou e organizou a ESAV.
Cabe considerar que o contexto econômico do estado de Minas Gerais, na década de 1920, apresentava um crescente déficit em sua principal atividade econômica: a agricultura. É diante deste contexto que, através da Lei nº761 em 1920, o governo de Minas Gerais autorizou a criação da ESAV, com o intuito de reverter tal situação, pois cogitava formar técnicos para atuarem juntamente com os agricultores e consequentemente elevarem a produção agrícola. A implementação da ESAV era para os políticos da época uma estratégia política e econômica.
Em 1948, houve o interesse de transformar a ESAV em Universidade. Desta forma foram dados os primeiros passos para a elaboração de um projeto de lei para a criação da UREMG.
Assim durante o governo Milton Campos, através da Lei nº272, com o intuito de tirar a ESAV da condição de “escola isolada”, ocorreu o processo de transformação elevando-a à categoria de Universidade. Para isso era necessário a criação de outras escolas e anexá-las à Escola Superior de Agricultura (ESA) e a Escola Superior de Veterinária
[1](ESV) já existentes. Deste modo foram criadas: a Escola Superior de Economia Doméstica, a Escola de Especialização, o Serviço de Experimentação e Pesquisa e o Serviço de Extensão.
O processo de criação da UREMG foi marcado, no plano internacional, pela Guerra Fria, disputa hegemônica entre EUA (Estados Unidos) e URSS (União Soviética) , na corrida por áreas de influência. Os EUA lançam um programa de “ajudas” voltado para a cooperação no campo da educação e da extensão rural aos países da América Latina, dentre eles o Brasil, firmando com o governo brasileiro acordos dentro desta perspectiva. A UREMG era uma das instituições pela qual esta cooperação se realizaria.
Neste contexto logo se percebe a influência norte-americana que já vinha ocorrendo na educação brasileira, disfarçada de “assistência técnica”, principalmente no campo da educação e da extensão rural. Nos anos 60, o governo norte-americano, através da USAID, firmou convênios com várias universidades, a UREMG foi uma das escolhidas.
Cabe ressaltar que os Acordos MEC-USAID tratavam de todos os níveis da educação nacional, isto é, desde a educação básica até o nível superior, treinamento de professores, produção e socialização de livros didáticos em todo o território.
A assinatura destes acordos com o governo americano não só representava a influência norte-americana na educação brasileira, mas como representava o estreitamento das relações de dependência econômica do Brasil com os Estados Unidos.
A denúncia e o combate vigoroso aos acordos MEC-USAID, era nos anos 1960, uma das principais palavras de ordem da vanguarda do movimento estudantil universitário, pois o M.E percebia as relações de dependência que os acordos MEC-USAID representavam. Por isso os estudantes acusavam o governo brasileiro de “vendido” e criticavam impiedosamente o lugar que as multinacionais ocupavam na economia do país. ( Buffa.E; Nosella.P:1997)
No caso da UREMG o estreitamento das suas relações com os Estados Unidos ocorreu no contexto do pós-guerra, quando vários acordos de cooperação foram firmados entre o governo dos EUA e governos dos países latino-americanos, com base no ponto IV do governo Truman.
Como já foi mencionado os acordos de cooperação acabaram por fortalecer definitivamente a influência do modelo norte-americano de ensino superior sobre a vida acadêmica da UREMG, de modo que ao transformar-se em Universidade Federal de Viçosa (UFV), em 1969, esta instituição já havia antecipado muitas das diretrizes da Reforma Universitária brasileira, que aconteceria em 1968. (RIBEIRO, M.G.M; VITORIA, E.L.2002)
Vale notar que a Reforma Universitária que o governo efetivou através da lei nº 5.540/68 tinha, entre os seus objetivos, o intuito de silenciar e desmobilizar o M.E que militava nas ruas, clamando por mais verbas, mais vagas e por uma universidade crítica.
Apesar da lei de Reforma Universitária ter introduzido alguns princípios importantes e até progressistas
[2], o seu conteúdo cumpriu um dos objetivos, como foi visto, do governo militar que era de tentar neutralizar o movimento estudantil se apoderando de uma das suas principais palavras de ordem , a Reforma Universitária, objeto de dois importantíssimos seminários estudantis: o 1º Seminário Nacional da Reforma Universitária (R.U) realizado em Salavador-BA (1960) e o II Seminário da R.U ocorrido em Curitiba – PR (1962).
Cabe observar que os seminários estudantis sobre a R.U foram realizados em um período que o M.E brasileiro se expandia com força por todo o Brail com grande respaldo em sua base de apoio, estes encontros foram realizados antes da implementação da Lei nº 5.540/68 de Reforma Universitária.
Para os fins deste trabalho interessa saber a situação do M.E na UREMG nesse período. Na verdade, é objetivo deste trabalho examinar o M.E na UREMG no período de 1948 a 1968. Neste caso podemos elucidar a origem e a dinâmica de funcionamento do Diretório Acadêmico (D.A) da Escola Superior de Agricultura (ESA) da UREMG.
Vale notar que o D.A da E.S.A da UREMG
[3] data de 19 de setembro de 1947 e tem sua origem no Centro dos Estudantes da ESAV que foi fundado no dia 19 de setembro de 1934. Substituído pelo Diretório dos Estudantes da Escola Superior de Agricultura de Minas Gerais em 19 de setembro de 1942.
O Diretório Acadêmico há pouco referido tinha como finalidade, segundo o Estatuto do D.A da ESA da UREMG do ano de 1951:
“ a) defender os interesses do corpo discente a ele filiado e pugnar por uma maior união entre esse;
b) promover o aperfeiçoamento da educação cívica, social e intelectual de todos os alunos desta Escola, em todas as suas modalidades;
c) estabelecer estreitas relações de intercâmbio com outras agremiações congêneres do Estado, do País e do estrangeiro;
d) zelar pelo patrimônio moral e material da Escola;
e) difundir e facilitar o estudo das ciências agronômicas;
f) interessar-se pelos assuntos magnos da nacionalidade;
g) amparar os sócios reconhecidamente pobres;
h) manter sob seus auspícios a revista ‘SEIVA’;
i) pugnar pela equiparação de direitos e deveres de todos perante a lei, sem distinção de raça, cor, sexo, riqueza, posição social, credo político ou religioso”.
j) Sendo “vedado ao D. A qualquer atividade partidária na política interna do país, questão religiosa e racial”.
Seus integrantes eram tidos como “sócios do D. A” e se classificavam nas seguintes categorias:
- sócio efetivo: todo aluno que pertencia ao curso superior da escola e que pagava “a jóia”, ou seja, um valor estipulado pela Diretoria do D. A, aprovada pela Assembléia;
- sócio correspondente: eram aqueles nomeados pelo presidente do D. A, sujeito a aprovação do Conselho Deliberativo, estes alunos poderiam ser de outras escolas superiores do Brasil, “ou do estrangeiro, ou dentre os membros de sociedades científicas, literárias e artísticas”;
- sócio honorário: os estudantes que por serviços prestados “à classe” eram assim simpatizados pelos associados, desta forma eram integrados ao grupo se aceitos em Assembléia;
- sócio benemérito: àqueles estudantes que já tendo sido sócios efetivos, e por terem prestado relevantes serviços ao D. A eram reintegrados pelo mesmo se seus nomes fossem aprovados pela Assembléia Geral.
Os direitos dos sócios se davam de acordo com a classificação dos mesmos. Os sócios efetivos, além de “usar das atribuições conferidas pelos Estatutos”, poderiam votar e serem votados para cargos de administração do Diretório e fazer parte de qualquer comissão do mesmo. Enquanto os sócios correspondentes estavam somente incumbidos de tratar dos interesses da entidade segundo as instruções do presidente. Cabendo, assim , aos sócios beneméritos e honorários participar das solenidades realizadas pelo D.A e apresentar por escrito propostas para o crescimento do mesmo.
O D.A era “administrado”, ou seja, conduzido por três instâncias de poder:
a) Diretoria, composta pelo Presidente, Vice-Presidente, 1ºSecretário e 2º Secretário;
b) Conselho Deliberativo (C.D) presidido pelo vice-presidente da Diretoria, composto de seis membros que eram eleitos juntamente com a Diretoria;
c) Assembléia Geral, sendo presidida pelo Presidente do D.A.
Ao Presidente do D.A, além de suas funções de ordem burocrática, expedição de documentos e de cumprir e fazer cumprir as decisões da Diretoria, das Assembléias e do C.D, competia também comparecer ou se fazer representar nos congressos estudantis.
A Assembléia Geral poderia ser: ordinária ou extraordinária, a assembléia ordinária “realizava-se duas vezes por ano, uma na Segunda quinzena de agosto, para eleger a Diretoria e o C.D. e outra na Segunda quinzena de setembro. para julgar o relatório e contas da Diretoria anterior. Compete destacar dentre as finalidades da assembléia Extraordinária “julgar conflitos porventura havido entre o C.D e a Diretoria”.
O corpo do D.A possuía cinco departamentos integrados e submissos as suas três instâncias de poder. Sendo estes departamentos alocados nas seguintes áreas: Cultural, Social, Comercial, Teatral e de Publicidade. Cada um era dirigido por um Diretor e tantos cargos auxiliares que se fizessem necessárias a uma melhor atuação nos departamentos. Os referidos diretores só poderiam ser nomeados pelo Presidente do D.A, que por sinal tornava-se uma figura com amplos poderes diante a entidade, apesar dos atos da Diretoria sempre estiveram condicionados ao C.D.
Cada Departamento dos acima relacionados possuía uma série de atribuições previstas no Estatuto do D.A da ESA da UREMG. Dentre elas podemos relacionar as seguintes: Cultural; “pôr em prática planos de assistência cultural” que promovessem a difusão dos conhecimentos que tratassem dos problemas econômicos e sociais do Brasil, das artes e das ciências, em todas as suas manifestações além de não deixar de “zelar pela guarda e divulgação das tradições da Escola e do D.A, zelando também pelo gosto da música clássica, fazendo-se realizar audições semanais. Ao Departamento Social competia encarregar-se de organizar todas as festas promovidas pelo D.A, organizando também os entretenimentos mensais, recepção de visitantes do D.A , passeios e outras atividades comerciais que visassem aumentar as rendas do D.A. Ao Departamento Teatral cabia promover pelo menos uma vez durante o ano um espetáculo cuja temática estivesse na atualidade. Em relação as atribuições do Departamento de Publicidade – dar publicidade dos atos e iniciativas do Diretório, da classe estudantil e da escola em particular. Competia a este departamento instigar as publicações dos demais órgãos estudantis da escola e manter contato com os mesmos.
Este Departamento encarregava-se também da direção e publicação da Revista “SEIVA”, importante periódico que continha diversas matérias científicas e informações de cunho técnico, social, político e econômico sobre a região e o resto do país desenvolvidas tanto por discentes quanto pelos docentes da instituição.
Dentre os cargos auxiliares, cabe mencionarmos a Secretaria de Intercâmbio, pelo fato desta ter mantido contato com as entidades de representação estudantil tanto nacionais quanto regionais: a UNE (União Nacional dos Estudantes), UEE-MG (União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais) e a União dos Estudantes de Agronomia e Veterinária do Brasil.
Todos os diretores de Departamento deveriam apresentar relatórios gerais de suas atividades no fim de cada gestão ao presidente do D.A. Os mesmos, apesar de terem sido vinculados a instância da Diretoria, não possuíam o direito de voto para decidir as questões pertinentes a mesma.
O D.A era eleito por tempo indeterminado e só poderia ser dissolvido por Assembléia Geral e Extraordinária especialmente convocada para este fim. Nenhum membro do D.A possuía alguma espécie de remuneração financeira. Os estatutos que regiam o diretórios só entravam em vigor na data de suas aprovações pela Assembléia e deviam ser submetidos à apreciação do Conselho Departamental da ESA, de acordo com seu regulamento.
Com o intuito de apontar um dos traços da linha política e ideológica do M.E da UREMG vamos reconstituir, através de trechos de reportagens que a imprensa brasileira veiculou, o “Caso Hans”, como ficou conhecido, no meio estudantil, um episódio de grande repercussão nacional. Neste episódio se envolveram não somente as entidades estudantis da UREMG (D.A da Escola Superior de Agricultura, D.A da Escola Superior de Veterinária e D.A da Escola Superior de Ciências domésticas
[4]) mas como o M.E em sua instância regional representado pela União Estadual do Estudantes de Minas Gerais (UEE-MG) e em nível nacional pela União Nacional dos Estudantes (UNE), envolvendo também a mídia escrita e autoridades políticas.
O “Caso Hans” transformou-se em uma das principais lutas do M.E em nível regional e nacional, durante o período que vai de meados do ano de 1954 a 1956, foram três anos de militância para a resolução deste caso.
A origem do “Caso Hans Rappel” se remete a um ato autoritário da direção da Escola Superior de Agricultura de Viçosa que cassou, no ano de 1954, a matrícula do acadêmico de agronomia Hans Alfred Rappel e suspendeu, por um ano, o estudante de agronomia Antonio Luiz Fonseca, tendo concedido a este último matrícula somente para o ano de 1955. Vale ressaltar que ambos os estudantes eram membros do D.A da ESA da UREMG e redatores do Jornal “Tribuna Acadêmica”, órgão de imprensa estudantil universitária do Diretório da Escola Superior de Agricultura.
Os dois estudantes foram expulsos porque leram publicamente e analisaram criticamente o Relatório final elaborado pela diretoria da Escola Superior de Agricultada da UREMG a cerca das atividades da escola no ano de 1953. Este relatório “falava em paredes pintadas, em arrumação de mesas no refeitório e o envio de professores aos Estados Unidos e Providências de interêsse fundamental para a formação de técnicos de agricultura, essas não foram mencionadas”.
[5]
Desta forma foi publicado no Jornal do Diretório Acadêmico o artigo: “Os Velhos e o Novo” de Hans Alfred Rappel (Anexo 1) neste, o acadêmico Rappel, o mais visado e castigado, reproduziu trechos do Relatório da Direção, já mencionado anteriormente, que falava em pinturas de casas, em reformas, em modificações de refeitórios, em criação de cursos (...) “com as interjeições ou interrogações que simbolizavam as perguntas para as quais o jovem deseja resposta clara e positiva”
[6]. Enquanto o acadêmico Antônio Luiz Fonseca escreveu um artigo no jornal estudantil também citando parte do relatório e questionando o não cumprimento imediato das leis de ensino superior em particular às leis relacionadas com o ensino agronômico[7].
A Direção da ESA da UREMG puniu os dois estudantes sem direito de defesa. Vejam o depoimento de um ex-militante do Diretório Acadêmico Arthur Bernardes a cerca do Caso Hans:

“Esse Hans Rappel foi expulso sem nenhum direito de defesa. Esse é um caso muito curioso, mas ele foi reintegrado depois por outras razões (...)”

Mas, Hans Rappel e Antonio Luiz não estavam sós, pois a UNE atuou no intuito de defendê-los, segundo a entidade máxima estudantil, os estudantes da escola de Viçosa tinham sido violentamente feridos nos seus direitos.
A mídia escrita acompanhava o “Caso Hans”, desde o ano de 1954, os jornais Correio da Manhã e o Diário Carioca já tratavam do assunto com grande preocupação.
O jornal a Imprensa Popular, publicou em 6 de setembro de 1954, uma breve nota acerca do caso relatando a decisão da UNE (Anexo 2) de entrar em greve nacional se as devidas providências não fossem tomadas pelas autoridades competentes para que a situação acadêmica dos colegas Hans e Antonio fosse solucionada. Havia uma greve geral projetada pelos estudantes universitários brasileiros coordenada pela UEE-MG e pela UNE com o intuito de que a ESA da UREMG readmitissem os dois estudantes.
Desta forma, o Conselho Universitário da UREMG havia decidido suspender a decisão que havia sido tomada pela Congregação da Escola Superior de Agricultura, o que evitaria a efetivação da greve estudantil naquele momento
[8]. Mas, em Dezembro de 1954, o mesmo Conselho Universitário resolveu retornar a decisão que havia tomado em agosto do mesmo ano, legitimando as penalidades que a Congregação da Escola tinha imposto e acrescentando mais uma punição: anulou as provas que o estudante Hans Rappel tinha feito durante o ano letivo de 1954.
O Jornal Correio da Manhã e o Diário Carioca abriram as suas colunas para a defesa dos estudantes jornalistas. Relataram repetidas vezes os acontecimentos, formando opinião pública favoráveis aos dois estudantes.
O estudante Hans Rappel chegou a ser considerado o próprio mártir da imprensa estudantil brasileira pela Conferência Nacional da Imprensa Universitária, realizada no Rio de Janeiro na qual foi votada uma moção de apoio ao jovem Rappel. (Anexo 3)
Aqueles jornais que já se pronunciavam a favor dos estudantes continuaram dando o seu apoio aos dois acadêmicos.
Vale salientar que no dia 19 de Março de 1956 o jornal Última Hora reproduziu a nota da UNE (Anexo 4) de que todos os estudantes universitários brasileiros estariam dispostos à greve caso os seus colegas não fossem logo readmitidos. Nesta nota a UNE questionava a quem pertencia a Escola de Viçosa, pois na análise da entidade máxima estudantil a solução do “caso Hans” se entravava com a pluralidade de administradores na Escola Superior de Agronomia de Viçosa, pois a mesma pertencia ao Ministério da Agricultura que também estava sujeita a administração do Ministério da Educação e do Governo Estadual, isto além da Congregação que dirigia a Escola.
A injustiça cometida contra os acadêmicos Hans Alfred Rappel e seu companheiro Antônio Luiz Fonseca também repercutiu na Câmara Federal através do requerimento do Professor Aurélio Viana (Anexo 5), então Deputado do PSB, ao Ministro da Agricultura fazendo uma série de questionamentos acerca dos procedimentos adotados pela Escola de Viçosa para com os seus acadêmicos envolvidos no “Caso Hans”
[9].
A UEE-MG mesmo após ter suspendido a greve que estava marcada para ser deflagrada a partir do dia 5 de março de 1956 e que havia sido determinada pelo XIV Congresso Estadual dos Estudantes realizado em Itajubá-MG, a suspendeu pelo prazo de 30 dias, em detrimento do interesse manifestado pelo Sr. Presidente da República e concretizado pelo ato do líder de seu governo na Câmara Federal, que visava instaurar a tranqüilidade no país no sentido de solucionar o “Caso de Viçosa”.
[10]
Mas, a União Estadual dos Estudantes Mineiros decidiu deflagrar em 10 de abril de 1956, a greve estadual de cerca de seis mil estudantes universitários em solidariedade ao colega Hans Alfred Rappel que já estava afastado dos estudos agronômicos há cerca de dois anos. (Anexo 6 ). O cerco havia se fechado para as autoridades políticas, uma vez que se o caso não fosse resolvido a UNE convocaria cem mil (100.000) estudantes universitários a entrarem em greve por tempo indeterminado.
Na verdade, segundo o depoimento de um ex-militante deste período do Diretório Acadêmico da Agronomia a greve geral chegou a ser decretada pelo Presidente da UNE:

“Eu fui ao Rio de Janeiro para resolver esta tal problema lá, depois que relatei o acontecido a UNE decidiu entrar em greve, principalmente porque o Hans Rappel não teve direito de defesa, isso era mês de agosto, quando houve um atentado contra a vida de Carlos Lacera, que culminou na morte de um oficial da Marinha, se não me engano, então no outro dia a imprensa só falou nisso e a nossa greve que estava armada não se falou nela na imprensa (...) então a UNE me mandou de avião para Viçosa na intenção de decretar greve local através da Assembléia do Diretório Acadêmico. Nós seríamos o passaporte, a credencial pra que a UNE pudesse tomar os procedimentos com relação ao Caso.”

As custas de um processo marcado pela militância estudantil em todos os níveis de atuação somado ao apoio dado pela imprensa escrita e por políticos de esquerda como é o caso do Deputado Aurélio Viana, o “Caso de Viçosa” chegou ao fim através de um acordo
[11]estabelecido entre a UEE-MG, o representante do Governador do Estado de Minas Gerais, o Ministro do Estado da Educação e Cultura e o representante do Ministro do Estado da Agricultura, negociando o término da greve geral em Minas Gerais em troca do cumprimento das exigências do M.E. Este acordo abordava clausulas que garantiam a transferência aos Senhores Hans Alfred Rappel e Antônio Luiz da Fonseca, condicionada a existência de vaga a qualquer outra instituição de ensino agronômico do país e por ser considerado o primeiro estudante pobre, seria a ele concedido bolsa pelo Ministério da Agricultura ou pelo Governo do Estado de Minas Gerais. Previam também que nenhum estudante bolsista seria prejudicado por causa da greve que foram solidários. Sendo as provas escritas que Hans Rappel havia feito no ano letivo de 1954 e que haviam sido invalidadas pelo Conselho Universitário da UREMG como já foi mencionado, seriam corrigidas com assistência de um representante do Ministério da Agricultura. Foram assegurados a todos os grevistas o abono as faltas, trabalhos e provas escolares realizadas durante a greve.
Esta vitória do M.E se traduziu em uma das páginas que os jovens escreveram na história das lutas pela democracia brasileira. (Anexo 7)
O “Caso Hans Rappel” nos aponta importantes aspectos acerca da realidade investigada, a expulsão dos acadêmicos Hans Rappel e Antonio Luiz é uma prova concreta do autoritarismo e conservadorismo presentes na UREMG.
Foi possível notar através do apoio das entidades estudantis da UREMG à greve geral convocada pela UEE-MG e pela UNE, uma postura de independência dos estudantes da UREMG em relação a direção da instituição e forte vinculação destes estudantes com o M.E regional e nacional.
No intuito de continuarmos a elucidar os principais traços da linha política e ideológica do M.E da UREMG nos remeteremos a alguns fatos ocorridos nos primeiros anos da década de 1960, veiculado no Jornal Gazeta Universitária, órgão informativo do corpo discente da UREMG, fundada em 1 de novembro de 1961.
Este jornal estudantil veiculou na sua edição de 7 de abril de 1962, na página 2, artigos que explicitavam a preocupação do M.E da UREMG com a qualidade do ensino oferecido e com a crise que a instituição vinha passando a qual consequentemente afetava o bom funcionamento do tripé da universidade: ensino, pesquisa e extensão. (Anexo 8 )
Vale notar o artigo “O Porquê da União Operário-Estudantil da UREMG”, neste nos é relatado que os Diretórios Acadêmicos da UREMG em virtude da situação calamitosa dos “operários” da instituição decidiram nomear uma comissão “que se encarregaria de estudar os problemas do operariado e, se possível solucioná-las”.
[12]
A Comissão fez um levantamento da renda dos operários e o número de seus dependentes e tiveram a triste constatação “que:
a) de 110 operários, com a média de 3 dependentes para cada
b) de 50, com a média de 7 dependentes: e
c) de 40, com a média de 12,6 dependentes.”
Constataram que havia alguns casos de operários em situação de penúria e de fome. “Alguns operários corajosos, ou seus filhos, levavam restos de comida do nosso refeitório, enquanto outros pediam esmolas. Um dêles, depois de quatro dias, sem ter nada para levar aos seus 10 (dez) fihos, tentou o suicídio atirando-se na frente do trem”.
[13]
Em face deste contexto o M.E decidiu fundar e registrar a Associação Operária da UREMG – que congregou mais de 300 (trezentos) associados. Esta desenvolveu dois relatórios da situação do operariado da universidade denunciando o desdém da direção da instituição para com tamanho problema, sendo um destes enviado para o Governador do Estado de Minas Gerais com 12 (doze) reivindicações e outro para a Assembléia Legislativa a fim de esclarecer a situação e encontrar solução para este vergonhoso problema.
Para o movimento estudantil a Associação representou a fraternidade dos operários e estudantes da UREMG. Pois, a Associação realizava importantes trabalhos como: combate a verminose, alfabetização, educação de base e possibilitou a “criação de um ginásio, exclusivamente para estudantes pobres da região”.
[14]
Como se pode notar estes anos iniciais da década de 1960 foram movimentados para os Diretórios Acadêmicos da UREMG (D.A Arthur Bernardes- Agronomia e D.A Ocília Kummel-Economia Doméstica.), que já contavam com uma nova entidade estudantil para compartilhas as “lutas” da categoria, foi fundado em 18 de agosto de 1960, o órgão coordenador do corpo discente da Escola Nacional de Florestas (ENF) da UREMG, o Diretório Acadêmico Bernardo Sayão filiado a UNE por intermédio da União Estadual dos Estudantes do Estado de Minas Gerais.
No artigo “Universitários da ESA e da Enf em Greve” também veiculado no jornal Gazeta Universitária, foi relatado o problema Dorofeeff, assim como era conhecido no meio estudantil, devido a má atuação docente e incompatibilidade admnistrativa do Chefe e Prof. do Departamento de Solos e Adubos Alexis Dorofeeff da ENF, este provocou uma grande movimentação dos estudantes que exigiram a sua aposentadoria e que “revoltados contra a deficiência que apresentavam os cursos de Solos e Adubos e de Agroecologia (disciplinas ministradas por Dorofeeff), tanto no ensino como na aplicação prática, os universitários da ESA e da ENF da UREMG resolveram em Assembléia conjunta de seus Diretórios Acadêmicos por unanimidade de votos e após verem seus pedidos indeferidos pela Congregação, decretar greve interna por três dias, como medida de ponderação.
Após as devidas explicaçõs e apresentação de provas, os Diretórios conseguiram apoio total e irrestrito por parte da UEE, DCEAB (Diretório Central dos Estudantes de Agronomia do Brasil) e UNE, que se prontificaram a mobilizar greve geral no país, caso houvesse necessidade. Estiveram presentes na Escola o Presidente da UEE-MG e dois representantes credenciados do DCEAB”.
[15]
A situação indicava que uma greve geral seria decretada na UREMG, é importante ressaltar que o Diretório Acadêmico da Escola Superior de Economia Doméstica em assembléia com todas as suas associadas decidiram pela paralização das aulas caso a greve geral fosse decretada, em solidariedade aos colegas da ESA e da ENF.[16]
Se não fosse a mediação do Sr. Darci Bessone, Catedrático de Solos e Adubos a greve geral já teria se concretizado naquele momento, pois este solicitou Comissão de Inquérito para apurar as atividades do Prof. Dorofeeff, sendo que esta Comissão foi constituída de elementos que não pertenciam ao quadro funcional da ESA, “ com o prazo de 30 dias para apresentar seu resultado, prorrogáveis até 90 dias”.
Cabe notar que durante os trabalho da referida Comissão, o Prof. em questão foi afastado do Departamento que dirigia, sendo este substituído pelo Prof. Cândido Bittencourt, ex – militante do Departamento de Solos e Adubos.
Em virtude dos pedidos dos Diretórios Acadêmicos não terem sido atendidos anteriormente a greve geral foi decretada em face do Problema Dorofeeff, o que representou para o M.E “o espírito de unidade”, formava-se naquele contexto um grupo coeso, consiente e decidido e convito da “VITÓRIA”.
[17]
O Problema Dorofeeff é mais um fato que nos instigou a identificar um grau de autonomia por parte dos Diretórios Acadêmicos em relação a administração da UREMG e nos demonstrou a preocupação que o M.E tinha com relação a qualidade do ensino.
Outro acontecimento, nos primeiros anos da década de 1960, que marcou a união e a militância em prol de uma única causa do M.E da UREMG foi a instauração do Comitê Pró-Permanência da Escola Nacional de Florestas da UREMG
[18] que promoveu um amplo movimento em Viçosa-MG, conseguindo o apoio de todas as associações de classes, Rotary Club, Diretórios Acadêmicos, que se manifestaram diretamente às autoridades competentes contra a retirada da ENF.
O movimento repercutiu em toda a região e recebeu a adesão de numerosos prefeitos da Zona da Mata, como é o caso de Ouro Preto, Ponte-Nova, Porto Firme Viçosa e muitas outras.
Milhares de assinaturas foram recohidas de toda a população da cidade e que foram entregues por acadêmicos da ENF da UREMG e pelos Presidentes dos Diretórios Acadêmicos dos cursos de Agronomia, Economia Doméstica e Engenharia Florestal ao Governador do Estado. Cabe ressaltar que o Diretório Acadêmico Arthur Bernardes divulgou um Manifesto com o título: “Brasileiros – O Povo Deve Reger os seus Próprios Destinos”, em prol da permanência da E.N.F em Viçosa. (Anexo 10 )
O M.E da UREMG esteve presente no cenário nacional não somente pelos casos de maior repercussão como o “Caso Hans”, o Problema Dorofeeff e a campanha pela permanência pela E.N.F em Viçosa, mas também através da realização em conjunto com a UNE, Diretório Central do Estudantes do Brasil e UEE-MG do I Seminário Nacional de Reforma Agrária, que foi realizado no período de 12 a 18 de agosto de 1962. No intuito de de demarcar uma posição da classe Universitária Brasileira diante do grave problema agrário nacional.
O Jornal Correio da Manhã de 5 de agosto de 1962 veiculou a realização de um encontro de “estudantes, lavradores, professores e diversas entidades de classe intimamente ligadas ao problema agrário no Brasil”, que estiveram reunidos no período de 7 a 14 de setembro em Viçosa para debaterem os vários aspectos que envolviam a questão agrária. “ Para o conclave já foi organizado um temário dividido em 4 itens, a saber: Revolução Social e a Reforma Agrária no Brasil e no Mundo, Aspecto da Política de uma Reforma Agrária no Brasil; tática da Reforma Agrária; e Diretrizes para concretização da Reforma Agrária Brasileira”.
Percebe-se a preocupação do M.E da UREMG com a questão agrária brasilira, que também era na década de 1960, uma das bandeiras de luta abordada pela vanguarda do movimento estudantil brasileiro.
Os Diretórios Acadêmicos da UREMG possuiam uma atuação não somente nas questões pertencentes ao cenários político nacional, mas como também em relação as questões a cerca do bom funcionamento interno da instituição, por exemplo eram constantes as reivindicações por melhorias na alimentação servida no Restaurante Universitário, melhorias nos alojamentos, reivindicações pela permanência dos estudantes repetentes nos alojamentos, uma vez que era probido a concessão da bolsa moradia aqueles estudantes reprovados em alguma disciplima (Anexo 11).
No bojo destas reivindicaçoes de caráter “doméstico”, ou seja, interno, do M.E da UREMG cabe ressaltar a grande preocupação com relação a necessidade de um plano institucional para universidade. (Anexo 12 ).
Em virtude da série de problemas financeiros, pedagógicos que afligiam as escolas da universidade os Diretórios Acadêmicos: DAAB-Agronomia, DAOC-Economia Doméstica e DABS-Engenharia Florestal enviaram um documento (Anexo 13) contendo uma série de reivindicações ao então Secretário da Agricultura do Estado de Minas Gerais.
Dentre as reivindicações vale salientar o pedido no sentido de impedir que o governo Federal e Estadual criassem a Universidade Rural do Oeste em Sete Lagoas-MG, com a seguinte argumentação “ Não seríamos infensos à criação da Universidade Rural do Oeste se, de fato, o Govêrno Mineiro ou o Governo Federal desse à nossa organização os recursos de que necessita para poder expandir os seus planos de ensino, experimentação e pesquisa. Ora, o que se passa em Viçosa demonstra, de maneira eloquente, que os governos não querem ou não podem dar à nossa Universidade os recursos de que ela necessita para cumprir suas finalidades. E se os governos não querem ou não podem dar êsses recursos, para que criar um organismo nôvo, destinado a funcionar mal ou não funcionar? Se não qurem dar êsses recursos, como ficaria, amanhã a Universidade Rural do Oeste, quando sôbre ela não soprassem os ventos de boa fortuna?”
[19]
Enfim, a década de1960 foi marcada por uma série de acontecimentos fervorosos no contexto político, econômico e social do país. Assim como a vanguarda do M.E brasileiro os Diretórios Acadêmicos da UREMG militaram em questões tanto de interesse do povo brasileiro quanto aos problemas relacionados ao funcionamento interno da universidade em prol de uma educação gratuita, pública e de qualidade.
Com o golpe de 1964 a militância estudantil na UREMG também foi duramente reprimida fato que comprova isso é um depoimento dado por um ex-aluno deste período na UREMG:

“A Marcha de Nico Lopes
[20] em um ano desse período foi proibida, os estudantes insistiram e ela foi reprimida, veio reforço policial provavelmente do Batalhão da Polícia de Ubá, não teve tiro, mas teve enfrentamento. Os estudantes vieram para o que desse e viesse, estavam prevenidos com porretes. Eu me lembro que um estudante jogou uma bomba caseira debaixo de um carro e o policial tentou tirar, mas ela explodiu na mão do policial, que acabou perdendo os dedos. A coisa esteve feia mesmo, foi uma correria e depois a Nico Lopes foi suspensa e ficou proibida.”

De acordo com o depoimento de um ex-militante do M.E da UREMG:

“Um estudante chamado Paulo (....) que na época chegou a se eleger Vereador pela cidade de Viçosa conhecido por suas convicções ideológicas esquerdistas, simplesmente desapareceu da cidade, ninguém sabe como (...)”


Um ex-aluno da UREMG nos relatou que:

“Era comum a presença do camburão da polícia no campus, eu me lembro de uma moça estudante de Economia Doméstica que foi levada para ser interrogada, ficou sumida da universidade por um bom tempo, depois voltou, mas sempre estava sozinha e falava muito pouco, parecia estar sempre assustada.”

Como foi visto estes depoimentos nos relatam alguns “passos” da ditadura militar nos destinos dos estudantes que militaram no M.E da UREMG durante este período “negro” da história brasileira.



CONSIDERAÇÕES FINAIS


A literatura sobre o M.E nos mostra que a partir da década de 1960 o movimento dos estudantes se expandiu com força pelo Brasil, principalmente na luta pela defesa de reformas na universidade.
Não poderíamos deixar de explicitar o projeto de Reforma Universitária (R.U) almejado pelo movimento estudantil que abordava reivindicações como a extinção da universidade “alienada” em prol de uma universidade crítica comprometida com a democratização e a modernização do ensino superior. Tal projeto de R.U proposto pelo M.E tem origem em dois importantíssimos seminários estudantis, um deles foi realizado, em 1960, na Bahia e o outro no Paraná, no ano de 1962.
Cabe ressaltar que após a UNE (União Nacional dos Estudantes) ter realizado o Seminário de R.U de março de 1962, a entidade máxima de representação estudantil definiu como a principal bandeira de luta a regulamentação da participação dos estudantes nos Conselhos Universitários. Segundo Marialice Forachi (1979) uma das greves estudantis mais representativas foi a de 1962.
No caso do M.E da UREMG foram marcantes a atuação dos seus Diretórios Acadêmicos no decorrer da década de 1960, através de greves, manifestos, reivindicações e assembléias que almejavam solucionar os diversos problemas de ensino, estrutura administrativa, financeira, etc, a curto e a longo prazo e também para dar solução ao problema da representatividade estudantil nos órgãos colegiados da universidade.
Em Manifesto divulgado pela UEE-MG, em 1962, o Diretório Acadêmico “Arthur Bernardes” da Escola Superior de Agricultura da UREMG pronunciou-se com o intuito de esclarecer ao público os motivos que os levaram à Greve Geral por tempo indeterminado, naquele ano. Em relação ao conteúdo deste manifesto, podemos destacar a apreciação dos dois Seminários Nacionais de Reforma Universitária explicitando a importância da participação de um terço dos alunos nos órgãos diretivos da Universidade “como um fator imprescindível na Reforma Universitária”. Repudiava-se a resposta negativa da Egrégia Congregação da ESA da UREMG com relação ao pedido de participação de um número de representantes igual a um terço de seus membros nos órgãos colegiados das escolas superiores e denunciava a grave crise que vinha assolando a univesidade. (Anexo 14 )
O movimento estudantil da UREMG “engrossou” a greve mais forte das greves estudantis. E certamente os seus Diretórios Acadêmicos escreveram uma página na história da política da educação superior em um dos períodos mais importantes para o M.E.
A partir dos elementos aqui considerados, podemos retomar o objetivo geral deste trabalho, classificando o M.E da UREMG em dois períodos segundo a natureza de suas reivindicações.
Entre os anos 1948 e 1956 o M.E da instituição se deteve mais nas questões de caráter “doméstico”, ou seja, com preocupações locais da universidade. O depoimento de um ex- militante na década de 1950 confirma esta idéia:

“naquela época não tinha política partidária, tinham sim, aqueles que eram Lacerdistas ou comunitas, pois naquela época o Carlos Lacerda tinha grandes intenções de se tornar Presidente da República mas, independente disso não tinha separação no grupo. O Diretório era para as coisas locais dos estudantes (...)”

Este depoimento reforça a idéia de que as reivindicações dos estudantes da UREMG, principalmente nos primeiros anos da década dos anos 50, priorizam o âmbito interno da instituição, com exceção do “Caso Hans” de grande repercussão nacional, que foi um marco na inserção do M.E da UREMG no contexto nacional






Outro depoimento:

“Agente tinha muitos problemas a reivindicar, mas tudo de natureza local, em relação a universidade, a gente não tinha preocupação política, municipal, estadual, federal, o negócio nosso era da instituição. Como todo mundo morava na universidade e tomava a nossa refeição lá, um dos nossos grandes problemas sempre foi a qualidade da refeição, isto deve existir até hoje, não é?”


A partir do anos 1960, o M.E da UREMG não somente participou do cenário político nacional, mas acabou assumindo os traços políticos e ideológicos mais fortes da vanguarda do M.E nacional. Conforme registra o depoimento de um ex- aluno da UREMG egresso no curso de Agronomia no ano de 1964:

“(...) Havia uma influência muito grande da UNE, a União Nacional dos Estudantes, no Diretório Acadêmico. Eram quase como porta vozes, seguiam a doutrina que a UNE aprovava, aceitava (...)”


Esta fala nos remete à grande influência exercida pela UNE nas diretrizes do M.E da UREMG e revela o grau de inserção do movimento no contexto nacional, nos anos 60.
Em relação a autonomia dos Diretórios Acadêmicos em face a direção das escolas, identificamos que nos anos 1950 a atuação estudantil foi marcada principalmente pela diplomacia , apesar de greves e atritos terem ocorrido neste período. O depoimento de um ex-militante abaixo reforça tal idéia:
“Certo dia, quando a gente já não agüentava mais a comida do refeitório, eu convoquei os meus colegas para descermos em fila indiana para darmos uma volta no centro da cidade em silêncio e com as mãos para trás em sinal de protesto. Todo mundo vinha e me perguntava: o que foi, o que aconteceu. Aí a gente dizia : não agüentamos mais a comida o refeitório. No outro dia a comida já era outra. Protestávamos mas sem baderna, era tudo pacífico, civilizado (...)”

Cabe ressaltar que as gestões de 1950-1956 da UNE foram marcadas pela hegemonia liberal, elitista e não popular. Esta fase de ascensão dos liberais na entidade máxima de representação estudantil é um fator expressivo para não se atribuir sempre ao movimento estudantil o caráter de que os estudantes sempre estiveram ao lado do povo brasileiro em todas as questões políticas, sociais e econômicas.
É importante notar que o “Caso Hans” ocorreu em um período de ascensão liberal na entidade máxima de representação estudantil, como já foi mencionado, mas os rumos que este acontecimento tomaram, não caracterizam a atuação tanto da UNE quanto dos Diretórios Acadêmicos da UREMG como conservadora ou antipopular, uma vez que estas entidades saíram em defesa dos acadêmicos envolvidos no caso utilizando de todos os recursos possíveis e mobilizando todas as instâncias políticas. Neste caso também não há a hipótese de que o M.E saiu em defesa dos colegas universitários em função da classe social que pertenciam ,pois Hans Rappel era um estudante comprovadamente carente que inclusive recebia uma “bolsa carência” financiada pelo governo do estado.
Segundo MARTINS FILHO (1987: pp.13) o movimento estudantil deve ser examinado “em cada conjuntura histórica para compreender os diferentes conteúdos e formas que assumem as mobilizações estudantis (...)”
Por isso a preocupação da presente pesquisa em analisar a atuação do M.E da UREMG de acordo com a conjuntura histórica de cada fato ocorrido.
Em relação a representatividade estudantil nos órgãos administrativos o depoimento abaixo elucida esta questão nos anos 1950:

“Os estudantes só possuíam uma cadeira com direito a voz e a voto no Conselho Universitário da UREMG, na Congregação da ESA não havia esta representação, esta vaga no conselho era alternada, uma ano ela era ocupada pelo Presidente do Diretório Acadêmico da Agronomia no outro pelo Presidente da Escola Superior de Veterinária, esta transferida para Belo Horizonte”.

Em contrapartida, os anos 60 foram marcados pela atuação dos Diretórios Acadêmicos da UREMG dentro de uma perspectiva “macro”, deixando suas marcas nas lutas da vanguarda do M.E. A bandeira da representação estudantil só ganhou força na UREMG após a greve geral de 1962 por 1/3 da representatividade estudantil nos órgãos diretivos da Universidade. As relações do M.E com a reitoria da UREMG e diretores das Escolas foram conduzidas com autonomia prova disso era a presença dos constantes manifestos e reivindicações estudantis deste período.
Sobre a questão se havia realmente o apartidarismo nas entidades do M.E da UREMG, cabe mencionar o seguinte depoimento de um ex-aluno dos anos 60:

“(...) com a revolução ficaram apenas dois partidos, a ARENA e o MDB, como se diz o lado de lá e o lado de cá. Os estudantes imitavam muito o Che Guevara “Hay Governo Soy contra” Se tem governo sou contra, na verdade tudo que tivesse ao lado do governo era “oposição”, questão ideológica, mas não se tinha um partido.”

Enfim, Os estudantes da UREMG eram rebeldes ou Conformistas?
Independente do M.E da UREMG ter assumido algum traço conformista ou conservador diante de algum fato político seja nos anos 50 ou 60 e não devemos atribuir a estes moços e moças que atuaram nos Diretórios Acadêmicos da UREMG o rótulo de conformistas, pois inúmeras foram as lutas explicitadas por este trabalho que minimamente dão a estes estudantes militantes o direito de serem rebeldes quando exigiam uma universidade e um país mais justo e democrático
“Amanhã a Terra e a Paz terás em vez da Guerra”
[21]





















BIBLIOGRAFIA


BUFFA,E; NOSELLA,P. 1997. A Educação Negada: Introdução ao estudo da educação brasileira contemporânea, São Paulo. Editora Cortez.

COMETI, E.S. A Extensão na Escola Superior de Agricultura e Veterinária (ESAV): 1926-1948. Monografia de conclusão do Curso de Pedagogia, DPE/UFV. Viçosa, 2003.
CUNHA, L.A .1983. A Universidade Crítica. Rio de Janeiro. Livraria Francisco Alves Editora.

CUNHA, L.A. 1988. A Universidade Reformanda. Rio de Janeiro. Livraria Francisco Alves Editora.

MARTINS FILHO, J.R. 1987. Movimento Estudantil e Ditadura Militar (1964-1968). Campinas. Livraria Editora Papirus.

RIBEIRO, M.G.M; COMETTI, E.S; VITÓRIA, E.L. 2000. Escola Superior de Agricultura e Veterinária de Viçosa: um land grant college no Brasil? Relatório de Pesquisa. Viçosa. Universidade Federal de Viçosa, mimeo.

RIBEIRO, M.G.M; SILVA, F.V. 2003. A Extensão Universitária na Universidade Rural do Estado de Minas Gerais nos marcos dos Acordos Internacionais. Relatório de Pesquisa. Viçosa. Universidade Federal de Viçosa, mimeo.

VENTURA, Z.C. 1988. 1968: O ano que não terminou. Rio de Janeiro. Nova Fronteira





















ANEXOS







Anexo 15 – Roteiro da Entrevista
Nome:
Ano: Período de Graduação
Curso:
1- Em que período lecionou na UFV?

2- Participou do M.E?

3- Quais eram as bandeiras levantadas pelo M.E? E quais eram as sua reivindicações?

4- Qual era o grau de autonomia da entidade que atuava em relação à direção da instituição?

5- O Estatuto do D.A da ESA da UREMG (1951) em um dos seus artigos explicitava ser vedado ao D.A qualquer atividade partidária na política interna do país, questão religiosa e racial. Havia na entidade estudantil que atuava o apartidarismo proposto por este artigo?

6- Como era a participação da entidade estudantil da UREMG com a vanguarda do M.E regional e nacional? Ou seja, qual era o grau de participação mediante a conjuntura nacional?

7- Quais os episódios que mais marcaram a História do M.E na UREMG?
8- Em relação aos órgãos colegiados da UREMG havia representação estudantil?

9- Quais os impactos provocados pela Lei nº 5.540/68 da Reforma Universitária sobre a UREMG e sobre o M.E na UREMG?

[1] A Escola Superior de Veterinária da ESAV foi transferida para Belo Horizonte-MG antes da ESAV se transformar em UREMG com a constituição da UREMG este curso voltou para Viçosa.
[2] Progressistas, pois acoplava algumas reivindicações do Projeto de Reforma Universitária do Movimento Estudantil
[3] O D.A da ESA da UREMG foi substituído pelo Diretório Acadêmico Arthur Bernardes Bernardes em 19 de Outubro de 1957
[4] Fundado em 18/05/1955
[5] Jornal Última Hora, Rio de Janeiro, Sexta-feira, 23 de março de 1956.
[6] Diário do Congresso Nacional – Seção I, 20 de Março de 1956.

[7] Jornal Última Hora, Rio de Janeiro, Sexta-Feria, 23 de Março de 1956

[8] Informação veiculada pelo Diário do Congresso Nacional – Seção I, 20 de Março de 1956
[9] Diário do Congresso Nacional, Seção I, 20 de Março de 1956
[10] Jornal Folha de Minas, Belo Horizonte, 4 de março de 1956

[11] Ver em anexo 16 as clausulas do acordo na íntegra
[12] Gazeta Universitária, pág:2, de 7/04/1962, Viçosa-MG
[13] Gazeta Universitária, pág:2, de 7/04/1962, Viçosa-MG
[14] Gazeta Universitária, pág:2, de 7/04/1962, Viçosa-MG

[15] Gazeta Universitária, pág:2, de 7/04/1962, Viçosa-MG
[16] Ofício do Diretório Acadêmico da Escola Superior de Economia Doméstica
[17] Gazeta Universitária, pág:2, de 7/04/1962, Viçosa-MG
[18] Foi divulgada uma Nota para o povo Viçosense pedindo o apoio para o movimento que principalmente os estudantes organizaram em prol da permanência da ENF da UREMG em Viçosa e denunciando o então Ministro da Agricultura Renato da Costa Lima que tinha este interesse de transferir a Escola Nacional de Florestas de Viçosa. Anexo 9
[19] Trecho extraído do Manifesto dos Universitários de Viçosa Sôbre a Criação da Universidade Rural do Oeste
[20] “Neste período era simplesmente uma marcha, os estudantes saíam da universidade para dar uma volta na praça da cidade, havia um discurso de gozação de algum acadêmico que era o orador, era só isso. A marca da marcha era a sátira, se criticava a instituição naquilo que os veteranos achavam que não era bom ou correto, criticavam professores, dirigentes e às vezes questões relacionadas a federalização da UREMG. A Nico Lopes tem origem na ESAV (Escola Superior de Agricultura e Vetrinária).” Depoimento de um ex-aluno da UREMG
[21] Nota de rodapé contida a partir dos anos 60 nos formulários do Diretório Acadêmico Arthur Bernardes

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